scholarly journals Catálogo dos mortos:a cultura latino-americana contemporânea e os inventários do horror

2016 ◽  
Vol 18 (1) ◽  
pp. 81-98
Author(s):  
Gustavo Silveira Ribeiro

Resumo O texto procura compreender, a partir da obra de quatro escritores e artistas – Juan Carlos Romero, Roberto Bolaño, Nuno Ramos e André Vallias – os significados que inventários, catálogos e listas assumem na cultura latino-americana das últimas décadas, em especial a ligação que mantêm com a reflexão sobre a violência que atravessa, enforma e constitui parte significativa dessa mesma cultura. Trata-se de um processo de ressignificação formal, uma vez que listas e enumerações eram já marcantes na cultura da América Latina colonial, associada aos inventários narrativos do exótico e do maravilhoso produzidos por viajantes e conquistadores. No âmbito contemporâneo, entretanto, o que se vai observar é uma (re)invenção política da linguagem e da técnica, a emergência de outras listas, agora verdadeiros inventários do horror: diante do insuportável da violência, a arte e a literatura elaboram os seus catálogos da dor e da revolta, parte da infinita tarefa da memória e do luto.

Author(s):  
Norma Sueli De Araújo Menezes ◽  
Julia Morena Costa

Este ensaio objetiva apresentar uma análise da violência presente no livro “Amuleto” do escritor chileno Roberto Bolaño. O romance está contextualizado no início da década de 1970, momento de grandes tensões políticas e de significativa violência no México e do início da ditadura militar-empresarial chilena (1973-1990). Os regimes ditatoriais, embora em circunstâncias diferentes, foram (e são ainda) episódios marcantes que unem os países latino-americanos. Identificaremos as diversas formas de violência ocorridas na América Latina, especificamente, no Chile e no México durante o período mencionado, assim como, qual a relação entre a política e a literatura presentes na referida obra. Os atuais discursos políticos que circulam em nossa sociedade sinalizam que grande parte da população brasileira provavelmente ignora parte significativa da história, inclusive do Brasil, nas décadas de 1960/1970, ou seja, a memória produzida sobre este período não deu conta de fazer conhecer os horrores e as atrocidades cometidos durante os mais de 20 anos de governo militar no país. A partir da abordagem do lugar da poesia e dos poetas na década de 1970, a narradora de Amuleto versa sobre seu papel de defensora da poesia e da memória política do México e do Chile de meados do século XX, de forma indissociável. Com seu discurso circular, calcado na reiteração de eventos traumáticos que presenciou, em especial, à invasão à UNAM, o Massacre de Tlatelolco (1968) e o golpe militar chileno (1973). Neste último fato, relatado pelo personagem Arturo Belano, há um trabalho de escavação memorialística, tanto nas ocorrências históricas mencionadas, como dos intentos poéticos do distrito federal mexicano. Os jovens poetas narrados pela protagonista defendiam o livre trânsito entre vida e poesia, se opunham aos moldes acadêmicos vigentes encarnados na figura de Octavio Paz, como também do poder hegemônico. O movimento poético desses jovens latino-americanos da década de 1970 agrega as muitas inquietações dos seus integrantes. A paixão pela poesia é o princípio básico que dá unidade ao grupo que buscava em cada ato e em cada verso um novo modo de explicar o mundo através de uma poesia sem burocracias, sem espaços de poder e legitimações padronizadas. Este estudo contribui para a indispensabilidade de se manter vivos os horrores e traumas que aconteceram durante os regimes autoritários e as ditaduras militares na América Latina e suas reverberações, considerando, sobretudo, que a memória pode ser um potente instrumento utilizado na reconstrução da história. Serão utilizados textos teóricos e críticos de Paul Ricoeur (1996), Nascimento (2008), Seligmann-Silva (2003), Sarlo (2007) e Rojo (2012), Bolognese (2009), Villarreal (2011), entre outros.


