O artigo traça uma trajetória do grupo Cemflores, a partir do contato crítico-afetivo com o arquivo do poeta Marcelo Dolabela, quem guardou por mais de quarenta anos os restos dessa memória. Formado por “trabalhadores em arte”, como se denominaram, Cemflores surge no seio do Movimento Estudantil – quase todos seus integrantes eram estudantes da UFMG – e atuou no cenário da contracultura em Belo Horizonte, nos anos oitenta, período marcado pelo processo de redemocratização. Buscaram repensar a práxis das esquerdas, através da realização de ações poéticas. Publicam revistas e dezenas de livrinhos em mimeógrafo, distribuem poesia em greves e atos pela anistia, realizam recitais, exposições de arte postal e experiências sonoras que culminam na criação das bandas de estilo pós-punk Sexo Explícito, Divergência Socialista e O Último Número.Palavras-chave: Cemflores; Marcelo Dolabela; Arte e política; Poesia marginal; Arte postal.AbstractThe article traces the Cemflores group’s path, based on the critical-affective contact with the poet Marcelo Dolabela’s archive, who kept the remains of that memory for more than forty years. Formed by, as they called themselves, “workers in art”, Cemflores appears within the Student Movement and they acted in the counterculture scenario in Belo Horizonte, in the 1980s, a period marked by the process of Brazil’s redemocratization. They sought to rethink the praxis of the left-wing tendencies, through the performance of poetic actions. They published magazines and dozens of booklets made in mimeograph, distributed poetry in strikes and acts for Amnesty, held recitals, mail art exhibitions and sound experiences that culminated in the creation of the post-punk style bands Sexo Explícito, Divergência Socialista and O Último Número.Keywords: Cemflores; Marcelo Dolabela; Art and politics; Marginal poetry; Mail art.