scholarly journals Circulação de Conhecimentos e a Produção de Fatos Científicos: Propondo uma Trajetória Analítica para Textos em Educação em Ciências

Author(s):  
Joselaine Setlik ◽  
Henrique César Da Silva
Keyword(s):  

Neste estudo, considerando a inter-relação entre epistemologia e linguagem, a partir das teorias de Ludwik Fleck e Mikhail Bakhtin, propomos uma trajetória analítica para textos que circulam conhecimentos científicos. Para isso, primeiramente damos visibilidade ao modo como Fleck entrelaça o social, a linguagem (e o texto) e o epistemológico. Em seguida, apresentamos elementos da filosofia da linguagem de Bakhtin que podem aprofundar analítica e teoricamente a dimensão social-linguística das produções textuais na ciência. Essa articulação teórica, entre tais autores, é sistematizada por meio de questões que podem possibilitar a pesquisadores e professores, do Ensino Superior ou Educação Básica, refletir sobre o papel dos diversos textos que circulam conhecimentos científicos. Estudar a materialidade dos textos que circulam a ciência pode contribuir para o processo de produção, incorporação e mediações de leituras de tais materiais nos diversos contextos de ensino-aprendizagem das disciplinas de Ciências da Natureza; assim como para a construção de conhecimentos no campo de pesquisa em Educação Científica.

2021 ◽  
Vol 38 (1) ◽  
pp. 538-568
Author(s):  
Joselaine Setlik ◽  
Henrique César da Silva
Keyword(s):  

Refletir sobre a materialidade de textos que circulam conhecimentos científicos pode potencializar a criação e as práticas de mediação de leituras de tais textos nos contextos de ensino-aprendizagem. Neste estudo, na perspectiva do entremeio entre epistemologia e linguagem, buscaram-se diálogos entre as teorias de Ludwik Fleck e Mikhail Bakhtin para elaborar uma trajetória analítica para análise de textos que circulam conhecimentos científicos. A trajetória analítica proposta pode possibilitar a professores e pesquisadores, do Ensino Superior ou Educação Básica, melhor compreender os materiais textuais que circulam conhecimentos científicos para assim integrar tais materiais e reflexões às suas práticas de ensino. Com esta perspectiva, é proposta uma sequência de aulas (com foco na discussão da trajetória analítica anteriormente elaborada) para uma disciplina de Metodologia de Ensino de Física de um curso de Licenciatura em Física, e analisada uma atividade que a compõe, envolvendo escolha, análise e proposta de textos no ensino de Física Quântica pelos licenciandos. Como resultados da atividade didática, evidencia-se que as respostas dos estudantes dialogam com diferentes momentos formativos da graduação, sendo que o contexto geral da disciplina (de discussões sobre linguagem, textos e leitura) potencializou os resultados alcançados na atividade didática, na qual os estudantes mobilizaram diferentes elementos da trajetória analítica e conhecimentos sobre textos e práticas de leitura na execução da atividade de seleção e análise material de um texto sobre Física Quântica, a ser inserido no ensino.


Author(s):  
Michael F. Bernard-Donals
Keyword(s):  

2015 ◽  
Vol 8 (2) ◽  
pp. 169-184
Author(s):  
Željka Flegar

This article discusses the implied ‘vulgarity’ and playfulness of children's literature within the broader concept of the carnivalesque as defined by Mikhail Bakhtin in Rabelais and His World (1965) and further contextualised by John Stephens in Language and Ideology in Children's Fiction (1992). Carnivalesque adaptations of fairy tales are examined by situating them within Cristina Bacchilega's contemporary construct of the ‘fairy-tale web’, focusing on the arenas of parody and intertextuality for the purpose of detecting crucial changes in children's culture in relation to the social construct and ideology of adulthood from the Golden Age of children's literature onward. The analysis is primarily concerned with Roald Dahl's Revolting Rhymes (1982) and J. K. Rowling's The Tales of Beedle the Bard (2007/2008) as representative examples of the historically conditioned empowerment of the child consumer. Marked by ambivalent laughter, mockery and the degradation of ‘high culture’, the interrogative, subversive and ‘time out’ nature of the carnivalesque adaptations of fairy tales reveals the striking allure of contemporary children's culture, which not only accommodates children's needs and preferences, but also is evidently desirable to everybody.


