scholarly journals Em busca do(s) deus(es) ausente(s): o modo de vida populista em Laclau e em Chaui

2021 ◽  
Vol 44 (4) ◽  
pp. 49-72 ◽  
Author(s):  
Benito Eduardo Araujo Maeso
Keyword(s):  

Resumo: Entender a política latino-americana passa por precisar suas peculiaridades em relação às formas políticas erroneamente tidas como mais desenvolvidas, em países hegemônicos. Um conceito-chave nesse processo é o de populismo. Para Ernesto Laclau, trata-se de uma técnica política na qual demandas sociais diversas se cristalizam provisoriamente em uma delas ou na figura de um líder, não dependendo de alinhamentos ideológicos. Já Marilena Chaui observa afinidades concretas entre práticas populistas e questões culturais, numa sociedade, tendo foco no chamado “mito fundador” brasileiro e sua presença no imaginário coletivo. Este artigo propõe articulações entre as análises da política latino-americana pelos autores para, a partir disso, ensejar respostas a certas questões, como: por que o populismo parece se ajustar tão bem à realidade do Sul do mundo? Seria ele mais do que sistema de práticas de governo, mas modo de vida expresso nas instituições políticas, econômicas, sociais e culturais das comunidades latino-americanas? Até que ponto a busca de alternativas político-intelectuais ao falso Messias - o governante populista - não recai na lógica messiânica que julga combater?

2021 ◽  
Vol 40 ◽  
Author(s):  
Daniel de Mendonça ◽  
Erica Simone Almeida Resende
Keyword(s):  

RESUMO Este texto tem por objetivo refletir teoricamente sobre o populismo de esquerda e a forma como este tipo específico de construção política pode nos auxiliar a pensar sobre a radicalização da democracia. Nossa ideia é a de que o populismo de esquerda, ao contrário do de direita, é democrático, uma vez que ele está estruturalmente associado a discursos inclusivos e/ou emancipatórios, enquanto o de direita legitima toda a sorte de discursos de exclusão. Para a consecução do objetivo enunciado, o texto está dividido em três seções principais. Na primeira seção, discutiremos criticamente três importantes contribuições para a compreensão do populismo, notadamente as análises de Cas Mudde, em colaboração com Cristóbal Kaltwasser, Margaret Canovan e Ernesto Laclau. Ao final da seção, apresentaremos a nossa definição mínima para o fenômeno populista, a qual resumidamente pode ser enunciada como uma construção política e antagônica de um povo contra os seus inimigos. Na segunda parte, primeiramente, apresentaremos a distinção crucial para o estudo dos dois tipos principais de populismo: o de direita e o de esquerda. Posteriomente focaremos nossos esforços na análise do populismo de esquerda. Para tanto, apresentaremos a “vontade dos iguais”, categoria teórica que entendemos útil à compreensão de experiências populistas inclusivas. Na última seção, discutiremos brevemente as consequências teórico-metodológicas e principalmente éticas da distinção entre ambos os populismos.


2021 ◽  
Vol 8 (1) ◽  
pp. 73-80
Author(s):  
José Luis Valhondo-Crego
Keyword(s):  

A finales del siglo XIX, la prensa satírica española adoptó una serie de estrategias retóricas que concedían al “pueblo” un lugar singular en la representación de la sociedad. Como ha destaca-do Martínez Gallego, el semanario satírico El Motín es un ejemplo de razón populista en el sentido que podría darle Ernesto Laclau. A través del análisis de contenido de varias viñetas, examinamos el lugar que las caricaturas de El Motín reservaron al significante vacío del pueblo.  La caricatura permitía reducir el mundo de la alta política a una escala manejable para una clase popular que en muchos casos era analfabeta.


Sociologias ◽  
2016 ◽  
Vol 18 (41) ◽  
pp. 164-194 ◽  
Author(s):  
Daniel de Mendonça ◽  
Bianca de Freitas Linhares ◽  
Sebastián Barros

Neste artigo, refletimos teoricamente sobre o pós-fundacionalismo, corrente filosófica que influenciou o surgimento do pós-estruturalismo francês na segunda metade do século XX. De uma forma mais específica, nosso objetivo é discutir as implicações ontológicas, teóricas e epistemológicas da abordagem pós-fundacional para pesquisas em ciências sociais. Para tanto, cumprimos o seguinte percurso. Primeiramente, discorremos sobre o que chamamos de o Zeitgeist pós-fundacionalista, em especial a ênfase na diferença ontológica e no fundamento como Abgrund oriundos da obra de Martin Heidegger. A seguir, apresentamos a influência heideggeriana na reflexão filosófica pós-estruturalista de Jacques Derrida. Na sequência, discutimos a incorporação e a aplicação da ontologia heideggeriana na obra de Ernesto Laclau, principalmente a partir da discussão das noções de hegemonia e de populismo. Ao final, apresentamos nossas considerações acerca da importância do pós-fundacionalismo para pesquisas na área das ciências sociais.


