scholarly journals Ciranda de Pedra e Fazes-me Falta

2021 ◽  
Vol 15 (1) ◽  
pp. 198-210
Author(s):  
Licilange Alves ◽  
Cid Ottoni Bylaardt

Este artigo propõe um diálogo entre as literaturas brasileira e portuguesa contemporâneas, focando na análise dos romances Ciranda de pedra, de Lygia Fagundes Telles, e Fazes-me falta, de Inês Pedrosa, na perspectiva da linguagem. Parte-se do princípio de que esta categoria, na obra das referidas autoras, apresenta-se como errante, cheia de espaços vagos, residindo assim numa incompletude e revelando-se impotente para esclarecer o que diz. No tocante à escritora brasileira, este é seu romance de estreia que a própria considera um divisor de águas em sua carreira literária por ser esteticamente mais elaborado que os anteriores. Já em relação à Inês Pedrosa, segundo à crítica, passou a figurar no campo da literatura portuguesa, principalmente, a partir deste romance. Desse modo, os dois livros foram significativos na consagração de ambas, o que se justifica, também, pela irreverência da linguagem neles trabalhada. A análise será perspectivada por teóricos e críticos que tecem contribuições voltadas ao estudo da literatura contemporânea, especialmente Maurice Blanchot (1997; 1987). Para compreender as considerações feitas pela crítica acerca das ficções pedrosina e lygiana, serão consultados, dentre outros, os trabalhos de Diana Navas, Telma Ventura (2017) e Sônia Régis (1998). Os estudos sobre as obras das referidas escritoras vêm crescendo bastante à medida que mais leitores passam a tomar conhecimento de um expressivo legado romanesco à espera de novos pesquisadores que desejem aventurar-se nos meandros de sua linguagem.

Author(s):  
Davi Andrade Pimentel

Resumo A partir do conto “Natal na barca”, de Lygia Fagundes Telles, este artigo analisa a perspectiva da impossibilidade da morte em três contos (“As formigas”, “Anão de jardim” e “Venha ver o pôr-do-sol”) e em dois romances (Ciranda de pedra e As meninas) da autora. Em diálogo com os textos de Lygia, o escritor francês Maurice Blanchot nos oferece a base teórica deste artigo, uma vez que a ideia da impossibilidade da morte na literatura é profundamente trabalhada em seus livros ensaísticos, tais como, O espaço literário e A parte do fogo.


2021 ◽  
Vol 6 (2) ◽  
pp. 91-106
Author(s):  
Licilange Gomes Alves

Este artigo objetiva dialogar os romances Verão no aquário, de Lygia Fagundes Telles, e Fazes-me falta, de Inês Pedrosa, na perspectiva da linguagem literária. Parte-se da hipótese de que esta categoria apresenta-se como errante e impotente para esclarecer o que diz, constatação que não é vista como problemática, apenas como composição do estilo peculiar das escritoras. Segundo a crítica, estes  romances são significativos na consagração de ambas, consideração que se justifica, principalmente, pela irreverência da linguagem neles trabalhada. A análise foi fundamentada em contribuições voltadas ao estudo da literatura contemporânea, em especial, Maurice Blanchot (1997; 1987) e Roland Barthes (1984; 2011). Para compreender as acepções feitas pela crítica, foram consultados, dentre outros, os trabalhos de Diana Navas e Telma Ventura (2018); Sônia Régis (1998). Constatou-se que a linguagem, nestas obras, é entrelaçada à ideia de morte, tema presente nos dois enredos e que comunga com a escritura das autoras.


Derrida Today ◽  
2009 ◽  
Vol 2 (2) ◽  
pp. 245-259 ◽  
Author(s):  
Caroline Sheaffer-Jones

Jacques Derrida returns relentlessly to the question of literature which is already a prominent concern in early texts such as Writing and Difference. The focus of this article is the conception of literature in ‘Literature in Secret: An Impossible Filiation’, in which Derrida discusses filiation with reference to Abraham and Isaac, the fundamental necessity of secrecy and the notion of the pardon. Above all, it is Kafka's Letter to His Father which perhaps provides a paradigm for defining literature. In this specular address, the promise of a heritage is in the balance. Writing incessantly on Kafka, Maurice Blanchot also reflects on literature. The notion of literature put forward by Derrida in ‘Literature in Secret: An Impossible Filiation’ is considered in this article, as well as reflections by Blanchot, to show what might be at stake in Kafka's Letter to His Father.