2017 ◽  
Vol 6 (4) ◽  
pp. 47-69 ◽  
Author(s):  
Dongjing Kang ◽  
Chigozirim Utah Sodeke

This essay emphasizes the writing of dialogical research as a crucial step in the dialogical research process. Dialogical research accounts should not suppress the ongoing struggles that accompany a genuine desire to engage dialogically in research contexts. Thus, we advocate and model evocative retellings of these struggles. Questioning our own fieldwork based on the work of Martin Buber and Mikhail Bakhtin, we highlight principles of dialogue that also serve as guidelines for dialogical research reporting: unfinalizability, engaging paradoxes, and creative (critical) transformation.


Author(s):  
Cimara Valim De Melo

O presente ensaio busca analisar o romance O fotógrafo, de Cristóvão Tezza, para dele extrair elementos comuns à romanesca contemporânea quanto ao modo como esta realiza a projeção imagética e plástica das relações eu/outro nos limites espaciais da criação literária. Para isso, a pesquisa tem como base os estudos de Mikhail Bakhtin sobre as relações entre atividade estética, imagem, espaço e personagem, além dos de Roland Barthes e Susan Sontag sobre o fotográfico e de Erving Goffmann sobre representação.


Author(s):  
Hubert J. M Hermans

For the development of a democratic self, dialogical relationships between different people and between different positions in the self are paramount. After a review of studies on self-talk, the main part of this chapter is devoted to a comparison of the works of two classic thinkers on dialogue, Mikhail Bakhtin and David Bohm. A third theoretical perspective is depicted in which central elements of the two theorists are combined. This perspective centers around the concept of “generative dialogue” that, as a learning process, has the potential of innovation in the form of new and common meanings without total unification of the different positions. Elaborating on central features of generative dialogue, a distinction is made between consonant and dissonant dialogue, the latter of which is inevitable in a time of globalization and localization in which people are increasingly interdependent and, at the same time, faced with their apparent differences.


Author(s):  
Eviatar Zerubavel

Following in the rich intellectual footsteps of Emile Durkheim, Karl Mannheim, Alfred Schutz, and Ludwik Fleck, this chapter lays out the foundations for the sociology of thinking, or “cognitive sociology.” Focusing on the impersonal, normative, and conventional dimensions of the way we think (and, as such, on its distinctness from both cognitive individualism and universalism), it highlights the distinctly sociological concern with intersubjectivity as well as epistemic commitment to the study of thought communities, cognitive traditions, cognitive norms, cognitive socialization, cognitive conventions, and the politics of cognition.


1994 ◽  
Vol 1 (1) ◽  
pp. 7-18 ◽  
Author(s):  
Ilana Löwy

O médico e epistemologista Ludwik Fleck desenvolveu, nas décadas de 1920-30, uma abordagem bastante original para o estudo das ciências. Ele apoiou sua epistemologia em duas bases: por um lado, em sua própria experiência profissional de bacteriologista e imunologista; por outro, na reflexão da Escola Polonesa de Filosofia da Medicina sobre as práticas dos médicos. Tal escola julga que os 'fatos científicos' são construídos por comunidades de pesquisadores - segundo os termos de Fleck, "coletivos de pensamento". Cada coletivo de pensamento elabora um "estilo de pensamento" único, composto pelo conjunto de normas, saberes e práticas partilhados por tal coletivo. Os recém-chegados são socializados em seu estilo de pensamento particular e adotam, portanto, seu olhar específico sobre o mundo. Os fatos científicos produzidos pelos membros de um dado coletivo de pensamento trazem sempre a marca de seu estilo de pensamento. Graças a isso, eles são incomensuráveis com os 'fatos' produzidos por outros coletivos de pensamento. A incomensurabilidade dos fatos científicos, aumentadas pela necessidade de 'traduzi-los' em outro estilo de pensamento para sua utilização pelas outras comunidades profissionais é, aos olhos de Fleck, uma fonte importante de inovação nas ciências e na sociedade. Por muito tempo esquecidas, as idéias de Fleck foram redescobertas nas décadas de 1960-70, em primeiro lugar por Thomas Kuhn (que, na introdução de The structure of scientific revolutions presta uma homenagem explícita à sua obra), depois pelos sociólogos das ciências. Além de sua influência diretamente perceptível, a epistemologia de Fleck mostra profundas afinidades com as novas tendências que se afirmam no estudo das ciências: a consideração das práticas dos pesquisadores e o interesse por suas técnicas materiais, discursivas e sociais.


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