scholarly journals A dialética da máscara negra: nego fugido contra o blackface

Revista aSPAs ◽  
2017 ◽  
Vol 7 (1) ◽  
pp. 155
Author(s):  
Monilson Dos Santos Pinto
Keyword(s):  

Este artigo propõe um diálogo entre as expressões populares da cultura brasileira e o conhecimento hegemônico acadêmico por meio do teatro didático brechtiano, introduzindo reflexões acerca dos aspectos teatrais, corporais, visuais e musicais do Nego Fugido. A comunicação aponta para a necessidade de se pensar um teatro pautado em epistemologia da resistência negra e em estéticas quilombolas como possibilidades de criação cênica para grupos de teatro negro de periferia. A máscara negra da cultura popular e o blackface aparecem em oposição para revelar como elementos cênicos e aspectos teatrais dessas expressões populares são malcompreendidos, malbaratados e, muitas vezes, apropriados de forma insipiente por alguns encenadores e grupos de teatro contemporâneos. 

2016 ◽  
pp. 99-112
Author(s):  
Marta Martines Ferreira

A proposta do artigo é rastrear a história e o contexto cultural da viola-de-cocho, instrumento que se instituiu como símbolo da cultura popular nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, alçado a patrimônio nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Há mais de dois séculos, constitui a base sonora do cururu e siriri, fonte de representação da alegria e religiosidade do povo dessa extensa e dilatada região. A partir da análise de documentos organológicos reconstituímos os possíveis caminhos da viola-de-cocho até o modelo que se propõe na contemporaneidade. Argumentamos que isto possibilitou, em parte, a plasticidade e a capacidade de aglutinação do instrumento graças a sua própria capacidade de se difundir e perfazer através da diáspora humana.


Author(s):  
Maria Aparecida Luciano ◽  
Maria José Souza Barbosa ◽  
Walery Costa Reis ◽  
Farid Eid ◽  
Samuel Carvalho de Aragão

Resumo: O artigo apresenta uma discussão sobre o processo de construção da política municipal de cultura no município de Paragominas, estado do Pará, como estratégia de inclusão social de diferentes identidades. Trata-se de um debate necessário à reflexão sobre a implementação de ações de política pública que tem por princípio a participação democrática sob relação dialógica entre poder público e sociedade civil. Para se delinear esse debate percebeu-se a importância da escuta dos atores sociais: dança, audiovisual, multimídia, música, cultura popular, teatro, patrimônio material e imaterial, literatura, mídias contemporâneas, design, arte digital, artes visuais, arquitetura, respeitando-se a identidade cultural desses diversos atores, a fim de se valorizar a multiplicidade de manifestações que abrangem o patrimônio cultural existente no município. Objetivou-se com este artigo mostrar as diferentes dimensões da cultura enquanto reflexos da sociedade, sua dinâmica na construção das identidades dos diferentes grupos que constroem a sociedade paragominense em suas especificidades. Apoiou-se no debate teórico referenciado em Stuart Hall e Nestor Garcia Canclini, os quais possibilitaram a ampliação do conceito de cultura ao abordarem diferentes dimensões da vida social de um povo. Conclui-se com a perspectiva de abertura para uma concepção democrática da política cultural, enquanto necessária ao desenvolvimento socioeconômico e cultural. Palavras-chave: Política Pública. Cultura. Desenvolvimento Municipal.


