scholarly journals Incidência de Anaplasma marginale, Babesia bigemina e Babesia bovis em bezerros no semiárido paraibano

2018 ◽  
Vol 38 (4) ◽  
pp. 605-612 ◽  
Author(s):  
Valéria M.M. Costa ◽  
Múcio Flávio B. Ribeiro ◽  
Giuliana A.F.P. Duarte ◽  
João Fábio Soares ◽  
Sergio S. Azevedo ◽  
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RESUMO: Este estudo avaliou a incidência de infecções naturais pelos agentes da tristeza parasitária bovina (TPB), Anaplasma marginale, Babesia bovis e Babesia bigemina, em bezerros nascidos em cinco fazendas do semiárido paraibano. Em cada fazenda, foram coletadas amostras de sangue de 6 a 14 bezerros a cada 14 dias durante os primeiros 12 meses de vida de cada animal. As amostras de sangue foram processadas por microhematócrito e testadas por PCR para detecção de DNA de A. marginale, B. bovis e B. bigemina. Em paralelo, foram quantificadas as infestações por carrapatos nos bovinos nas cinco fazendas, assim como as populações de tabanídeos em três fazendas. De 41 bezerros monitorados durante o primeiro ano de vida, 25 (61,0%) apresentaram PCR positivo para A. marginale, 7 (17,1%) para B. bigemina e 3 (7,3%) para B. bovis. Os valores de incidência da infecção por A. marginale variaram de 83,3% a 100% em quatro fazendas. A infecção por B. bigemina ocorreu em bezerros de apenas duas fazendas (incidências de 12,5% e 85,7%) e a por B. bovis em apenas uma (incidência de 42,8%). Em uma fazenda os 14 bezerros permaneceram negativos para A. marginale, B. bigemina e B. bovis durante os 12 meses de acompanhamento. Os resultados de PCR foram confirmados por sequenciamento de DNA de produtos amplificados. A presença de carrapatos Rhipicephalus (Boophilus) microplus foi verificada somente em duas propriedades, nas quais houve infecção por A. marginale, B. bigemina e B. bovis (este último agente em apenas uma delas). Foram capturados 930 tabanídeos no estudo, a maioria durante os períodos de chuvas na região; 70,7% dos tabanídeos corresponderam a Tabanus claripennis. Houve associação significativa entre PCR positivo para A. marginale ou B. bigemina e menores valores de hematócrito. Este estudo demonstra que, mesmo avaliando apenas cinco propriedades rurais, a incidência dos agentes da TPB ocorreu de forma heterogênea na região, corroborando o status de área de instabilidade enzoótica para TPB previamente relatado para o semiárido paraibano.

2021 ◽  
Vol 10 (6) ◽  
pp. e58010616148
Author(s):  
Mariah Oliveira Costa ◽  
Monique Resende Carvalho ◽  
Lianna Ghisi Gomes ◽  
Matias Bassinello Stocco ◽  
Paulo Roberto Spiller ◽  
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Este artigo apresenta os principais desafios do complexo da Tristeza Parasitária Bovina (TPB), a partir de revisão literária sobre o tema. A TPB é um complexo de enfermidades causadas pelos protozoários Babesia bovis e Babesia bigemina combinados com a bactéria Anaplasma marginale, os quais são transmitidos pelo vetor Rhipicephalus (Boophilus) microplus (carrapato-do-boi) ao seu hospedeiro bovino, impactando negativamente a saúde do animal e acarretando milhões de prejuízos à economia rural, seja no combate e controle do parasito, ou em gastos com medicamentos, de acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), e do IBGE. Os principais métodos de controle e tratamento às doenças causadas por B. bovis, B. bigemina e A. marginale, atualmente, se resumem no combate ao vetor com aplicação de produtos químicos, como os acaricidas, aos animais contaminados. Entretanto, os desafios desse método residem na prática de aplicação em sequência e com frequência desses produtos químicos na população bovina, o que provoca, geralmente, a configuração de carrapatos multirresistentes aos agentes químicos. Diversos estudos têm mostrado pequenos resultados com tratamentos homeopáticos e rotação de pastagem, tratamentos alternativos para o combate ao parasito Rhipicephalus microplus. Em 2020, o MAPA lançou obra orientativa com a metodologia Tratamento Bovino Seletivo (TBS), cujo objetivo é acompanhar caso a caso a população bovina contaminada para se fazer o processo seletivo dos animais, de modo que os animais doentes são tratados. Para garantir êxito, oferece-se o Programa de Controle Seletivo do Carrapato Bovino (PCSCB), criado pela Universidade Federal do Paraná.


