scholarly journals UMA DISCUSSÃO SOBRE OS SENTIDOS DA INTEGRAÇÃO DE FERIADOS, FESTAS E COMEMORAÇÕES CÍVICAS NO CALENDÁRIO DAS ESCOLAS PRIMÁRIAS PAULISTAS (1890-1930)

2015 ◽  
Vol 31 (2) ◽  
pp. 17-36
Author(s):  
Rita de Cassia Gallego ◽  
Renata Marcílio Cândido
Keyword(s):  

O presente artigo articula dois elementos que se complementam em estudos da história da cultura escolar: o tempo e as festas escolares. Os anos entre 1890 e 1930 são marcados pelos esforços estatais de implementar um sistema de ensino público em São Paulo, percebidos na profusão de reformas, na elaboração de leis, na construção de prédios escolares, em iniciativas de formação e organização de professores, na divulgação de saberes pedagógicos, entre outros. Nesse contexto, o detalhamento do calendário e, especialmente, a determinação dos dias de comemorações escolares integram as ações para se constituir um sistema de ensino com funcionamento homogêneo das escolas. O corpus documental a partir do qual se realizou o estudo constituiu-se de textos de revistas pedagógicas, relatórios de inspetores escolares, da legislação educacional e de outras obras literárias publicadas no período e que abordaram os temas em questão.

2000 ◽  
Vol 20 (52) ◽  
pp. 88-103 ◽  
Author(s):  
Marcus Levy Albino Bencostta

O artigo propõe apresentar, explicar e analisar como a cultura escolar se manifestou em ambientes de instrução eclesiástica, utilizando o contexto histórico dos seminários de tradição tridentina. Sabemos que no Brasil, até meados do século XIX, não existiam seminários tridentinos para a formação do clero. Somente com a ação dos bispos ultramontanos, d. Romualdo Seixas, prelado da diocese de Salvador, d. Antônio Ferreira Viçoso, da diocese de Mariana e d. Antônio Joaquim de Melo, da diocese de São Paulo, todos eles, especialmente os dois últimos, perceberam que era quase impossível reformar o clero sem criar seminários tridentinos. Para eles, os seminários fechados, onde os internos entravam antes da puberdade, para não conhecer a maldade do mundo, sendo isolados do convívio social, era um procedimento eficaz na formação de um clero moralizado, ilustrado e ultramontano. Seguindo a compreensão de Dominique Julia (La culture scolaire comme objet historique), o principal objetivo deste artigo é entender e explicar a cultura escolar como definidora de saberes e condutas que permitiram a transmissão e a incorporação de valores no comportamento dos internos do Seminário Diocesano de Santa Maria, entre os anos de 1915 e 1919.


Author(s):  
Sandra Aparecida Bassetto VIEIRA

Visando a contribuir para a reflexão sobre a trajetória da educação infantil no Brasil, neste artigo analisa-se especialmente a organização do modelo didádico-pedagógico dos Parques Infantis da cidade de São Paulo, os quais constituíram uma experiência inovadora e consistente no campo da educação infantil. Destinados, inicialmente, às crianças com idade de três a seis anos, oriundas das famílias operárias paulistanas carentes de assistência, os Parques Infantis tinham três finalidades: assistir, educar e recrear, com o objetivo de desenvolver física, intelectual e socialmente as crianças. Os Parques Infantis de São Paulo localizavam-se em bairros populares e eram mantidos pela administração municipal com verba do Departamento de Cultura. O intelectual modernista Mário de Andrade esteve à frente do Departamento de Cultura entre 1935-1938 e empreendeu um conjunto de realizações educacionais e culturais significativas, que resultaram numa experiência pioneira e original no campo da educação paulistana. A pesquisa concluída na área de História da Educação desenvolveu-se mediante recuperação, reunião, seleção, ordenação e análise de fontes primárias assim como estudo da bibliografia especializada sobre o tema e está vinculada ao Projeto Integrado de Pesquisa: Cultura Escolar Urbana: São Paulo: 1840-1940. Repertório de Fontes documentais (apoio CNPq), coordenado pelo Prof. Dr. Carlos Monarcha e disponível na Internet . Palavras-chave: Parques infantis; educação infantil; história da educação.


