As lagoas marginais constituem ambiente complexo que potencializa o sucesso reprodutivo das espécies migratórias, fornecendo abrigo e recursos. Nosso estudo avalia o papel dessas lagoas no recrutamento de espécies migratórias no rio Jequitaí. Durante um ano, foram realizadas amostragens mensais em quatro lagoas marginais do rio Jequitaí: Lagoão (LAG), Renero (REN), Buriti (BUR) e Tamatião (TAMA). Foram capturados 1.049 indivíduos pertencentes a sete espécies de peixes migradores: Brycon orthotaenia, Megaleporinus obtusidens, Prochilodus argenteus, Prochilodus costatus, Pseudoplatystoma corruscans, Salminus franciscanus e Salminus hilarii. O comprimento médio dos exemplares capturados foi de 13,6 cm e o peso corporal médio de 80,7 g, evidenciando o predomínio de peixes jovens. A espécie mais representativa em números absolutos foi L. obtusidens (41,47%) enquanto P. costatus foi a mais representativa (24,57%) na biomassa. Salminus hilarii e i apresentaram as menores taxas de aumento do comprimento corporal (1,90 e 2,10, respectivamente). S. franciscanus e M. obtusidens aumentaram seu comprimento em 4 e 3,6 vezes, respectivamente. Além disso, S. franciscanus e M. obtusidens aumentaram seu peso em 81,3 e 102,4 vezes, respectivamente. Os resultados do presente estudo mostraram como as lagoas marginais podem funcionar como grandes berçários para o desenvolvimento e recrutamento de peixes migradores, contribuindo assim para a conservação de peixes de importância comercial e ecológica. Além disso, este estudo reduz a escassez de conhecimento sobre o uso de lagoas marginais por espécies de peixes migradores e destaca a importância desses ambientes.