scholarly journals DIFERENTES MODOS DE EXISTÊNCIA NA PÓS-GRADUAÇÃO: PRÁTICAS DE CUIDADO ENTRE SAÚDE E EDUCAÇÃO

2021 ◽  
Vol 7 (29) ◽  
Author(s):  
Thainan Piuco ◽  
Roberta de Pinho Silveira ◽  
Cristian Poletti Mossi ◽  
Cristianne Maria Famer Rocha
Keyword(s):  

O artigo apresenta diferentes modos (ou possibilidades) de se produzir pesquisas no campo da saúde e da educação, a partir de autores do campo da filosofia francesa contemporânea, em particular Michel Foucault, Gilles Deleuze e Étienne Souriau. Nossa intenção foi, ao relatar as experiências de pesquisa vividas (e em processo), apontar para a multiplicidade como potência de novas práticas de cuidado, seja na saúde ou na educação (focos desse texto), assim como novos modos de existência, pautados por assujeitamentos e desassujeitamentos contínuos. Os trabalhos de investigação aqui apresentados estão sendo desenvolvidos no âmbito de dois programas de pós-graduação de uma universidade pública brasileira e buscam ressoar para (nos fazer) pensar e lançar algumas proposições possíveis através de um traçado de linhas que, de algum modo, podem atravessar as duas investigações naquilo que chamaremos de economia do cuidado. As indagações aqui apresentadas buscam, por fim, instigar que outras produções sejam possíveis nas intersecções – nada triviais – entre diferentes áreas do conhecimento.Palavras-chave: Práticas de cuidado. Modos de existência. Saúde. Educação.

2016 ◽  
Vol 41 (3) ◽  
pp. 713-729 ◽  
Author(s):  
Vanessa Regina de Oliveira Martins

Resumo: O presente trabalho objetiva travar um diálogo entre filosofia francesa e surdez, a partir dos constructos dos autores Gilles Deleuze, Félix Guattari e Michel Foucault, no que tange a ação conceitual e criativa da filosofia da diferença. Tal perspectiva se mostra propulsora de um pensamento militante e potente para compor novas práticas na educação de surdos. Problematiza-se a educação inclusiva e os discursos sobre a surdez pautados na lógica da mesmidade que apaga a diferença surda. Como alçar possibilidades de inscrição da surdez em outra lógica? Como sugestão, seria no incômodo de não se fazer igual, de não reparar seu corpo por meio de técnicas ortopédicas, mas de se recriar, reativando outros saberes, numa ética de se fazer singular. Nessa via, emerge a resistência surda, sendo efetivada por meio de formas outras de exercício e afirmação da vida. É pela enunciação da diferença linguística e pela visualidade conferida à experiência ímpar da não audição que tem se marcado a petição de uma educação bilíngue (no Brasil): língua brasileira de sinais (Libras) e língua portuguesa.


2019 ◽  
Vol 2 (35) ◽  
pp. 22-32
Author(s):  
André Vinícius Nascimento Araújo

As representações conformam-nos a certos modos de ver, de sentir e de enunciar que são perspectivas fechadas de nossas experiências estéticas e políticas. Sendo assim, se elas tornam restritas as nossas maneiras de se relacionar com os acontecimentos, é possível pensar para além das representações? Colocamos tal questão no horizonte da leitura de pensadores como Friedrich Nietzsche, Gilles Deleuze, Michel Foucault e Jacques Rancière. Porém, nosso foco incide sobre a crítica ao paradigma representativo, apresentada em alguns momentos distintos da obra de Deleuze, inclusive daquela que escreve junto com Félix Guattari, quando trata da questão da rostidade. Pretendemos, primeiramente, abordar aquele que para Nietzsche não é senão o maior de todos os acontecimentos a se dar na existência humana: a morte de Deus. Acontecimento que implica uma cisão nos modos tradicionais de pensar, subsumidos a representações morais e metafísicas da existência. De que maneira a morte de Deus será o horizonte de sentido para um modo de pensar, tanto em Deleuze, quanto em Foucault, que considera as coisas e as representações que fazemos delas, como interpretações de um certo jogo de forças e de subjetivação? Por último, poderemos avaliar a partir do conceito rancièriano de partilha do sensível, como encontramos em Deleuze uma prática do pensamento que busca escapar de uma distribuição sedentária do sensível e do político quando este se restringe ao paradigma das representações.


