scholarly journals Monitoramento reprodutivo de tartarugas marinhas na praia de Urussuquara/ES após o rompimento da barragem do Fundão em Mariana/MG

Naturae ◽  
2020 ◽  
Vol 1 (2) ◽  
pp. 1-13
Author(s):  
Cleber Vinicius Vitorio da Silva ◽  
Josimar Ribeiro de Almeida ◽  
Carlos Eduardo Silva ◽  
Camilo Pinto de Souza ◽  
Carlos Domingos da Silva

No dia 5 de novembro de 2015 ocorreu o rompimento da barragem de Fundão da mineradora Samarco, localizada no subdistrito de Bento Rodrigues-MG, a 35 km do centro do município brasileiro de Mariana-MG, aproximadamente 16.000 piscinas olímpicas de resíduos de mineração percolaram pelo distrito de Bento Rodrigues num período de apenas 11 minutos. A pluma deste impacto ambiental, se estendeu aproximadamente por 800 km na bacia do Rio Doce, entre Minas Gerais e Espírito Santo. O rio Ipiranga localizado entre os municípios capixabas de Linhares-ES e São Mateus-ES, foi um dos últimos locais atingidos pelos resíduos da bacia do rio Doce, tendo contato com o mar na restinga da praia de Urussuquara-ES, local que é berçário de tartarugas marinhas. O presente estudo realizado pelos cientistas e pesquisadores da Helium Corp Engenharia, teve como objetivo prospectar ninhos de tartarugas marinhas na praia de Urussuquara e realizar seu monitoramento sazonal, que teve início em setembro de 2017 e seu término em maio de 2018. Foram levantados um total de 23 ninhos com distribuição homogênea pela costa,  a espécie com maior abundância de registros foi Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) com 17 ninhos, seguido da espécie Caretta caretta (Linnaeus, 1758) com 5 ninhos, seguido da espécie Dermochelys coriacea (Linnaeus, 1766) com 1 ninho levantado. Por conseguinte a praia de Urussuquara deve ser conceituada como um lócus prioritário de importância mundial à proteção e conservação de tartarugas marinhas.

Author(s):  
Sidnei Quezada Meireles Leite

O número 2 de 2016 (volume 6) da Revista Eletrônica Debates em Educação Científica e Tecnológica passou a reunir artigos e ensaios sobre a educação e o ensino produzidos em um dos seis eixos dessa revista científica, a saber: (a) Ensino de Ciências e Matemática; (b) Ensino de Humanidades; (c) Formação Inicial e Continuada de Professores da Educação Básica; (d) Tecnologias Educacionais e Recursos Didáticos; (e) Educação Profissional e Tecnológica; e (f) Diversidades e Inclusão Social. Os artigos tratam de propostas inovadoras de ensino, estudos sobre tecnologias educacionais e formação de professores no contexto da educação básica. Alguns dos trabalhos foram realizados em programas de pós-graduação stricto sensu da área de Ensino e da Educação, desenvolvidos tanto no âmbito nacional como, também, internacional. Também, a revista DECT está cadastrada no sistema Diadorim (Brasil) e já se encontra no banco de dados do Google Acadêmico, o que melhorou o processo de busca dos artigos nos aplicativos como Google, Bing e Yahoo. Com a colaboração conjunta de professores do Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática (Educimat) e do Programa de Pós-graduação em Ensino de Humanidades (PPGEH), ambos da área 46 da CAPES – Ensino, a revista ampliou sua abordagem no campo do Ensino, passando a abordar estudos sobre metodologias educacionais, teorias de aprendizagem, formação de professores, uso de espaços de educação não formal, práticas pedagógicas abordando sustentabilidade, diversidades e inclusão social no contexto do ensino de história, geografia, filosofia, sociologia, artes e línguas, além dos estudos antes abordados no campo da educação científica. A presença de alguns investigadores nas duas áreas Ensino desenvolvidas nos programas Educimat e PPGEH, produziram articulações impactaram na visão da Revista Eletrônica DECT, a qual muito gentilmente abraçou o horizonte de estudos científicos e tecnológicos no campo do ensino de humanidades. A criação desses dois programas foi uma conquista do Ifes e do Estado do Espírito Santo, para ampliar a formação de pessoas qualificadas e mentes criativas para pensar, planejar e executar projetos voltados para a educação básica e a formação de professores, sobretudo, para as regiões norte e sul do estado do Estado do Espírito Santo, norte do Rio de Janeiro, Sul da Bahia e nordeste do Estado do Minas Gerais. Agradecemos a colaboração do Comitê Científico e dos Consultores ad hoc que dedicaram um pouco de seu tempo na avaliação dos artigos. Esperamos que os leitores aproveitem este número da Revista Eletrônica Debates em Educação Científica e Tecnológica.


