scholarly journals PREVALÊNCIA DA CISTICERCOSE EM CARCAÇAS DE BOVINOS ABATIDOS EM MATADOUROS-FRIGORÍFICOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, SUBMETIDOS AO CONTROLE DO SERVIÇO DE INSPEÇÃO FEDERAL (SIF-RJ), NO PERÍODO DE 1997 A 2003

2006 ◽  
Vol 73 (1) ◽  
pp. 83-87
Author(s):  
M.A.V. da C. Pereira ◽  
V.S. Schwanz ◽  
C.G. Barbosa

RESUMO A Cisticercose é uma doença parasitária, considerada zoonose, provocada pela presença das formas larvárias intermediárias das Taenia saginata Goeze, 1782 (= Cysticercus bovis) e Taenia solium Lineu, 1758 (= Cysticercus cellulosae), nos tecidos bovinos, suínos ou do homem. A Organização Mundial da Saúde estima que cerca de 50.000.000 de pessoas possuem Cisticercose, e que 50.000 morrem a cada ano. O homem é o único hospedeiro definitivo da forma adulta tanto da T. saginata quanto da T.solium, as adquirindo pela ingestão das carnes suína ou bovina, mal cozidas, água e alimentos contaminados. O bovino e o suíno são os hospedeiros intermediários que adquirem a Cisticercose ingerindo os ovos provenientes das fezes humanas infectadas, que contaminam pastos, verduras, legumes e principalmente a água. A ocorrência desta manifestação clínica está diretamente relacionada com a precariedade das condições sanitárias e o baixo nível sócio-econômico-cultural da população. Sob o ponto de vista da saúde pública, o serviço de inspeção sanitária de carnes, é uma condição fundamental para a proteção da população frente ao complexo teníase-cisticercose e uma importante fonte de monitoramento da incidência de cisticercose em animais. O impacto da ocorrência da cisticercose está relacionado a perdas econômicas associadas à produção de alimentos, sendo esta perda da ordem de U$ 420.000.000,00 anuais na América do Sul (OPAS, 1994). No Brasil, apesar do conhecimento de vários estados com elevada freqüência da doença, não houve até o momento um estudo detalhado da zoonose em toda federação. Em bovinos, a cisticercose é a zoonose parasitária mais freqüentemente diagnosticada em matadouros frigoríficos, sendo a principal causa de condenações, seqüestros e aproveitamentos condicionais de carcaças. Este trabalho tem como objetivo determinar a prevalência da cisticercose em carcaças de bovinos abatidos em matadouros-frigoríficos, sob inspeção federal, no estado do Rio de Janeiro, no período de 1999 a 2003.

Author(s):  
José de Angelis Côrtes

Ao apreciarmos o complexo Teníase Humana - Cisticercose devemos ter em mente a história natural de um agente biológico que, para sua persistência na natureza, necessita, obrigatoriamente, da participação de duas espécies hospedeiras, uma das quais é, necessariamente, a humana. A Taenia solium, por exemplo, em sua forma adulta, hospeda-se, naturalmente, no intestino delgado do ser humano e, em sua forma larvar, o Cysticercus cellulosae, no tecido muscular de suínos. O ser humano é, também, o hospedeiro obrigatório da forma adulta da Taenia saginata, enquanto que a correspondente forma larvar, o Cysticercus bovis, infecta o tecido muscular de bovinos. Neste primeiro artigo trataremos do processo doença intitulado Teníase Humana, salientando: a importância desta espécie, única hospedeira da forma adulta das duas tênias, bem como seu papel na transmissão da cisticercose; o mecanismo envolvido em sua infestação pela ingestão de cisticercos viáveis com carne crua ou mal cozida; a patologia (lesões e sintomas) discreta ressaltando a importância da observação, pelo paciente, da presença de proglotes nas fezes; o significado da identificação da espécie da tênia por ocasião do tratamento do paciente e a essencialidade das ações preventivas globais, buscando romper a cadeia epidemiológica deste agente em seus diferentes pontos críticos.