2009 ◽  
Vol 19 (2) ◽  
pp. 287-294
Author(s):  
Graciela Ravetti

Resumo: Este artigo propõe uma leitura do romance Monsieur Pain, de Roberto Bolaño, como caso exemplar do transgênero performático que, na contemporaneidade, experimenta formas e linguagens para dar conta das tragédias pessoais e históricas sem cair no didatismo. Para isso busca-se elaborar uma reflexão teórica sobre esta obra da perspectiva da experimentação acerca da representação pela linguagem da dor e das perdas pessoais e culturais, individuais e coletivas, enfim, políticas.Palavras-chave: narrativa contemporânea; América Latina; Bolaño; César Vallejo; Guerra Civil Espanhola.Resumem: Este artículo propone una lectura de la novela Monsieur Pain, de Roberto Bolaño, como caso ejemplar del transgénero performático que, en la contemporaneidad, experimenta formas y lenguajes para dar cuenta de las tragedias personales e históricas sin caer en el didactismo. Para eso se busca elaborar una reflexión teórica sobre esta obra desde la perspectiva de la experimentación de fuerzas de la representación por el lenguaje del dolor y de las pérdidas personales y culturales, individuales y colectivas, en fin, políticas.Palabras-clave: narrativa contemporânea; América Latina; Bolaño; César Vallejo; Guerra Civil Española.


2014 ◽  
Vol 2 (2) ◽  
pp. 375-383
Author(s):  
Gustavo Guerrero

En este artículo se estudia el proceso de construcción de una identidad alternativa a la identidad nacional en dos escritores latinoamericanos contemporáneos: el chileno Roberto Bolaño (1953-2003) y el guatemalteco Rodrigo Rey Rosa (1958). En las dos últimas décadas del siglo xx, ambos escritores desarrollaron sus trabajos fuera de sus países de origen, integrando la condición nómada como un componente esencial de sus ficciones, sus relatos (auto) biográficos e imágenes públicas. Es cierto que en los dos escritores la influencia del modernismo y la poesía de vanguardia es evidente, pero también parece claro que los nuevos contextos producidos por la postmodernidad y la globalización han dado su actitud nómada una forma distinta y particular que acaso pueda permitirnos entender diversamente la situación de un sector importante de la literatura contemporánea de América Latina y la nueva posición de algunos escritores de esta región en nuestro mundo global.


2019 ◽  
pp. 19
Author(s):  
Carlos Villacorta

¿Cómo se ha articulado la literatura latinoamericana después de Ricardo Piglia y Roberto Bolaño? En el siglo XXI, una nueva generación de escritores apareció, renovando formas literarias y reflexionando sobre los cambios estructurales en sus países a partir del derrumbe de la izquierda (simbolizada en la caída del muro de Berlín, y en la consolidación del neoliberalismo en América Latina). Partiendo de la dialéctica Bolaño / Piglia, es decir del escritor en el exilio y/ o en la Academia, revisaré la nueva narrativa latinoamericana en Argentina, Chile, Perú y México que discute acerca de los restos de una ideología de izquierda y que, al mismo tiempo, propone una experimentación formal para su propia escritura. Desde la fetichización y nostalgia de la ideología de la izquierda hasta la reconstrucción de una clase media posdictadura, la nueva narrativa reflexiona desde la ficción y ensayo las posibilidades /los alcances de la literatura latinoamericana en el siglo XXI.


Iberoromania ◽  
2021 ◽  
Vol 2021 (94) ◽  
pp. 235-251
Author(s):  
Bieke Willem

Resumen La vista aérea introdujo en la primera mitad del siglo XX una nueva forma de percepción que cambió por completo el concepto de paisaje y desempeñó un papel fundamental en el desarrollo de un imaginario urbano moderno. El siguiente artículo resume en un primer momento las características de esta mirada aérea moderna a través de los apuntes que el arquitecto y urbanista Le Corbusier tomó durante sus viajes por América Latina. Luego, se examinan los vestigios de aquella mirada en la literatura latinoamericana contemporánea. Más en concreto, el artículo se centra en cuatro ejemplos literarios de aterrizajes en Santiago de Chile con el fin de estudiar cómo el deseo de unidad urbana se filtra en la literatura a través de la vista aérea. Estrella distante de Roberto Bolaño, Synco de Jorge Baradit, Una casa vacía de Carlos Cerda y Sangre en el ojo de Lina Meruane se construyen alrededor de tres tipos de miradas que se vierten sobre la capital: la del poeta-conquistador, la del turista y la del chileno que regresa. Estas miradas verticales vehiculan un distanciamiento gradual con respecto a la realidad urbana y sus problemas de fragmentación.