2012 ◽  
pp. 235-254 ◽  
Author(s):  
Alexandra Bujokas de Siqueira ◽  
Mariana Pícaro Cerigatto

Embora não seja assunto novo, a aprendizagem sobre mídia é tema que vem ganhando espaço na educação brasileira. Internacionalmente, a promoção da media literacy é prática talvez tão antiga quanto os próprios meios de comunicação. Com a ascensão das chamadas novas mídias, paradigmas educacionais e materiais pedagógicos têm mudado rapidamente, requerendo uma revisão de conceitos e um novo posicionamento dos estudos de mídia no currículo escolar. Neste contexto, o presente artigo apresenta uma proposta de trabalho sintonizada com os paradigmas da mídia-educação inglesa (Hall, Whannel, Buckingham, Kress) e da nova esfera da cultura digital. Partindo de trailers de cinema disponíveis no Youtube, criamos atividades de leitura e escrita em mídia para o Ensino Médio, dentro da área de Códigos, Linguagens e suas Tecnologias, testando tais atividades com 20 estudantes de uma escola da rede pública de ensino de Bauru, Estado de São Paulo. A metodologia consiste em selecionar trailers de filmes populares de gêneros diferentes e criar atividades para desmontar o texto audiovisual, explorar as características da linguagem, pensar nas relações do texto com a audiência e avaliar a aprendizagem possível. Os resultados sugerem que o foco na análise sistemática da linguagem é um caminho produtivo para refletir sobre questões de representação, identidade, qualidade e gosto. A experiência também mostrou as dificuldades estruturais que a cultura escolar estabelecida tem para pôr em prática atividades deste tipo.


2001 ◽  
Vol 22 (77) ◽  
pp. 231-252 ◽  
Author(s):  
Marília Pinto de Carvalho
Keyword(s):  

Algumas das principais políticas para a educação no País, hoje, centram-se sobre a "correção do fluxo escolar", isto é, a diminuição dos índices de evasão e repetência, assim como as diversas práticas de "aceleração". Os resultados dessas políticas são avaliados por meio de estatísticas de desempenho escolar, que vêm sendo alardeadas pelos governos federal e do estado de São Paulo como grandes vitórias. Este artigo pretende olhar o avesso da produção desses dados, isto é, buscar como eles vêm sendo produzidos e utilizados no cotidiano das escolas, suas interações com a cultura escolar e seus efeitos sobre a aprendizagem das crianças. Com esses objetivos, está baseado em dados obtidos em observações, entrevistas e consultas a documentos de uma escola pública de 1ª a 4ª séries do ensino fundamental, de um município da região metropolitana de São Paulo. Essa experiência de pesquisa relatada reforça a importância de nos posicionarmos a favor da permanência das crianças e jovens na escola, mas contra a maquiagem estatística da ignorância e do fracasso do sistema em ensinar.


2009 ◽  
Vol 7 ◽  
pp. 121-126
Author(s):  
Adriana dos Santos Cunha
Keyword(s):  

Atualmente, a Secretaria de Estado da Educação de São Paulo implantou a Nova Proposta Curricular com o objetivo de melhorar a qualidade da educação. A avaliação dessa implantação será medida pelo Índice de Desenvolvimento Educacional do Estado de São Paulo (IDESP). Nesta pesquisa, objetiva-se averiguar o trabalho curricular no cotidiano das unidades escolares que apresentam baixos índices de aprendizagem, com o intuito de verificar de que forma estão aceitando e trabalhando essa proposta. Utilizaremos como referencial teórico o significado de currículo, associado ao processo cultural de uma sociedade (SACRISTÁN, 2000), às políticas públicas (PARO, 2001) e à cultura escolar (REIS; FERRETTI, 2004). Na primeira etapa, realizada em 2008 em uma das escolas, alguns professores apontaram a dificuldade de trabalhar com os cadernos dos professores, pois muitos discentes não conseguiam acompanhar os conteúdos e precisaram elaborar uma adaptação. Nesse ano, as escolas receberam cadernos dos alunos articulados com os cadernos dos professores.


2016 ◽  
Vol 12 (2) ◽  
pp. 80
Author(s):  
Carlos Edinei de Oliveira

O município de Tangará da Serra, localizado na região sudoeste de Mato Grosso, Brasil, foi resultado de uma política de colonização privada, desenvolvida nos anos 60 do século XX pelo Estado de Mato Grosso. No final dos anos 60, o movimento migratório foi intenso, famílias procedentes de Minas Gerais, Paraná e São Paulo avançaram para Mato Grosso em busca da riqueza que pudesse ser gerada pela produção agrícola, em especial, do café. Esse significativo avanço migratório trouxe alguns cuidados à Prelazia de Diamantino, pois, no novo núcleo populacional, o número de migrantes protestantes era significativo. Dessa forma este texto, tem como objetivo analisar uma das práticas organizadas pela Igreja Católica como meio de efetivar o processo romanizador nessa região de fronteira agrícola. Coube, como parte dessa missão, às Irmãs da Divina Providência realizar o efetivo controle da educação em Tangará da Serra. As irmãs religiosas, pela educação escolar pública, deveriam manter a doutrina e a fé católica em Tangará da Serra e, com este intuito, elas ocuparam a função de diretoras em escolas públicas. A História Cultural, abordada por Roger Chartier e Justino Magalhães, constituiu a baliza teórico-metodológica que permitiu a pesquisa junto às fontes documentais, em especial as fontes paroquiais, às crônicas das irmãs da Divina Providência e às fontes orais, que nos possibilitaram um registro significativo desta intenção da Igreja Católica em manter seu espaço educacional, social e religioso, determinado assim uma cultura escolar específica, marcada pela presença da educação católica no espaço público.


