scholarly journals Paranoia e História, patologia e verdade

rth | ◽  
2021 ◽  
Vol 23 (2) ◽  
pp. 246-272
Author(s):  
Danilo De Ávila

Este estudo objetiva propor uma abertura da psicanálise à história por meio da noção de paranoia. Uma categoria tradicional da clínica, sua construção remonta ao círculo freudiano e o célebre caso do presidente Schreber para se espraiar no século XX-XXI nas obras de Theodor Adorno, Max Horkheimer, Gilles Deleuze e Slavoj Zizek. Percorrendo os usos da noção para estes filósofos, psicanalistas e sociólogos, podemos retrabalhar o acúmulo gerado pelos usos da noção para na historiografia. Richard Hofstadter, cunhador do estilo paranoico durante os anos 1960, começou este trabalho do lado da História e trouxe ganhos políticos, evidentes aos olhos de hoje. Cabe a este artigo, desenvolvê-lo, mas não para projetá-lo – expediente próximo a paranoia – em outras formações históricas, mas para repensar outros modelos críticos para a historiografia na tensão entre patologia e verdade, antinomia da noção de paranoia.

2021 ◽  
pp. 43-64
Author(s):  
Jon Hoel

This is the largest chapter in the book and takes a closer look at the mysterious ineffable Zone that exists at the center of the film’s narrative. What is the Zone, and are we in it, is the central question posed by the chapter, and brings into conversation a larger framework of film theory, including analyses from thinkers like Gilles Deleuze, Søren Kierkegaard, and Slavoj Žižek among others. The film examines the speculative space of the Room, and what the prospect of its power: the ability to grant the greatest inner desire of its occupants. Is this power real? The film plays with this question, along with imagery of potential speculative radiation consequences of the nuclear age, with careful allusions to Soviet nuclear disasters of the time.


Idéias ◽  
2019 ◽  
Vol 10 ◽  
pp. e019012
Author(s):  
Matheus Romanetto

Algumas das mais relevantes tentativas de atualização da concepção marxista da subjetividade deram-se na forma de sínteses ou diálogos entre a obra de Marx e a psicanálise. Desde os esforços de Otto Fenichel e Siegfried Bernfeld, passando pelos primeiros escritos de Wilhelm Reich, por Max Horkheimer e TheodorAdorno, e chegando a nomes contemporâneos como os de Gayle Rubin e Slavoj Žižek, temos hoje já toda uma tradição de autores que – marxistas ou fortemente relacionados a essa corrente de pensamento – admitiram que a compreensão do inconsciente seria um passo fundamental para a continuação da crítica materialista inaugurada por Marx.


Gragoatá ◽  
2020 ◽  
Vol 25 ◽  
pp. 473-488
Author(s):  
Daniel Laks

Em 2015, o rapper e ativista político angolano Luaty Beirão foi preso por participar de uma sessão de debate sobre um texto de Domingos da Cruz, baseado na obra de Gene Sharp Da Ditadura à Democracia: o Caminho para a Libertação. Ao longo de sua prisão, Beirão escreveu três cadernos relatando suas experiências carcerárias, pensamentos sobre a situação política angolana e letras para músicas expressando suas vivências. Esses diários foram publicados como livro pela editora Tinta da China em 2017. Os objetivos do presente artigo estruturam-se em dois eixos principais. Primeiro, com base nas letras de músicas presentes nos diários do cárcere de Luaty Beirão, visa contemplar a inversão da máxima de Theodor Adorno (2003, p. 7) - “Escrever poesia depois de Auschwitz é um ato de barbárie” - proposta por Slavoj Zizek (2014, p. 19), no livro Violência: “A prosa realista fracassa ali onde a evocação poética da atmosfera insuportável do campo de concentração é bem sucedida” . Segundo, será discutido o conceito de “violência mítica” como fundação de um novo direito, conforme proposto por Walter Benjamin (2011) no ensaio Para uma Crítica da Violência. Assim, o artigo pretende abordar a relação entre regimes autoritários e a escrita poética dos diários do cárcere de Beirão como representativa das dinâmicas do depoimento de eventos extremos, ressaltando as influências da perseguição política sobre o ato de escrever.


