scholarly journals Infância e relações étnico-raciais: uma questão de saber-poder (Childwood and ethnic-racial relations: a question of know-power)

2019 ◽  
Vol 13 (2) ◽  
pp. 459
Author(s):  
Edmacy Quirina de Souza ◽  
Reginaldo Santos Pereira

This article proposes a discussion about childhood, racism and its connection with the devices of know-power engendered in social relations and educational spaces. It discusses how the educational spaces produce ways of subjectivation of the children, the several ways of governing them and comply them in the norms and standards of the white culture. The prejudice and racism practices learned and internalized in the school context contribute to the constitution of a child growing under the aegis of a racist culture. From the post-structuralist theoretical framework, the study problematizes the concepts of essentialized childhood, brings to debate and reflection the truth regimes, the games of knowledge and power that surround childhood, as well as the speeches that are produced in the educational sphere and the emerging challenges to develop an anti-racist education.ResumoEste artigo propõe uma discussão sobre infância, racismo e sua conexão com os dispositivos de saber-poder engendrados nas relações sociais e nos espaços educativos. Discute como os espaços educativos produzem modos de subjetivação das crianças, as várias formas de governá-las e enquadrá-las nas normas e padrões da cultura branca. As práticas preconceituosas e racistas aprendidas e internalizadas no contexto escolar colaboram na constituição de uma criança que cresce sob a égide de uma cultura racista. A partir do referencial teórico pós-estruturalista, o estudo problematiza os conceitos de infância essencializada, traz ao debate e reflexão os regimes de verdade, os jogos de saber e poder que circundam a infância, bem como os discursos que são produzidos na esfera educacional e os desafios emergentes para constituição de uma educação antirracista.Keywords: Childhood, Power, Racism, Knowledge.Palavras-chave: Infância, Poder, Racismo, Saber.ReferencesARROYO, Miguel G. Pedagogia multirracial popular e o sistema escolar. In: GOMES, Nilma Lino. Um olhar além das fronteiras. Educação e relações raciais. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.BUJES, Maria Isabel Edelweiss. Infância e maquinarias. Rio de Janeiro: DP&A, 2002a.BUJES, Maria Isabel Edelweiss. A invenção do eu infantil: dispositivos pedagógicos em ação. Revista Brasileira de Educação, n. 21, p. 17-39, set./dez. 2002b.BUJES, Maria Isabel Edelweiss. Infância e poder: breves sugestões para uma agenda de pesquisa. 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2020 ◽  
Vol 12 (1) ◽  
Author(s):  
Andre Rezende Benatti

Este artigo tem como objetivo uma apreciação de alguns aspectos que envolvem o realismo e a violência na Literatura, para tal tomamos como objetos de estudo que nos auxiliarão na compreensão dos conceitos contos da escritora hispano-paraguaia Josefina Plá, a saber “La pierna de Severina”, “La Vitrola”, “Sisé” e “Siesta”. Para tal, nos valeremos dos estudos sobre real e o realismo de Roman Jakobson, Roland Barthes e Tânia Pellegrini, entre outros, assim como dos estudos da violência de Hannah Arendt, Xavier Crittiez e Karl Erik Schollhammer. A RENDT, Hannah. Sobre a violência. Trad. André Duarte. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.ARISTÓTELES. Poética. Tradução de: SOUZA, Eudoro de. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 209.BAKHTIN, Mikhail Mikhailovich. Cultura popular na idade média e no renascimento: o contexto de François Rabelais – 7ª edição. Trad. Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 2010.BARTHES, Roland. O efeito de real. In: _______. O rumor da língua. Trad. Mário Laranjeira. São Paulo: Cultrix, 2004. CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, 2014. CRITTIEZ, Xavier. As formas da violência. Tradução de Lara Christina de Malimpensa e Mariana Paolozzi Sérvulo da Cunha. São Paulo: Edições Loyola, 2011. GALEANO, Eduardo. Las venas abiertas de América Latina. Barcelona: Siglo Veintiuno Editores, 2011. GRAMUGLIO, Maria Teresa. El imperio realista. Tomo 6. Noé Jitrik (Dir.) Historia crítica de la literatura argentina. Buenos Aires: Emecé, 2002. GOMES, Renato Cordeiro.  Por um realismo brutal e cruel. In: MARGATO, Izabel; _______. (Org.). Novos Realismos. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012. JAKOBSON, Roman. Do realismo na arte. In: TODOROV, Tzvetan. Teoria da literatura: textos dos formalistas russos. Trad. Roberto Leal Ferreira. São Paulo: Editora UNESP, 2013. LEENHARDT, Jacques. O que se pode dizer da violência? In.: LINS, Ronaldo Lima. Violência e literatura. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1990. LINS, Ronaldo Lima. Violência e literatura. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1990. PELLEGRINI, Tânia. Realismo: modos de usar. In: Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, n.39, p. 11-17, 5 jun. 2012. PLÁ, Josefina. Cuentos completos. Miguel Ángel Fernández. Asunción (org.), Asunción: El Lector, 1996. SCHOLLHAMMER, Karl Erik. A cena do crime: violência e realismo no Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013. WELLEK, René; WARREN, Austin. Teoria da literatura. 4. ed. Lisboa: Europa-América, s.d.


