scholarly journals Revolução do feminismo negro!

2019 ◽  
Vol 27 (1) ◽  
pp. 63-88
Author(s):  
Elsa Dorlin

Este texto, que serviu de introdução a uma coletânea de textos fundadores do feminismo negro estadunidense, faz um percurso historiográfico das diversas etapas desse movimento, as chamadas “ondas”, desde a primeira delas, surgida na década de 1850 e promovida pelos movimentos de abolição da escravatura nos Estados Unidos, passando pela segunda, representada pelas grandes correntes ativistas e teóricas da década de 1970, até a atual “terceira onda”, em que se faz um questionamento crítico da heteronormatividade ainda muito presente nas primeiras fases do feminismo que foram, essencialmente, feminismos brancos. A autora faz uma detalhada análise crítica da terminologia que, desde sempre, tem sido empregada para qualificar ou, antes, desqualificar a mulher negra na sociedade estadunidense, com a criação de pesados estereótipos a respeito da sexualidade supostamente exacerbada, não só do homem negro, mas principalmente da mulher negra. Elsa Dorlin passa em revista as importantes contribuições do coletivo Combahee e de autoras como Laura Alexandra Harris, Beverly Guy-Shefall, Patricia Hill Collins, Kimberly Springer, Michele Wallace, Barbara Smith, Audre Lorde, Hazel Carby, Angela Davis e bell hooks.

2021 ◽  
Vol 5 (1) ◽  
pp. 1132-1143
Author(s):  
Natália Kleinsorgen Bernardo Borges ◽  
Thais Domingos dos Santos Rodrigues

Este trabalho tem por objetivo relatar as observações, atividades, incômodos, inquietações e sugestões que surgiram ao longo das oficinas sobre gênero e a realidade da mulher na sociedade brasileira, realizadas em colégios públicos de Niterói, Magé e Rio Bonito, no estado do Rio de Janeiro, durante o mês de março de 2018. Além da introdução, no qual é reportado o caminho percorrido até as oficinas, durante a construção da Greve Internacional de Mulheres no 8 de Março de 2018, dividimos o artigo em dois momentos: o primeiro no qual apresentamos as oficinas criadas por nós, pontuando o objetivo de cada uma, o material necessário e a metodologia que utilizamos nas escolas. Todas as oficinas pedagógicas são de caráter experimental e continuam em análise e aperfeiçoamento. O segundo em que relatamos nossas experiências nas diversas salas de aulas que tivemos, contando algumas situações que vivemos junto aos mais de 400 jovens que entramos em contato ao longo mês. Por fim, conclui-se que, apesar das dificuldades criadas com fim de proibir o debate sobre gênero nas escolas, é possível, através da ação de alguns professores, subverter as políticas institucionais e construir uma educação engajada. Por Marielle Franco, por Dandara, por Angela Davis, por Audre Lorde, por bell hooks, e por Andrea Dworjin e por Gloria Anzaldúa: não vão nos calar!


2018 ◽  
Vol 7 (1) ◽  
pp. 181
Author(s):  
Cleonice Elias da Silva

Este artigo apresenta algumas questões referentes à segunda onda dos feminismos no Brasil. No primeiro momento, será abordado o “feminismo branco”. Em outro, a trajetória intelectual e de militância de Lélia Gonzalez, figura importante do “feminismo negro” no Brasil. As reflexões desta são complementadas por algumas premissas desenvolvidas por feministas negras norte-americanas tais como: Patricia Hill Collins, Angela Davis e bell hooks. Em suma, tento demostrar que o feminismo branco e o feminismo negro possuem especificidades que acabam por distanciá-los. 


2019 ◽  
Vol 27 (1) ◽  
pp. 89-114
Author(s):  
Mercedes Jabardo Velasco

Este artigo passa em revista o pensamento de diversas teóricas do feminismo negro, especialmente as estadunidenses, consideradas centrais nesta vertente do feminismo, como Sojourner Truth (1852), Angela Davis (2016), Audre Lorde (1984) e bell hooks (1981). Discute-se desde a origem da vertente, a partir do questionamento de Truth (1852) de “E eu não sou uma mulher?”, passando pelas suas bases conceituais com Collins (2000a), até as contribuições mais recentes do feminismo negro britânico e sua relação com o pós-colonialismo, com Carby (1982) e Pramar (1990). Evidencia-se, desse modo, a multiplicidade de ideias dentro do feminismo negro, demonstrando sua complexidade em diferentes contextos socioculturais.