2015 ◽  
Vol 26 (1) ◽  
pp. 100-107
Author(s):  
Marília Etienne Arreguy

<p>O presente ensaio visa refletir sobre a diversão com uma estética da violência nos <italic>cult movies</italic>e alguns de seus efeitos na subjetividade contemporânea. Toma por base o referencial psicanalítico cotejado com a perspectiva crítica de Theodor Adorno. O texto utiliza o conceito de <italic>diversão</italic>como fonte de crítica à indústria cultural, no intuito de demonstrar o modo em que certa estética da violência produz uma espécie de sublimação passiva e alienante em boa parte dos sujeitos, que passam a representar, sobretudo do ponto de vista político, uma espécie de "mortos-vivos", ou seja, de zumbis impotentes, como atestam as análises de Slavoj Žižek. O filme <italic>Funny games</italic>[<italic>Violência gratuita</italic>] de Michael Haneke ilustra essa análise.</p>


2020 ◽  
Vol 20 (3) ◽  
pp. 39-52
Author(s):  
Cicero Cunha Bezerra ◽  
Ricardo Itaboraí Andrade de Oliveira

A presença dos acontecimentos enquanto fenômeno, e seu contraponto, o hábito, ecoam numa inter-relação contínua ao longo de todo o enredo do romance A Peste (1947) de Albert Camus. O presente artigo consiste na investigação do conceito de acontecimento e suas relações com a noção mediadora de linguagem - do mesmo modo que a ideia de resistência - à luz de uma leitura das reflexões de Gilles Deleuze, Slavoj Zizek e John Caputo acerca desse tema. Para tanto, estarão expostas correlações possíveis entre construção ficcional e filosofia na análise desta obra que é considerada uma das mais simbólicas do século XX.


2015 ◽  
Vol 3 (1) ◽  
pp. 21
Author(s):  
Jūratė Baranova

Bruce Russell argues, that cinema cannot create the philosophical knowledge for the reason that the answers to philosophical questions are contradictory and not obvious, the explicit argumentation is needed if the person is inclined to give justified answers to philosophical questions. Given examples are not satisfactory for philosophizing. On the other hand Slavoj Žižek, Stanley Cavell and Gilles Deleuze seems do not see this obvious gap between cinema and philosophy. They discuss the cinema as philosophy. What presumptions are needed for this approach? How this approach could be adapted in the philosophy education?


Author(s):  
Marcos Machado

O propósito desse artigo é sugerir algumas pistas para explorar, no âmbito do ensino de filosofia, a dimensão de longas-metragens, sobretudo os que expõem conteúdo de caráter filosófico. Além disso, esperamos evitar algumas práticas que limitam a sua potencialidade, principalmente quando apenas são transpostos de modo didático as ideias, as situações ou os conceitos presentes em determinado filme como artifício atenuador da complexa relação ensino-aprendizagem ou, ainda, quando a obra cinematográfica é utilizada como um dispositivo que busca tão somente sensibilizar os estudantes para o assunto abordado em certo texto filosófico. Trata-se, então, de seguir os passos de alguns filósofos que analisaram a arte de reproduzir imagem em movimento e que insinuaram que determinada linguagem e estética cinematográfica possui aspecto filosófico, a saber: Theodor Adorno e Max Horkheimer (1985); Walter Benjamin (1987); Gilles Deleuze (1985); Jacques Rancière (2012); João Maria Mendes (2013); Julio Cabrera (2006).


Author(s):  
Robert Pfaller

Starting from a passage from Slavoj Žižek`s brilliant book The Sublime Object of Ideology, the very passage on canned laughter that gave such precious support for the development of the theory of interpassivity, this chapter examines a question that has proved indispensable for the study of interpassivity: namely, what does it mean for a theory to proceed by examples? What is the specific role of the example in certain example-friendly theories, for example in Žižek’s philosophy?


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