Bordado de mnemosine: romance e memória em Lídia Jorge
Este artigo discutirá a configuração das representações identitárias do povo português e de suas relações com os signos representativos da memória na produção romanesca da escritora contemporânea Lídia Jorge, em uma visão geral, desde O dia dos prodígios (1980) até Os memoráveis (2014). Partindo dos conceitos de romance, conforme o compreendem Georg Lukács e Mikhail Bakhtin, de metaficção historiográfica, de acordo com Linda Hutcheon, e da categoria filosófica de memória, sob a perspectiva da psicologia social com base nas considerações de Henri Bergson, Maurice Halbwachs e Ecléa Bosi, far-se-á um mapeamento do trabalho da romancista do Algarve, no sentido de demonstrar seu projeto ideológico, qual seja o de trazer à tona questões cruciais para o entendimento da identidade portuguesa, sob perspectivas que incorporam, via de regra, vozes que, à luz da História (especialmente daquela a que Marilena Chauí refere-se como “celebrativa”), não encontram manifestação significativa.