scholarly journals Os diferentes olhares sobre Monte Santo, o coração místico do sertão baiano

Author(s):  
Neffertite Marques Costa

No sertão baiano, existe uma peregrinação que rememora a Paixão de Cristo, estabelecendo o chamado Caminho da Santa Cruz, com capelas construídas no século XVIII, pela ação do missionário capuchinho Apolônio de Todi, dando origem ao município de Monte Santo, vizinho de Canudos, que se tornou o Belo Monte de Antônio Conselheiro, no final do século XIX, sendo Monte Santo a base de operações do Exército brasileiro durante a Guerra de Canudos, ocorrida entre os anos de 1896 e 1897. O presente artigo apresenta o início dessa peregrinação, assim como as diferentes narrativas sobre Monte Santo e o Santuário da Santa Cruz, passando por Euclides da Cunha, pelas memórias do Frei João Evangelista de Monte Marciano e pela Literatura de cordel. Conclui-se verificando a religiosidade dos peregrinos, que, mesmo diante da cruz, que seria então o maior do símbolo do cristianismo, se voltam para a devoção mariana, característica do catolicismo popular, evidenciado com a mística popular sertaneja.

2017 ◽  
Vol 16 (2) ◽  
pp. 12-46
Author(s):  
Maria Ignez Novais Ayala

Considerações sobre a Literatura de Folhetos / Literatura de Cordel como uma literatura em processo, viva, que tem passado por várias mudanças, desde seu período de formação e produção de folhetos em vários estados do Nordeste. São destacados diferentes exemplos, dentre eles, os épicos manuscritos, colhidos por Euclides da Cunha durante a Guerra de Canudos, escritos para serem oralizados. O estudo centra-se na característica específica de ser uma literatura feita, mais para “os ouvidos” que para os olhos, desde o início, o que seria difícil de provar sem os estudos de vários pesquisadores e da leitura de folhetos existentes na coleção “Cordéis de Mário de Andrade”. Esta coleção integra publicações de outros estados e de alguns países, em que se faz uso da mesma “fórmula editorial”, identificada pelo tipo de edição em brochura, com capa de papel na cor branca ou colorido e miolo em papel jornal, mas contendo uma produção bem diferente do que se conhece como literatura de cordel. A coleção de Mário de Andrade também foi uma fonte fundamental para estudar a variação de denominações utilizadas pelos poetas populares nordestinos e, ainda, por fornecer o material que foi ponto de partida para dois ensaios de Mário de Andrade. Outra questão aqui desenvolvida diz respeito ao público tradicional constituído por leitores/ouvintes ou ouvintes/leitores, encontrados em pesquisas de campo, que trazem em sua memória uma ou mais histórias, publicadas em folhetos, decoradas, quando ainda eram crianças, mas que afloram sempre que surge uma oportunidade para “dizer” os versos ou cantá-los.


Reflexão ◽  
2015 ◽  
Vol 40 (1) ◽  
pp. 59
Author(s):  
Pedro Lima Vasconcellos
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O artigo discute as atribuições de “milenarista” e “messiânico” dadas, desde Euclides da Cunha, passando por boa parte da tradição acadêmica do século XX, ao vilarejo edificado sob a liderança do líder sertanejo Antonio Conselheiro (1893-1897). E, por meio da avaliação de fontes pouco conhecidas e mesmo ignoradas, propõe uma compreensão distinta dos valores, princípios e expectativas que animavam os habitantes de Belo Monte: tratava-se da terra prometida, semelhante à dos antigos hebreus; pela solidariedade experimentada no cotidiano, em obediência aos dez mandamentos, abrir-se-iam as portas do céu a quem buscasse a salvação; esta era a promessa do Conselheiro a sua gente. Palavras-chave: Antonio Conselheiro. Belo Monte. Milenarismo. Salvação. Terra prometida.


2017 ◽  
Vol 17 (3) ◽  
pp. 87
Author(s):  
Claudio Cledson Novaes

 Neste artigo, discutimos a problemática do urbano versus rural no Brasil em narrativas do ciclo canudiano, partindo do olhar paradoxal de Euclides da Cunha sobre a Guerra de Canudos, em Os Sertões. Demarcamos, após 120 do trágico do conflito, as concepções de cidade moderna e liberal positivista em contraponto com os dispositivos da anti-cidade, conceito aqui articulado para a leitura das imagens de resistências dos vencidos, como aquelas dos ressurgimentos simbólicos do arraial destruído pela guerra, pelo fogo e pelas águas. A cartografia crítica do vilarejo sertanejo denominado pelos conselheiristas de Belo Monte é o contraponto ao modelo violento da polis na atualidade, considerando que o fantasma canudiano ainda assusta no espelho dos enfrentamentos cotidianos nas periferias das cidades contemporâneas brasileiras.


