scholarly journals De Walter Benjamin a Theodor Adorno: traços que permanecem na contemporaneidade

2017 ◽  
Vol 9 (17) ◽  
pp. 44-69
Author(s):  
Carolina Diamantino Esser Santana

O ensaio traz como base a crítica ao capitalismo, no que se refere aos efeitos negativos que ele impõe aos indivíduos, a partir dos estudos da primeira geração da Escola de Frankfurt. Analisar-se-á a história das ideias a partir de Walter Benjamin, Herbert Marcuse, Theodor Adorno e Max Horkheimer. Benjamin afirma que vive-se a perda da aura das obras de arte, já que a sua comercialização faz com que se perca a essência daquelas obras. Ademais, a imposição da novidade às obras e aos produtos consumidos representa uma ferramenta de manipulação do capitalismo, culminando na pobreza da experiência humana. Marcuse afirma que a sociedade vive o princípio do desempenho, que provoca modos de vida uniformizados, baseados numa concepção de trabalho e diversão homogêneos. Adorno propôs que o tempo livre provocava uma sensação de liberdade nos indivíduos, mas, na realidade, tratava-se do exercício de uma não liberdade, já que as formas de diversão seguiam à risca os padrões exigidos pelo capital. A partir do método adotado pela própria Teoria Crítica, afirma-se que a presente discussão teórica só se torna efetiva quando aplicada à prática, à sociedade atual.

2020 ◽  
Vol 20 (3) ◽  
pp. 194-210
Author(s):  
David Gonçalves Borges

Este artigo tem por objetivo analisar comparativamente as semelhanças contidas nas críticas à democracia liberal presentes em alguns trabalhos selecionados de Carl Schmitt (1888-1985) e Robert Kurz (1943-2012). A despeito da estreita associação do primeiro autor com o regime nazista após 1933 e do segundo ser normalmente caracterizado como um pensador marxista (embora bastante crítico ao marxismo “ortodoxo”), são verificáveis inúmeras similitudes entre ambos quando se propõem a analisar as características do liberalismo parlamentar das democracias do século XX. Uma hipótese que pode explicar tais semelhanças seria a influência exercida por Schmitt sobre diversos teóricos da escola de Frankfurt, com os quais Kurz frequentemente dialoga em seus escritos e que foram inspiradores de algumas de suas reflexões – em especial, Walter Benjamin, Theodor Adorno e Max Horkheimer, embora Schmitt também tenha influenciado Franz Neumann, Otto Kirchheimer, Karl Korsch e Herbert Marcuse. Outra via de interpretação abordada aqui se refere à possibilidade de Schmitt ter encontrado, em suas teorias sobre o Estado e sobre o direito, os limites epistemológicos do liberalismo moderno, o que constitui o principal objeto de pesquisa de Kurz e foi tema recorrente nos escritos dos teóricos de Frankfurt.


Author(s):  
Stephen Eric Bronner

‘The Frankfurt School’ provides a brief history of the formation of the Frankfurt School, and biographies of prominent members. The Frankfurt School grew out of the Institute for Social Research, the first Marxist think tank. However, in 1930, under the directorship of Max Horkheimer, the organization moved to America to escape the Nazis, and began to concentrate on critical theory. Aside from Horkheimer, notable members of the Frankfurt School's inner circle included Erich Fromm, Herbert Marcuse, Walter Benjamin, Theodor W. Adorno, and Jürgen Habermas. Each member of the inner circle was different, but they all shared the same concerns, and attempted to solve them through intellectual daring and experimentation.


DoisPontos ◽  
2016 ◽  
Vol 13 (1) ◽  
Author(s):  
Wolfgang Leo Maar

A relação entre Marx e a Teoria Crítica não se esgota numa mera influência ou leitura. Os representantes da primeira geração de “frankfurtianos” procuram refletir como Marx os problemas de seu tempo. Nas obras de Max Horkheimer e Herbert Marcuse, entre outros, e especialmente nas contribuições de crítica social e cultural de Theodor Adorno, ocorre uma atualização do pensamento de Marx, tendo em vista a sociedade de massas contemporânea no atual estágio do desenvolvimento capitalista. Ao proceder dessa forma, a Teoria Crítica enfatiza o pioneirismo de Marx, que descobre e apreende teoricamente, a nova objetividade social do capitalismo: a forma valor como novo objeto do mundo capitalista, objetividade “falsa” porém simultaneamente dotada de poder real efetivo. Este novo objeto do mundo, tendo em vista o seu caráter de inversão e deslocamento social, impõe a necessidade da dialética como sua apresentação e, ao mesmo tempo, sua crítica. 


