O livro de William L. Westermann, The Slave Systems of Greek and Roman Antiquity, publicado em 1955, é até hoje uma referência para o estudo da escravidão antiga. No entanto, este livro é frequentemente criticado por sua estrutura antiquária e, portanto, pela falta de qualquer abordagem teórica sobre a escravidão no mundo antigo. Esse ponto de vista foi enfatizado principalmente por Moses Finley, com sua obra Ancient Slavery and Modern Ideology (1980), e tornou-se, desde então, um certo consenso na historiografia da escravidão. Este artigo argumenta que tal abordagem negligencia o lugar do livro de Westermann nos debates sobre a história comparada da escravidão que ocorreram nos Estados Unidos durante a segunda metade do século XX. Existem semelhanças entre a tese de Frank Tannenbaum sobre os diferentes níveis de severidade nos sistemas escravistas nas Américas, apresentados em seu Slave and Citizen (1946), e a visão de Westermann acerca dos antigos sistemas escravistas. Essa semelhança é compreensível se levarmos em conta que ambos participaram de seminários sobre a história do trabalho e da escravidão na Universidade de Columbia.