scholarly journals GOVERNAMENTALIZANDO O EMPREENDEDORISMO DE SI: COMO AS "PSICOCIÊNCIAS" FOMENTAM A PRODUÇÃO DO HOMO ŒCONOMICUS

2013 ◽  
Vol 1 (2) ◽  
Author(s):  
Pablo Ornelas Rosa ◽  
Marcelo Puzio

Esse artigo é resultado de discussões teóricas e, portanto, sem estudo empírico,desenvolvidas por ambos os autores junto ao Núcleo de Estudos sobre Biopoder e Práticas de Subjetivação,vinculado a Faculdade Sagrada Família – FASF, que vão ao encontro das abordagens foucaultianas realizadas por Nikolas Rose sobre a emergente racionalidade neoliberal estadunidense que, ao se amparar no campo da administração empresarial, acaba governamentalizando a população a partir de tecnologias de poder legitimadas pelas chamadas “psico ciências”.Segundo os autores, a produção dessa nova govern amentalidade não ocorre exclusivamente através de poderes opressores e disciplinares, mas também por meio do investimento nos selfs que perpassam a inserção de tecnologias psicológicas amparadas em um conjunto de ações programadas, que agem sob a forma de tarefas, programas, auto análises,rastreamento de potenciais e gerenciamentos,incidindo concomitantemente sobre os indivíduos e sobre a população. Ao pressupor que a governamentalização dessa racionalidade neoliberal estadunidense abarca certas tecnologias de poder perpassadas pelas “psico-ciências” foi possível constatar a emergência de práticas de subjetivação que fomentam a produção de um homo œconomicus, que age e pensa sempre em termos de ganhos, baseados no “empreendedorismo de si” e no marketing pessoal, conforme apontou Michel Foucault em suas aulas no Còllege de France intituladas Segurança, Território, População e Nascimento da Biopolítica.

2019 ◽  
Vol 23 (4) ◽  
pp. 493-511
Author(s):  
Tim Christiaens

In his lectures on neoliberalism, Michel Foucault argues that neoliberalism produces subjects as ‘entrepreneurs of themselves’. He bases this claim on Gary Becker’s conception of the utility-maximizing agent who solely acts upon cost/benefit-calculations. Not all neoliberalized subjects, however, are encouraged to maximize their utility through mere calculation. This article argues that Foucault’s description of neoliberal subjectivity obscures a non-calculative, more audacious side to neoliberal subjectivity. Precarious workers in the creative industries, for example, are encouraged not merely to rationally manage their human capital, but also to take a leap of faith to acquire unpredictable successes. It is this latter risk-loving, extra-calculative side to neoliberal subjectivity that economists usually designate as ‘entrepreneurial’. By confronting Foucault with the theories of entrepreneurship of the Austrian School of Economics, Frank Knight, and Joseph Schumpeter, the Foucauldian analytical framework is enriched. Neoliberal subjectivation is not the monolithic promotion of utility-maximizing agents, but the generation of a multiplicity of modes for entrepreneurs to relate to oneself and the market.


2017 ◽  
Vol 16 (1) ◽  
pp. 217-249 ◽  
Author(s):  
BRANDON KONOVAL

The figure of Oedipus haunted the thought of Michel Foucault from the outset of his tenure at the Collège de France, in association with several key philosophical and historical projects, and enduring until the conclusion of his career. However, it was with Foucault's account of an “Oedipus complex”—one that operated “not at the individual level but at the collective level; not in connection with desire and the unconscious but in connection with power and knowledge” (“Truth and Juridical Forms,” 1973)—that Foucault was able to enlist Oedipus for a genealogy of “sexuality” and, furthermore, of “governmentality,” such as would increasingly preoccupy him through the mid- to late 1970s. Foucault's attention to classical texts—in particular the Oedipus Tyrannos of Sophocles and the Republic of Plato—thereby helped to clear a critical pathway through the conventional Marxism embraced by the “repressive hypothesis,” and to arrive at a Nietzschean genealogy of sexuality and power.


