AS (IM)POSSIBILIDADES DE GÊNERO EM “OS DESASTRES DE SOFIA” DE CLARICE LISPECTOR
Uma das primeiras tarefas do crítico literário ao se debruçar sobre uma obra é a de encaixá-la em uma das categorias de gênero pré-estabelecidas pela tradição literária. Seria poesia, conto, novela, romance, drama? Há uma gama de possibilidades de gênero que podem ser conceituadas perante diferentes teorias. Clarice Lispector, porém, parece escapar a tais categorias no que se refere ao gênero comumente conhecido como conto. Afinal, o que ela propõe são de fato contos? Para responder tal questão, se faz necessário retornar ao pai do conto moderno, Edgar Allan Poe, passando por um grande teórico do conto, Julio Cortazar e dialogando com outros contistas do século XX como Virginia Woolf, James Joyce e Anton Tchekhov. Para entender as (im)possibilidades de gênero dentro da obra de Clarice será analisado “Os Desastres de Sofia”, um conto (ou noveleta, segundo a própria autora) extraído da coleção A Legião Estrangeira (1964).