1967 ◽  
Vol 34 (70) ◽  
pp. 551
Author(s):  
Heródoto Barbeiro

 Belo Horizonte foi sede, de 29 de abril a 4 de maio de 1967, do III Seminário Interuniversitário de Estudantes de História, promovido pelo Centro de Estudos Históricos da Universidade Federal de Minas Gerais, tendo comparecido 20 delegações; de São Paulo (Universidades de São Paulo, Católica, de Campinas, Faculdade de Filosofia de Lins, de Santos, de Assis, de Bauru e de Lorena), Minas Gerais (Universidades Federal e Católica de Belo Horizonte, Faculdades de Uberlândia, Uberaba, Montes Claros, Itaúna), Rio Grande do Sul (Pôrto Alegre), Paraná (Faculdades de Curitiba e Ponta Grossa), Goiás (Goiânia) e Rio de Janeiro (Niterói) . 


2020 ◽  
Vol 12 (1) ◽  
Author(s):  
Frederico Rios C. dos Santos

O presente trabalho tem o objetivo de traçar a construção histórico-sociológica do discurso socialista, entendido em sentido amplo, bem como situar o mesmo no espectro ideológico do discurso político. Para isso, lança-se mão dos pressupostos teórico-metodológicos propostos por Bobbio e Charaudeau de distinção entre esquerda e direita. A conclusão é que o discurso socialista é mais afeito ao progressismo, excetuando o discurso socialista de países que o utilizam como política de estado de manutenção autoritária do poder, como aconteceu com o stalinismo. ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 1993.BOBBIO, Norberto. Direita e Esquerda: razões e significados de uma distinção política. São Paulo: Editora Unesp, 2011.CHARAUDEAU, Patrick. Le discours politique: les masques du pouvoir. Paris: Librairie Vuibert, 2005.CHASIN, J. “Posfácio: Marx – Estatuto Ontológico e Resolução Metodológica”. In: TEIXEIRA, Francisco José Soares. Pensando com Marx: uma leitura crítico-comentada de O Capital. Editora Ensaio, 1995.DUARTE, Rodrigo. Adorno/Horkheimer & A Dialética do Esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002.GRAMSCI, Antônio. Cadernos do Cárcere. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.HEGEL, G. W. F. Fenomenologia do Espírito. Petrópolis: Vozes, 1997._______. Princípios de filosofia do Direito. São Paulo: Martins Fontes, 1992.HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo: Cia das Letras, 1995.LÊNIN, Vladimir I. Estado e Revolução. São Paulo: Boitempo, 2017.MARX, Karl. Manifesto do Partido Comunista. Porto Alegre: LP&M, 2001._______. Contribución à la critica de la economía política. In: Obras escogidas en dos tomos. Moscú: Editorial Progreso, 1966.PAZZINATO, Alceu L.; SENISE, Maria Helena V. História Moderna e Contemporânea. São Paulo: Editora Ática, 2002.QUADROS, Marcos Paulo dos Reis. O conservadorismo à brasileira: sociedade e elites políticas na contemporaneidade. 2015. 273f. Tese (Doutorado) - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Porto Alegre, 2015.REALE, Giovanni et ANTISERI, Dario. História da Filosofia: de Freud à atualidade, v. 7. São Paulo: Paulus, 2005b.SANTOS, Frederico Rios Cury dos. A retórica da guerra cultural e o parlamento brasileiro: a argumentação no impeachment de Dilma Rousseff. Tese (Doutorado em Linguística do Texto e do Discurso) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2019.WEBER, Max. Economia e Sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Vol. 2. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2004.WEFFORT, Francisco C. (org.). Os clássicos da política. Vol. 2. São Paulo: Ática, 2003.