Sociologias ◽  
2011 ◽  
Vol 13 (28) ◽  
pp. 370-380
Author(s):  
Edson Benedito Rondon Filho

A obra retrata o curso de mesmo nome ministrado por Michel Foucault no Collège de France (1977-1978), onde o autor desenvolveu a genealogia de uma forma de saber político centrado nos mecanismos que possibilitam a regulação da população. A arte de governar e o 'governo de si' são questionados em um transcurso histórico que desaguou em uma "razão de Estado", cuja racionalidade implicou na construção de conjuntos de saberes e de tecnologias de poder, necessários para o crescimento das forças do Estado. Ao demonstrar os problemas que a Polizeiwissenschaft devia controlar, delimitou o papel da polícia como garantidora da ordem interna e técnica de controle populacional, dotada de saberes específicos, constituindo-se, junto com segurança e a Economia Política, naquilo que Foucault denominou de biopolítica.


2010 ◽  
Vol 12 (1) ◽  
pp. 191
Author(s):  
Ernani Chaves

O presente artigo pretende mostrar, a partir do curso “O poder psiquiátrico” ministrado por Michel Foucault no Collège de France em 1973-1974, a relação entre exercícios ascéticos e as práticas pedagógicas desenvolvidas nas comunidades religiosas medievais e a constituição histórica do poder disciplinar. Para isso, avalia-se o lugar estratégico dos cursos de Foucault para a compreensão de seu pensamento, assim como se aponta a consequência de sua análise, qual seja, por um lado, a necessidade da solidão, do isolamento para a produção do conhecimento e, por outro lado, entretanto, a necessidade de romper este isolamento, tendo em vista a circulação social do saber. Encontrar uma resolução para este conflito constitui-se, por sua vez, numa forma de resistência ao poder disciplinar.


2017 ◽  
Vol 2 (1) ◽  
pp. 15-56
Author(s):  
Nicholas Gane

El artículo toma como punto de partida la obra de Michel Foucault, particularmente los cursos sobre biopolítica dictados en el Collège de France (1978-1979), para examinar los distintos modelos de vigilancia con los que operan el liberalismo y el neoliberalismo en tanto formas de gobierno. En primer lugar, se hace una re-lectura de Vigilar y Castigar a la luz del análisis que realiza Foucault en sus cursos sobre el arte de gobierno liberal. Se argumenta que el Panóptico no es solo una arquitectura de poder centrada en la disciplina y la normalización, tal como se lo ha entendido comúnmente, sino un modelo normativo de la relación del Estado con el Mercado que, para Foucault, es ‘la fórmula misma de un gobierno liberal’ (2009: 89). En segundo lugar, los límites del panoptismo, y, por extensión, del gobierno liberal, son expuestos a partir del análisis de Gilles Deleuze sobre la mutación de sociedades disciplinarias a sociedades de ‘control’, y los escritos de Zygmunt Bauman acerca de la individualización y el ‘Sinóptico’. En respuesta a Deleuze y Bauman, la última sección de este artículo regresa a los cursos sobre biopolítica de Foucault para argumentar que la sociedad capitalista contemporánea está marcada no solo por la disminución de los poderes estatales o por la transmisión de responsabilidades del Estado al individuo, sino por la mercantilización neoliberal del Estado y sus instituciones en tanto proceso condicionado por una forma específica de gubernamentalidad. En conclusión, se proponen cuatro tipologías de vigilancia: como disciplina, como control, como interactividad y como mecanismo para promover la competencia. Se argumenta que, si bien estos tipos de vigilancia no son mutuamente excluyentes, están configurados por diferentes gubernamentalidades que pueden ser empleadas para examinar diferentes aspectos de la relación entre el Estado y el Mercado, así como lógicas culturales y sociales del capitalismo de mercado contemporáneo en un sentido más amplio.


Sign in / Sign up

Export Citation Format

Share Document