2020 ◽  
Vol 13 (1) ◽  
Author(s):  
Amira AL-Hosary ◽  
Cristian Răileanu ◽  
Oliver Tauchmann ◽  
Susanne Fischer ◽  
Ard M. Nijhof ◽  
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Abstract Background Anaplasma marginale is an obligate intracellular bacterium and the main cause of bovine anaplasmosis in tropical and subtropical regions. In Egypt, data regarding the prevalence of A. marginale in ruminant hosts and of the circulating genotypes is lacking. This study therefore aimed to (i) investigate the presence, epidemiology and genotypes of A. marginale in cattle and buffaloes in Egypt, (ii) to evaluate suitable diagnostic tools and (iii) to identify co-infections of A. marginale with other selected tick-borne pathogens. Methods Blood samples were collected from 394 animals (309 cattle and 85 buffaloes) from three different areas in Egypt. For the detection of A. marginale infection, several tests were compared for their sensitivity and specificity: blood smear analysis, enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA), PCR, real-time PCR and reverse line blot (RLB) assay. Co-infections with A. marginale, piroplasms and other Anaplasmataceae were surveyed by RLB while A. marginale genotypes were identified by amplifying and sequencing the partial msp1α gene. Results Anaplasma marginale DNA was amplified by qPCR in 68.3% of cattle and 29.4% of buffaloes. RLB showed infection with A. marginale in 50.2% of cattle and 42.5% of buffaloes. Blood smear analysis detected this agent in 16.2% of cattle and 2.4% of buffaloes. ELISA showed specific antibodies against A. marginale in 54.9% of cattle. Anaplasma marginale was associated, in cattle and buffaloes, with several tick-borne pathogens (Theileria annulata, Babesia bovis, Babesia bigemina, Babesia occultans and Anaplasma platys). A significant difference of A. marginale infection level was noticed in cattle, where animals between 3–5-years-old had a higher prevalence (79.2%) compared to those older than 5 years (36.4%) and younger than 3 years (59.7%) and one year (64.5%), respectively (P = 0.002281). Microsatellite analysis identified 15 different genotypes. Conclusions The epidemiological findings revealed high prevalence of A. marginale in cattle and buffaloes in all the investigated areas. The circulation of diverse genotypes was observed, most of these A. marginale genotypes being specific for Egypt. The qPCR assay was confirmed to be the most sensitive tool for detection of A. marginale in cattle and buffaloes even in the carrier state, highlighting the importance of using suitable diagnostic tests.


Author(s):  
I. Smeenk ◽  
P.J. Kelly ◽  
K. Wray ◽  
G. Musuka ◽  
A.J. Trees ◽  
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From blood collected from 94 cattle at 12 locations in the eastern and northeastern areas of Zimbabwe, DNA was extracted and analysed by polymerase chain reaction with primers previously reported to be specific for Babesia bigemina and Babesia bovis. Overall, DNA of Babesia bigemina was detected in the blood of 33/94 (35 %) cattle and DNA from B. bovis was detected in 27/58 (47 %) of cattle. The prevalence of DNA of B. bigemina was significantly higher in young animals (<2 years) (23/46) than in animals over 2 years of age (10/48; (chi)2 = 8.77; P < 0.01 %). Although tick sampling was not thorough, Boophilus decoloratus could be collected at 7/9 sites sampled and Boophilus microplus at 4/9 sites. Of the 20 B. decoloratus allowed to oviposit before PCR analysis, 1 (5 %) contained DNA that could be amplified with primers for B. bigemina while 12 (60 %) were positive with primers for B. bovis. Of the B. microplus allowed to oviposit, 11/16 (69 %) were positive for B. bovis DNAby PCR and 2/16 (12 %) were positive for B. bigemina.