Trama ◽  
2020 ◽  
Vol 16 (38) ◽  
Author(s):  
Eduarda Cristina LIMA ◽  
Larissa Warzocha Fernandes CRUVINEL

O objetivo deste estudo é pesquisar a relação que a contística da escritora brasileira contemporânea Cíntia Moscovich estabelece com a obra de Clarice Lispector. Para isso, será analisado o conto “O Telhado e o Violinista, de Arquitetura do arco-íris (2004), para observar como a autora trata as questões judaicas em sua obra e como é construído o diálogo que ela estabelece com o conto de Lispector, “Uma Galinha”, de Laços de Família (2009). Dessa forma, o cotejo entre os contos das duas escritoras contribuirá para a compreensão das tendências estéticas da literatura brasileira contemporânea. Como fundamentação crítico-teórica, serão convocados os estudos de Erik Karl Schøllhammer (2011), Flávio Carneiro (2005), Paloma Vidal (2013), entre outros.ReferênciasAGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo? e outros ensaios. Trad.: Vinicius Nicastro Honesko. Chapecó, SC: Argos, 2009.CARNEIRO, Flávio. No País do Presente: Ficção brasileira no início do século XXI. 1 ed. Rio de Janeiro: Rocco, 2005.CARVALHAL, Tânia Franco. Literatura Comparada. 4 ed. São Paulo: Ática, 2006.DALCASTAGNÈ, Regina (Org). Ver e Imaginar o outro: Alteridade, desigualdade, violência na literatura brasileira contemporânea. São Paulo: Horizonte, 2008.GALETI, Lúcia. O bestiário de Clarice Lispector. 2001.85f. Dissertação (Mestrado em Literatura) - Curso de Pós-Graduação em Letras do Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2001.LISPECTOR, Clarice. Laços de Família. Rio de Janeiro: Rocco, 1960.MATOS, Ana Lígia. Paisagem portátil. e-scrita – Revista do Curso de Letras – INIABEU, Nilópolis, v. 1, Número 1, Jan.-Abr. 2010.MATTÉ, Manuela. Relações intertextuais em Clarice Lispector e Cíntia Moscovich.Revista Línguas Letras – Unioeste – Vol. 15 – Nº 30 – Segundo Semestre de 2014.MOSCOVICH, Cíntia. Arquitetura do arco-íris. Rio de Janeiro: Record, 2004.OLIVEIRA, Silvanna Kelly Gomes de; Souza, Olavo Barreto de. As galinhas de Clarice: Um estudo sobre a representação da personagem “galinha” nos contos “O ovo e a galinha”, “Uma galinha” e “Uma história de tanto amor”. In: V ENLIJE, 2014, Campina Grandxe. Anais Enlije V. Campina Grande: Editora Realiza, 2014 (v.01).PADILHA, Elaine Pereira Andreatta. Memória, influência e superação na prosa de Cíntia Moscovich.127f. Mestrado em Letras —Universidade Federal do Amazonas, Manaus Biblioteca Depositária: Setorial ICHL, 2013SCHØLLHAMMER, Karl Erik. Ficção brasileira contemporânea. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.VIEIRA. Nelson H. A Expressão judaica na obra de Clarice Lispector. Rio Grande do Sul. Zero Hora, 1988.WALDMAN, Berta.Comida, família e escritura na ficção de Cíntia Moscovich. Arquivo Maaravi: Revista Digital de Estudos Judaicos da UFMG. Belo Horizonte, 2016.______ . Por linhas tortas: o judaísmo em Clarice Lispector. Arquivo Maaravi: Revista Digital de Estudos Judaicos da UFMG, Belo Horizonte, 2011.Recebido em 10-05-2019 | Aceito em 26-09-2019