Author(s):  
Naassom Almeida Souza Ribeiro ◽  
Evelise Oliveira Telles ◽  
Simone de Carvalho Balian

O presente trabalho tem como objetivo revisar o complexo teníase-cisticercose. Trata-se de um sério problema de saúde pública, representado por entidades zoonóticas das mais importantes na atualidade. O complexo compreende duas doenças distintas, com sintomatologia e epidemiologia totalmente diferentes: a teníase que corresponde à fase final do ciclo do parasita e ocorre apenas no ser humano e a cisticercose que corresponde ao estágio larval da Taenia saginata, a qual parasita bovinos, ou da Taenia solium,que pode acometer suínos e também seres humanos. A cisticercose e a teníase são encontradas com maior frequência em países cujas populações apresentam hábitos de higiene precários e com saneamento básico deficiente. Sua etiologia inclui a Taenia solium e a Taenia saginata que pertencem à classe Cestoidea, ordemCyclophillidea, família Taenidae e gênero Taenia e as respectivas formas larvares, Cysticercus cellulosae e Cysticercus bovis. Na teníase a sintomatologia clínica é bastante variável, de acordo coma idade e o grau de higidez orgânica do hospedeiro. Em condições naturais, os bovinos acometidos por cisticercose não manifestam sinais clínicos, já na cisticercose humana, variam dependendo da localização dos cisticercos. Quando localizados no sistema nervoso central (neurocisticercose) os sinais clínicos podem variar de acordo com o número de cisticercos, seu estado de desenvolvimento, a variedade morfológica, com sua localização e com as reações que provocam no paciente. O controle da teníase-cisticercose depende das condições econômicas, sociais e culturais de cada região e país, tendo a educação sanitária como ferramenta fundamental.


1998 ◽  
Vol 3 (1) ◽  
Author(s):  
JOÃO CARLOS MINOZZO

A primeira etapa do trabalho consta de uma revisão de literatura da ciclozoonose teníase e cisticercose. Foi avaliado o comportamento imunológico de bovinos experimentalmente infectados com ovos de Taenia saginata através da cinética de produção de anticorpos anti- Cysticercus bovis. Três bezerros de 6,5 meses e um com 19 meses de idade foram infectados, por via oral, com 2 x 104 ovos de Taenia saginata. Um quinto bezerro serviu como testemunha. Após 90 a 111 dias da infecção, os animais foram abatidos. Fez-se inspeção por fatiamento de órgãos e musculatura esquelética com intervalo entre os cortes de, no máximo, cinco milímetros. Dos quatros bezerros desafiados foram recuperados 702 cisticercos sendo 570 (81,20%) vivos e 132 (18,80%) degenerados. A taxa de recuperação foi de 0,01% a 1,43% com média de 0,88%. Os 702 cisticercos encontrados apresentaram a seguinte distribuição anatômica: músculos hióideos 02 (0,28%), rins 03 (0,43%), língua 07 (1,00%), fígado 12 (1,71%), pulmões 15 (2,14%), diafragma 18 (2,56%), músculos da mastigação 25 (3,56%), coração 49 (6,98%), musculatura dianteira 323 (46,00%) e musculatura traseira 248 (35,33%). Foi padronizado o teste de ELISA indireto para pesquisa de anticorpos anti- Cysticercus bovis em bovinos, utilizando como antígeno o extrato salino parcial de Cysticercus cellulosae. O “cut-off” foi obtido com soro de 99 bovinos jovens considerados não portadores de cisticercos, ficou estabelecido como 0,310. Nos bovinos, experimentalmente infectados, foram pesquisados o desenvolvimento e a quantificação de anticorpos anti-Cysticercus bovis através da prova de ELISA indireta em 16 amostras de soros de cada animal. A primeira amostra foi colhida 97 dias antes da infecção dos animais, a segunda no dia da infecção experimental e as restantes, semanalmente, até o abate. Os anticorpos foram detectados a partir de 12 dias após a infecção, com pico inicial aos 27 dias. O ápice de reação, em todos os animais, ocorreu entre 41 e 55 dias depois da infecção. Em seguida, observou-se um lento declínio com um segundo pico de anticorpos, de menor intensidade, a partir de 75 dias. Através da prova ELISA foi comparada a reatividade dos antígenos extrato salino parcial de Cysticercus cellulosae, extrato salino total de Cysticercus bovis e antígeno total de Cysticercus longicollis com soros de bovinos portadores de cisticercos da Taenia saginata. Pesquisou-se também anticorpos anti-Cysticercus bovis, em soros de bovinos considerados como não portadores de cisticercos, pelo serviço de inspeção. De 20 amostras de soros analisadas, 2 (10%) apresentaram valores de absorbância acima do “cut-off”. Estes animais seriam possíveis portadores de cisticercos.


