scholarly journals A metodologia das oficinas pedagógicas

2021 ◽  
Vol 5 (1) ◽  
pp. 1132-1143
Author(s):  
Natália Kleinsorgen Bernardo Borges ◽  
Thais Domingos dos Santos Rodrigues

Este trabalho tem por objetivo relatar as observações, atividades, incômodos, inquietações e sugestões que surgiram ao longo das oficinas sobre gênero e a realidade da mulher na sociedade brasileira, realizadas em colégios públicos de Niterói, Magé e Rio Bonito, no estado do Rio de Janeiro, durante o mês de março de 2018. Além da introdução, no qual é reportado o caminho percorrido até as oficinas, durante a construção da Greve Internacional de Mulheres no 8 de Março de 2018, dividimos o artigo em dois momentos: o primeiro no qual apresentamos as oficinas criadas por nós, pontuando o objetivo de cada uma, o material necessário e a metodologia que utilizamos nas escolas. Todas as oficinas pedagógicas são de caráter experimental e continuam em análise e aperfeiçoamento. O segundo em que relatamos nossas experiências nas diversas salas de aulas que tivemos, contando algumas situações que vivemos junto aos mais de 400 jovens que entramos em contato ao longo mês. Por fim, conclui-se que, apesar das dificuldades criadas com fim de proibir o debate sobre gênero nas escolas, é possível, através da ação de alguns professores, subverter as políticas institucionais e construir uma educação engajada. Por Marielle Franco, por Dandara, por Angela Davis, por Audre Lorde, por bell hooks, e por Andrea Dworjin e por Gloria Anzaldúa: não vão nos calar!

2019 ◽  
Vol 27 (1) ◽  
pp. 63-88
Author(s):  
Elsa Dorlin

Este texto, que serviu de introdução a uma coletânea de textos fundadores do feminismo negro estadunidense, faz um percurso historiográfico das diversas etapas desse movimento, as chamadas “ondas”, desde a primeira delas, surgida na década de 1850 e promovida pelos movimentos de abolição da escravatura nos Estados Unidos, passando pela segunda, representada pelas grandes correntes ativistas e teóricas da década de 1970, até a atual “terceira onda”, em que se faz um questionamento crítico da heteronormatividade ainda muito presente nas primeiras fases do feminismo que foram, essencialmente, feminismos brancos. A autora faz uma detalhada análise crítica da terminologia que, desde sempre, tem sido empregada para qualificar ou, antes, desqualificar a mulher negra na sociedade estadunidense, com a criação de pesados estereótipos a respeito da sexualidade supostamente exacerbada, não só do homem negro, mas principalmente da mulher negra. Elsa Dorlin passa em revista as importantes contribuições do coletivo Combahee e de autoras como Laura Alexandra Harris, Beverly Guy-Shefall, Patricia Hill Collins, Kimberly Springer, Michele Wallace, Barbara Smith, Audre Lorde, Hazel Carby, Angela Davis e bell hooks.


2021 ◽  
Vol 23 (1) ◽  
pp. 153-173
Author(s):  
Bruna Moraes Battistelli ◽  
Luciana Rodrigues

Como escreve Scholastique Mukasonga em seu livro “A mulher de pés descalços”, precisamos ensinar aos nossos dedos dos pés um caminhar que não os machuque pelo percurso. Inspiradas por essa proposição, esse trabalho busca tecer diálogos com os ensinamentos de intelectuais como bell hooks, Audre Lorde, Gloria Anzaldúa e Lélia Gonzalez para pensarmos uma sala de aula e uma docência pautadas em uma ética feminista e antirracista. Assim, situadas desde o continente amefricano, objetivamos, a partir de nossas experiências e de uma inspiração cartográfica, discutir as relações entre o ser professora-pesquisadora-feminista na aposta de uma universidade que acolha, cuide e nos possibilite contar mais histórias. Para isso, lançamos mão de nossas próprias histórias que narram sobre como construímos uma voz para nós mesmas, como experienciamos a universidade e por quais caminhos chegamos no exercício da docência e da pesquisa em uma perspectiva feminista e antirracista. Por fim, como possibilidade de intervenção para docência que se assente sobre uma política do cuidado, narramos uma experiência em sala de aula, que acontece há pelo menos um ano, onde as/os alunas/os são convidadas/os a escrever cartas em uma disciplina. Nossa aposta é para que possamos seguir construindo o espaço da sala de aula também como espaço de cura, onde nossos corpos estejam em prol de políticas para o encantamento da vida.


