Morfometria da órbita óssea de corujinhas-do-mato (Megascops choliba)
As particularidades anatômicas cranianas das aves são fundamentais para entender os aspectos filogenéticos, contribuindo para a identificação das espécies e compreensão dos hábitos de vida do animal. Quando tais características são analisadas sob o ponto de vista médico veterinário, o conhecimento da anatomia craniana torna-se essencial para o exame físico, e principalmente, na análise e na interpretação fidedigna de exames de imagens, uma vez que a oftalmologia se tornou cada vez mais expressiva na medicina aviária. Apesar da grande diversidade de espécies aviárias descritas e de trabalhos referentes à osteologia craniana de alguns grupos, os estudos morfométricos do crânio nas corujas da fauna brasileira ainda são escassos. Dentre tais espécies destaca-se a corujinhado-mato (Megascops choliba), uma das únicas espécies de aves de rapina brasileiras com ampla distribuição territorial e de hábitos crepusculares e noturnos, predominantemente onívora, alimentando-se de insetos e pequenos vertebrados. Desta forma em relação aos descritos anteriores, objetivou-se descrever as medidas morfométricas referentes à altura máxima e comprimento máximo no eixo rostro-caudal de 13 espécimes adultas de corujinhas-do-mato de sexos indeterminados. Todos esses animais foram encaminhados para atendimento clínico no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná - Setor Palotina e vieram à óbito por diferentes causas, nenhuma vinculada a traumatismos cranianos. Na sequência tais animais foram encaminhados ao Laboratório de Anatomia Animal da mesma instituição onde foram congelados. Para a coleta de dados, foram descongelados e os crânios passaram por um processo de descarne e maceração em água corrente em temperatura ambiente. Na sequencia tais peças foram analisadas a olho desarmado e, para o processo de mensuração craniométrica foi utilizado um paquímetro digital Starret®, precisão de 0,01mm, analisado por um único examinador. Realizou-se três repetições em momentos distintos em cada crânio, a fim de evitar qualquer manipulação dos resultados. Calculou-se as médias e desvios padrões de forma geral, bem como as médias e desvios padrões apenas do antímero direito e do antímero esquerdo nos animais analisados. A nomenclatura osteológica empregada teve como base o Handbook of Avian Anatomy: Nomina anatomica avium, editado pelo International Commitee on Avian Anatomical Nomenclature. Os dados coletados dos 13 espécimes resultaram em uma média da altura das órbitas de 17,837 mm (sd: ±0,673 mm) e média do comprimento das órbitas de 18,951 mm (sd: ±0,526 mm). Em relação aos antímeros, a média da altura da órbita direita foi de 18,014 mm (sd: ±0,633 mm) e da esquerda de 17,660 mm (sd: ±0,672 mm). O comprimento médio da órbita direita foi de 18,893 mm (sd: ±0,495 mm) e da esquerda 19,009 mm (sd: ±0,555 mm). A partir da análise dos dados expostos houve a obtenção de conhecimentos osteológicos descritivos e ampliação das informações anatômicas da espécie analisada. Tendo em vista que a investigação acerca das particularidades oftálmicas em aves é de extrema relevância, principalmente ao se considerar a ampla acuidade visual do espécime estudado – resultado de seus hábitos de vida – corroborada ao crescimento da rotina clínica e cirúrgica oftalmológica em aves. PALAVRAS-CHAVE: Anatomia, mensuração, oftalmologia, strigiformes