scholarly journals Deslizamentos das mídias: textos de memória, livro de história e narrativa de história de vida em Ingrid, uma história de exílios

2017 ◽  
pp. 93-105
Author(s):  
Barbara Heller ◽  
Priscila Ferreira Perazzo

Resumo Investigamos como as memórias transitam de uma mídia a outra, partindo, em ordem cronológica, do texto da memória (manuscritos e relatos orais) de Ingrid Koster para o texto do livro, Ingrid, uma história de exílios, publicado em 2010. Verificamos as adaptações, silenciamentos e acréscimos na construção dos textos da memória no livro, comparando-os nas diferentes mídias. Mostramos que as memórias e seus suportes midiáticos, cada vez mais deslizantes, são atravessados por esses acréscimos imaginados e documentados e por supressões de natureza emocional e política. Edward Said, com “exílios”, Lucia Santaella, com “cultura midiática” e “deslizamentos”, Beatriz Sarlo, com “memória” e “testemunha”, Walter Benjamin, com “narrativa e cura” dão sustentação teórica à análise.

2017 ◽  
Vol 2 (4) ◽  
Author(s):  
Monique Felix Borin

Os estudos sobre a urbanização das cidades brasileiras no século XIX e início do século XX foram uma tendência que auxiliou no fortalecimento do campo da história das cidades, em geral se apoiando na análise de legislações e planos urbanísticos que regulavam a estrutura e infraestrutura física urbana. Nos últimos anos vivemos um movimento de pluralização dessas fontes, expandindo as investigações para outros tipos de documentos urbanísticos, como requerimentos, relatórios, registro de imóveis, levantamentos topográficos, mapas e fotografias técnicas. Manteve-se, no entanto, uma centralidade em fontes que poderíamos definir como de origem urbanística, ou seja, que já foram produzidas diretamente para tratar das questões do urbano. Nesta comunicação propomos o cruzamento de fontes urbanísticas com fontes de natureza distinta como metodologia para o estudo da urbanização das cidades brasileiras no período, particularmente a urbanização de bairros centrais de São Paulo. Tal estudo de caso servirá para avaliar as potencialidades e as problemáticas do cruzamento de fontes proposto, particularmente a série Obras Particulares, do Arquivo Histórico de São Paulo com os Autos Crime do Arquivo do Tribunal de Justiça de São Paulo. O enfoque dessa proposta metodológica se alinha com investigações que tratam do papel da população e da iniciativa privada como agentes importantes na urbanização das cidades brasileiras, deslocando um foco excessivo no estudo de grandes obras públicas, que dominaram muitos dos estudos iniciais sobre essa temática e que têm uma relação clara com a preponderância do uso da legislação como fonte exclusiva. Essa perspectiva de análise traz implicações teóricas, que serão discutidas a partir do diálogo com Walter Benjamin e Beatriz Sarlo sobre o papel do cotidiano na formação das cidades, que perseguimos a partir do conceito de experiência da urbanização.


2020 ◽  
Vol 24 ◽  
pp. 15
Author(s):  
Martín Kohan

Este artículo se propone analizar la operación crítica de Beatriz Sarlo en tanto lectora de Walter Benjamin. Por un lado, su lectura de Benjamin, es decir, el campo de intereses y afinidades que comparten y se dejan entrever en su escritura —la ciudad, la modernidad, la experiencia, la tecnología, las vanguardias—. Por el otro, su lectura con Benjamin, es decir, el modo en que Sarlo lo hace funcionar en el interior de su propio ejercicio crítico, trayéndolo al presente para abrir y potenciar nuevos análisis.


