scholarly journals A cabaça-útero de Òsun: um olhar para o corpo materno na literatura beninense

2021 ◽  
Vol 31 (1) ◽  
Author(s):  
Maysa Morais da Silva Vieira ◽  
Luciana Eleonora Calado de Freitas Deplagne

A partir de um olhar para as personagens femininas dos romances Presqu’une Vie e Pour une poignée de gombos, das escritoras Carmen Toudonou e Sophie Adonon , respectivamente, este artigo busca analisar como estas mulheres vivenciam a maternidade a partir do lugar no qual estão inseridas, o Benim, país localizado na África Ocidental, que sofreu um grande processo de colonização francesa que provocou profundas mudanças nos seus aspectos socioculturais e políticos. Em Presqu’une Vie e Pour une poignée de gombos, tanto a narradora-personagem quanto a narradora observadora que tecem as histórias, retratam diversos aspectos que envolvem o universo feminino, desde seus papéis na sociedade beninense enquanto mulher e esposa, como também as suas ligações com o sagrado e a ancestralidade, que conduzem os leitores a entendimentos sobre seus processos de reformulações identitárias e resgate de poder que as auxiliam na superação das diversas formas de opressão que as cercam. Nosso olhar será voltado para as experiências destas personagens femininas com a maternidade, compreendendo as diferentes relações que elas estabelecem com o seu corpo materno e as reverberações advindas com o ato da maternagem. Como aportes teóricos, este artigo seguirá à luz de epistemologias pensadas por mulheres que buscam uma ressignificação da maternidade dentro dos estudos feministas ocidentais, a exemplo do conceito de Feminismo Matricêntrico, de Andrea O'Reilly. Bem como conceitos de maternidade pensados por mulheres africanas e afro-diaspóricas, que, resgatando os valores africanos sobre o ser mãe, nos possibilitam enxergar as dinâmicas vivenciadas pelas mulheres em diferentes sociedades africanas e da diáspora negra. Destacamos os conceitos de other-mothering e mothering of the mind, cunhados pela estadunidense Patrícia Hill-Collins, e o Motherism, pensado pela nigeriana Catherine Acholonu. Ainda serão relevantes para nossas análises as contribuições teóricas de  Frantz Fanon; Bell Hooks; Sylvia Tamale; Nkiru Nzegwu; Oyeronke Oyewumi; Carla Akotirene.

2021 ◽  
pp. 105708372110536
Author(s):  
Diana R. Dansereau ◽  
Andrew Goodrich ◽  
Karin S. Hendricks ◽  
Tawnya D. Smith ◽  
Kinh T. Vu

Teaching to transgress, according to bell hooks, entails educators moving beyond an assembly-line approach to embrace integration of the mind, body, and spirit, and engaging in ways that honor the uniqueness of all students. The purpose of this study was to evaluate our music teacher education program in order to critically analyze how our practices may or may not transgress. In keeping with principles of S-STEP (Self-Study of Teacher Education Practices), we share the provocation for the study and its multiple overlapping stages. We present themes from the S-STEP process resulting from the data, and then reconsider those data using scholarly literature. Findings include the intellectual and spiritual growth of students and educators, and the challenges inherent in teaching to transgress within an online environment.


2019 ◽  
Vol 27 (1) ◽  
pp. 63-88
Author(s):  
Elsa Dorlin

Este texto, que serviu de introdução a uma coletânea de textos fundadores do feminismo negro estadunidense, faz um percurso historiográfico das diversas etapas desse movimento, as chamadas “ondas”, desde a primeira delas, surgida na década de 1850 e promovida pelos movimentos de abolição da escravatura nos Estados Unidos, passando pela segunda, representada pelas grandes correntes ativistas e teóricas da década de 1970, até a atual “terceira onda”, em que se faz um questionamento crítico da heteronormatividade ainda muito presente nas primeiras fases do feminismo que foram, essencialmente, feminismos brancos. A autora faz uma detalhada análise crítica da terminologia que, desde sempre, tem sido empregada para qualificar ou, antes, desqualificar a mulher negra na sociedade estadunidense, com a criação de pesados estereótipos a respeito da sexualidade supostamente exacerbada, não só do homem negro, mas principalmente da mulher negra. Elsa Dorlin passa em revista as importantes contribuições do coletivo Combahee e de autoras como Laura Alexandra Harris, Beverly Guy-Shefall, Patricia Hill Collins, Kimberly Springer, Michele Wallace, Barbara Smith, Audre Lorde, Hazel Carby, Angela Davis e bell hooks.