Tematicas ◽  
1999 ◽  
Vol 7 (13) ◽  
pp. 117-144
Author(s):  
Lília Gonçalves Magalhães ◽  
Sergio Tavolaro

As reflexões de Max Horkheimer, Theodor Adorno, e Herbert Marcuse significaram um marco na produção sociológica do século XX. Autodenominando-se intelectuais condutores de uma “Teoria Crítica”, os principais pesquisadores e pensado- res do Instituto de Pesquisa Social passaram, a partir da década de 60, a ser designados de Escola de Frankfurt. Levando às últimas conseqüências as idéias de “burocratização” e “proeminência da racionalidade instrumental” nas sociedades industriais avançadas, tais reflexões chegaram ao ponto de desqualificar qualquer possibilidade de emancipação do homem moderno, diagnóstico, aliás, muito caro às suas fortes raízes marxistas. Mas, qual seria o perfil dessa aprisionante sociabilidade moderna? Que dimensões restariam ao homem contemporâneo? Como seria seu relacionamento com o mundo natural a sua volta? Essas são algumas das questões que norteiam o presente artigo.


2020 ◽  
Vol 29 (58) ◽  
pp. 337-384
Author(s):  
Edmundo Balsemão Pires

O senso comum dá-nos motivos para acreditar que a identidade dos seres vivos naturais é diferente da identidade dos artefactos. Alegadamente, a identidade dos artefactos está dependente da forma que lhes é atribuída pelos seus criadores e não lhes vem de dentro, não é imanente. Digamos que é esta a distinção que, em geral, se presume entre “corpos vivos organizados” e “corpos artificiais organizados”. Ao presumir um ato construtivo humano, o corpo organizado artificial recebe de fora o seu princípio organizador e o que define o seu uso. As obras de arte contam-se entre estes objetos assim como os instrumentos. No século XIX, algumas descrições sobre as manufaturas tinham chegado a uma definição de máquina como um corpo organizado dotado de moção interna, colocando assim o problema do estatuto das máquinas entre os artefactos. Não se estranha que um dos problemas recorrentes nas discussões filosóficas atuais sobre a técnica e a arte seja o do estatuto da dependência mental, intencional, dos artefactos. Essas discussões demonstraram que a dependência mental não pode ser avaliada sem clarificar a comunicação. Pode assim objetar-se aos autores exclusivamente preocupados com o tema restrito da intencionalidade da dependência mental o esquecimento da orientação comunicativa da produção, manual ou industrial, e do seu destino social. Com o presente estudo pretende mostrar-se como a herança platónica da mimésis, exemplificada com as “três camas” de República X, 597 b e ss., embora supondo uma dimensão comunitária, restritiva, do fazer técnico, está presente nos pressupostos de algumas versões teóricas modernas da técnica, da produção industrial e da arte. Clarificam-se as noções do artífice como produtor para a comunidade, do artefacto e da máquina na indústria para identificar os contrastes entre formas históricas distintas de compreender o fazer técnico e as correspondentes ressonâncias semânticas e teóricas. Seguidamente, caracteriza-se o discurso da crítica cultural, representado em alguns textos de Walter Benjamin, Theodor Adorno e Herbert Marcuse, como uma orientação teórica conservadora frente à autonomia da comunicação na modernidade, à expansão da produção industrial automatizada segundo diagramas e a sua aplicação aos produtos da arte. À luz de um escrutínio dos transmorfos da arte modernista, particularmente no DADA, revela-se como a arte explorou as colisões morfológicas resultantes da combinação entre motivos orgânicos, artísticos tradicionais e industriais para pôr a comunicação no centro do fazer artístico, desafiar a intencionalidade do autor e potenciar novas situações estéticas. O alcance das atitudes reativas perante o moderno, que o descrevem como unidimensional e redutor, fica assim limitado. Indo ao encontro das várias dimensões da remarcação do mercantil e do artístico nos transmorfos da arte conceptual, conclui-se este trabalho com a tese de que a comunicação artística, como sobrecodificação de vários media, tem a faculdade de redimensionar os emissores, destinatários e mensagens, mesmo quando tem lugar em meios de difusão estandardizados ou mercantilizados.