Author(s):  
Géssany Mariana Ferreira Alves dos Santos ◽  
manoel camilo cabrera
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Author(s):  
Paulo César Antonini de Souza ◽  
Derick Trindade Bezerra

ResumoTendo por campo de investigação o Festival da América do Sul Pantanal (FASP) em 2018, na cidade de Corumbá (Brasil), objetiva-se identificar a materialidade e conceitos que permeiam as manifestações artísticas bidimensionais nesta região de fronteira, a partir da percepção de artistas da Bolívia. A pesquisa se organizou em duas fases: na primeira foi realizado um levantamento em plataformas online de produções acadêmicas em artes visuais, com foco no trabalho bidimensional, utilizando os descritores “arte popular” e “estética latina” resultando em três artigos. Na segunda fase foram selecionados dois trabalhos de uma artista da Bolívia, participante da mostra “Conexão Santa Cruz”, realizada durante o FASP 2018, que foram analisados em seus níveis representacional e simbólico. Pela interpretação das imagens foi possível construir uma leitura sobre a perspectiva da artista a respeito de suas condições culturais dentro da ordenação social em que se encontra situada.Palavras-chave: Artes Visuais. Arte Popular. Arte Regional. América Latina. Representation and symbolism: visual arts on the Brazil/Bolivia frontierAbstractHaving as research field the Festival da América do Sul Pantanal (FASP) in 2018, in the city of Corumbá (Brazil), the objective is to identify the materiality and concepts that permeate the two-dimensional artistic manifestations in this border region, from the perception of artists from Bolivia. The research was organized in two phases: in the first, a survey was carried out on online platforms of academic productions in visual arts, focusing on two-dimensional work, using the descriptors “arte popular” and “estética latina” resulting in three articles. In the second phase, two works were selected by an artist from Bolivia, participating in the exhibition “Conexão Santa Cruz”, held during FASP 2018, which were analyzed at their representational and symbolic levels. Through the interpretation of the images, it was possible to construct a reading on the artist’s perspective regarding her cultural conditions within the social order in which she is located.Keywords: Visual Arts. Folk Art. Regional Art. Latin America.Representación y simbolismo: artes visuales en la frontera de Brasil/BoliviaResumenTeniendo como campo de investigación el Festival de Sudamérica Pantanal (FASP) en 2018, en la ciudad de Corumbá (Brasil), el objetivo es identificar la materialidad y conceptos que permean las manifestaciones artísticas bidimensionales en esta región fronteriza, desde la percepción de artistas de Bolivia. La investigación se organizó en dos fases: en la primera, se realizó una encuesta en plataformas online de producciones académicas en artes visuales, con foco en el trabajo bidimensional, utilizando los descriptores “arte popular” y “estética latina” dando como resultado tres artículos. En la segunda fase, dos obras fueron seleccionadas por un artista de Bolivia, participante de la exposición “Conexão Santa Cruz”, realizada durante FASP 2018, que fueron analizadas en sus niveles representativos y simbólicos. A través de la interpretación de las imágenes, fue posible construir una lectura sobre la perspectiva de la artista sobre sus condiciones culturales dentro del orden social en el que se ubica.Palabras clave: Artes Visuales. Arte Popular. Arte Regional. América Latina.


Author(s):  
Yan Vidal de Figueiredo Gomes DINIZ ◽  
Hugo de Souza FAGUNDES ◽  
Eduardo Carvalho da Silva NETO ◽  
Otavio Augusto Queiroz dos SANTOS ◽  
Marcos Gervasio PEREIRA
Keyword(s):  

2019 ◽  
Author(s):  
Cristolesson Amorin Sales ◽  
Almir da Veiga Araújo ◽  
Lisandra Oliveira Rafael Soares ◽  
Patrícia Batista Barra Medeiros Barbosa
Keyword(s):  

Author(s):  
Angélica Nue Guerrero
Keyword(s):  

La ancianidad se aborda desde dos puntos de vista: el de los no ancianos, quienes perciben la experiencia de la ancianidad sin vivirla aun, y el de los ancianos quienes lo perciben a partir de sus propias vivencias específicas. El eje común de ambos son las asociaciones entre ancianidad con actividad y productividad (trabajos realizados y permitidos, limitaciones, producción diaria y de vida), y entre ancianidad con salud y muerte (salud buena pero vulnerable, envejecimiento como enfermedad, lógica de una muerte próxima). Así definimos quiénes son ancianos (percepciones) y qué significa serlo (autopercepciones) en Santa Cruz de Andamarca. Después planteamos pistas de explicación. Primero, la atribución que se hace de la productividad; el rol del trabajador y de persona activa es fundamental para la valoración social y bienestar personal; de lo contrario se produce la muerte social. Segunda, liminalidad y ambigüedad, la ancianidad como proceso de transición entre vida y muerte que produce temor en quienes no viven la experiencia y no han desarrollado estrategias para vivirla. Tercero, la vivencia y lectura del sufrimiento como parte del proceso de envejecer; se percibe como parte de la vida cotidiana, pero al vivirlo también es reformulado, reclasificado, reinterpretado con los mecanismos ofrecidos por la misma cultura.


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