scholarly journals Educação de Surdos e Proposta Bilíngue: ativação de novos saberes sob a ótica da filosofia da diferença

2016 ◽  
Vol 41 (3) ◽  
pp. 713-729 ◽  
Author(s):  
Vanessa Regina de Oliveira Martins

Resumo: O presente trabalho objetiva travar um diálogo entre filosofia francesa e surdez, a partir dos constructos dos autores Gilles Deleuze, Félix Guattari e Michel Foucault, no que tange a ação conceitual e criativa da filosofia da diferença. Tal perspectiva se mostra propulsora de um pensamento militante e potente para compor novas práticas na educação de surdos. Problematiza-se a educação inclusiva e os discursos sobre a surdez pautados na lógica da mesmidade que apaga a diferença surda. Como alçar possibilidades de inscrição da surdez em outra lógica? Como sugestão, seria no incômodo de não se fazer igual, de não reparar seu corpo por meio de técnicas ortopédicas, mas de se recriar, reativando outros saberes, numa ética de se fazer singular. Nessa via, emerge a resistência surda, sendo efetivada por meio de formas outras de exercício e afirmação da vida. É pela enunciação da diferença linguística e pela visualidade conferida à experiência ímpar da não audição que tem se marcado a petição de uma educação bilíngue (no Brasil): língua brasileira de sinais (Libras) e língua portuguesa.

2019 ◽  
Vol 2 (35) ◽  
pp. 22-32
Author(s):  
André Vinícius Nascimento Araújo

As representações conformam-nos a certos modos de ver, de sentir e de enunciar que são perspectivas fechadas de nossas experiências estéticas e políticas. Sendo assim, se elas tornam restritas as nossas maneiras de se relacionar com os acontecimentos, é possível pensar para além das representações? Colocamos tal questão no horizonte da leitura de pensadores como Friedrich Nietzsche, Gilles Deleuze, Michel Foucault e Jacques Rancière. Porém, nosso foco incide sobre a crítica ao paradigma representativo, apresentada em alguns momentos distintos da obra de Deleuze, inclusive daquela que escreve junto com Félix Guattari, quando trata da questão da rostidade. Pretendemos, primeiramente, abordar aquele que para Nietzsche não é senão o maior de todos os acontecimentos a se dar na existência humana: a morte de Deus. Acontecimento que implica uma cisão nos modos tradicionais de pensar, subsumidos a representações morais e metafísicas da existência. De que maneira a morte de Deus será o horizonte de sentido para um modo de pensar, tanto em Deleuze, quanto em Foucault, que considera as coisas e as representações que fazemos delas, como interpretações de um certo jogo de forças e de subjetivação? Por último, poderemos avaliar a partir do conceito rancièriano de partilha do sensível, como encontramos em Deleuze uma prática do pensamento que busca escapar de uma distribuição sedentária do sensível e do político quando este se restringe ao paradigma das representações.


2017 ◽  
Vol 16 (3) ◽  
pp. 45
Author(s):  
Pedro Henrique Lucas Costa ◽  
Caio César Souza Camargo Próchno

Tendo como pressuposto uma concepção histórico-cultural do corpo, no qual se entende que ele é efeito de jogos de poderes e saberes historicamente situados, assim como os processos de subjetivação adjacentes a tal corporeidade, fomos provocados pela questão de como o corpo é explorado e exaurido ao ponto de se tornar um dejeto. Tomamo-lo por corpo-lixo, conceito do qual partirmos para a jornada investigativa e que foi o combustível deste trabalho de pesquisa. Calcados nas premissas da pesquisa cartográfica, procuramos acompanhar o processo de “dejetificação” do corpo, mergulhando e afetando-nos pelas produções culturais contemporâneas, conforme representado nas manifestações midiáticas (sejam elas de cunho jornalístico-publicitário, seja voltadas para o entretenimento) e nas artes (dentre elas o cinema,  a literatura e o teatro). Adotamos a esquizoanálise como principal referencial teórico e, por esse motivo, além de nos debruçarmos nas obras de Gilles Deleuze e Félix Guattari, compomos e decompomos com construtos teóricos de diversas áreas, como a psicologia, a história, a sociologia e a própria filosofia, tendo também Michel Foucault como um importante companheiro de viagem. Reconhecendo o corpo como um processo histórico metamorfoseante, e não meramente uma entidade biológica imutável, realizamos um apanhado histórico de como os exercícios de poder atravessaram os corpos ao longo dos tempos para evidenciar o percurso pelo qual se consolidaram as formas atuais de se abordar o corpo e que, porventura, o leva à sua dejetificação. O aspecto mais relevante deste trabalho cartográfico foi a busca por possibilidades inventivas a partir da suposta condição abjeta, evidenciando a potência e as composições de forças que levam o corpo-lixo à condição de corpo-potente.