1925 ◽  
Vol s2-69 (276) ◽  
pp. 703-729
Author(s):  
W. N. F. WOODLAND

1. Those species of Proteocephalid Cestodes in which the testes are situated in the cortex may be described as of the Monticellia type. Of this type there are three conditions : (a) the Monticellia condition in which the testes, uterus, ovary, and vitellaria are all situated in the cortex; (b) the Rudolphiella condition in which the testes and vitellaria alone are in the cortex, the other organs being entirely or almost entirely in the medulla ; and (c) the Marsypocephalus condition in which the testes alone are in the cortex, all other organs being medullary. Fuhrmann's genus Goezeella is synonymous with Monticellia if we ignore the characters of the scolex as features of generic value. 2. The anatomy of two species of Marsypocephalus is described: Marsypocephalus rectangulus Wedl, 1862, and Marsypocephalus heterobranchus, n.sp., from Nile Siluroid fishes. 3. It is concluded that the cortical situation of the testes and other organs is a taxonomic feature of generic value only (as in Pseudophyllidea in the case of the vitellaria) and La Rue's new family of the Monticellidae, created to include Monticellia-like forms, is not accepted. Monticellia, Rudolphiella, and Marsypocephalus are thus regarded as new genera in the Proteocephalidae. 4. The facts that the ‘Corallobothrium’ type of scolex is found in all of the three genera Monticellia (as amended by me and including ‘Goezeella’ siluri, Fuhrmann), Rudolphiella, and Proteocephalus (as amended by me and including ‘Corallobothrium’ solidum, Fritsch), and that in the Caryophyllaeidae, Bothriocephalidae, and Cyclophyllidea (cf. e.g. Taenia solium and Taenia saginata) minor scolex characters are evidently only features of specific value, compel us to delete such genera as Corallobothrium, Choanoscolex, Acanthotaenia, and my own recent genus Gangesia and to regard them as synonyms of Proteocephalus (La Rue's genus ‘Ophiotaenia’, syn. ‘Crepidobothrium’, not being accepted). Fuhrmann's Goezeella siluri becomes Monticellia siluri, and Fritach's Corallobothrium solidum becomes Proteocephalus solidus. The genera of the Proteocephalidae are thus four in number: Proteocephalus , Monticellia, Rudolphiella , and Marsypocep, halus, and these are formally or informally redefined. The two species of Marsypocephalus are diagnosed. 5. The ‘Taenia malopteruri’ of Fritsch, 1886, is not of the Monticellia type, as suggested by La Rue. Its structure is of the usual Proteocephalid type, save that the scolex possesses a rostellum and a broad band of hooklets and is covered with spinelets. It is renamed Proteocephalus malopteruri. 6. A new species of Clestobothrium--Clestobothrium clarias, from Clarias anguillaris Günth-is described. It is of interest, not only as being the third (second ?) species known of the genus, but because it affords one more illustration of the fact that the characters of the scolex cannot be used for diagnoses of genera. For this reason also, Lönnberg's genus Ptychobothrium (1889) becomes synonymous with Diesing's genus Polyonchobothrium (1884).


2008 ◽  
Vol 51 (6) ◽  
pp. 1127-1137 ◽  
Author(s):  
João Carlos Minozzo ◽  
Juliana de Moura ◽  
Sérgio Monteiro Almeida ◽  
Vanete Thomaz-Soccol

Neurocysticercosis (NCC), the cerebral presence of Taenia solium metacestode (Cysticercus cellulosae), is responsible for neurological disorders worldwide. In order to validate an immunodiagnosis for public-health patients in the State of Parana-Brazil, crude antigen of Taenia crassicepsmetacestode (Cysticercus longicollis) was used as an alternative heterologous antigen to be used in ELISA and in electroimmunotransfer blotting (EITB) for active and inactive NCC diagnosis. Indirect ELISA was able to discriminate between active and inactive samples and presented high specificity and sensitivity. Any immunodominant band was able to distinguish the NCC stages, although the EITB showed 100% specificity. The immunological results proved to be an important auxiliary toll for NCC diagnosis, mainly for public-health systems in developing countries, where either the neuroimage techniques are not accessible or the resources are scarce.


1994 ◽  
Vol 28 (2) ◽  
pp. 116-120 ◽  
Author(s):  
Carmen Silvia de M. Pialarissi ◽  
Sandra Maria Ottati de Oliveira Nitrini

Foi padronizado o teste de eritroimunoadsorção por captura (EIAC) para detecção de anticorpos específicos anti-cisticercos de Taenia solium, classe IgG, no líquido cefalorraquidiano (LCR) de pacientes com neurocisticercose. O reagente empregado para detecção de anticorpos específicos foi preparado com hemácias de carneiro em uma concentração de 0,25%, sensibilizadas com antígeno extrato salino bruto (ESB) obtido do Cysticercus cellulosae. A concentração ótima de ESB para sensibilização das hemácias de carneiro foi de 40ug/ml. O rendimento do ESB foi de 0,lug proteína/cavidade. A sensibilidade do teste foi de 84,5% (limite de confiança 95% de 75% a 94%), quando aplicado a 58 amostras de LCR de pacientes com neurocisticercose; e a especificidade foi de 95,3% (limite de confiança 95% de 90,7% a 99,9%) quando 85 amostras de LCR do grupo controle foram analisadas. O teste EIAC foi eficiente para o diagnóstico da neurocisticercose, e é importante para os laboratórios de saúde pública, tendo em vista a fácil execução, alto rendimento e baixo custo.