2012 ◽  
Vol 4 (1) ◽  
Author(s):  
Thiago Antônio Oliveira Sá

Este texto é resultado de pesquisas bibliográficas cujo objetivo é, à luz do argumento bourdiano, apontar a atuação do professor enquanto agente envolvido nesta instituição reprodutora de disparidades sociais que é a escola, destacando o seu desempenho na sala de aula e suas implicações na imposição de uma cultura legítima em detrimento da cultura popular originária de alguns estudantes, cujas consequências são a futura segregação deles em termos de sucesso escolar. Em seus estudos sobre as funções do sistema de ensino numa sociedade estratificada, o sociólogo francês Pierre Bourdieu demonstra que, embora a escola seja reconhecida ideologicamente como instância promotora de oportunidades de ascensão, ela acentua as desigualdades sociais. A escola resulta um mecanismo de reprodução social, pois inculca e exige dos discentes uma massa de saberes, competências e destrezas que, em função das diferentes posições de classe ocupadas pelos alunos, é mais familiar a uns do que a outros. A escola, a serviço da difusão e da certificação da cultura legítima, privilegia aqueles já previamente capacitados para este tipo de conhecimentos. Na realidade escolar cotidiana, os assuntos, a presença, os modos de ser, de se portar, os gostos, as preferências artísticas e os saberes priorizados podem, para alguns alunos, ser continuidade do cotidiano intelectual e cultural fora da escola, mas, também, pode ser contraste e conflito entre duas formas de cultura, entre dois mundos simbólicos: o distinto e o ordinário, o culto e o popularesco, o digno e o desprezível, o distintamente intelectual e a ignorância.Palavras-chave: Escola. Reprodução social. Desigualdades sociais. Professor.


1999 ◽  
Vol 13 (35) ◽  
pp. 231-253 ◽  
Author(s):  
Maria Ignez Novais Ayala

NESTE ARTIGO é analisada uma manifestação popular desenvolvida em diferentes locais do estado da Paraíba, principalmente por negros e seus descendentes. Nela se entrelaçam literatura oral, música, canto e dança. Os cocos foram registrados com rigor científico nas décadas de 20 e 30 devido à iniciativa de Mário de Andrade, de que resultou uma ampla documentação. A preocupação em organizar um rico acervo sobre os cocos, fundamentado em observação direta e registros por meios mecânicos e eletrônicos em campo, com procedimentos técnicos e metodológicos que permitam análises criteriosas dessa manifestação de cultura popular nordestina, buscando ressaltar suas especificidades, motivou a pesquisa que vem sendo desenvolvida desde 1992 na Paraíba. Neste artigo reconhece-se a importância dos acervos constituídos por Mário de Andrade e pelos integrantes da Missão de Pesquisas Folclóricas da Discoteca Municipal de São Paulo, sintetiza-se questões relacionadas à manifestação de poesia, canto e dança no presente, considerando-se o contexto em que vivem os dançadores e cantadores, o significado que a brincadeira do coco tem para eles, a ponto de se configurar até como afirmação de identidade. Analisa-se, ainda, a situação da cultura popular numa sociedade em que a escrita é hegemônica, explicitando a perspectiva militante adotada nesta pesquisa.


Gaia Scientia ◽  
2018 ◽  
Vol 12 (2) ◽  
Author(s):  
Ethyênne Moraes Bastos ◽  
Maurício Eduardo Chaves e Silva ◽  
Flávio José Vieira ◽  
ROSELI Farias Melo Barros
Keyword(s):  

O uso dos recursos vegetais está densamente presente na cultura popular sendo transmitido pela oralidade ao longo das gerações. Deste modo, objetivou-se investigar o conhecimento botânico inserido na população de um assentamento rural no Nordeste brasileiro, tendo em vista a importância de se conhecer os usos e potencialidades dos recursos vegetais da localidade como fonte de transmissão dos saberes locais. Foram realizadas 57 entrevistas semiestruturadas, com residentes maiores de 18 anos. Ao total foram citadas 120 plantas como úteis, a maioria dessas plantas em apenas uma categoria de uso. Medicinal e a alimentícia foram às categorias de maior representatividade com 24 e 17 espécies, respectivamente. As famílias botânicas que se destacaram em número de espécies foram: Fabaceae (18), Solanaceae/Anacardiaceae/Euphorbiaceae (5 cada), seguidas de Poaceae/Apocynaceea/Rutaceae (4 cada) e Amaryllidaceae/Apiaceae/Arecaceae/Combretaceae /Cucurbitaceae/Lamiaceae (3 cada). Predominaram espécies nativas (55%), encontradas especialmente na mata. A babosa (Aloe vera (L.) Burm.f.) apresentou maior valor de uso (0,28) entre as espécies.Constatou-se que a utilização das plantas varia conforme a categoria de uso em que os recursos vegetais foram alocados e se mostrou, de modo geral, heterogêneo em relação à idade e ao gênero dos informantes. A oralidade é a forma de transmissão dos recursos conhecidos e utilizados pelos assentados e agregados, repassados entre as gerações.


