Teatralidade, Artaud e subjetividade: uma proposta de análise para a teatralidade na vida tal como ela é

Este trabalho é fruto da experiência de seus autores com a clínica psicanalítica e o teatro. Como objetivo visamos articular o conceito de teatralidade (Josette Féral) com o teatro da crueldade de Antonin Artaud para, em seguida, desenvolver uma análise acerca da teatralidade vivida na dimensão da vida no sujeito do cotidiano. A crítica de Artaud aos modos de se fazer teatro em sua época nos faz questionar sobre qual é a arte ou o fazer artístico que nos interessa e como ele se apresenta em nosso dia a dia, abordando casos conhecidos pelo grande público: Coringa, do filme Joker (2019), e dois casos reais, de Sandro, do ônibus 174 em 2002, e de William, que parou a ponte Rio-Niterói em 2019. Com suas histórias resgatamos a recepção pela escuta – que vai muito além de ouvir – como ferramenta imprescindível para alguém se fazer sujeito e concluímos que a teatralidade pode ser uma saída encontrada na vida tal como ela é, por cidadãos comuns, para subverter o discurso do Outro, o qual nos arremessa no desafio de sobreviver às violências inerentes à vida suburbana, racismo, pobreza, violência física e dos discursos. Acreditamos que, talvez, ao transformar submissão em opressão essas personagens da vida real encontrem por ao menos um instante uma possibilidade de alterar suas histórias.

NARRATIVA-CARRASCO: KAFKA, ARTAUD E A CRUELDADE

O artigo desenvolve o conceito de “narrativa-carrasco”, com o objetivo de elucidar uma dinâmica importante da narrativa kafkiana: seu modo de evoluir por meio de uma autodestruição, em um processo de recomeços sem finalização e sem transcendência possível. Para tanto, parte da ideia de absurdo e busca analisar alguns procedimentos de escrita do autor tcheco que explicitam tal mecanismo, mais detidamente em um de seus contos (“O novo advogado”). Um dos traços fundamentais explorados dessa narrativa-carrasco é aquele de se constituir enquanto saída para o niilismo ocidental. Para tanto, coloca-se em diálogo a filosofia de Nietzsche para chegar-se, ao final, à relação com o conceito de crueldade de Antonin Artaud como chave para compreensão dessa escrita da imanência proposta por Kafka.

Metamodernism and Contemporary British Poetry

This book discusses contemporary British poetry in the context of metamodernism. The author argues that the concept of metamodernist poetry helps to recalibrate the opposition between mainstream and innovative poetry, and he investigates whether a new generation of British poets can be accurately defined as metamodernist. Antony Rowland analyses the ways in which contemporary British poets such as Geoffrey Hill, J. H. Prynne, Geraldine Monk and Sandeep Parmar have responded to the work of modernist writers as diverse as T. S. Eliot, H. D. and Antonin Artaud, and what Theodor Adorno describes as the overall enigma of modern art.

Refazer o corpo, esculpir afetos ou o que aprendemos com Antonin Artaud

O pensamento sobre o corpo se coloca contemporaneamente no centro das reflexões sobre a arte, sobre o sujeito, suas experiências, sua singularidade, em toda complexidade de nosso estar no mundo. Um corpo feito de intensidades, um bloco denso de afetos, dono de um saber que coloca em dúvida a construção de nossa subjetividade. Esse corpo ultrapassa o familiar em nós, nos atravessa, provocando experiências para além do corpo sensível. Neste ensaio, observa-se na gênese de uma cena-corpo autoficcional tentativas de insurreição e de decolonização das estruturas de subjetivação do corpo sensível, em direção à liberdade da "dança às avessas” performada por corpos impróprios, conforme nos instigou Artaud, em seu Teatro da Crueldade.