Zona Franca ◽  
2019 ◽  
pp. 61
Author(s):  
Maria Clara Martins Cavalcanti

En un contexto impregnado por diversas opresiones de raza y género, la escritura de mujeres negras en Brasil se ha configurado históricamente como un potente espacio para el ejercicio de la creatividad y la reelaboración de su propia existencia, donde el acto de escribir se convierte en un acto político de coraje y la ficción, una especie de refugio. Las escritoras negras Esmeralda Ribeiro y Miriam Alves, en sus historias publicadas en la colección Cadernos Negros Vol.8 (1985), abordan cuestiones de raza y género, denunciando las relaciones de poder, los estereotipos misóginos y racistas y, principalmente, construyen discursos sobre mujeres negras, en una escritura sobre sí y para sí. De esta manera, este trabajo busca comprender, apoyado por los pensamientos de intelectuales como Patricia Hill Collins, Bell Hooks, Conceição Evaristo, Gloria Anzaldua y Sueli Carneiro, las interrelaciones y las complejidades de los temas relacionados con el género y la raza que abarcan la literatura de Esmeralda y Miriam. También espero comprender las formas en que se construyen narrativas de “contraconducta” que se configuran como formas de resistencia a los mecanismos de poder y dominación como los generados por el racismo y el patriarcado.


Revista TEIAS ◽  
2020 ◽  
Vol 21 (62) ◽  
pp. 38-49
Author(s):  
Marisangela Lins de Almeida

Como apontou Sueli Carneiro (2018), a violência perpetrada pela naturalização do racismo na sociedade, especificamente brasileira, estabeleceu estereótipos, espaços e não-espaços para nós, mulheres negras, afastando-nos do campo intelectual. Partindo dessa constatação, neste texto, elaboro uma reflexão sobre os modos estruturais que sexismo e racismo atuam na invisibilidade da intelectualidade de mulheres negras. A partir das vozes feministas negras insurgentes de intelectuais brasileiras e norte americanas, como Sueli Carneiro, bell hooks, Lélia Gonzalez e Patrícia Hill Collins problematizo a construção histórica de espaços naturalizados como de ausência (campo intelectual) e de presença (mulata, doméstica e ‘mãe preta’) e o penoso processo de transgressão destes.


2019 ◽  
Vol 1 (40) ◽  
pp. 146-161
Author(s):  
Janriê Rodrigues Reck ◽  
Winnie De Campos Bueno

Este trabalho visa estabelecer relações e observações críticas entre as noções principais de Jürgen Habermas, Frantz Fannon e Patrícia Hill Collins, notadamente no que toca aos conceitos de racionalidade, onde esta racionalidade se insere e opera, assim como procedimento democrático. O problema orientador é: quais insuficiências podem ser apontadas na teoria da racionalidade e na teoria da Democracia de Habermas a partir dos referidos autores? Como hipótese principal, o de que a situação de opressão do negro efetivamente não só é apenas social, mas gera assimetrias que remetem até à forma de expressão da racionalidade, as quais devem ser levadas em conta na formatação do processo democrático. Através do método bibliográfico, objetiva-se explorar as relações entre os autores, incluindo o apontamento das referidas insuficiências, com as diretrizes para sua superação.


2018 ◽  
Vol 7 (1) ◽  
pp. 181
Author(s):  
Cleonice Elias da Silva

Este artigo apresenta algumas questões referentes à segunda onda dos feminismos no Brasil. No primeiro momento, será abordado o “feminismo branco”. Em outro, a trajetória intelectual e de militância de Lélia Gonzalez, figura importante do “feminismo negro” no Brasil. As reflexões desta são complementadas por algumas premissas desenvolvidas por feministas negras norte-americanas tais como: Patricia Hill Collins, Angela Davis e bell hooks. Em suma, tento demostrar que o feminismo branco e o feminismo negro possuem especificidades que acabam por distanciá-los. 


