TEMPO, MEMÓRIA E VIOLÊNCIA NO CONTO “LA ESCALERA” DE SILVINA OCAMPO
A escritora argentina Silvina Ocampo (1903-1993) representa um dos poucos nomes femininos que integram a historiografia canônica da literatura argentina. Em 1940, ela, Adolfo Bioy Casares e Jorge Luis Borges organizam a Antología de la literatura fantástica. Trata-se de uma obra de relevância para os estudos relacionados ao universo fantástico na literatura. O livro reúne contos de 65 escritores, os quais, como não é de se estranhar, apenas 4 são mulheres, entre elas está Silvina Ocampo, assim como Alexandra David Neel, Elena Garro e May Sinclair. Diante de um espaço dominado por homens, Ocampo resiste ao silenciamento o qual as mulheres são submetidas, destacando-se na produção literária do boom latino-americano. Embora grande parte dos estudos sobre a sua obra centre-se em explorar os elementos fantásticos em sua narrativa, pretende-se nesse texto observar a importância do universo feminino na sua produção, por meio do conto “La escalera”, publicado em Las invitadas (1961). Espera-se, portanto, chamar a atenção para o olhar problematizador de Silvina Ocampo no que tange à condição social da mulher, em que elementos como o tempo e a memória serão fundamentais para denunciar a situação de desigualdade social vivenciada pelas mulheres.