A partir de análises que constataram que falantes de Língua de Herança (LH), ao estudarem a língua na fase adulta, produziam elementos fonéticos/fonológicos relacionados à variante da região de origem dos pais, que foram aprendidos na infância, apresentamos nesse artigo repercussões desse resultado de pesquisa para as famílias e para os professores de línguas de herança. Para isso, utilizamos Cummins (1983), com o conceito de LH, Gontijo e Silva (2016) e Souza (2016), que estudam o ensino de LH em diferentes contextos. Também nos baseamos em Izquierdo et al (2013) e Xavier (2013), para compreendermos aspectos da memória humana e em Fonseca, Weiss e Dutra (2018), que observaram os indícios da atuação da memória fonológica no registro da fonética das línguas aprendidas na primeira infância. O aluno de língua de herança tem nessa memória fonológica uma vantagem - uma marca que lhe confere uma identidade cultural, e uma habilidade valorizada na proficiência em L2. REFERÊNCIASBADDELEY, A; ANDERSON, M. C.; EYSENCK, M. W. M. Memória. Tradução de Cornélia Stolting. Porto Alegre: Artmed, 2011.BRITO, K. S. Influências Interlinguísticas na Mente Multilíngue: perspectivas psicolinguísticas e (psico)tipológicas. Tese (Doutorado em Letras - Estudos Linguísticos) - Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2011. 274 p. Disponível em: https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/27123/R%20-%20T%20-%20KARIM%20SIEBENEICHER%20BRITO.pdf?sequence=1isAllowed=y. Acesso em: 14 fev. 2019.CUMMINS, J. Heritage Language Education: a literature review. Ontario Inst. for Studies in Education, Ontario Dept. of Education: Toronto, 1983. 64 p.DALMAZ, C..; NETTO, C. A. A memória. Cien. Cult. São Paulo, v. 56, n. 1, p. 30-31, jan./mar. 2004. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttextpid=S0009-67252004000100023lng=ennrm=iso. Acesso em: 28 out. 2018.DOI, E. T. O ensino de japonês no Brasil como língua de imigração. Estudos Lingüísticos. XXXV. Campinas, 2006. p. 66-75.FLORES, C.; MELO-PFEIFER, S. O conceito “Língua de Herança” na perspectiva da Linguística e da Didática de Línguas: considerações pluridisciplinares em torno do perfil linguístico das crianças luso descendentes na Alemanha. Revista Domínios de Lingu@gem. São Paulo, v. 8, n. 3, p. 16-45, 2014. Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/view/24736/15191. Acesso em: 17 ago. 2018.FONSECA, A. A.; WEISS, D. B.; DUTRA, M. C. P. Memória fonológica de falantes de português brasileiro como língua de herança. Revista Domínios de Lingu@gem. São Paulo, v. 12, n. 2, p. 1267-1293, 2018. Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/view/40099/22388. Acesso em: 28 ago. 2018.GONTIJO, V.; SILVA, G. V. A ansiedade no aprendizado de Português como Língua Estrangeira e Português como Língua de Herança. In: SILVA, K. A.; SANTOS, D. T. (Orgs.) Português como Língua (Inter)Nacional: faces e interfaces. Campinas: Pontes, 2016. p. 47 – 67.IZQUIERDO, I. et al. Memória: tipos de mecanismos - achados recentes. Revista USP. São Paulo, n. 98, p. 10-16, jun./ jul./ ago. 2013. Disponível em http://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/69221/71685. Acesso em 17 ago. 2018.JASINSKA, K. K. et al. Bilingualism yields language-specific plasticity in left hemisphere's circuitry for learning to read in young children. Neuropsychologia. USA, v. 98, p.24-45, 2017.KLEIN, D. et al. Age of language learning shapes brain structure: a cortical thickness study of bilingual and monolingual individuals. Brain and Language. USA, v. 131, p. 20–24, 2014.LICO, A. L. C. Ensino do Português como Língua de Herança: Prática e Fundamentos. Revista SIPLE. Brasília, n.1, ano 2, 2011. Não paginado. Disponível em: http://www.siple.org.br/index.php?option=com_contentview=articleid=177:2-ensino-do-portugues-como-lingua-de-heranca-pratica-efundamentoscatid=57:edicao-2Itemid=92. Acesso em: 17 ago. 2018.MONARETTO, V. N. O.; QUEDNAU, L. R.; HORA, D. As consoantes do Português. In: BISOL, L. (Org.) Introdução a estudos de fonologia do português brasileiro. 3a Ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001. p. 195-228.NORTON, B. Identity and language learning: gender, ethnicity and educational change. Londres: Longman, 2000.OLIVEIRA, K. C. S.; LEITE, M. A.; SILVA, P. C. D. Memória. Cadernos CESPUC. Belo Horizonte, n. 23. p. 19-29, 2013.SOLÉ, Y. Consideraciones pedagógicas en la enseñanza del español a estudiantes bilingues. In: VALDÉS, G.; LOZANO, A.; GARCÍA-MOYA, R, (Orgs.) Teaching Spanish to Hispanic bilingual: issues, aims, and methods. New York: Teachers College Press, 1981. p. 21-29SOUZA, A.; BARRADAS, O. Português como língua de herança: políticas linguísticas na Inglaterra. Revista SIPLE. Brasília, n. 1, ano 4, 2013. Não paginado. Disponível em: http://www.siple.org.br/index.php?option=com_contentview=articleid=297:portugues-como-lingua-de-heranca-politicas-linguisticas-na-inglaterracatid=69:edicao-6Itemid=112. Acesso em: 28 ago. 2018.SOUZA, A. Como as identidades linguística e cultural são influenciadas pela imigração. In: SOUZA, A. (Org.). Português como Língua de Herança em Londres: recortes em casa, na igreja e na escola. Campinas: Pontes, 2016. p. 21-30.SOUZA, A. Maternidade e imigração: um foco no planejamento linguístico familiar. In: SOUZA, A. (Org.). Português como Língua de Herança em Londres: recortes em casa, na igreja e na escola. Campinas: Pontes, 2016. p. 11-51.XAVIER, G. F. Memória, individualidade e inconsciente como expressões do funcionamento de redes nervosas: uma breve especulação. Revista USP. São Paulo, n.98, p. 31-40, jun./ jul./ ago. 2013. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/69223/71687. Acesso em: 28 out. 2018.XAVIER, G. F. A Modularidade da Memória e o Sistema Nervoso. Psicologia USP. São Paulo, v.4, n.1-2, p. 61-115, 1993. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/psicousp/article/view/34473 . Acesso em 28 out. 2018. Recebido em 31-10-2018.Aceito em 18-02-2018.