Em Tese ◽  
2020 ◽  
Vol 26 (1) ◽  
pp. 316
Author(s):  
Daniela Schrickte Stoll

Neste artigo apresenta-se uma análise do romance Ponciá Vicêncio (2003), de Conceição Evaristo, com o objetivo de perceber e refletir sobre a construção da identidade afro-brasileira na obra, trabalhada como uma identidade marcadamente hifenizada e em diálogo com uma memória coletiva. O romance traz para primeiro plano as dualidades identitárias características dos movimentos da diáspora – e aqui são abordadas tanto a diáspora africana quanto a que deslocou diversos/as trabalhadores/as do campo para a cidade no século XX. Como aporte teórico, serão utilizados conceitos trazidos por Frantz Fanon (2008 [1952]), DuBois (1903), Paul Gilroy (2001 [1993]), Walter Mignolo (2005), Stuart Hall (2006) e bell hooks (1991). Conclui-se que, através do enredo, Evaristo evidencia tanto as dores e as opressões vividas pela população negra no Brasil quanto a força de uma ancestralidade que vem de além-mar.


Author(s):  
Ben Whitham

We stand at a key juncture: a Western political crisis arose in 2016-17 to match the deep economic crisis of the preceding decade. Events and new social movements of recent years seem to hail the collapse of the project of liberal democracy, though it is hard to see what will replace it. Among the conceptual and analytic tools bequeathed by Marx are those necessary to better understand and anticipate the direction of this key historical moment – from Donald Trump, Brexit and the so-called ‘culture wars’ to the horizon of liberal democracy itself. In this reflection, I suggest some ways in which Marx’s early thoughts on the liberal state and civil society can and should help us to better understand and explain our present predicament. To say that the Young Marx can help us today with what he called ‘the ruthless critique of everything existing’ is not to say that he can do so alone. It is precisely the issues overlooked or ‘fudged’ by Marx and Marxism – gender, sexuality, and race/racism for example – that now sit at the centre of our ‘culture wars’, alongside but never reducible to the contradictions and crises of capitalism. I conclude that it is only with the help of other writers of the 20th and 21st centuries, from Antonio Gramsci to Frantz Fanon and bell hooks, that we can usefully mobilise the Young Marx today, to critique the world as we find it and especially – the very ‘point’ of theory according to Marx – to change it.


Author(s):  
Valerie Tosi

This article analyses Peter Carey’s novel My Life as a Fake (2003) through the lens of genre fiction, focusing on how the Gothic mode combines with key concepts in postcolonial studies. Intertextual references to Mary Shelley’s Frankenstein, or The Modern Prometheus (1818) and analogies with Stephen King’s The Dark Half (1990) and “The Importance of Being Bachman” (1996) are investigated to contextualise Carey’s postcolonial Gothic. Furthermore, taking a cue from Frantz Fanon and Oswaldo de Andrade’s theoretical studies, I argue that the main characters of this novel display attitudes that allegorically reflect the stages through which the national literature of a former settler colony is shaped.


2021 ◽  
Vol 14 (16) ◽  
pp. 1-26
Author(s):  
Rafael Baioni do Nascimento

Resumo: Partindo do pensamento de autores da Teoria Crítica da Escola de Frankfurt, Theodor Adorno e Walter Benjamin, e de autoras do feminismo negro, em especial bell hooks e Patricia Hill Collins, este texto defende a escrita ensaística e narrativa como uma alternativa às formas enrijecidas de produção científica. Tanto o ensaio quanto a narrativa, por serem profundamente baseados na experiência, melhor refletem o objeto e suas transformações históricas, assim como as transformações subjetivas correspondentes. O enrijecimento da ciência manifesto no uso de fórmulas prontas de escrita dissertativa e na reprodução de metodologias consagradas pode ser identificado com o colonialismo (capitalista, racista, patriarcal). O pensamento desenvolvido pela Teoria Crítica e pelas autoras do feminismo negro podem atuar como diferentes caminhos de resistência a serem imitados e recombinados criativamente.


Sign in / Sign up

Export Citation Format

Share Document