2003 ◽  
Vol 36 (1) ◽  
pp. 37-51 ◽  
Author(s):  
Gary Winship

It is well known that Foulkes acknowledged Karl Mannheim as the first to use the term `group analysis'. However, Mannheim's work is otherwise not well known. This article examines the foundations of Mannheim's sociological interest in groups using the Frankfurt School (1929-1933) as a start point through to the brief correspondence of 1945 between Mannheim and Foulkes (previously unpublished). It is argued that there is close conjunction between Mannheim's and Foulkes's revision of clinical psychoanalysis along sociological lines. Current renderings of the Frankfurt School tradition pay almost exclusive attention to the American connection (Herbert Marcuse, Eric Fromm, Theodor Adorno and Max Horkheimer) overlooking the contribution of the English connection through the work of Mannheim and Foulkes.


2000 ◽  
pp. 11-26
Author(s):  
Marcus Aurelio Taborda de Oliveira

Neste trabalho procuro discutir a permanência das práticas competitivas no interior das aulas de Educação Física na escola básica. Partindo do referencial da Teoria Crítica, proponho uma reflexão sobre os limites formativos das práticas corporais de caráter competitivo. Antes de afirmar uma possibilidade de formação emancipatória essas práticas concorrerem para perpetuar a reificação dos indivíduos e de suas relações com a sociedade e com os demais indivíduos, uma vez que as práticas competitivas são, por definição, seletivas e, portanto, excludentes. Reivindicando para a Educação Física escolar um papel preponderante na formação humana, recorro aos trabalhos de Herbert Marcuse, Max Horkheimer e Theodor Adorno para reafirmar o potencial de resistência e crítica à cultura reificada impresso nas práticas corporais escolares.


2021 ◽  
pp. 53-64
Author(s):  
Azer Binnatli

The development of technology leads to mechanical reproduction of artworks. This tendency brings the paradox whether mechanical reproduction of artworks enlightens or blinds society. Optimistic perspective of Walter Benjamin and Lippmannian school on reproducibility faces pessimistic view of Theodor Adorno and Max Horkheimer. Thus, the main aim of this paper is to compare W. Lippmann, W. Benjamin, T. Adorno and M. Horkheimer’s views and summarize by checking suitability of two schools’ perspectives in advanced technological century.


2020 ◽  
Vol 5 (26) ◽  
pp. 59-70
Author(s):  
Gergana Neycheva Petrova

La condición del individuo como sujeto de la experiencia constituye uno de los principales temas sobre los cuales se centra la reflexión crítica de los pensadores frankfurtianos como Theodor W. Adorno, Herbert Marcuse y Max Horkheimer. El presente artículo se propone una exploración en torno a la recurrente sentencia de empobrecimiento de la experiencia en las obras de Walter Benjamin y en torno a la experiencia silenciada, presente en la obra de Theodor W. Adorno. El objetivo es presentar una lectura crítica de la relación experiencia – sujeto, así como de los obstáculos que se presentan ante la configuración del Yo del individuo y que exigen la formación de una nueva conciencia teórica, capaz de resistirse a la aniquilación del contenido de experiencia del pensamiento. La exposición se desarrolla en dos momentos: la primera parte, “El sujeto degradado”, aborda al sujeto moderno como referencia central para el pensamiento crítico y, la segunda, intitulada “La experiencia agostada”, esboza el desenlace funesto de la sujeción de lo empírico sobre la consciencia individual, privándola de la una experiencia íntima y plena. La reflexión sobre el poder cosificador de la objetividad social operante, encubierto detrás del Xconsensus que procura imponerse sobre los antagonismos sociales, nos permite tensar la dialéctica de la civilización y repensar el desmoronamiento del sujeto.


Author(s):  
Ive Braga

O presente ensaio tem como objetivo apresentar elementos que permitam promover reflexões acerca da formação do indivíduo na sociedade administrada, sua relação com os modos de produção e circulação da cultura, seus processos, instituições, possibilidades e limites. Para tanto, pauta-se na revisão bibliográfica para exploração de conceitos teóricos de autores da primeira geração da Escola de Frankfurt - em especial Herbert Marcuse, Theodor W. Adorno, Max Horkheimer e Walter Benjamin - para analisar: o processo de produção material sob o qual a cultura se desenvolve; a formação do indivíduo sob a égide desta cultura; as transformações dos estímulos artísticos e suas consequências para a percepção sensorial; o papel das instituições no desenvolvimento e/ou ajustamento do espírito e os benefícios e armadilhas da correlação entre distintas áreas do saber para produção de conhecimento científico. Abstendo-se da necessidade de indicar resultados e conclusões pontuais, esta análise visa promover debates sobre os limites e alternativas possíveis para o enfrentamento da realidade objetiva com vistas para uma educação estética de humanidade.


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