Author(s):  
Monica Brick Peres ◽  
Rafael de Almeida Magris ◽  
Katia Torres Ribeiro

É com grande satisfação que apresentamos a primeira validação científica do conjunto de avaliações conduzidas pelo ICMBio, neste número “Avaliação do Estado de Conservação das Tartarugas Marinhas”. Trata-se de uma avaliação para as populações em território brasileiro de espécies que ocorrem globalmente e, segundo a UICN (2001), essas avaliações são consideradas “avaliações regionais” Parabenizamos Maria Ângela Marcovaldi (TAMAR/ICMBio), coordenadora de táxon e Alexsandro Santos (Fundação Pró-TAMAR), ponto focal para o grupo, pelo intenso trabalho refletido nos cinco artigos a seguir. Não existem avaliações consistentes sem o trabalho, a disponibilidade e o entusiasmo dos especialistas para disponibilizar e sintetizar o conhecimento sobre cada espécie, tornando-o coletivo. Após a avaliação do estado de conservação das espécies segue-se o processo de revisão que se concentra-se na verificação de coerência entre informações científicas trazidas e a categoria proposta, bem como na clareza da informação consolidada para aplicação dos critérios. Esse formato atende a orientação da UICN de validação por profissionais não envolvidos nas análises. Por isso, agradecemos aos revisores anônimos pela dedicação à essa tarefa. As próximas páginas deste número contam que as tartarugas, originalmente tão abundantes na costa brasileira, foram quase totalmente dizimadas nos últimos cem anos, o que levou à avaliação das cinco espécies como ameaçadas de extinção, em diferentes categorias: a tartaruga- verde (Chelonia mydas), avaliada como “Vulnerável”; a tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) e a tartatura-oliva (Lepidochelys olivacea) como “Em Perigo”; a tartaruga-de-pente (Eretmochelis imbricata) e a tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) como “Criticamente em Perigo”. Quando a equipe do TAMAR começou a trabalhar no final da década de 70, muitos pescadores jovens jamais tinham visto um filhote de tartaruga... Na época, o principal impacto era o consumo humano de carne e ovos de tartaruga. O trabalho dedicado e qualificado do Projeto TAMAR ao longo de 30 anos transformou essa realidade no Brasil. O consumo humano de tartarugas marinhas, diferente das tartarugas continentais, praticamente não existe mais. O aumento gradual do número de ninhos nas principais áreas de desova são a prova da mudança de costumes, que não se deu em um esquema de repressão, mas a uma adesão da população ao programa de conservação com atividades que incluem alternativas de renda e intenso envolvimento nas atividades de manejo de praia. Desde então os desafios passaram a ser outros. Nas praias, a expansão urbana e o turismo desordenado ameaçam os habitats essenciais de nidificação. No mar, o esforço e o poder de pesca aumentaram drasticamente nos últimos anos e causam a morte de milhares de tartarugas por captura incidental nos anzóis e redes de pesca, como documentado nos artigos a seguir, tornando-se tema de pesquisa e monitoramento essencial para entender os danos e apoiar a elaboração de políticas públicas e propostas de ordenamento pesqueiro. Uma vez que as tartarugas podem levar 30 anos para atingir a maturidade sexual e chegar até as praias para desovar, não há como saber ainda qual é o impacto da pesca sobre cada espécie. Só saberemos isso daqui a muito tempo, e desde que se mantenha a obtenção de informação qualificada tanto nas praias como nas pescarias, e claro, par e passo com as ações de conservação e manejo. As tartarugas dessas espécies vivem muitos anos, provavelmente mais de cem! Isso faz com que a capacidade de reposição populacional seja muito, muito lenta. Perguntamo-nos se nossos filhos teriam tido a chance de conhecer tartarugas marinhas na costa brasileira se não fosse pelo trabalho de conservação e pesquisa capitaneado pelo TAMAR. Também é o caso de nos questionarmos se nossos bisnetos e tataranetos conhecerão esses seres que sobreviveram a tantas transformações da Terra, tantas oscilações climáticas naturais e antrópicas e suas consequências nos mares e terras, se não conseguirmos controlar e ordenar o desenvolvimento costeiro e o da pesca no país. Por isso tudo, essa síntese é tão importante. E por isso, o trabalho de avaliação é tão empolgante. Agradecemos a todos o trabalho realizado, que deve se seguir da avaliação de diversos outros grupos da biota brasileira. Trabalho este que só fará sentido se vier a apoiar o debate, a definição de políticas públicas, a tomada de decisão pela sociedade que, torcemos, opte, sempre que houver discernimento, pela coexistência do ser humano com as demais espécies do planeta. E por estas razões optamos pela publicação integral das informações que levaram à proposição das categorias de estado de conservação, de modo a permitir a construção continuada do conhecimento e o debate, essencial à ciência, à conservação e à cidadania. Agradecimentos Por se tratar do primeiro número de Biodiversidade Brasileira, além dos agradecimentos acima, consideramos fundamental reconhecer o belo trabalho de Denys Márcio de Sousa, na diagramação e arte da capa da revista e dos artigos do número temático.