2001 ◽  
Vol 31 (5) ◽  
pp. 849-855 ◽  
Author(s):  
Ana Maria Sastre Sacco ◽  
Raul Henrique Kessler ◽  
Cláudio Roberto Madruga

Neste trabalho foram avaliadas cepas atenuadas de Babesia bovis e B. bigemina e Anaplasma centrale como imunógenos a serem utilizados no controle da Tristeza Parasitária Bovina. O processo de imunização demonstrou ser inócuo, imunogênico e eficiente, pelo menos no que diz respeito às babesias, pois protegeu os animais vacinados frente ao desafio com cepas heterólogas virulentas a campo, que provocou doença clínica e morte nos animais do grupo controle. O desafio a campo pelo Anaplasma marginale não se mostrou muito virulento ou patogênico, não sendo possível concluir que a imunização com A. centrale proteja os animais contra anaplasmose.


2006 ◽  
Vol 26 (4) ◽  
pp. 237-242 ◽  
Author(s):  
Milton Begeres de Almeida ◽  
Fábio Py Tortelli ◽  
Beatriz Riet-Correa ◽  
João Luiz Montiel Ferreira ◽  
Mauro P. Soares ◽  
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Foi realizado um estudo retrospectivo dos casos de tristeza parasitária bovina (TPB) ocorridos no sul do Rio Grande do Sul, área de influência do Laboratório Regional de Diagnóstico (LRD) da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal de Pelotas entre 1978 e 2005. De um total de 4.884 materiais de bovinos provenientes de necropsias realizadas e órgãos ou sangue enviados ao laboratório 231 (4,7%) tiveram o diagnóstico de TPB. Desses 231 surtos foram resgatados os dados de 221 diagnósticos dos quais 91 (41,1%) foram causados por Babesia bovis, 11 (4,9%) por Babesia bigemina, e 65 (29,41%) por Anaplasma marginale. Em outros 33 (14,93%) surtos de babesiose não foi informada a espécie de Babesia e em 21 (9,5%) surtos foi detectada infecção mista por Babesia sp e A. marginale. Os índices gerais médios de morbidade, mortalidade e letalidade, resgatados em 149 dos 221 surtos da doença, foram de 11,17%, 6,81% e 70,04%, respectivamente. Verificou-se que, na região estudada, a maioria dos surtos ocorre durante os meses de verão e outono, e que os animais com um a três anos de idade são os mais afetados. Os sinais clínicos nos surtos caracterizaram-se por apatia, orelhas caídas, debilidade, febre, anorexia e emagrecimento. Os valores de hematócrito eram baixos. Hemoglobinúria foi frequentemente observada nos casos de babesiose. Sinais neurológicos estavam presentes nos casos de babesiose por B. bovis e se caracterizaram por transtornos da locomoção, tremores musculares, agressividade e quedas com movimentos de pedalagem. As lesões macroscópicas principais relatadas nos casos de babesiose foram esplenomegalia, hepatomegalia, fígado amarelo, hemoglobinúria, icterícia, hemorragias cardíacas e bile espessa. Congestão do córtex cerebral foi relatada nos casos de babesiose por B. bovis. Nesta região, com população de bovinos de aproximadamente 2.630.000 cabeças as perdas anuais por morte de bovinos pela enfermidade podem ser estimadas em 6.220 cabeças por ano representando um prejuízo econômico anual aproximado de R$3.732.000,00 evidenciando a necessidade de medidas preventivas que evitem a exposição de animais desprote-gidos aos agentes da TPB.


2007 ◽  
Vol 16 (3) ◽  
pp. 163-165 ◽  
Author(s):  
Rosângela A. Da Silva ◽  
Fabíola Do N. Corrêa ◽  
Rita De Cássia C.M. Botteon ◽  
Paulo De Tarso L. Botteon

O complexo Tristeza Parasitária acarreta grandes prejuízos à pecuária bovina nacional. Os principais agentes etiológicos são Babesia bigemina, B. bovis e Anaplasma marginale, sendo o carrapato Boophilus microplus o principal vetor. Este trabalho relata a ocorrência de infecção natural por hemoparasitos da tristeza parasitária bovina em 36 bezerros com alta infestação natural por carrapatos e submetidos à quimioprofilaxia aos 30 dias de idade. Babesia bigemina (33,3%), B. bovis (11,1%) e A. marginale (13,9%) foram detectados em esfregaços sangüíneos de 16 animais (44,4%) de diferentes idades. Seis bezerros apresentaram sintomas (16,7%) e um morreu (2,8%). O número de casos clínicos foi decorrente de uma associação de fatores, destacando-se a alta infestação precoce por carrapatos e a baixa imunidade passiva em período em que os bezerros ainda não haviam desenvolvido imunidade ativa suficiente.


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