2020 ◽  
Vol 25 (3) ◽  
Author(s):  
Jorgetania Ferreira
Keyword(s):  

Nesse artigo apresento caminhos da pesquisa, resultados e reflexões sobre experiências de trabalhadoras domésticas e donas de casa da região do Triângulo Mineiro. No trabalho de pesquisa, na atuação junto a essas mulheres, nas atualizações dos referenciais teóricos aponto para o desejo e importância de compreender as trajetórias dessas sujeitas, a partir do significado que dão às suas experiências, a partir da forma como organizam suas falas e o sentido que conferem às suas vidas. Ancorada nas contribuições teórico-metodológicas da história social, principalmente de Thompson; Williams, e das contribuições da História Oral, com Portelli a pesquisa de campo foi realizada. As recém traduzidas obras das feministas negras como Ângela Davis, bell hooks, Audre Lorde têm uma contribuição essencial para pensar o tema do trabalho doméstico e sua necessária revisão para o feminismo que contemple a maioria.


2019 ◽  
Vol 27 (1) ◽  
pp. 182-205
Author(s):  
Luciana De Mesquita Silva

Este artigo visa a abordar a tradução, no contexto brasileiro, de obras e textos não-ficcionais de intelectuais afro-americanas que discutem questões de gênero e raça. Primeiramente, apresenta-se uma discussão sobre feminismo negro no âmbito dos Estados Unidos, a partir do trabalho de pensadoras como Angela Davis, bell hooks e Patricia Hill Collins. Em seguida, é proposto um breve panorama sobre o que tem sido traduzido no Brasil em relação à escrita das autoras em questão, com informações como títulos das obras e textos traduzidos, anos de publicação, nomes dos/as tradutores/as, editoras e periódicos envolvidos e títulos e anos das obras e textos no contexto de partida. Posteriormente, são feitas reflexões sobre esse cenário, no qual ainda prevalece pouca visibilidade da produção das autoras citadas, especialmente em relação ao grande mercado editorial brasileiro. Como arcabouço teórico, são utilizados os trabalhos de Lefevere (1992), Toury (1995), Collins (2000), entre outros.


2021 ◽  
Author(s):  
◽  
Larissa Rodrigues Natalino

Em um contexto em que as tecnologias influenciam e ocasionam diversas mudanças à comunicação e aos processos sociais, o movimento feminista também tem se reorganizado. Essa dissertação apresentou então, a partir da metodologia de estudo de casos múltiplos (GIL, 2002; DUARTE e BARROS, 2005), manifestações feministas organizadas por meio de hashtags, que se desenvolveram no espaço digital, e também o extrapolaram. Analisou-se quatro hashtags – #PrimeiroAssédio, #BelaRecatadaeDoLar, #UnVioladorenTuCamino, #GravidezAos10Mata – que marcaram protestos feministas nos últimos anos, com o intuito de compreender os acontecimentos marcantes de cada um dos casos, mas também apresentar conclusões a partir de uma visão ampla do todo. Foi possível confirmar, a partir de Jenkins (2009), a circulação transmídia dessas hashtags, e a partir do entendimento das redes sociais digitais (RECUERO, 2012, 2018), do net-ativismo (DI FELICE, 2012, 2013a, 2013b) e da discussão acerca à midiatização (BRAGA, 2012; HJARVARD, 2012; FAUSTO NETO, 2008), foi possível compreender as novas dinâmicas de organização e circulação do feminismo. Com base na pesquisa e na análise realizadas, entendeu-se as hashtags feministas como um fenômeno que, apesar de plural, apresenta características em comum que as definem, sendo elas: um movimento global, internacionalizado; os protestos mais populares acontecem como reação a um acontecimento; a popularidade dos protestos é explorada para diversos fins; e, as hashtags circulam de forma transmídia e se associam umas às outras. Considerando autoras feministas como Simone de Beauvoir (1960), Bell Hooks (2018), Angela Davis (2016), e Heloísa Buarque de Hollanda (2018), notou-se como a pluralidade e a adaptação desse movimento a diversos momentos históricos e novas dinâmicas sociais, fazem parte daquilo que o define. Os resultados da análise revelaram ainda que essas hashtags potencializam protestos e manifestações por sua circulação transmídia, mas ao mesmo tempo são por vezes relacionadas a produções que ressignificam sua intenção principal. Entende-se, portanto, que essas hashtags feministas representam um avanço quanto à relação entre feminismo e mídia, mas revelam que ainda existe muito espaço para evolução nesse tema.