2017 ◽  
Vol 16 (3) ◽  
pp. 45
Author(s):  
Pedro Henrique Lucas Costa ◽  
Caio César Souza Camargo Próchno

Tendo como pressuposto uma concepção histórico-cultural do corpo, no qual se entende que ele é efeito de jogos de poderes e saberes historicamente situados, assim como os processos de subjetivação adjacentes a tal corporeidade, fomos provocados pela questão de como o corpo é explorado e exaurido ao ponto de se tornar um dejeto. Tomamo-lo por corpo-lixo, conceito do qual partirmos para a jornada investigativa e que foi o combustível deste trabalho de pesquisa. Calcados nas premissas da pesquisa cartográfica, procuramos acompanhar o processo de “dejetificação” do corpo, mergulhando e afetando-nos pelas produções culturais contemporâneas, conforme representado nas manifestações midiáticas (sejam elas de cunho jornalístico-publicitário, seja voltadas para o entretenimento) e nas artes (dentre elas o cinema,  a literatura e o teatro). Adotamos a esquizoanálise como principal referencial teórico e, por esse motivo, além de nos debruçarmos nas obras de Gilles Deleuze e Félix Guattari, compomos e decompomos com construtos teóricos de diversas áreas, como a psicologia, a história, a sociologia e a própria filosofia, tendo também Michel Foucault como um importante companheiro de viagem. Reconhecendo o corpo como um processo histórico metamorfoseante, e não meramente uma entidade biológica imutável, realizamos um apanhado histórico de como os exercícios de poder atravessaram os corpos ao longo dos tempos para evidenciar o percurso pelo qual se consolidaram as formas atuais de se abordar o corpo e que, porventura, o leva à sua dejetificação. O aspecto mais relevante deste trabalho cartográfico foi a busca por possibilidades inventivas a partir da suposta condição abjeta, evidenciando a potência e as composições de forças que levam o corpo-lixo à condição de corpo-potente.


2021 ◽  
Vol 3 (16) ◽  
pp. 23-42
Author(s):  
Luciana Ferrari Gouvêa ◽  
Leonardo Lemos de Souza

Este artigo tem por objetivo problematizar aspectos relevantes do SUS, da saúde da população LGBTQIA+ e discutir a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (PNSI-LGBT[1]), instituída em 2011 pela Portaria nº 2.836, com o objetivo de promover a saúde integral dessa população, na tentativa de eliminar o preconceito e reduzir as desigualdades no atendimento à saúde. Utilizaremos como ferramenta metodológica a Genealogia Cartográfica (LEMOS et al, 2015), a qual sugere a aproximação e complementaridade dos conceitos de genealogia e cartografia propostos, respectivamente, por Michel Foucault, Gilles Deleuze e Félix Guattari, com a intenção de trabalharmos com novas maneiras de se fazer pesquisa em Psicologia e outros saberes. Faz-se necessário o acolhimento desta população nos serviços de saúde de modo a propiciar maiores vínculos de acesso, legitimação da aplicabilidade da PNSI-LGBT e pela luta da garantia de direitos a saúde integral, bem como atendimento igualitário para os LGBTQIA+[2].[1] Para facilitar a leitura, utilizaremos a sigla PNSI-LGBT para referenciar a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais.[2] No momento da elaboração e efetivação da referida Política, o termo LGBTQIA+ não era comumente utilizado. Utilizaremos o termo LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) quando nos referirmos ao nome da Política. Nas demais referências utilizaremos o termo LGBTIQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Intersexos, Queer, Assexuais e outros) para contemplar as diversas orientações sexuais e identidades de gênero.


Author(s):  
Vanessa Lemm

Readers of Giorgio Agamben would agree that the German philosopher Friedrich Nietzsche (1844–1900) is not one of his primary interlocutors. As such, Agamben’s engagement with Nietzsche is different from the French reception of Nietzsche’s philosophy in Michel Foucault, Gilles Deleuze and Georges Bataille, as well as in his contemporary Italian colleague Roberto Esposito, for whom Nietzsche’s philosophy is a key point of reference in their thinking of politics beyond sovereignty. Agamben’s stance towards the thought of Nietzsche may seem ambiguous to some readers, in particular with regard to his shifting position on Nietzsche’s much-debated vision of the eternal recurrence of the same.


2008 ◽  
Vol 6 (3) ◽  
pp. 443-456 ◽  
Author(s):  
Ricardo Burg Ceccim ◽  
Alcindo Antônio Ferla

O artigo procura construir, a partir de uma memória da Reforma Sanitária Brasileira e de aproximações entre as áreas científicas da Educação e da Saúde, uma micropercepção (matéria para o pensar, aprender, conhecer) emergência de um domínio de conhecimento designado por Educação e Ensino da Saúde. Esse domínio emergente estaria bastante associado invenção da Saúde Coletiva, no campo científico da saúde, e com à invenção do Controle Social em Saúde, no campo da intervenção política nesse setor. O novo domínio de conhecimento seria caracterizado por uma implicação singular do ensino com a cidadania, permitindo a travessia de fronteiras entre educação e saúde pela via da educação permanente em saúde. Os temas do ensino e da cidadania são problematizados com o auxílio explícito ou não (via seus leitores) de alguns pensadores da filosofia e do contemporâneo, como Michel Foucault, Michel Serres, Gilles Deleuze, Félix Guattari, Francisco Varela, Humberto Maturana e Ilya Prigogine.