Phytotaxa ◽  
2021 ◽  
Vol 482 (3) ◽  
pp. 297-299
Author(s):  
CASSIO VAN DEN BERG ◽  
LUIZ MENINI NETO

Pseudolaelia Campos Porto & Brade (1935: 209) is a small orchid genus in subtribe Laeliinae. Its phylogenetic affinities place it near several small, endemic genera which constitute an isolated lineage in eastern Brazil, together with Adamantinia Van den Berg & Gonçalves (2004: 231), Constantia Barbosa Rodrigues (1877: 78), Isabelia Barbosa Rodrigues (1877: 75) and Leptotes Lindley (1833: t. 1625). All these genera have comparatively fewer species within the subtribe, and the main centre of distribution are the Brazilian Campos Rupestres, and other granitic rocky outcrops in the Brazilian States of Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro and Bahia. Also, several species in Pseudolaelia, Constantia and Leptotes are epiphytes on Vellozia sp., considered a very specialized type of epiphytism (van den Berg et al. 2006, Porembsky 2008).


2016 ◽  
Vol 25 (2) ◽  
pp. 163-171 ◽  
Author(s):  
Leandro de Oliveira Souza Higa ◽  
Marcos Valério Garcia ◽  
Jacqueline Cavalcante Barros ◽  
Wilson Werner Koller ◽  
Renato Andreotti

Abstract The Rhipicephalus (Boophilus) microplus tick is responsible for considerable economic losses in Brazil, causing leather damage, weight loss and reduced milk production in cattle and results in the transmission of pathogens. Currently, the main method for controlling this tick is using acaricides, but their indiscriminate use is one of the major causes of resistance dissemination. In this study, the adult immersion test (AIT) was used to evaluate resistance in ticks from 28 properties located in five different states (Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Ceará, São Paulo, e Minas Gerais) and the Distrito Federal (DF) of Brazil. The resistance was found in 47.64% of the repetitions demonstrating an efficacy of less than 90% in various locations throughout the country. The larvae packet test was used to evaluate samples from ten properties in four states (Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais and Espírito Santo). Spray products belonging to the main classes of acaricides, including combination formulations, were used in both types of test. New cases of resistance were found on properties within the states of Ceará, Espírito Santo and Mato Grosso, where such resistance was not previously reported.