2013 ◽  
Vol 12 (25) ◽  
pp. 189
Author(s):  
Cláudio Márcio Oliveira

Este trabalho é uma síntese de Tese de Doutorado, defendida junto a Faculdade de Educação da UFMG em 2011, e aborda a experiência formativa dos deslocamentos urbanos de trabalhadores pela Região Metropolitana de Belo Horizonte. Como pressuposto fundamental deste estudo defende-se a idéia de que os deslocamentos urbanos não são apenas um hiato ou um simples ato funcional, mas constituem processos de subjetivação e experiência das pessoas que se deslocam pela cidade. Neste sentido, tomo como conceitos fundamentais para a realização da investigação as idéias propostas por Walter Benjamin de Experiência (Erfahrüng) e Vivência (Erlebnis) para compreender a construção de sensibilidades nas tramas da cidade. Conceito de Experiência que, por sua vez, mantém vínculo indissociável com as narrativas produzidas pelos sujeitos pesquisados. O material empírico constituiu-se de três tipos diferentes de fontes. A primeira delas trata-se da observação participante dos deslocamentos de quatro trabalhadores residentes na cidade de Belo Horizonte (mais particularmente na região do Barreiro), com ênfase no ato de caminhar e nos usos cotidianos do transporte coletivo. O segundo conjunto de fontes de análise tratou de dois suportes letrados presentes nos ônibus que circulam pela cidade de Belo Horizonte: o “Jornal do Ônibus” e os “Quadros de Horários”, entendidos neste estudo como portadores de representações acerca de como os usuários de ônibus se apropriam da cidade. A terceira parte do material empírico foi composta de entrevistas semi-estruturadas, nas quais se buscou elementos da história de vida dos sujeitos, suas relações com a cidade de Belo Horizonte ao longo dos tempos e suas percepções acerca do cotidiano do deslocar-se pela cidade. De posse destas fontes, a experiência do deslocar-se pela cidade foi analisada a partir dos seguintes eixos: as relações que sujeitos estabelecem com os múltiplos tempos da cidade; os usos e percepções do espaço do ônibus; as relações que os sujeitos estabelecem com os estranhos que se apresentam nas viagens; o lugar do corpo e das sensibilidades nos deslocamentos. As experiências dos trabalhadores pesquisados suscitaram um conjunto de pautas de reflexão e ação. Entre elas, destaco a necessidade de se tratar a temática da velocidade como questão pública junto aos processos sociais; o questionamento dos critérios de funcionalidade que orientam o provimento do transporte público em Belo Horizonte; e principalmente, uma necessária abertura para a dimensão estética dos deslocamentos urbanos, condição fundamental para a construção de uma cultura pública de encontros que materialize o Direito à Cidade aos seus habitantes.


2017 ◽  
Vol 29 (0) ◽  
Author(s):  
Aluísio Ferreira de Lima ◽  
Antonio da Costa Ciampa

Resumo O objetivo deste ensaio é discutir as vicissitudes da narrativa para a compreensão das metamorfoses da identidade. Para tanto, parte-se de uma breve exposição do contexto ao qual a narrativa pertence, assinalando seu potencial na construção, reconstrução e reinvenção do passado e do futuro. A seguir, são exploradas as críticas direcionadas à figura do narrador que estaria em vias de extinção, conforme diagnosticado por Walter Benjamin, e apresentadas contribuições que permitem justificar o interesse contemporâneo das Ciências Humanas, sobretudo da Psicologia Social, pela “virada narrativa”. Apresenta-se a influência do método de história de vida e da narração na Psicologia Social, assim como a importância destes no desenvolvimento da concepção de identidade enquanto metamorfose por Antonio Ciampa, em meados de 1980. Por fim, são abordados alguns desafios e cuidados no uso de narrativas na pesquisa em Psicologia Social, oferecendo uma proposta crítica de pesquisa da identidade enquanto metamorfose.


Rumores ◽  
2016 ◽  
Vol 10 (19) ◽  
pp. 174
Author(s):  
Bárbara Heller

A censura, na contemporaneidade, é uma das formas de violência simbólica que ainda afeta cidadãos dos mais variados países e regimes políticos do planeta. Este artigo contempla cinco notícias veiculadas pela internet sobre mulheres vítimas de censura em 2014 e questiona se o silenciamento que lhes é imposto contribui para o apagamento de suas memórias. Para isso, recorremos a teóricos que relacionam História, Cultura e Comunicação como Beatriz Sarlo, Alain Touraine, Tzvetan Todorov, Venício Artur Lima, Walter Benjamin e Cristina Costa. A conclusão a que chegamos é que palavras, narrativas e memórias não desaparecem, apesar dos esforços – menos ou mais violentos – de silenciá-las


2016 ◽  
Vol 19 (2) ◽  
Author(s):  
Cleiton Ferreira Maciel ◽  
Jeanne Mariel Brito de Moura

Neste texto, buscamos discutir as estratégias empresariais como forma política de “colonizar” a esfera pública. Nessa perspectiva, configuraremos aqui, em um primeiro momento, um mapa conceitual acerca da relação capital-trabalho no ambiente produtivo da Zona Franca de Manaus, (ZFM) estabelecendo, em seguida, pontos de discussão com alguns direcionamentos teóricos de Hannah Arendt, Walter Benjamin, Edward Said, Antônio Gramsci e Nancy Fraser. A hipótese que lançamos neste artigo e que buscamos problematizar é a de que a Zona Franca de Manaus é uma invenção histórica sobre o lugar, que no século XX vai ganhar forma de “não-lugar”, sendo constituído enquanto espaço transnacionalizado e simbolicamente construído, permeado por interesses políticos e econômicos que transcendem a esfera do “local”. Essa invenção histórica tem como efeito simbólico e prático o enevoamento de contradições sociais que ocorrem no interior da nua e crua realidade do Amazonas, e será usada pela elite local e nacional como ferramenta ideológica para diluir conflitos e mascarar tensões. Uma tentativa da esfera privada de colonizar a esfera pública, portanto.