Zona Franca ◽  
2019 ◽  
pp. 61
Author(s):  
Maria Clara Martins Cavalcanti

En un contexto impregnado por diversas opresiones de raza y género, la escritura de mujeres negras en Brasil se ha configurado históricamente como un potente espacio para el ejercicio de la creatividad y la reelaboración de su propia existencia, donde el acto de escribir se convierte en un acto político de coraje y la ficción, una especie de refugio. Las escritoras negras Esmeralda Ribeiro y Miriam Alves, en sus historias publicadas en la colección Cadernos Negros Vol.8 (1985), abordan cuestiones de raza y género, denunciando las relaciones de poder, los estereotipos misóginos y racistas y, principalmente, construyen discursos sobre mujeres negras, en una escritura sobre sí y para sí. De esta manera, este trabajo busca comprender, apoyado por los pensamientos de intelectuales como Patricia Hill Collins, Bell Hooks, Conceição Evaristo, Gloria Anzaldua y Sueli Carneiro, las interrelaciones y las complejidades de los temas relacionados con el género y la raza que abarcan la literatura de Esmeralda y Miriam. También espero comprender las formas en que se construyen narrativas de “contraconducta” que se configuran como formas de resistencia a los mecanismos de poder y dominación como los generados por el racismo y el patriarcado.


2021 ◽  
Vol 23 (1) ◽  
pp. 153-173
Author(s):  
Bruna Moraes Battistelli ◽  
Luciana Rodrigues

Como escreve Scholastique Mukasonga em seu livro “A mulher de pés descalços”, precisamos ensinar aos nossos dedos dos pés um caminhar que não os machuque pelo percurso. Inspiradas por essa proposição, esse trabalho busca tecer diálogos com os ensinamentos de intelectuais como bell hooks, Audre Lorde, Gloria Anzaldúa e Lélia Gonzalez para pensarmos uma sala de aula e uma docência pautadas em uma ética feminista e antirracista. Assim, situadas desde o continente amefricano, objetivamos, a partir de nossas experiências e de uma inspiração cartográfica, discutir as relações entre o ser professora-pesquisadora-feminista na aposta de uma universidade que acolha, cuide e nos possibilite contar mais histórias. Para isso, lançamos mão de nossas próprias histórias que narram sobre como construímos uma voz para nós mesmas, como experienciamos a universidade e por quais caminhos chegamos no exercício da docência e da pesquisa em uma perspectiva feminista e antirracista. Por fim, como possibilidade de intervenção para docência que se assente sobre uma política do cuidado, narramos uma experiência em sala de aula, que acontece há pelo menos um ano, onde as/os alunas/os são convidadas/os a escrever cartas em uma disciplina. Nossa aposta é para que possamos seguir construindo o espaço da sala de aula também como espaço de cura, onde nossos corpos estejam em prol de políticas para o encantamento da vida.


2021 ◽  
Vol 31 (1) ◽  
Author(s):  
Maysa Morais da Silva Vieira ◽  
Luciana Eleonora Calado de Freitas Deplagne

A partir de um olhar para as personagens femininas dos romances Presqu’une Vie e Pour une poignée de gombos, das escritoras Carmen Toudonou e Sophie Adonon , respectivamente, este artigo busca analisar como estas mulheres vivenciam a maternidade a partir do lugar no qual estão inseridas, o Benim, país localizado na África Ocidental, que sofreu um grande processo de colonização francesa que provocou profundas mudanças nos seus aspectos socioculturais e políticos. Em Presqu’une Vie e Pour une poignée de gombos, tanto a narradora-personagem quanto a narradora observadora que tecem as histórias, retratam diversos aspectos que envolvem o universo feminino, desde seus papéis na sociedade beninense enquanto mulher e esposa, como também as suas ligações com o sagrado e a ancestralidade, que conduzem os leitores a entendimentos sobre seus processos de reformulações identitárias e resgate de poder que as auxiliam na superação das diversas formas de opressão que as cercam. Nosso olhar será voltado para as experiências destas personagens femininas com a maternidade, compreendendo as diferentes relações que elas estabelecem com o seu corpo materno e as reverberações advindas com o ato da maternagem. Como aportes teóricos, este artigo seguirá à luz de epistemologias pensadas por mulheres que buscam uma ressignificação da maternidade dentro dos estudos feministas ocidentais, a exemplo do conceito de Feminismo Matricêntrico, de Andrea O'Reilly. Bem como conceitos de maternidade pensados por mulheres africanas e afro-diaspóricas, que, resgatando os valores africanos sobre o ser mãe, nos possibilitam enxergar as dinâmicas vivenciadas pelas mulheres em diferentes sociedades africanas e da diáspora negra. Destacamos os conceitos de other-mothering e mothering of the mind, cunhados pela estadunidense Patrícia Hill-Collins, e o Motherism, pensado pela nigeriana Catherine Acholonu. Ainda serão relevantes para nossas análises as contribuições teóricas de  Frantz Fanon; Bell Hooks; Sylvia Tamale; Nkiru Nzegwu; Oyeronke Oyewumi; Carla Akotirene.


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