2003 ◽  
Vol 27 (5) ◽  
pp. 1076-1081 ◽  
Author(s):  
Simone Miranda Fernandes ◽  
Rosemary Gualberto Fonseca Alvarenga Pereira ◽  
Nísia Andrade Villela Dessimoni Pinto ◽  
Marcela Carlota Nery ◽  
Flávia Renata Magalhães de Pádua

Conduziu-se este trabalho com o objetivo de quantificar e caracterizar a composição química de cafés arábica e robusta de safras diferentes e seus efeitos na qualidade do café torrado. Utilizaram-se grãos de café arábica (Coffea arabica L.) da safra 88/89 e safra 2000, proveniente da região sul de Minas gerais, e o café conilon (Coffea canephora Pierre) safra 2000, proveniente do Estado do Espírito Santo. Preparou-se um "blend" na proporção 70% arábica e 30% conilon. Os cafés foram torrados (torração média comercial), moídos e submetidos às análises físico-químicas de umidade, extrato etéreo, proteína bruta, fenólicos totais, acidez titulável total, pH, sólidos solúveis totais, extrato aquoso, açúcares totais e açúcares não-redutores. Pelos resultados, verificou-se que a acidez titulável total e o pH não se apresentaram com diferenças significativas, o que indica homogeneidade entre os cafés avaliados. O café arábica safra 88/89 apresentou maiores teores de extrato etéreo, indicando uma maior degradação desse café, devido provavelmente ao maior período de armazenamento. Os teores de açúcares totais e extrato aquoso não apresentaram diferenças entre os cafés estudados, quanto aos açúcares não-redutores, o café arábica de safra 88/89 mostrou-se com os menores teores e diferiu dos demais cafés.


Hoehnea ◽  
2013 ◽  
Vol 40 (4) ◽  
pp. 701-726 ◽  
Author(s):  
Wellington Forster ◽  
Vinicius Castro Souza

O presente trabalho visa à identificação e caracterização das espécies da subtribo Laeliinae (Orchidaceae) ocorrentes no Parque Nacional do Caparaó, localizado na Serra do Caparaó, na divisa dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, sendo sua vegetação formada por florestas e campos de altitude. Em geral, apresenta altitudes em torno de 2.000 m, sendo seu ponto culminante o Pico da Bandeira, com 2.890 m, representando o ponto de maior altitude da região Sudeste. Laeliinae está representada por 19 espécies pertencentes a cinco gêneros: Cattleya bicolor, C. cinnabarina, C. coccinea (subsp. coccinea and subsp. pygmaea), C. mantiqueirae, Encyclia bragancae, E. patens, Epidendrum armeniacum, E. caparaoense, E. chlorinum, E. densiflorum, E. filicaule, E. mantiqueiranum, E. pseudodifforme, E. saxatile, E. secundum, E. zappi, Loefgrenianthus blancheamesiae, Prosthechea punctifera e P. pygmaea. Uma nova combinação é apresentada para Cattleya coccinea subsp. pygmaea.


Rodriguésia ◽  
2014 ◽  
Vol 65 (1) ◽  
pp. 193-200
Author(s):  
Ludovic Jean Charles Kollmann ◽  
Ariane Luna Peixoto

Durante trabalhos de campo nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia, quatro espécies de Begonia foram coletadas e consistam em novos registros. Foram encontrados novos registros de Begoniadietrichiana, B. glabra e B. platanifolia para o estado do Espírito Santo e Begoniaadmirabilis para os estados da Bahia e Minas Gerais. São apresentados descrições, ilustrações, distribuição geográfica, mapas, habitat, fenologia, seções e diferenças vegetativas.


2006 ◽  
Vol 31 (4) ◽  
pp. 357-366 ◽  
Author(s):  
Acelino C. Alfenas ◽  
Reginaldo G. Mafia ◽  
Robert C. Sartório ◽  
Daniel H.B. Binoti ◽  
Ricardo R. Silva ◽  
...  