2021 ◽  
Vol 10 (15) ◽  
pp. e165101522641XX
Author(s):  
Deny Ardaia da Silva ◽  
Genivaldo Frois Scaramuzza
Keyword(s):  

Este artigo tem por objetivo, descrever a cultura folclórica do Boi-Bumbá no Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Rondônia – IFRO/Campus Cacoal e suas aproximações com a prática pedagógica escolar para o ensino interdisciplinar de Arte. Os sujeitos colaboradores foram professores/as e alunos/as desta instituição. A metodologia se deu pela abordagem qualitativa da bricolagem (Kincheloe, J. L. & Berry, K. S. 2007) e usou várias técnicas de pesquisas amparadas pela perspectiva Pós-Crítica e pelos Estudos Culturais. A pesquisa com os docentes mostrou suas relações com o folclore   em seus trabalhos monodisciplinares e os desejos de se voltarem para o campo da interdisciplinaridade. O trabalho junto aos estudantes forneceu dados sobre cultura popular e cotidianos. Essas informações auxiliaram na construção de uma Sequência Didática Interdisciplinar com o tema Boi-Bumbá e conteúdos dos componentes curriculares de Geografia, História, Sociologia, Educação Física, Língua Estrangeira Moderna/Espanhol, Língua Portuguesa/Literatura Brasileira e Arte e nos faz concluir que é possível integram os saberes da comunidade com os conteúdos oficiais e construir, interdisciplinarmente, uma educação intercultural em prol de uma sociedade democrática e inclusiva.


2018 ◽  
Vol 15 (1) ◽  
pp. 152-164
Author(s):  
Clara Bezerril Câmara
Keyword(s):  

Este artigo propõe uma reflexão a respeito do papel do entretenimento nas narrativas jornalísticas sobre política. Para tal, apresenta-se um debate teórico, articulado com base nas considerações que Street (2003) e Van Zoonen (2005) fazem sobre o imbricamento da política com a cultura popular. No caminho argumentativo aqui sugerido, também é contemplada uma discussão a respeito das barreiras que são sustentadas entre hard e soft news, com auxílio de trabalhos que pensam o jornalismo em articulação com a noção de narrativa. O caso das aparições de Pixuleko, boneco inflável do ex-presidente Lula, na Folha de S. Paulo, serve de ilustração para o desafio da seguinte argumentação: observar o caráter narrativo das notícias pode lançar luz ao desafio de se analisar um contexto jornalístico em que as fronteiras entre entretenimento e informação encontram-se cada vez menos aparentes. Seguindo a linha de argumentação, e aliando o debate teórico com o exemplo proporcionado por Pixuleko, afirma-se ser urgente considerar o entretenimento na narrativa jornalística de política, não em uma chave de dissonância, ou oposição, mas enquanto elemento constitutivo.


2021 ◽  
Vol 10 (1) ◽  
pp. 01-09
Author(s):  
Filipe Gabriel Ribeiro França ◽  
Luciana De Freitas Gomes
Keyword(s):  

O presente trabalho tem como objetivo relatar as experiências desenvolvidas pelo componente curricular Educação Física com os jogos e brincadeiras tradicionais durante o regime especial de atividades não presenciais proposto pela rede estadual de ensino de Minas Gerais. As experiências relatadas foram vivenciadas nas aulas de Educação Física por turmas dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental em uma escola pública estadual na cidade de Juiz de Fora – MG. Em diálogo com os estudantes e responsáveis foram apresentadas propostas de jogos e brincadeiras tradicionais que pudessem ser realizados em casa, tendo em vista o contexto de isolamento social decorrente da pandemia de Covid-19 ocorrido no ano escolar de 2020. As atividades sugeridas levaram em consideração a possibilidade a adaptação do espaço para as suas vivências e a construção de materiais alternativos e adaptados com recursos presentes em casa quando necessário. Metodologicamente tomamos os jogos e brincadeiras tradicionais como um dos saberes que devem ser trabalhados nas aulas de Educação Física escolar, ressaltando a importância de observarmos a cultura popular presente no contexto regional e comunitário, assumindo-a enquanto construção cultural, histórico e social. Nessa abordagem sobre os jogos e brincadeiras tradicionais os estudantes foram capazes de se expressarem conscientemente e realizarem reflexões críticas sobre como as práticas eram vivenciadas no passado e na atualidade e puderam compreender a importância do movimento e da continuidade das atividades Educação Física escolar mesmo à distância.