2021 ◽  
Vol 3 (16) ◽  
pp. 23-42
Author(s):  
Luciana Ferrari Gouvêa ◽  
Leonardo Lemos de Souza

Este artigo tem por objetivo problematizar aspectos relevantes do SUS, da saúde da população LGBTQIA+ e discutir a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (PNSI-LGBT[1]), instituída em 2011 pela Portaria nº 2.836, com o objetivo de promover a saúde integral dessa população, na tentativa de eliminar o preconceito e reduzir as desigualdades no atendimento à saúde. Utilizaremos como ferramenta metodológica a Genealogia Cartográfica (LEMOS et al, 2015), a qual sugere a aproximação e complementaridade dos conceitos de genealogia e cartografia propostos, respectivamente, por Michel Foucault, Gilles Deleuze e Félix Guattari, com a intenção de trabalharmos com novas maneiras de se fazer pesquisa em Psicologia e outros saberes. Faz-se necessário o acolhimento desta população nos serviços de saúde de modo a propiciar maiores vínculos de acesso, legitimação da aplicabilidade da PNSI-LGBT e pela luta da garantia de direitos a saúde integral, bem como atendimento igualitário para os LGBTQIA+[2].[1] Para facilitar a leitura, utilizaremos a sigla PNSI-LGBT para referenciar a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais.[2] No momento da elaboração e efetivação da referida Política, o termo LGBTQIA+ não era comumente utilizado. Utilizaremos o termo LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) quando nos referirmos ao nome da Política. Nas demais referências utilizaremos o termo LGBTIQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Intersexos, Queer, Assexuais e outros) para contemplar as diversas orientações sexuais e identidades de gênero.


2008 ◽  
Vol 6 (3) ◽  
pp. 443-456 ◽  
Author(s):  
Ricardo Burg Ceccim ◽  
Alcindo Antônio Ferla

O artigo procura construir, a partir de uma memória da Reforma Sanitária Brasileira e de aproximações entre as áreas científicas da Educação e da Saúde, uma micropercepção (matéria para o pensar, aprender, conhecer) emergência de um domínio de conhecimento designado por Educação e Ensino da Saúde. Esse domínio emergente estaria bastante associado invenção da Saúde Coletiva, no campo científico da saúde, e com à invenção do Controle Social em Saúde, no campo da intervenção política nesse setor. O novo domínio de conhecimento seria caracterizado por uma implicação singular do ensino com a cidadania, permitindo a travessia de fronteiras entre educação e saúde pela via da educação permanente em saúde. Os temas do ensino e da cidadania são problematizados com o auxílio explícito ou não (via seus leitores) de alguns pensadores da filosofia e do contemporâneo, como Michel Foucault, Michel Serres, Gilles Deleuze, Félix Guattari, Francisco Varela, Humberto Maturana e Ilya Prigogine.


2018 ◽  
Vol 23 (1) ◽  
pp. 243-273
Author(s):  
Edson Luis de Almeida Teles

O objetivo deste artigo é refletir sobre o modo como as lutas locais e suas movimentações em torno do discurso dos direitos humanos podem ser alçadas à condição de ação política. Trata-se da tentativa de ampliar o conceito de política tendo em vista a potência de transformação contida nos coletivos de subjetividades portadoras de experiências comuns de violência e sofrimento. Fazendo uso do conceito de quilombo, em Beatriz Nascimento, buscaremos fundamentar o alargamento da ideia de política a partir de duas configurações: a disputa por territórios e a conectividade entre saberes específicos e menores oriundos das lutas. Para tanto, cotejaremos o pensamento da autora com a filosofia contemporânea de Michel Foucault, Gilles Deleuze e Félix Guattari. Nossa hipótese é a de que o conceito de ação política demandaria um alargamento em sua formulação de modo a abranger as variadas e singulares formas de resistência cotidianas.


2019 ◽  
Vol 10 ◽  
pp. e019017
Author(s):  
Sandra Kretli da Silva ◽  
Priscila dos Santos Moreira ◽  
Nathan Moretto Guzzo Fernandes

O artigo é decorrente de uma pesquisa maior cujo objetivo é cartografar práticas discursivas sobre currículo da comunidade acadêmico-científica vinculadas às associações do campo e propagadas no periódico internacional Transnacional Curriculum Inquiry (TCI) e nos dossiês organizados pela Associação Brasileira de Currículo (ABdC) publicados nas revistas nacionais Currículo sem Fronteiras, e-Curriculum e Teias. Problematiza as vinculações institucionais dos autores que publicaram na TCI e nos dossiês da ABdC, a partir do diálogo com Gilles Deleuze, Félix Guattari e Michel Foucault entre agenciamentos coletivos de enunciação que desenham territórios. Evidencia o pensamento-diferença e propaga a ampliação dos espaços de abertura para publicação das pesquisas produzidas por autores vinculados a diferentes instituições e a participação de outras associações e entidades internacionais, com vistas à expansão das conexões nos periódicos do campo curricular.