2020 ◽  
Vol 6 (1) ◽  
pp. 127-144
Author(s):  
Ishak Berrebbah

This paper discusses the politics and multi-functionality of storytelling in Diana Abu-Jaber’s novel Crescent (2003). I argue that the strategic use of storytelling places Crescent as a complex hybrid text that projects the nature, and development, of Arab American literature in the contemporary era. In addition to having the practice of storytelling as an apparatus to project identity in Crescent, Abu-Jaber re-appropriates its empowered status in Arab culture as well as politicizes its image in the mind of her readers. Besides employing critical and analytical approaches to the novel, this paper relies on arguments and perspectives of prominent postcolonial and literary critics and theorists such as Edward Said, Suzanne Keen, Walter Benjamin, and Samaya Sami Sabry, to name a few.


Letrônica ◽  
2020 ◽  
Vol 13 (1) ◽  
pp. 35113
Author(s):  
Mariana Marise Fernandes Leite

O presente trabalho propõe analisar a obra Hasta no verte Jesús Mío (1969), de Elena Poniatowska, apontando como se dá a passagem da experiência individual à experiência coletiva por meio da narração e que impacto tal ocorrência provoca na interpretação da obra. Para tal fim, aprecia-se o texto, evidenciando a possibilidade de a personagem deixar de ser um sujeito individualizado para ser uma marca e apontando o texto como uma forma de questionar não só a realidade que representa, mas também a própria noção de literatura que o tem colocado em xeque quanto a seu valor. Para melhor embasar os apontamentos acerca das noções de experiência, são utilizadas destacadamente as considerações de Ana Costa, em “Da representação social da memória” (2001), de Florencia Garramuño, em La experiencia opaca (2009) e de Beatriz Sarlo, em “Crítica do testemunho: sujeito e experiência” (2007). Servem como apoio teórico que sustenta o recorte escolhido Rita Terezinha Schimidt (2012), Ricardo Reis (1992), Lizandro Carlos Calegari (2012) Josefina Ludmer (2013) e Walter Benjamin (1985).


Palíndromo ◽  
2018 ◽  
Vol 10 (22) ◽  
pp. 64-90
Author(s):  
Camila Rodrigues Moreira Cruz

 Esse artigo narra os últimos meses de uma estada de oito anos em território francês. A trajetória de uma artista e pesquisadora em artes visuais são aqui confrontadas à sua experiência exílica, vinculadas ao estudo do eu, ao reconhecimento do outro na formação do sujeito. À partir da análise de obras de artistas e obras pessoais, o texto confrontará história de vida, retratos e autorretratos, biografias e autobiografia vinculados à pesquisa teórica em torno da experiência do exilio, segundo  Alexis Nouss e Walter Benjamin.    


2017 ◽  
Vol 95 ◽  
Author(s):  
Detlev Schöttker

PARTE DO PREÂMBULO AO ARTIGO:O presente artigo mostra de modo sutil como o fato aparentemente secundário e muitas vezes esquecido de que um autor tenha atuado ele mesmo como tradutor pode determinar o próprio modo de apropriação do acervo da tradição literária, sobretudo por parte de um escritor moderno. De fato, é graças também à experiência de traduzir a obra de Marcel Proust em colaboração com Franz Hessel que Walter Benjamin se torna cada vez mais consciente de seu método da incorporação velada da obra de escritores do passado. Trata-se certamente de uma espécie de memória interna da literatura que opera, tanto na obra das Passagens, quanto na Crônica Berlinense e na Infância em Berlim por volta de 1900, com a apropriação benjaminiana de elementos, entre outros,  da obra de Wilhelm Raabe, A Crônica da Rua dos Pardais, uma obra considerada por Otto Maria Carpeaux como verdadeiro idílio urbano alemão - uma evidente contradição em termos, naturalmente. Em tempos de uma pós-modernidade que se apresenta como renovada e insistentemente tardia, é urgente o exame de tais sutis mecanismos de reescrita e reelaboração literária para desvendar seu nexo com operações de caráter  fundamentalmente translatício.


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