2016 ◽  
Vol 13 (1) ◽  
pp. 17
Author(s):  
Alexandre Pereira ◽  
Selva Guimarães
Keyword(s):  

Este artigo apresenta resultados de uma pesquisa desenvolvida em nível deDoutorado em Educação no qual o objeto de discussão são as relações entre o Ensino de Artee a Cultura Visual com a diversidade sexual. Iniciamos o texto apresentando dimensões dodebate sobre o modo como os movimentos artísticos introduziram, no campo das artesvisuais, discussões sobre temas relativos à identidade e diferença. Posteriormente abordamosa necessidade de se reconhecer a importância de se discutir, na educação, de um modo geral eno Ensino de Arte, em específico, o tema da diversidade sexual. Em seguida delineamosconsiderações sobre a educação para a Cultura Visual e o modo como deslocam as posiçõeshegemônicas de espectador de arte para produtor ativo de sentido para as imagens. Falamosdo papel da cultura visual, aqui entendida como sendo tanto as imagens das Artes, quanto asimagens e artefatos visuais da cultura popular e da mídia, bem como os sentidos socialmenteconstruídos que cotidianamente produzimos para essas imagens. Por fim, discutimos anecessidade de se reconhecerem as compreensões de identidade e diferença como sendoconstruções culturais para pensar em processos educacionais inclusivos.


2019 ◽  
Vol 1 (2) ◽  
pp. 190
Author(s):  
Thais Morais Salomão

As primeiras décadas do século XX, no Brasil, foram marcadas por uma grande aceitação das elites às influências culturais provenientes das capitais europeias. As cidades de São Paulo e Rio de Janeiro passaram por um extenso processo de reforma urbana, assim como o barão Georges-Eugène Haussmann havia promovido em Paris. Na cena social destas capitais, surgiram os chamados salões, ambientes frequentados por intelectuais, poetas, artistas e pela alta sociedade, nos mesmos moldes adotados pela burguesia parisiense. Nestes ambientes realizavam-se serões literários, palestras e exposições e eram servidos banquetes com pratos de nomes franceses, que seguiam as regras de boas maneiras e etiqueta nascidas nas sociedades de corte da França. O presente estudo busca apresentar o processo de urbanização da cidade de São Paulo e o cenário social e cultural da elite daquele período e também compreender de que forma aquele grupo via a necessidade de se distanciar do estilo de vida provinciano e romper com os costumes da sociedade imperial para considerar-se civilizado. O grande esforço da elite brasileira para se afastar de seu passado colonial e se aproximar dos padrões franceses pode ser, de certo modo, elucidado pelo raciocínio de Stuart Hall de que a identidade é algo sempre em processo, em constante modificação. Assim, na contramão do que havia sido visto durante o Romantismo, período em que nossos autores expressavam forte nacionalismo e certa ânsia de criar um estilo autêntico que valorizasse as tradições do país, nos primeiros anos do século XX prevalece a vitória do cosmopolitismo francês e adotam-se o mobiliário, as roupas e o modo de vida parisienses. Nos encontros da alta sociedade paulistana nos salões do senador José de Freitas Valle, os convivas falavam francês sobre poesia, literatura e artes, o que, conforme Norbert Elias, demonstra o anseio de usar da língua como forma de definir o seu caráter nacional. Ademais, naqueles ambientes predominavam a etiqueta e o refinamento à mesa franceses que, segundo Pierre Bourdieu, são instrumentos de diferenciação social e evidenciam que a cultura que une é também a cultura que separa. A partir do trabalho dos autores mencionados e também dos arquivos de periódicos em circulação desde aquela época, como O Estado de S. Paulo, A Cigarra e A Lua, esta pesquisa analisará os fatores que são relevantes na formação de uma identidade nacional e como o “desejo de ser brasileiro”, que imperou no Brasil durante o período do Romantismo, afastou-se de qualquer elemento da cultura popular e transformou-se em “desejo de ser estrangeiro”.


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