A incidência da murcha bacteriana, causada por Ralstonia solanacearum, em viveiros clonais de eucalipto, no período de abril a setembro de 2005, resultou no descarte de cerca de 553.991 minicepas, 6.837.691 propágulos na fase de enraizamento e 11.266.819 mudas, nos Estados da Bahia, do Espírito Santo, do Maranhão, de Minas Gerais e do Pará, totalizando um prejuízo estimado em, no mínimo, seis milhões de reais (US$ 2,7 milhões). Em minijardim clonal, a doença caracteriza-se por necrose foliar, escurecimento anelar ou completo do lenho, murcha e morte de minicepas. Os sintomas na parte aérea são similares à morte gradual de minicepas submetidas a podas drásticas ou com sistema radicular malformado. Na fase de enraizamento, miniestacas infectadas podem apresentar arroxeamento das nervuras do limbo foliar e podridão. No campo, a doença caracteriza-se por bronzeamento e necrose foliar, desfolha basal, ascendente escurecimento interno do lenho e morte da planta, geralmente a partir do quarto mês após o transplantio. Os sintomas geralmente se agravam em árvores com enovelamento de raízes e afogamento de coleto. A etiologia da doença foi confirmada por meio de testes de exsudação, microscopia de varredura, isolamento da bactéria, análises de PCR/RFLP, reação de hipersensibilidade (HR) em mudas de fumo, testes de patogenicidade em plântulas de eucalipto e tomate e re-isolamento da bactéria. Como o sistema de produção de mudas clonais de eucalipto é altamente favorável à multiplicação bacteriana e na falta de conhecimento sobre a resistência genética e de outras estratégias de controle da doença, é essencial evitar a introdução da bactéria em viveiros.


2016 ◽  
Vol 14 (2) ◽  
pp. 451
Author(s):  
Sandra Célio Coelho Gomes da Silva S. de Oliveira ◽  
Carolina Teles Lemos

Resumo: apresenta-se uma análise da auto percepção da mulher na Romaria do Bom Jesus da Lapa, que se realiza há 323 anos, enfatizando a perspectiva de gênero. Os sujeitos da pesquisa são mulheres romeiras que se enquadram na faixa etária entre 50 e 70 anos de idade e participam, há mais de cinco anos consecutivos da Romaria, pertencentes a cinco Estados brasileiros (Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Goiás) que registram um maior índice de participação nesse evento religioso. Utilizamos como metodologia a observação participante e a entrevista semiestruturada. Entende-se que a Romaria se apresenta como um espaço de alternância entre a permanência e a transformação da identidade de gênero oriunda do patriarcalismo. Palavras-chave: Romaria. Gênero. Patriarcado.


2020 ◽  
Vol 3 (4) ◽  
pp. 1-2
Author(s):  
Marcos Marques Formigosa ◽  
Sinara München