Trama ◽  
2019 ◽  
Vol 15 (36) ◽  
Author(s):  
Dênis Moura de QUADROS

Ao pensarmos as obras produzidas por mulheres negras temos certa dificuldade de listá-las e ao listar precursoras como Carolina Maria de Jesus (1914-1977) e Conceição Evaristo (1946- ) constatamos que as autoras publicam no eixo Rio-São Paulo. Ao nos direcionarmos ao sul do Brasil, a lista lacunar ecoa mais ausências. Contudo, em 2016, o ponto de cultura negra “Sopapo Poético” publica sua primeira antologia de poemas Sopapo Poético: Pretessência (2016) em que dos nove organizadores, quatro são mulheres e dos dezenove poetas, dez são mulheres. Assim, recortamos quatro poetas da antologia que também a organizam: Delma Gonçalves, Fátima Farias, Lilian Rocha e Pâmela Amaro. Além do gênero e da raça, a ancestralidade lhes serve como inspiração para suas poesias resistentes.REFERÊNCIAS:AMARO, Pâmela. Pâmela Amaro. In: ROCHA, Lilian Rose Marques da. [et. al]. Sopapo poético: Pretessência. Porto Alegre: Libretos, 2016. P. 159-167.CARNEIRO, Sueli. Enegrecer o feminismo: A situação da mulher negra na América Latina a partir de uma perspectiva de gênero. 2011. Disponível em https://www.geledes.org.br/enegrecer-o-feminismo-situacao-da-mulher-negra-na-america-latina-partir-de-uma-perspectiva-de-genero/ Acesso em 10/04/2019.FONTOURA, Pâmela Âmaro; SALOM, Júlio Souto; TETTAMANZY, Ana Lúcia Liberato. Sopapo Poético: Sarau de poesia negra no extremo sul do Brasil. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, n. 49, p. 153-181, set./dez. 2016.EVARISTO, Conceição. Gênero e etnia: uma escre (vivência) de dupla face. In: MOREIRA, Nadilza Martins de Barros; SCHNEIDER, Liane (Org). Mulheres no mundo: etnia, marginalidade e diáspora. João Pessoa: Ideia, 2005, p. 201-212.FARIAS, Fátima. Fátima Farias. In: ROCHA, Lilian Rose Marques da. [et. al]. Sopapo poético: Pretessência. Porto Alegre: Libretos, 2016. P. 46-61.GOMES, Heloísa Toller. “Visíveis e invisíveis grades”: Vozes de mulheres na escrita afrodescendente contemporânea. Caderno Espaço Feminino. Uberlândia: Ed. UFU, v. 12, n. 15, p.13-26, 2004.GONÇALVES, Delma. Delma Gonçalves. In: ROCHA, Lilian Rose Marques da. [et. al]. Sopapo poético: Pretessência. Porto Alegre: Libretos, 2016. P.22-34.RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? Belo Horizonte: Letramento: Justificando, 2017. (Feminismos Plurais)ROCHA, Lilian Rose Marques da. [et. al]. Sopapo poético: Pretessência. Porto Alegre: Libretos, 2016.ROCHA, Lilian. Lilian Rose Marques da Rocha. In: ROCHA, Lilian Rose Marques da. [et. al]. Sopapo poético: Pretessência. Porto Alegre: Libretos, 2016. P.116-125.SANTIAGO, Ana Rita. Vozes literárias de escritoras negras. Cruz das Almas: Ed. UFRB, 2012.SANTOS, Mirian Cristina dos. Prosa negro-brasileira contemporânea. 2018. 180f. Tese (Doutorado em Letras)- Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2018.SPIVAK, Gayatri. Quem reivindica alteridade? In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de. Tendências e impasses: O feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.SPIVAK, Gayatri. Pode o subalterno falar? Trad. Sandra Regina Goullart Almeida, Marcos Pereira Feitosa, André Pereira Feitosa. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2010.ENVIADO EM 03-05-19 | ACEITO EM 24-07-19


2020 ◽  
Vol 12 (1) ◽  
Author(s):  
Jaqueline Silva Moreto Cabral ◽  
Yuri Batista ◽  
Eduardo Lopes Piris