2018 ◽  
Vol 31 (1) ◽  
pp. 89
Author(s):  
Juan Castro Chacon

Esta pesquisa tenta estabelecer um diálogo entre a crítica literária do séc. XXI e o marxismo, por meio da obra crítica ensaística de Roberto Bolaño Entre paréntesis (2011). Nesta publicação, Bolaño discute algumas das vozes narrativas do séc. XX, no viés crítico geopolítico em que se movimentam, canonizadas ou não, definindo, inflexivamente, um passo ao estudo da narrativa não-cânone. Nesse sentido, acredita-se que Bolaño, ao fundamentar a obra contemporânea, na descontinuidade (GONZÁLEZ, 2010), cria uma inflexão crítica que se desprende do marxismo dialético, na aliança entre o real e a ficção, numa narração latino-americana de finais do século passado.


2016 ◽  
pp. 896-898
Author(s):  
Pedro Pablo Salas Camus

Política de los afectos y emociones en producciones culturales de América Latina


2013 ◽  
Vol 1 (2) ◽  
pp. 299-309
Author(s):  
Paula Aguilar

En el presente artículo intentaremos iluminar la propuesta estética del escritor chileno Roberto Bolaño dirigida a discutir y desplazar las tendencias hegemónicas en torno a la década de los 60/70 latinoamericanos a partir de la categoría de realismo visceral propuesta por el mismo autor para explorar sus alcances, reescrituras y transformaciones. Aquella imagen idílica, mágica, maravillosa de América Latina –articulada en parte alrededor de la revolución cubana– que algunos perciben en el macondismo, se quiebra en esta etiqueta del realismo visceral para narrar los restos que dejaron las dictaduras de los setenta, para hurgar en las vísceras de la historia. Así, a partir del análisis de dos cuentos de Llamadas telefónicas postulamos que, frente a la tradición caribeña de lo real maravilloso, Roberto Bolaño elige retomar el fantástico rioplatense de espectros y pesadillas. 


2018 ◽  
Vol 13 (20) ◽  
Author(s):  
Fernanda Bernardes

O livro Cuerpos ilegales: Sujeto, poder y escritura en América Latina, organizado por Nanne Timmer, reúne 13 textos a respeito do corpo e dos desafios de representá-lo na América Latina. Os artigos apresentam análises de obras de autores como Roberto Bolaño, María Carolina Geel (Cárcel de mujeres), Paula Grenadel (A fábrica do feminino), Pablo Palacios (Vida delahorcado), Virgilio Piñera (La carne de René), José González Castillo (Los invertidos), Carlos A. Aguilera (Discurso de la madre muerta) e Maria Auxiliadora Álvarez (Cuerpo), além de obras cinematográficas e instalações, como é o caso do estudo sobre criações de Teresa Margolles e Óscar Muñoz.


2019 ◽  
Vol 10 (1) ◽  
pp. 197
Author(s):  
Edson Oliveira Da Silva

Considerando que a literatura é uma espécie de lente que nos permite acessar o conjunto de saberes e fenômenos que configuram a experiência humana, compreendemos que as suas estruturas, sejam elas externas ou internas, representam, pois, os principais aspectos históricos, identitários e culturais que edificam as sociedades, no decorrer dos séculos. Diante disso, o texto literário, a um só tempo, apresenta-se como o resultado dos conflitos e tensões produzidos pela experiência dos sujeitos e também se destaca enquanto um agente responsável pela arquitetura desta mesma experiência. Por assim dizer, a nossa análise se fará cumprir a partir da leitura e investigação do romance Los detectives salvajes (1998), do escritor chileno Roberto Bolaño, tendo como objetivo principal discutir a influência da história mexicana da década de 70 para a construção desta narrativa, dando ênfase às relações estabelecidas entre literatura e experiência, levadas até os últimos limites da existência. Neste sentido, também debateremos sobre o contributo da história latino-americana para construção da herança cultural que movimenta a atividade literária na América Latina, considerando-se as contribuições teóricas de Theodor Adorno, Walter Benjamin, Umberto Eco, Eduardo Galeano, Jorge Luis Borges, dentre outros autores relevantes para este debate.


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