2012 ◽  
Vol 70 (2) ◽  
pp. 119-131 ◽  
Author(s):  
Markus Leibenath ◽  
Antje Otto
Keyword(s):  

Zusammenfassung Es gibt zahlreiche Landschafts- oder Kulturlandschaftsbegriffe, was mitunter irritierend sein kann. In diesem Beitrag wird kein „neuer“ Landschaftsbegriff propagiert. Stattdessen untersuchen wir, wie „Landschaft“ oder „Kulturlandschaft“ in politischen Diskursen mit Bedeutung aufgeladen werden. Ziel ist es, einen Ansatz zur Analyse der diskursiven Konstituierung von Kulturlandschaft und Methoden zu dessen Umsetzung vorzustellen. Dabei stützen wir uns auf die poststrukturalistische Diskurstheorie von Ernesto Laclau. Als Beispiele werden eine bundesweite Erhebung zu den thematischen Bezügen ortsbezogener Kulturlandschaftsdiskurse und eine vertiefende Untersuchung von Landschaftskonzepten und Argumentationsmustern in politischen Diskursen über die Nutzung der Windenergie in Deutschland vorgestellt. In den Windenergiediskursen werden allgemein bekannte Landschaftskonzepte reproduziert: „Landschaft als schönes, wertvolles Gebiet“, „Landschaft als von Menschen geprägtes Gebiet“ und „Landschaft als etwas subjektiv Wahrgenommenes“. Der Pro-Windenergie-Diskurs verursacht jedoch Brüche in der scheinbaren Geschlossenheit des konservativen Landschaftsdiskurses, dessen Kernstruktur das Landschaftskonzept „schönes, wertvolles Gebiet“ darstellt, und auch in umgekehrter Richtung werden Friktionen ausgelöst. Durch bestimmte Argumentationsmuster wird versucht, die Diskurse zu schließen und gegen Störungen zu immunisieren. Insgesamt spielen Landschaftskonzepte in Windenergiediskursen eine nachgeordnete Rolle und werden teilweise unter instrumentellen, argumentationstaktischen Gesichtspunkten artikuliert.


Em Tese ◽  
2018 ◽  
Vol 15 (2) ◽  
pp. 315-333 ◽  
Author(s):  
George Zeidan Araújo

O objetivo deste trabalho é apresentar os principais elementos que compõem as teorizações sobre o discurso político presentes no pensamento de Ernesto Laclau e Slavoj Žižek para, a partir disso, delinear alguns dos diálogos e embates que suas posições suscitaram no que diz respeito ao discurso político e à prática política.


2022 ◽  
Vol 31 (64) ◽  
Author(s):  
Aurenéa Maria de Oliveira ◽  
Maria da Conceição dos Reis ◽  
Joel Severino da Silva

A partir do século XX, vários movimentos e sindicatos no campo uniram forças contra as péssimas condições de trabalho. Assumindo que neste processo há uma dimensão pedagógica de aprendizagens políticas, esta pesquisa teve o objetivo de analisar como os processos educativos do movimento sindical de trabalhadores rurais do município de Vicência/PE repercutem na construção da identidade política de sindicalistas. O estudo se baseou na concepção de discurso desenvolvida pela Teoria do Discurso de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe e na perspectiva de identidade de Stuart Hall. Metodologicamente, fez uso da análise de discurso de Michel Pêcheux e de Eni Orlandi, visando observar como os indivíduos, a partir de posições de sujeito, relações de lugar e de força, elaboram suas falas. Os resultados apontaram para uma noção de identidade política-cidadã atrelada à luta por conquistas de direitos sociopolíticos, por parte desses trabalhadores, e para o antagonismo patronal, limitando conquistas destes sindicalistas.