A preocupação em formar indivíduos competentes e autônomos, capazes de atuar nos diferentes campos e ocupar diversas posições frente aos discursos correntes na sociedade, tem colaborado para o surgimento de pesquisas voltadas ao ensino que privilegie práticas de letramento. A partir dessas considerações, esse artigo tem como objetivo discorrer sobre o conceito de letramento junto às práticas sociais, refletindo acerca das possibilidades do letramento literomusical na escola. Para este fim, propomos a análise do corpus constituído a partir das atividades sobre o gênero discursivo canção apresentadas por uma coleção didática de língua portuguesa para os anos finais do ensino fundamental, a saber, Português: Linguagens, aprovada pelo PNLD/2017 e adotada pelas escolas da rede pública municipal de Pinheiros/ES. De modo geral, a reflexão fundamenta-se nos conceitos de letramento (SOARES, 2000 [1998]), letramentos múltiplos (ROJO, 2009), letramento literomusical (COELHO DE SOUZA, 2014; 2015). Por sua vez, a análise do livro didático e das canções didatizadas apoia-se na perspectiva dialógica da linguagem (VOLOCHINOV, 2017 [1929]) e na concepção de gêneros do discurso (BAKHTIN, 2016 [1952-1953]). Os resultados alcançados indicam que a canção como objeto de ensino no livro didático não favorece o letramento literomusical, pois negligencia a linguagem musical e as práticas sociais que envolvem o gênero canção, limitando a canção a uma tarefa escolar tradicional. BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. Organização, tradução, posfácio e notas de Paulo Bezerra; notas de edição russa de Serguei Botcharov. São Paulo: Editora 34, 2016 [1952-1953]._______. Estética da criação verbal. Introdução e tradução do russo Paulo Bezerra; prefácio à edição francesa Tzvetan Todorov. 4. ed. 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2019 ◽  
Vol 13 (1) ◽  
pp. 260
Author(s):  
Edmacy Quirina de Souza ◽  
Nilson Fernandes Dinis

This article aims to analyze how ethnic-racial differences constitute the organization of spaces and educational environments from the imagery practices that adorn the school spaces. We propose to analyze the concepts of biopower and racism, relating them to the images collected in the researched institutions, reflecting how the images materialize and express racist discourses, propagating whitening and valuing Eurocentric culture. These images constitute panels, photos, engravings and drawings which make up the geography of the school. The investigative work was based on the theoretical and epistemological principles of the post-structuralist qualitative approach. Through the analyzed discursive materialities, the readings of the imagery texts exhibited in the school context are processed. The images were recorded in twelve institutions of early childhood education in the years of 2013 and 2014 in the municipality of Itapetinga, a city located in the Southwest region of Bahia. The results of this study point to the need to invest in the formative processes of teachers who care for and educate children in the institutions of early childhood education, in view of the re-dimensioning of their action regarding ethnic-racial issues.ResumoEste artigo tem como objetivo analisar como as diferenças étnico-raciais se constituem na organização dos espaços e ambientes educativos a partir das práticas imagéticas que ornamentam os espaços escolares. Propomos analisar os conceitos de biopoder e racismo, relacionando-os às imagens coletadas nas instituições pesquisadas, refletindo como as imagens materializam e expressam discursos racistas, de propagação do branqueamento e valorização da cultura eurocêntrica. Estas imagens constituem-se em painéis, fotos, gravura e desenhos que compõem a geografia da escola. O trabalho investigativo se deu a partir dos princípios teóricos e epistemológicos da abordagem qualitativa de base pós--estruturalista. Por meio das materialidades discursivas analisadas se processam as leituras dos textos imagéticos exibidos no contexto escolar. As imagens foram registradas em doze instituições de educação infantil nos anos de 2013 e 2014 no município de Itapetinga, cidade situada na região Sudoeste da Bahia. Os resultados desse estudo apontam para a necessidade de investimento nos processos formativos dos docentes que cuidam e educam crianças nas instituições de educação infantil, tendo em vista o redimensionamento de suas ação referente às questões étnico-raciais.Keywords: Childhood, Ethnic-racial relations, Racism, Biopower.Palavras-chave: Infância, Relações étnico-raciais, Racismo, Biopoder.ReferencesABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes: 2000.ARAÚJO, Inês Lacerda. Do signo ao discurso: introdução à filosofia da linguagem. São Paulo: Parábola Editorial, 2004.CASTRO, Edgardo. Vocabulário de Foucault: um percurso pelos seus temas, conceitos e autores. 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2016 ◽  
Vol 8 (15) ◽  
pp. 157-173
Author(s):  
Samuel da Silva Alves ◽  
Cleusa Maria Gomes Graebin

Neste trabalho, analisa-se um discurso  de Leonel de Moura Brizola, proferido em evento organizado por acadêmicos da Faculdade de Ciência Política e Econômica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em meados de 1961, momento em que ocupava o cargo de governador do Estado. Os objetivos da pesquisa, em fase exploratória, são: levantar e analisar fontes que se constituam como suporte da visão do Governador Brizola sobre a marginalização da economia sul-rio-grandense em meio ao cenário brasileiro e a centralização do processo de industrialização no eixo São Paulo-Rio de Janeiro-Belo Horizonte. Para a análise, foram mobilizadas duas categorias do campo da Análise do Discurso, a partir da abordagem de Eni Orlandi, a saber: as condições de produção e o interdiscurso. 