Hypatia ◽  
2012 ◽  
Vol 27 (4) ◽  
pp. 828-846
Author(s):  
Valentine Moulard‐Leonard

Here, I offer a candid response to bell hooks's call for a testimony to the “movement beyond a mere ‘us and them’ discussion” that purportedly informs contemporary radical and feminist thought on difference. In alignment with a tradition that includes bell hooks, Audre Lorde, Gloria Anzaldúa, and Aurora Levins Morales, I offer a personal testimony to the ways in which I—a middle‐class, French, immigrant, continental‐philosophy‐bred incest survivor—envision both that movement and its limits. To establish these alliances means forming necessary (if only momentary and unlikely) communities. I call on the philosophy of Deleuze and Guattari to propose an account of the production of such communities that does not depend only on shared lived experience, but also on shared marginal spatiality (rhizomes), temporality (trauma), and “medicinal history” (nomadology). I suggest that on the one hand, Deleuze's philosophy of immanence may indeed find apt expression in the politics of integrity that hooks, Lorde, and Morales call for. On the other hand, a genuine politics of integrity may benefit from drawing on the philosophy of immanence, which alone offers alternatives to the traditional, oppositional models of difference informed by transcendence. Finally, I propose the concept of “immanent forgiveness” to capture the movement at issue.


2019 ◽  
Vol 27 (1) ◽  
pp. 89-114
Author(s):  
Mercedes Jabardo Velasco

Este artigo passa em revista o pensamento de diversas teóricas do feminismo negro, especialmente as estadunidenses, consideradas centrais nesta vertente do feminismo, como Sojourner Truth (1852), Angela Davis (2016), Audre Lorde (1984) e bell hooks (1981). Discute-se desde a origem da vertente, a partir do questionamento de Truth (1852) de “E eu não sou uma mulher?”, passando pelas suas bases conceituais com Collins (2000a), até as contribuições mais recentes do feminismo negro britânico e sua relação com o pós-colonialismo, com Carby (1982) e Pramar (1990). Evidencia-se, desse modo, a multiplicidade de ideias dentro do feminismo negro, demonstrando sua complexidade em diferentes contextos socioculturais.


2020 ◽  
Vol 25 (3) ◽  
Author(s):  
Jorgetania Ferreira
Keyword(s):  

Nesse artigo apresento caminhos da pesquisa, resultados e reflexões sobre experiências de trabalhadoras domésticas e donas de casa da região do Triângulo Mineiro. No trabalho de pesquisa, na atuação junto a essas mulheres, nas atualizações dos referenciais teóricos aponto para o desejo e importância de compreender as trajetórias dessas sujeitas, a partir do significado que dão às suas experiências, a partir da forma como organizam suas falas e o sentido que conferem às suas vidas. Ancorada nas contribuições teórico-metodológicas da história social, principalmente de Thompson; Williams, e das contribuições da História Oral, com Portelli a pesquisa de campo foi realizada. As recém traduzidas obras das feministas negras como Ângela Davis, bell hooks, Audre Lorde têm uma contribuição essencial para pensar o tema do trabalho doméstico e sua necessária revisão para o feminismo que contemple a maioria.


2016 ◽  
Vol 4 (8) ◽  
Author(s):  
Tania Pérez Bustos

<p class="p1">S<span class="s1">oy una femini</span><span class="s2">s</span><span class="s1">ta </span>autodidacta en estudios de ciencia y tecnología. Si bien en mi formación de pregrado y posgrado tuve grandes maestras feministas que aún inspiran mis búsquedas personales y profesionales, sólo devine feminista cuando me topé con la teoría feminista y sus cuestionamientos al conocimiento científico.</p><p class="p1">A diferencia de muchas de mis colegas, nunca me hice parte activa del movimiento; no marché ni fui proselitista. Llegué a saberme feminista cuando logré comprobar que mis preguntas personales sobre mis trayectos profesionales tenían resonancia con las reflexiones que autoras anglosajonas blancas, mestizas y negras, como Sandra Harding (1991; 1993) Donna Haraway (1988; 1996; 2004), Gloria Anzaldúa (1987a; 1987b) Chela Sandoval (1991; 1995) y bell hooks (1984; 1994) venían haciendo desde entrados los años ochenta sobre la objetividad, la transgresión, los puntos medios y ciborg, los lugares desde los que producimos conocimiento y las formas en que éste circula.</p>