Author(s):  
Jonathan Evans

The Many Voices of Lydia Davis shows how translation, rewriting and intertextuality are central to the work of Lydia Davis, a major American writer, translator and essayist. Winner of the Man Booker International Prize 2013, Davis writes innovative short stories that question the boundaries of the genre. She is also an important translator of French writers such as Maurice Blanchot, Michel Leiris, Marcel Proust and Gustave Flaubert. Translation and writing go hand-in-hand in Davis’s work. Through a series of readings of Davis’s major translations and her own writing, this book investigates how Davis’s translations and stories relate to each other, finding that they are inextricably interlinked. It explores how Davis uses translation - either as a compositional tool or a plot device - and other instances of rewriting in her stories, demonstrating that translation is central for understanding her prose. Understanding how Davis’s work complicates divisions between translating and other forms of writing highlights the role of translation in literary production, questioning the received perception that translation is less creative than other forms of writing.


Author(s):  
Marta Dantas ◽  
André Gheti
Keyword(s):  

Maurice Blanchot descobriu na literatura, por meio da experiência insólita de autores como Franz Kafka, como o processo de criação literária pode colocar em crise a soberania daquele que escreve, destitui-lo de si e do mundo. Essa experiência-limite é atravessada pela loucura, não como fato social, mas como experiência trágica, em que o movimento da escritura se torna vizinho da morte, do vazio e do colapso do autor. O conto “A ponte”, ou a imagem que ele porta, remete a outros textos de Kafka e permite apontar para uma mesma situação: a experiência -limite vivida por ele. Este conto é aqui interpretado como uma grande metáfora com, pelo menos, duplo sentido: como metaficção e como transfiguração da experiência-limite de Kafka.


Littératures ◽  
2003 ◽  
Vol 48 (1) ◽  
pp. 181-199
Author(s):  
Daiana Dula-manoury
Keyword(s):  

2017 ◽  
Vol 19 (1) ◽  
Author(s):  
Monica Genelhu Fagundes

Ao abordar a arte, especifcamente a poesia, como meio (espaço e ato) de resistência, este ensaioparte de duas constatações e de uma confssão. As constatações: (1) para além de todo poder deordem histórica, de todo instrumento de coerção, seja político, econômico, ideológico, moralou cultural a que o homem esteja submetido e deva resistir, está a certeza da fnitude -- a sua ea daqueles que ama. Também (sobretudo, talvez) diante da consciência dessa condição mortalque limita, oprime e fere o humano, cabe resistir. O luto, como modo de lidar com a morte, é,portanto, ato de resistência; (2) Se a resistência se organiza no campo da arte, ela deve se valerdas armas próprias dessa linguagem, pelo que aqui importa, tanto quanto a temática abordadana poesia elegíaca de Camões, a forma poética como elaboração de um trabalho de luto. A confssão: este texto é em si mesmo um trabalho de luto, que se vale do exercício de pensamentopróprio do ensaio como forma para elaborar a perda que motiva sua escritura. A partir dessespressupostos e desse lugar de fala, realiza-se nas páginas que seguem uma leitura atenta de trêssonetos camonianos que compõem o assim chamado ciclo a Dinamene, pondo-os em diálogocom as reflexões de Sigmund Freud, Jacques Lacan e Jean Allouch sobre o luto, bem como coma teoria de Maurice Blanchot sobre a linguagem, que a concebe como trabalho de luto.


2017 ◽  
Vol 35 (4-5) ◽  
pp. 155-173
Author(s):  
Michèle Richman

The contribution of this study to existing scholarship is threefold. First, it extends heterology’s timeline beyond the late 1930s to encompass the final phase of Bataille’s career (1955–62) devoted to prehistory. It argues that heterology’s keyword – the wholly other – furnished an entry point into the prehistoric past marginalized by traditional historiography. Second, it demonstrates that the exemplar of prehistory’s otherness is silence. Along with Maurice Blanchot, Bataille forged a modernist aesthetics that promotes silence as an interruption of speech. It therefore concludes that interruption – frequently dismissed as a sign of Bataille’s deficiencies or in contradiction with his goal of continuity – recaptures the continuum lost when archaic humans invented work, language, and a deferral to the future. With sections on religious experience, markings, eroticism, and the rupture between animals and humans, this study offers an introduction to prehistory in Bataille for specialists and general readers willing to plunge into what scholars now describe as deep history.


Roman 20-50 ◽  
2021 ◽  
Vol n° 70 (1) ◽  
pp. 11-28
Author(s):  
Éric Hoppenot
Keyword(s):  

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