2016 ◽  
Vol 14 (2) ◽  
Author(s):  
Lina Faria

Introdução: Em função de uma trajetória profissional curativa e reabilitadora, os fisioterapeutas encontram-se frente ao desafio da adaptação de sua formação curricular para atender às novas demandas da saúde pública brasileira. Objetivo: Verificar a necessidade de adequação das grades curriculares dos cursos de fisioterapia aos propósitos das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) na formação de profissionais fisioterapeutas com perfil humanista e generalista. Material e métodos: Foram analisadas 33 grades curriculares de cursos de fisioterapia, reconhecidos pelo MEC, nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, para verificar se os conteúdos programáticos atendem às mudanças preconizadas. Resultados: Em treze cursos o modelo de ensino ainda é o tradicional, tendo como referência o “saber técnico”. Nove cursos buscam se adaptar às propostas das Diretrizes. Onze integram disciplinas e estágios supervisionados que atendem às mudanças. Conclusão: Os projetos pedagógicos revelam a necessidade de mudanças na educação, de modo que o processo de formação se paute por uma atuação com foco na prevenção e promoção da saúde.Palavras-chave: atenção primária à saude, educação em saúde, prática profissional, classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde.


2018 ◽  
Vol 10 (1) ◽  
pp. 9-31
Author(s):  
Arivaldo Sezyshta

Resumo: Este artigo tem por objeto apresentar a Filosofia Política Crítica da Libertação em Enrique Dussel, analisando sua gênese e evolução e mostrando a influência decisiva da filosofia da práxis de Karl Marx para esse pensamento, em especial a partir do conceito de exterioridade, entendida como sendo o âmbito onde o outro se revela, onde permanece livre em seu ser distinto. A exterioridade, precisamente, é tida pela Filosofia da Libertação como a categoria principal do legado marxiano e pressuposto teórico fundamental, que viabiliza o discurso de Dussel, sobretudo na opção radical pela vítima, marca de seu pensamento filosófico. Mediante isso, aqui se assume a tese de que há em Dussel uma parcialidade pela vítima: seu pensamento está construído, propositalmente, em favor da vítima. O esforço deste trabalho é o de mostrar que a opção pela vítima será o fio condutor de todo seu pensar, o que cobra da Filosofia da Libertação uma pretensão crítica de pensamento, fazendo com que o labor filosófico seja desafiado e provocado pela necessidade real de auxiliar a vítima, exigência do povo latino-americano em seu caminho de libertação. Em termos de resultado, para além da importância atual do pensamento marxiano para a compreensão da realidade e a crítica ao capitalismo, ressalta-se a relevância teórico-prática do pensamento dusseliano para a Filosofia Política como um todo, pelas suas contribuições no cenário contemporâneo, pela coragem em apontar em direção a outra sociedade, trans-moderna e transcapitalista, já em curso nas práticas coletivas de Bem Viver.Palavras-chaves: Filosofia. Libertação. Enrique Dussel. Bem Viver. Abstract: This article aims to present the Critical Political Philosophy of Liberation in Enrique Dussel, analysing its genesis and evolution and showing the decisive influence of Karl Marx’s philosophy to his thought. Especially from his concept of exteriority, understood as being the space where the other reveals itself, where it remains free in its distinct being. The Externality, precisely, is considered by the Philosophy of Liberation as the main category of the Marxian legacy. It is the fundamental theoretical presupposition, which makes Dussel's speech possible, mainly in the radical choice for the victim, the hallmark of his philosophical thought. Hereby the assumption is made that there is in Dussel a partiality for the victim: his thought is purposely constructed in favour of the victim. The effort of this work is to show that the option for the victim will be the guiding thread of all his thinking, which demands from the Philosophy of Liberation a critical pretension of thought. Thus, causing the philosophical work to be challenged and provoked by the real need to help the victim, the demand of the Latin American people in their way of liberation. In addition to the current importance of Marxian thought for the understanding of reality and the critique of capitalism, the theoreticalpractical relevance of Dusselian thought for Political Philosophy as a whole is emphasized by its contributions in the contemporary scenario, by the courage to point towards another society, trans-modern and transcapitalist, already under way in the collective practices of Well Living.Keywords: Philosophy. Release. Enrique Dussel. Well living. REFERÊNCIAS   ACOSTA, Alberto. O Bem Viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. 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