2021 ◽  
Author(s):  
Glauce Souza Santos

Nesta carta, endereçada à Marília, minha psicanalista, e a todas as mulheres negras, reflito sobre a pesquisa que realizo no doutoramento. Faço isso, resgatando cenas de uma sessão específica, na qual, Marília fez, para mim, o que denomino sugestão-desafio, escrever sobre a importância do meu trabalho. Assim, confesso as minhas inseguranças diante da minha escrita e tento encontrar respostas para o fato de nem sempre estar convicta a respeito da sua relevância. Inspirada na carta que Audre Lorde (2019) fez para a sua terapeuta e na carta de Glória Anzalduá (2000) às mulheres escritoras do terceiro milênio, penso sobre a interação que há entre mim e Marília, e sobre o que me motiva a escrever. Ressalto sobre o investimento dos trabalhos artísticos de Tássia Reis, Preta Rara e NegaFya, na expressão de uma existência negra feminina distanciada da ideia de um eu desqualificado, e como esses trabalhos me ajudam a perceber um caminho para minha própria vida, pois, situam os corpos femininos negros e suas subjetividades no centro dos seus discursos. Nessa linha, aciono Guerreiro Ramos (1995) para tencionar a ideia de objetos de estudo, cuja realidade e identidade são definidas por outros, e Donna Haraway (1995) para refletir sobre os saberes localizados que requerem que o objeto do conhecimento seja visto como um ator e agente. Outra reflexão que faço é a respeito da minha relação com a música e a minha legitimação como pesquisadora no campo musical. Ainda aciono a noção de escrevivência, cunhada por Conceição Evaristo, para discutir sobre o desafio que é incluir o pessoal e o subjetivo como parte do discurso acadêmico, tendo em vista que a pessoalidade e subjetividade mais aceita na academia é aquela produzida pelo sujeito branco. 


2021 ◽  
Author(s):  
◽  
Larissa Rodrigues Natalino

Em um contexto em que as tecnologias influenciam e ocasionam diversas mudanças à comunicação e aos processos sociais, o movimento feminista também tem se reorganizado. Essa dissertação apresentou então, a partir da metodologia de estudo de casos múltiplos (GIL, 2002; DUARTE e BARROS, 2005), manifestações feministas organizadas por meio de hashtags, que se desenvolveram no espaço digital, e também o extrapolaram. Analisou-se quatro hashtags – #PrimeiroAssédio, #BelaRecatadaeDoLar, #UnVioladorenTuCamino, #GravidezAos10Mata – que marcaram protestos feministas nos últimos anos, com o intuito de compreender os acontecimentos marcantes de cada um dos casos, mas também apresentar conclusões a partir de uma visão ampla do todo. Foi possível confirmar, a partir de Jenkins (2009), a circulação transmídia dessas hashtags, e a partir do entendimento das redes sociais digitais (RECUERO, 2012, 2018), do net-ativismo (DI FELICE, 2012, 2013a, 2013b) e da discussão acerca à midiatização (BRAGA, 2012; HJARVARD, 2012; FAUSTO NETO, 2008), foi possível compreender as novas dinâmicas de organização e circulação do feminismo. Com base na pesquisa e na análise realizadas, entendeu-se as hashtags feministas como um fenômeno que, apesar de plural, apresenta características em comum que as definem, sendo elas: um movimento global, internacionalizado; os protestos mais populares acontecem como reação a um acontecimento; a popularidade dos protestos é explorada para diversos fins; e, as hashtags circulam de forma transmídia e se associam umas às outras. Considerando autoras feministas como Simone de Beauvoir (1960), Bell Hooks (2018), Angela Davis (2016), e Heloísa Buarque de Hollanda (2018), notou-se como a pluralidade e a adaptação desse movimento a diversos momentos históricos e novas dinâmicas sociais, fazem parte daquilo que o define. Os resultados da análise revelaram ainda que essas hashtags potencializam protestos e manifestações por sua circulação transmídia, mas ao mesmo tempo são por vezes relacionadas a produções que ressignificam sua intenção principal. Entende-se, portanto, que essas hashtags feministas representam um avanço quanto à relação entre feminismo e mídia, mas revelam que ainda existe muito espaço para evolução nesse tema.


Sign in / Sign up

Export Citation Format

Share Document