scholarly journals A escritura proustiana e a trapaça da linguagem

2012 ◽  
Vol 31 (1-2) ◽  
pp. 95-115
Author(s):  
João Gonçalves Vilela Leandro

Os conceitos de “trapaça da linguagem” e o de “véu” presentes, respectivamente, na Aula de Roland Barthes e no ensino de Jacques Lacan, parecem-nos fornecer elementos para melhor compreensão da modernidade do gênero ensaio como uma forma de escritura que joga com o leitor, valendo-se, fundamentalmente, de uma suposta experiência vivida pelo narrador que se anuncia em uma primeira pessoa - je. Nesse sentido, procuro nesse artigo, a partir de momentos esparsos da escritura de Marcel Proust, observar como ela se enleia ao gênero ensaístico a partir de um jogo enunciativo de um je que se serve de uma suposta experiência a fim de convencer seu leitor, mas que se alicerça na própria ficção.

2014 ◽  
Vol 10 (1) ◽  
Author(s):  
Estevan Ketzer
Keyword(s):  

O ensaio cria uma narrativa entre o teórico da literatura Roland Barthes e o psicanalista Jacques Lacan em um encontro ficcional na praça Saint Michel, em Paris, primavera de 1974. São introduzidos os problemas teóricos da escola estruturalista para em seguida se chegar ao maio de 1968 e o lugar dos intelectuais na cultura francesa, formando assim uma atitude política que está internamente associada à construção de uma revolução afetiva. Durante a conversa os dois intelectuais começam explanações livres sobre suas influências e no que suas teorias articulam conhecimentos advindos da psicanálise, do marxismo e da teoria literária recriadas em seus tempos. A política se aproxima como um objeto estranho que aos poucos ganha uma cumplicidade na vida dos autores.


Author(s):  
Filipe Manzoni

Nosso trabalho se propõe a uma análise de duas figurações para a relação entre visualidade e trauma na produção poética de Adriano Espínola, observadas a partir de uma analogia com a fotografia. A poesia de Adriano se pautaria, em um primeiro contexto, por uma tentativa de redimir uma experiência urbana anestesiada pelo excesso de estímulos visuais (isto é, buscaria gerar imagens “mais genuínas” da cidade). Em contrapartida, em seus últimos volumes a produção do poeta se voltaria para um conceito de trauma que aponta para (mas também que esbarra em) um limite intransponível para a simbolização, jogando, portanto, com a própria irrepresentabilidade das imagens. Essa dupla articulação nos levará, assim, a um percurso teórico que, partindo de um contexto benjaminiano-baudelairiano do trauma, se direcionará para alguns conceitos de estudiosos como Giorgio Agamben, Jacques Lacan e Roland Barthes, na medida em que a questão central se desloca da produção de imagens para a sinalização de um limite para estas.


Novos Olhares ◽  
2018 ◽  
Vol 7 (2) ◽  
pp. 7-14
Author(s):  
Maria Cristina Castilho Costa

Este artigo estuda aspectos psicossociais da cultura em importantes momentos da existência humana, como a morte e o desenvolvimento da subjetividade e individuação, enfocando os sentimentos, emoções e conflitos que cada uma dessas etapas faz emergir. Nesse contexto, aborda como mitos, ritos, símbolos e linguagens possibilitam elaborar esses processos de um ponto de vista individual e coletivo, permitindo a superação dos conflitos e ambivalências que os acompanham. Nesse processo, meios e linguagens, bem como a construção da memória, se tornam especialmente importantes. Autores como Jacques Lacan, Sigmund Freud e Roland Barthes, entre outros, dão suporte teórico às análises. O mito de Antígona, transcrito na obra de Sófocles, ajuda a desenvolver o tema.