2016 ◽  
Vol 22 ◽  
pp. 152-174
Author(s):  
Yannis Stavrakakis

Uno de los méritos de Hegemonía y estrategia socialista de Chantal Mouffe y Ernesto Laclau puede ser claramente asociado a la crítica de la inmediatez, la que constituye uno de los ejes centrales del libro. Por ejemplo, el cambio radical desde la ilusión de inmediatez a un énfasis sobre la mediación discursiva y su papel constitutivo en la formación de la realidad política y social es claramente visible con respecto a la tradición política contra la cual el post-marxismo se define, esto es, la tradición radical en Occidente y su núcleo marxista. En efecto, la deconstrucción de la tradición marxista en Hegemonía y estrategia socialista es primeramente la deconstrucción de la pretensión de tener un acceso directo a y un control de la totalidad de lo real y de su desarrollo (escatológico) histórico predecible.[1] No es sorprendente, entonces, que la mayoría de las resistencias críticas encontradas por la teoría discursiva han emanado de los defensores de tal inmediatez. La crítica a la teoría del discurso frecuentemente ha tomado la forma de un retorno de la inmediatez, de una venganza de lo real.Este retorno puede tomar una variedad de formas; de hecho, como veremos, ha tomado notablemente diferentes formas. En este texto, nos enfocaremos principalmente en los argumentos que rechazan la teoría de la hegemonía y del discurso de Laclau y Mouffe sobre fundamentos biopolíticos; en particular, vamos a abordar críticamente los relevantes trabajos de Richard Day, Scott Lash y Jon Beasley-Murray.[2] Este conjunto de investigaciones destaca, de una manera u otra, la importancia de los mecanismos de dominación biopolíticos, ‘no hegemónicos’, en los que el poder está, supuestamente, no mediado discursivamente, sino que opera directa y exclusivamente en un real biopolítico afectivo. Sin embargo ¿cuán válida es está crítica? Sólo un cuidadoso examen puede, en verdad, evaluar su consistencia interna, así como la medida en la que se las ha arreglado para hacer justicia al desarrollo de la teoría discursiva desde 1980 hasta hoy. De hecho, como veremos, las inconsistencias de la crítica post-hegemónica limitan severamente sus implicaciones: en vez de invalidar la teoría discursiva de la hegemonía en conjunto, meramente destacan el aspecto afectivo de la política hegemónica. No obstante ¿no es precisamente este aspecto el que ha estado enfatizando Chantal Mouffe en su trabajo personal después de Hegemonía y estrategia socialista? ¿No es esto lo que exactamente está en juego en su ‘política de las pasiones’? [1] Laclau y Mouffe (1985).[2] En esta parte del argumento nos basaremos en las primeras secciones de Stavrakakis (2014).


Author(s):  
Emanuele Profumi
Keyword(s):  

La ontología política de Ernesto Laclau está profundamente marcada por una lógica violenta. Ella se basa sobre una doble perspectiva que lo lleva a teorizar la primacía de la razón populista sobre el proceso democrático teorizado en los años ‘80: la estructura del proceso hegemónico y la interpretación holista de la diferencia heideggeriana. Para Laclau el conflicto social instituyente tiene que ser interpretado como negación absoluta de lo que es común (conflicto y creación) y lleva la sociedad a eliminar la alteridad social con un proceso de exclusión antagónica que sigue el imperativo autoritario de restablecer el orden del conjunto social. En este proceso está excluido cualquier papel de la autonomía humana.


2019 ◽  
Vol 21 (3) ◽  
pp. 79-96
Author(s):  
Thiara Vichiato Breda

Esse artigo focaliza a(s) Cartografia(s) em um campo político, problematizando os sentidos de espacialidade que estão em constante negociação e disputas nos processos de mapeamentos. Tais reflexões partem de uma perspectiva teórico-metodológica pós-estruturalista, sob a ótica da Teoria do Discurso de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe, tecendo diálogos com estudos pós-coloniais e decoloniais, juntamente com as contribuições dos estudos da cartografia crítica e humanista. Percebe-se com isso os impactos da universalização de uma concepção de linguagem que no limite ocultam outras Cartografias ao negarem as diferenças no que tange ao processo de representação espacial. Através dessas reflexões é proposto o reconhecimento de uma Cartografia Porosa (e, portanto, pluralista) na tentativa de legitimar e respeitar outras práticas de conceber, representar e mapear o mundo.


Sign in / Sign up

Export Citation Format

Share Document