As pesquisas em Ensino de Ciências têm contribuído, entre outros aspectos, para pensar novos e diferentes cenários e processos de ensino e de aprendizagem em múltiplos contextos, dentre eles a escola do campo, o que requer um olhar a partir de diversas perspectivas, que perpassam, por exemplo, pela formação inicial e/ou continuada dos professores, pela prática docente, pelos recursos didáticos e pedagógicos. A Educação do Campo, por sua vez, também tem demarcado seu espaço nas pesquisas, ajudando a pensar e a problematizar várias dimensões (históricas, políticas e sociais) que influenciam diretamente no contexto educacional e, consequentemente, na cultura escolar, em determinados espaços e tempos, com desdobramentos, inclusive, sobre o ensino de ciências. Este Dossiê foi idealizado a partir das experiências vivenciadas nos cursos de Licenciatura em Educação do Campo, com habilitação em Ciências da Natureza, instalados em várias universidades Brasil afora, especialmente nos campi situados no interior dos estados, tendo indígenas, ribeirinhos, quilombolas, assentados de reforma agrária, extrativistas, pescadores e outros agentes sociais locais como sujeitos partícipes desse projeto, com vistas a uma formação específica e diferenciada, para atuação nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio. Essas experiências têm contribuído, por meio de pesquisas empíricas e de reflexões, para o avanço da compreensão dos diferentes processos de escolarização, que acontecem da educação básica à pós-graduação, no campo e/ou com os sujeitos que constituem esse espaço. Tais pesquisas têm seguido diferentes caminhos teóricos e metodológicos que apontam enlaces entre a Educação do Campo e o Ensino de Ciências, materializados em algumas frentes, tais como a consolidação das Licenciaturas em Educação do Campo – enquanto campo de pesquisa e as práticas docentes diferenciadas desenvolvidas nas e com as escolas do campo ou em outros espaços não formais de educação. Foram 63 resumos submetidos inicialmente ao Dossiê, os quais passaram por uma seleção que resultou na escolha de 28 trabalhos designados para apresentação de sua versão completa. O Dossiê mobilizou 74 autores, de diferentes formações acadêmicas e com atuação nos diversos níveis de ensino, desde a educação infantil, a educação básica, o ensino superior, até a pós-graduação. Os autores dos trabalhos publicados estão vinculados a 25 diferentes instituições brasileiras. A publicação do Dossiê contempla propostas, práticas e pesquisas das cinco regiões do Brasil, abarcando experiências de doze estados: Amapá, Pará, Piauí, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Os vinte artigos oriundos de resultados de pesquisa abordam diversas temáticas e contextos de investigação. Um dos focos apresentados pelos artigos são os cursos de Licenciatura em Educação do Campo com habilitação em Ciências da Natureza, nos quais as investigações estão relacionadas aos desafios e possibilidades vivenciados nos estágios curriculares e na formação por área de conhecimento para atuação na educação básica. Há trabalhos que trazem apontamentos sobre a Pedagogia da Alternância, a relação entre a formação universitária, os conhecimentos tradicionais e a Educação Ambiental. Outros artigos contemplam discussões acerca de Políticas Públicas vinculadas à Educação do Campo e à organização curricular na área das Ciências da Natureza. As pesquisas em contexto escolar integram investigações sobre a educação infantil, a contextualização, as relações com os povos do campo, o racismo, entre outras temáticas. A produção científica publicada no Brasil sobre Educação do Campo e Ensino de Ciências também aparece em artigos do Dossiê. Além dos artigos, o Dossiê apresenta oito relatos de experiência, os quais integram abordagens de variados contextos do campo brasileiro tratando de temáticas como estufa, agricultura familiar, poesia, agrobiodiversidade, facilitação gráfica, interdisciplinaridade, outubro rosa, ensino por investigação, plantas medicinais, saúde, etnopedologia e insetos. Estes trabalhos, desenvolvidos em diferentes níveis e modalidades de ensino, mostram práticas exitosas que foram implementadas e podem subsidiar outras experiências de ensino de Ciências em escolas do campo. Esse Dossiê é uma oportunidade para a divulgação dos avanços e possibilidades que pesquisadores e pesquisadoras têm promovido, mobilizando discussões de múltiplas formas, tendo o Ensino de Ciências e a Educação do Campo como questões orientadoras. Espera-se, portanto, que essa iniciativa seja capaz de subsidiar tanto as formações como as práticas docentes, bem como desencadear outras produções, com vistas ao fortalecimento de ambas as áreas, pois, a partir daquilo que se apresenta tanto nos artigos quanto nos relatos de experiência, são perceptíveis as diferentes interfaces entre a Educação do Campo e o Ensino de Ciências. Agradecemos aos editores da Revista Insignare Scientia (RIS), Dr. Roque Ismael da Costa Güllich e Dra. Rosangela Ines Matos Uhmann, por possibilitarem através deste Dossiê a divulgação de trabalhos que articulam a Educação do Campo e o Ensino de Ciências.   Prof. Marcos Formigosa (UFPA) Profa. Sinara München (UFFS) Organizadores do Dossiê


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