Author(s):  
Derick Davidson Santos Teixeira

O presente trabalho pretente investigar as marcas da desrazão na escrita da poeta Sylvia Plath, em especial, em seu livro Ariel. Veremos não a suposta loucura da escritora, mas uma loucura da própria escrita. Para analisar o projeto poético da autora, partiremos de algumas propostas teóricas de Roland Barthes acerca do desejo insensato da literatura, cotejando-as com propostas teóricas de Michel Foucault, dos filósofos Giorgio Agamben e Gilles Deleuze e do psicanalista Jacques Lacan. Veremos quais são os loucos procedimentos poéticos utilizados pela poeta, no seu esforço para dizer o impossível. Será possível ver como a poeta tensiona ao máximo a linguagem e revela um grão de loucura no centro do texto. Neste ponto, a insensatez da poesia ameaça vencer o juízo da língua, a escrita enlouquece e murmura, enquanto se afasta do utilitarismo comunicacional e se livra dos comuns princípios linguísticos.


2010 ◽  
Vol 46 (3) ◽  
pp. 145-157
Author(s):  
Sophie Létourneau

Dans la tradition humorale, l’enfant est porté vers la mélancolie parce qu’influençable. Comme il croît, il se meut, il s’émeut. La mélancolie de l’enfant se nomme néoténie : elle est causée par la « prématuration spécifique de la naissance chez l’homme », comme le rappelle Jacques Lacan. Mélancolique en raison du jeu de sa forme, l’enfant est ouvert au temps : il est la figure instable de ce qu’on devine être plus tard le même et autrement. On ne s’intéressera donc pas à l’enfant en tant qu’il serait l’objet d’une nostalgie du temps passé, mais plutôt à l’enfant comme à la Mélancolie même, son emblème, sa figure et son mouvement. On appellera « enfant » quelque chose comme le manque à être. Ce sera aussi, l’enfant, une figure en formation, le mouvement vers l’accomplissement. Ce pourrait être la figura d’Auerbach, la promesse d’une incarnation — image, photographie ou roman. Ce sera, ici, l’enfant présenté dans les photographies et les récits du Roland Barthes par Roland Barthes. Reléguée aux limbes de l’oeuvre, cette figure semble avoir échappé au regard critique. Bien qu’il soit mineur, l’enfant a pourtant portée théorique. On voudra, dans le présent article, se pencher sur l’enfant et sa mélancolie, sur le désir d’être formé, sur l’exigence de la copie et sur la photographie.


Em Tese ◽  
2018 ◽  
Vol 23 (1) ◽  
pp. 30
Author(s):  
João Alves Rocha Neto

O presente ensaio pretende, a partir do verso emblemático de Mallarmé – un coup de dés jamais n’abolira le hasard –, refletir sobre a função de resistência  que a palavra poética assume por afirmar a diferença em um mundo cada vez mais preocupado na afirmação da semelhança, o que muitas vezes leva à aniquilação do outro. Para isso, este trabalho passeia pela obra de alguns poetas, escritores e pensadores, como: Mallarmé, Herberto Helder, Maria Gabriela Llansol, Silvina Rodrigues Lopes, Jacques Lacan, Roland Barthes, Derrida, Walter Benjamin e Maurice Blanchot.


2020 ◽  
Vol 11 (3) ◽  
pp. 196
Author(s):  
Bernardo Sollar Godoi

A pesquisa em psicanálise é um tema recorrentemente debatido e possui um já extenso histórico no contexto brasileiro. Este texto parte de uma discussão a respeito desse tema, mais especificamente, de uma discussão suscitada pelo texto Pesquisa de tipo teórico, de Luiz Alfredo Garcia-Roza, acerca da utilização do significante como modalidade própria de pesquisa psicanalítica. Para trabalhar tal questão, foram abordados os fundamentos do conceito de significante de Ferdinand de Saussure, bem como a sua passagem para a psicanálise, com o trabalho de Jacques Lacan. Com a elaboração da teoria do significante lacaniano, foi identificado que o significante não funciona como um conceito, mas como um método de abordagem, o que justifica compreendê-lo como uma lógica em detrimento de tratá-lo como um termo ordinário. Posteriormente, foram explorados o alcance e as implicações desse método de pesquisa, tendo como chaves de leitura importantes textos de Roland Barthes e Michel Foucault.


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