A democracia moderna, da forma que está estruturada, a se valer das superestruturas dos Estados modernos, enfrenta crises sistemáticas e espera superá-las. Entretanto, é possível pensar que os esforços para consertar o Estado Moderno são tautológicos porque, a partir do modelo democrático liberal, não se logrará atingir a essência do problema, pois a estrutura da forma política contemporânea se funda, exatamente, em suas contradições. Há, portanto, um paradoxo fundante e insuperável no modelo estruturante da democracia moderna e do Estado moderno. O que seria, portanto, esse paradoxo fundante? É o fato de que o Estado moderno se organiza a partir de uma alienação política resultante da separação entre Estado político e sociedade civil. Neste artigo, buscar-se-á demonstrar que essa estrutura, essencial para reprodução capitalista, é alienante em sua forma, em sua estrutura, não sendo suficiente para uma verdadeira democracia. Para tanto, o artigo valer-se-á de algumas obras de Karl Marx, como Crítica à filosofia do direito de Hegel, Glosas críticas ao artigo “O rei da Prússia e a reforma social’, 18 de brumário de Luís Bonaparte e Sobre a questão judaica e, por outro lado, de escritos literários de Franz Kafka, como O Processo, Sobre a questão das leis, O Castelo e Um relatório para academia.