2011 ◽  
pp. 15-33
Author(s):  
François Dosse

Nous sommes sortis d’une conception linéaire de la temporalité. Le « futur du passé » théorisé par Koselleck nous invite à penser un nouveau régime d’historicité. La conjoncture de double dévitalisation du cadre de l’État jacobin, par une poussée décentralisatrice et par l’affirmation d’un cadre européen de décisions, contribue aussi à une dissociation progressive de l’histoire et de la mémoire. C’est de l’intérieur même de cette fracture, de cette discontinuité, qu’est née une nouvelle conscience historiographique sur la base d’une problématisation possible de la mémoire par l’histoire et de l’histoire par la mémoire. Trois philosophes, au-delà de leurs divergences, nous aident à penser notre nouveau rapport à la temporalité en montrant l’importance de l’événement conçu non plus comme une écume extérieure et source d’événementialisme, mais comme intensité événementiale : Paul Ricceur, Michel Foucault et Gilles Deleuze avec Félix Guattari.


2021 ◽  
pp. 1-18
Author(s):  
Cristian Enrique Cisternas Cruz

En este artículo proponemos que en la obra literaria de Jorge Luis Borges existe una preocupación por los fines y los límites del tiempo, que ha sido abordada, desde diversos enfoques teórico-metodológicos, por sus comentadores. Este preocupación incide notablemente en el desarrollo estilístico y en el interés temático posibles de advertir en la escritura de Borges. El propósito de este artículo es iluminar las vías de orientación que genera su escritura literaria en pensadores tales como Maurice Blanchot, Michel Foucault, Gilles Deleuze y Félix Guattari. El diálogo entre literatura y filosofía es, consecuentemente, clave en este artículo, que pretende además, a partir de una serie de ejemplos de la escritura narrativa y ensayística del escritor argentino, re-instalar la preocupación por el tiempo  dentro del marco de la reflexión sobre la escritura borgeana


2021 ◽  
Vol 7 (29) ◽  
Author(s):  
Thainan Piuco ◽  
Roberta de Pinho Silveira ◽  
Cristian Poletti Mossi ◽  
Cristianne Maria Famer Rocha
Keyword(s):  

O artigo apresenta diferentes modos (ou possibilidades) de se produzir pesquisas no campo da saúde e da educação, a partir de autores do campo da filosofia francesa contemporânea, em particular Michel Foucault, Gilles Deleuze e Étienne Souriau. Nossa intenção foi, ao relatar as experiências de pesquisa vividas (e em processo), apontar para a multiplicidade como potência de novas práticas de cuidado, seja na saúde ou na educação (focos desse texto), assim como novos modos de existência, pautados por assujeitamentos e desassujeitamentos contínuos. Os trabalhos de investigação aqui apresentados estão sendo desenvolvidos no âmbito de dois programas de pós-graduação de uma universidade pública brasileira e buscam ressoar para (nos fazer) pensar e lançar algumas proposições possíveis através de um traçado de linhas que, de algum modo, podem atravessar as duas investigações naquilo que chamaremos de economia do cuidado. As indagações aqui apresentadas buscam, por fim, instigar que outras produções sejam possíveis nas intersecções – nada triviais – entre diferentes áreas do conhecimento.Palavras-chave: Práticas de cuidado. Modos de existência. Saúde. Educação.


Author(s):  
Icaro Ferraz Vidal Jr

O presente artigo explora algumas inflexões contemporâneas no estatuto do rosto. Na arte contemporânea, em sistemas de vídeo-vigilância, no marketing, na pornografia etc. as tecnologias de detecção e reconhecimento facial parecem espraiar-se sobre uma vasta gama de domínios. Sem a pretensão de esgotar este campo, propomos traçar algumas linhas de força que nos ajudem a compreender o que está em jogo nessa reconfiguração estética e política dos rostos. A partir de noções que buscamos no pensamento de autores como Michel Foucault, Giorgio Agamben, Gilles Deleuze e Félix Guattari, cartografamos algumas tensões entre ação e representação, cristalizadas no estatuto contemporâneo do rosto.


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