ANTONIN ARTAUD E JOSÉ SARAMAGO: CAOS E COSMOS

O presente artigo analisa duas obras fundamentais para a compreensão de temáticas importantes da era industrial e tecnológica. Para Acabar com o Julgamento de Deus (1948), de Antonin Artaud e O Ano de 1993 (1975), de José Saramago. Propõe-se uma reflexão sobre a degradação humana, as guerras e invasões territoriais por recursos energéticos, os problemas ambientais associados à crise climática, à degradação social, econômica e política no planeta. Os paradoxos do avanço tecnológico e as suas consequências, como o desemprego e a fome, a reconfiguração das sociedades e os processos migratórios. Também os movimentos sociais, culturais e antirracistas diante da ascensão do neofascismo numa articulação com o conceito de necropolítica proposto pelo filósofo Achile Mbembe. Palavras-chave: Necropolítica. Guerras. Humanidade. Neofascismo. crueldade.

Delirar a Realidade: Por uma Escrita Antimanicomial

Visitando textos de Antonin Artaud, Lima Barreto, Maura Lopes Cançado e Rodrigo de Souza Leão acerca da internação psiquiátrica, este artigo aborda as relações entre corpo, escrita e política em torno da lógica manicomial e suas dissidências. Com o objetivo de propor, com os loucos, possíveis táticas de resistência ao julgamento psiquiátrico, a metodologia de pesquisa utilizada é a cartografia psicossocial, acoplada a uma análise das relações de poder. Começamos investigando as transformações históricas na separação discursiva entre razão e loucura, e de que modo elas incidiram no campo literário. Passamos, em seguida, por como o hospício cria, com a disciplina e sua prática de escrita, relações hierarquizantes e homogeneizantes que têm como efeito a individualização do corpo. Ao final, elaboramos como a linguagem poética e a criação ficcional podem funcionar, aliadas ao papel coletivo e revolucionário da literatura, como potentes estratégias antimanicomiais de resistência num convite para repensarmos nossas produções escritas.

Aesthetic Theory and the Philosophy of Nature

We investigate the fundamental relationship between philosophical aesthetics and the philosophy of nature, arguing for a position in which the latter encompasses the former. Two traditions are set against each other, one is natural aesthetics, whose covering philosophy is Idealism, and the other is the aesthetics of nature, the position defended in this article, with the general program of a comprehensive philosophy of nature as its covering theory. Our approach is philosophical, operating within the framework of the ontology of the process of the production of art, inspired especially by the views of Antonin Artaud, Nietzsche, Heidegger, Bakhtin, Deleuze, and Guattari. We interrogate Dilthey and Worringer while outlining an ontology of art based on the production of nonhuman images and a nonpersonal experiential field of nature.

Picturing sanity, in black and white

This speculative work grapples with a riddle: if white supremacy is noxious, and if it is inescapable, is apparent black health, black sanity, in fact healthy? In order to help the reader appropriately appreciate the feat that is black sanity, I begin with a treatment of Fyodor Dostoevsky’s literary character, Mr Golyadkin. I go on to extend my claim that Golyadkin’s ill health or lack of sanity can be understood in terms of the violation of the norms of sociality, onto Antonin Artaud. Dostoevsky and Artaud therefore provide case studies with which it is possible to begin to develop an outline of the bounds and mechanics of white sanity. I juxtapose this outline to readings from a selection of works by African writers—Bessie Head, Véronique Tadjo and Dambudzo Marechera. This culminates in an interrogation of Franz Fanon’s metaphorisation of disability. I grapple especially with the ethical and existential implications of his understanding of black amputation. The conclusion that I eventually reach is another riddle, which may or may not amount to a restatement of the riddle with which I begin.

Interpretations of the Relationship Between Theatre and Crisis

The paper aims to analyse the relationship between theatre and crisis from the viewpoint of the role played by the theatre in exploring and presenting extreme situations, namely crisis situations. The impact of crisis on theatre determines the apparition of different theatrical viewpoints which are not meant to offer concrete solutions to the crisis, but which may contribute to the identification of possible ways of solving it due to its capacity to reveal certain aspects of the crisis which manifests itself on different levels of reality. At the same time, this relationship is viewed from the perspective of Antonin Artaud, The Living Theatre, Jerzy Grotowski and Samuel Beckett. Moreover, the paper makes reference to the fact that, in the current pandemic, the theatre performance faces a specific crisis, that is the crisis of audience.