Aspectos Psicocomportamentais durante a Pandemia da COVID-19: Uma Análise dos Efeitos Provocados em Moradores da Região Central de São Paulo / Psychobehavioral Aspects during the COVID-19 Pandemic: An Analysis of the Effects Caused in Residents of the Central Region of São Paulo
O surto do novo coronavírus (COVID-19) em Wuhan, China, iniciado em dezembro de 2019, evoluiu para se tornar uma pandemia global. A pandemia, juntamente com o óbvio impacto relacionado à saúde, também representa uma séria ameaça ao bem-estar psicológico dos indivíduos e resultou em mudanças comportamentais significativas. O principal objetivo deste artigo foi descrever a resposta psicocomportamental a esta crise entre a população da região central da cidade de São Paulo, compreendendo os bairros da Bela Vista, Bom Retiro, Cambuci, Consolação, Liberdade, República, Sé e Santa Cecília, no mês de abril de 2020. Um questionário estruturado e autoaplicável foi construído, com base em pesquisas precedentes avaliando o impacto psicológico e as mudanças comportamentais referentes ao novo cenário de Pandemia na cidade de São Paulo. Os questionários foram disponibilizados on-line e foram endereçados a qualquer indivíduo residente nos bairros selecionados, durante abril de 2020. Os dados foram analisados usando o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 21.0 para identificar possíveis riscos fatores para mudanças psicológicas e comportamentais. Foram estudados dados de 400 participantes residentes na região metropolitana de São Paulo. A disseminação do novo vírus resultou no desenvolvimento subsequente de medos na população-alvo estudada, com a maioria dos entrevistados se sentindo ansiosa diariamente (62,5%). Os participantes temiam ir aos mercados (88,8%), preocupavam-se com a saúde de seus familiares (94,5%) e sentiam-se pouco confiantes com as medidas atuais de controle de infecção (71%). Níveis de medo significativamente elevados foram observados entre pessoas com mais de 35 anos de idade. Eles eram mais propensos a temer pela segurança de sua saúde, mesmo em casa (p = 0,06). Enquanto isso, o aumento dos níveis de ansiedade devido ao uso de mídias sociais entre pessoas com menos de 35 anos resultou em comportamentos de fuga (p = 0,04). Houve maior tendência para os graduados temerem pela segurança de sua saúde, mesmo em casa (p 0,01). Além disso, mais de três quartos dos participantes da pesquisa incorporaram mudanças em seu comportamento para garantir sua segurança, ou seja, contato físico reduzido (86,5%) e visitas a unidades de saúde (74,5%), planos cancelados (84,5%) e lavagem das mãos mais frequentemente (87%). Como resultados, houve o aumento dos níveis de ansiedade que um indivíduo experimentava regularmente em relação à sua saúde, à saúde de seus próximos, a certos comportamentos de prevenção como resultado da doença e a mudanças de comportamento da amostra analisada.