Oferecida para recém ingressos na universidade, a disciplina Geometria Construtiva, desenvolve-se, em um ambiente experimental, por meio de uma série de exercícios e aulas expositivas e de repertório sobre artes visuais e abstração. O primeiro insight recai sobre a natureza, fonte para ampliação da acuidade tátil-visual. Do desenho de observação (imitação), parte-se para a interpretação e abstração (criação), que objetiva o desnudamento dos padrões ocultos nos ‘objetos ‘ da natureza. “Tornar visível o invisível” constitui um caminho necessário aos arquitetos, cujo principal desafio está no “jogo sábio, correto e magnífico” das formas abstratas. Avança-se então em direção à síntese, bastando, em seguida, uma sensibilização sobre características/propriedades dos materiais para que as criações bi e tridimensionais se realizem como arte (construção) ou, segundo Davidovici, como “formas esperando para ser arquitetura”. Com um repertório mais consolidado, pode-se encarar novas aventuras. A dança, o circo, o carnaval, o brinquedo, e As Cidades Invisíveis (1972), de Italo Calvino, tornam-se pretextos para exercícios mais libertos. Surgem então as fantasias... cujo ato criativo pressupõe um espírito lúdico que usa a abstração como ferramenta para construção de utopias. Lúdico, abstração e utopia implicam a ruptura de limites: o lúdico enquanto extrapolação da realidade cotidiana, a abstração como exercício de ampliação da capacidade visual e a utopia como enfraquecimento das fronteiras entre razão e imaginação.