1968 ◽  
Vol 2 (4) ◽  
pp. 169-214 ◽  
Author(s):  
Ruy Gomes de Moraes

1 - Foram examinadas as fezes de 2.666 indivíduos, operários e funcionários de duas Emprésas industriais, situadas, uma na cidade do Rio de Janeiro e outra no Estado do Rio (Brasil); 2 - Dos 2.666 indivíduos, 1941 (72.80%) estavam parasitados por um ou mais helmintos e 725 (27,20%) tinham seus exames de fezes negativos; 3 - De cada um dos 2.666 indivíduos foi feito um hemograma completo, tendo sido aproveitada a taxa de eosinófilos que, em associação com os exames de fezes, constituiu o objeto principal dêste trabalho. 4 - Na Tabela A observa-se o número de vêzes em que cada um dos vermes foi observado e seus respectivos percentuais. Embora não seja um trabalho de epidemiologia, verifica-se que 46,81% são infestados pelo Trichuris trichiura; 23,85% pelo Strongyloides stercoralis; 22,46% pelo Necator americanus e/ou Ancylostoma duodenale; 20,51% pelo Ascaris lumbricóides; 1,65% pelo Schistosoma mansoni; 0.67% pelo Enterobius vermicularis; 0,26% por Taenia solium ou T. saginata e 0,11% por Hymenolepis nana; 5 - Os exames de fezes foram feitos pelos métodos de Faust (ou de Ritchie), de Willis, de Baermann e de sedimentação; 6 - A eosinofilia anotada foi a relativa ou em seu percentual, sendo considerada hipereosinofilia uma taxa de eosinófilos igual ou superior a 5% (Eo > 5%); 7 - Foram abordados de modo conciso os fatores que provocam oscilações na eosinofilia normal tais como a idade, a raça, as horas do nictêmero, os fatores físicos, o sexo, os fatores químicos e outros; 8 - Tratou-se de modo mais extenso das diferenças entre as hipereosinofilias parasitárias e não parasitárias, tendo sido focalizada a dinâmica da eosinofilia traduzida na curva de Lavier. 9 - A distribuição dos 2.666 casos foi feita pelos diferentes graus de eosinofilia, tendo sido levantados gráficos e traçadas curvas sôbre a distribuição de cada helminto e de suas associações. 10 - Por ser necessário à explanação do assunto, foi criado o "índice eosinofilico", o qual corresponde à relação entre o número de casos de um determinado grupo com Eo > 5% e Eo < 5%. Para o total de casos positivos, ao "índice eosinofílico" denominamos "índice eosinofílico médio" em para o total dos negativos "índice eosinofílico residual"; 11 - Estabelecendo-se o "índice eosinofílico", pode-se ajuizar a capacidade eosinofilogênica de cada helminto isoladamente, bem como a de suas associações; 12 - Atenção especial foi dada aos problemas da existência da hipereosinofilia nos casos com exames coprológicos negativos para helmintos, tendo-se passado em revista vários dos aspectos biológicos que o assunto comporta; 13 - Outra questão de grande importância clínica explanada neste trabalho é a do encontro de casos de parasitismo por vermes, sem hipereosinofilia. O autor, baseado em seus dados e em outros colhidos na literatura sôbre o assunto, discute a fisiopatologia da eosinopoiese nas helmintoses e ojerece uma interpretação para êste fato ainda não defintivamente esclarecido.


1973 ◽  
Vol 7 (4) ◽  
pp. 225-229 ◽  
Author(s):  
Naftale Katz ◽  
Fábio Zicker

Foram, tratados 31 pacientes com teníases pelo mebendazole. Utilizando-se os esquemas de 100 mg, duas vezes ao dia, por 4 dias consecutivos, 200 mg, duas vezes ao dia por 2 e 200 mg, duas vezes ao dia, por 4 dias, o percentual de cura foi de respectivamente 20,0, 72,7 e 90,0%. Não houve diferença significativa quando foram tratados pacientes com Taenia solium e Taenia saginata. A ausência de efeitos colaterais e a ampla atividade anti-helmíntica do mebendazole, recomendam seu uso também, como um novo agente tenicida.


2006 ◽  
Vol 92 (2) ◽  
pp. 273-281 ◽  
Author(s):  
Craig T. Kyngdon ◽  
Charles G. Gauci ◽  
Rick A. Rolfe ◽  
Jeanette C. Velásquez Guzmán ◽  
Marilú J. Farfán Salazar ◽  
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