Author(s):  
Leonardo Marques Tezza
Keyword(s):  

No presente artigo apresentam-se resultados  das discusões ensejadas na disciplina “História da Escola no Basil”, ninistrada pela Profª. Drª. Ana Clara Bortoleto Nery, bem como resultados da pesquisa “A história das disciplinas acadêmicas na Faculdade de Filosofia e Ciências – FFC – UNESP de Marília (2006-2011): as disciplinas de Didática do curso de Pedagogia em foco”, vinculado ao programa de pesquisa “ A história da didática em instituições de formação de professores no Brasil – 1837-2011”. Nesse sentido, a pesquisa cujos resultados ora são comunicados, tem como objetivo geral localizar, identificar, reunir, selecionar, sistematizar e analisar aspectos constitutivos das disciplinas de Didática no curso de Pedagogia da Faculdade de Filosofia e Ciências – UNESP de Marilia – São Paulo - Brasil entre os anos de 2006 a 2011. Operou-se no texto com as categorias “cultura escolar” de Julia (2001) e “práticas escolares” de Faria Filho e Vidal (2003). Pode-se concluir, que a Didática é a área de estudos da Ciência da Educação (Pedagogia) que também possui um caráter prático, sendo que seu objeto de estudo é o ensino em situação, com vistas à aprendizagem, e no qual os sujeitos envolvidos (professor e aluno) e suas ações (trabalho com o conhecimento) são estudados nas suas determinações históricos-sociais e não somente em sala de aula nas escolas.  


2021 ◽  
Vol 12 (5) ◽  
pp. 1-25
Author(s):  
Marcus Aldenisson Oliveira ◽  
Vera Teresa Valdemarin
Keyword(s):  

A partir de um conjunto de documentos que expressam estratégias políticas e pedagógicas dos republicanos paulistas na institucionalização da escola pública, objetivou-se identificar as orientações dadas aos professores para ensinar Aritmética no curso primário e analisar a organização didática dos seus saberes focalizando, de modo particular, o uso dos Quadros americanos (de Dunton) e das Cartas de Parker como materiais auxiliares para o ensino do número e do cálculo. No bojo da renovação pedagógica almejada pela escola graduada paulista, a crença na eficácia do método intuitivo marcou a cultura escolar das décadas finais do século XIX e iniciais do século XX. A partir do método intuitivo, a criança aprenderia Aritmética sem a necessidade de pré-requisitos provenientes de outros saberes, bastando dispor ao alcance dos seus sentidos alguns objetos/pontos/traços para serem percebidos, contados e calculados. A análise da renovação no ensino da Aritmética, aqui particularizada, elucida e exemplifica a estreita articulação estabelecida entre método de ensino, materiais didáticos próprios ao seu desenvolvimento e mudanças na epistemologia dos saberes escolares.


2014 ◽  
Vol 40 (3) ◽  
pp. 683-698 ◽  
Author(s):  
Marcos Cezar de Freitas
Keyword(s):  

Este artigo analisa como o Centro Regional de Pesquisas Educacionais de São Paulo (CRPE-SP) abordou os temas desempenho e adaptação da criança pobre à escola. O foco incide sobre os anos 1956-1963 e dedica especial atenção às manifestações de Dante Moreira Leite e de Luiz Pereira a respeito do assunto. O argumento central é o de que a transformação da cidade de São Paulo em grande metrópole tornou-se o tema articulador com o qual ambos os autores pesquisaram o desempenho e a adaptação de crianças em idade escolar, especialmente aquelas identificadas como suburbanas. Uma nova cultura urbana desafiava a estrutura da escola e, com base no legado de Antonio Candido e de Florestan Fernandes, tais questões foram investigadas com um novo padrão de pesquisa, que se tornou marca do CRPE-SP naquele momento. Esse novo padrão de pesquisa abriu espaço para que novos recursos analíticos fossem mobilizados para o estudo da inteligência da criança em situação escolar. Foram demonstradas as insuficiências dos parâmetros biológicos para a compreensão do fenômeno da reprovação, que tinha números expressivos. Para além de uma nova compreensão antropológica a respeito da interação entre a cultura escolar e os modos de viver das periferias urbanas, o padrão de pesquisa estabelecido enriqueceu o repertório de análises sociológicas sobre a expansão do número de vagas escolares na cidade de São Paulo. Para aquela sociologia da educação que então se renovava, o caráter fortemente excludente da reprovação escolar foi demonstrado de forma magistral.


Sign in / Sign up

Export Citation Format

Share Document