2011 ◽  
Vol 37 (3) ◽  
pp. 613-628 ◽  
Author(s):  
Cintya Regina Ribeiro

O presente trabalho visa problematizar a suposta constituição virtuosa entre educação e conhecimento oriunda de certa herança cultural da modernidade ocidental. A problemática ancora-se na indagação difusa, porém insistente, a ecoar no campo educacional: "o que é o ato do pensar, em educação, na contemporaneidade?". A tomada das condições atuais do pensamento como um problema de pesquisa educacional coloca em questão a histórica articulação entre conhecimento e pensamento reflexivo, obrigando ao confronto de certos amálgamas pedagógicos caros ao campo educacional moderno. Tal enfrentamento se realiza na companhia dos pensadores Michel Foucault e Friedrich Nietzsche, dada a relevância estratégica de suas produções, particularmente acerca da linguagem, da produção da verdade e de suas implicações nos modos de conhecer e pensar. Busca-se operacionalizar uma crítica da linguagem em direção a uma crítica do pensamento em educação, na chave de uma problematização ético-política. Nesse trabalho, tal plataforma analítica configura-se a partir das discussões de Michel Foucault - tanto em relação à questão do pensamento do fora, tal como elaborada por Maurice Blanchot, como em relação ao pensamento da diferença, tal como formulado por Gilles Deleuze. Sugerimos que a exploração desse debate possa atuar como um exercício de exterioridade ou de pensamento diferencial no jogo com o conhecimento e com o pensamento reflexivo presentes no campo educacional - seja no âmbito dos fazeres pedagógicos cotidianos da escola, seja no campo da produção da pesquisa educacional.


Barbarói ◽  
2018 ◽  
Vol 2 (52) ◽  
pp. 22-47
Author(s):  
Rafaela Sousa Caldas ◽  
Tiago Cassoli
Keyword(s):  

Inicialmente destinada como saber auxiliar à prática da justiça, a psicologia jurídica estruturou-se no Brasil a partir do jogo de dupla qualificação médica e judiciária no qual a figura do criminoso passou a prevalecer sobre a apreciação do delito, movimento que uniu práticas disciplinares e jurídicas aos discursos médicos, psiquiátricos e psicológicos. O presente trabalho busca demarcar no percurso histórico de desenvolvimento da psicologia jurídica brasileira suas articulações junto a saberes como a psiquiatria e a criminologia ao longo de um projeto societário disciplinar e normalizador que refletiu no aumento das atividades diagnósticas e avaliativas, ainda hoje as principais atividades endereçadas aos psicólogos jurídicos. Na tentativa de promover reflexões e possibilitar novas análises sobre o tema, são problematizadas neste trabalho as relações entre saber-poder no processo de emergência e estruturação da Psicologia Jurídica no Brasil a partir de certas análises produzidas por Michel Foucault. Trata-se, principalmente, de uma tentativa de se valer de alguns dos elementos conceituais construídos pelo autor como dispositivos para uma análise crítica das relações entre práticas de conhecimento e práticas de poder assumidas pela psicologia jurídica brasileira, problematizando suas regulamentações sociais e urgências políticas enquanto saber e nova tecnologia de poder produzida na modernidade.


Author(s):  
Juliana Corrêa Pereira Schlee ◽  
Isabel Ribeiro Marques ◽  
Renata Lobato Schlee

Em constante desassossego que nos acompanha, problematizamos alguns ditos e não ditos atrelados a discursos relacionados a mulheres, a natureza e o pampa do Rio Grande do Sul. Esses olhares que tanto se inquietam se sustentam sob o aporte teórico de autores da vertente teórica denominada filosofia da diferença, como Michel Foucault, Gilles Deleuze e Friedrich Nietzsche juntamente a intercessores que se debruçam sobre as questões de gênero, como Sandra Garcia, Mary Castro e Miriam Abromovay. Analisamos algumas construções históricas e culturais que evidenciam um antropocentrismo, bastante marcado por um androcentrismo neste Pampa. Entrelaçadas nessas teias discursivas, pinçamos mulheres, e colocamos algumas inquietações como potência para pensarmos as tramas discursivas que se articulam nesses jogos, nessas relações que se pautam na figura masculina e atribuem às mulheres, a tarefa do cuidado com a natureza.  Assim pensamos no quanto esses discursos são fabricados em processos culturais, sustentados em relações de poder que fazem emergir verdades e saberes dados como naturais nos interstícios da educação ambiental.


2018 ◽  
Vol 23 (1) ◽  
pp. 243-273
Author(s):  
Edson Luis de Almeida Teles

O objetivo deste artigo é refletir sobre o modo como as lutas locais e suas movimentações em torno do discurso dos direitos humanos podem ser alçadas à condição de ação política. Trata-se da tentativa de ampliar o conceito de política tendo em vista a potência de transformação contida nos coletivos de subjetividades portadoras de experiências comuns de violência e sofrimento. Fazendo uso do conceito de quilombo, em Beatriz Nascimento, buscaremos fundamentar o alargamento da ideia de política a partir de duas configurações: a disputa por territórios e a conectividade entre saberes específicos e menores oriundos das lutas. Para tanto, cotejaremos o pensamento da autora com a filosofia contemporânea de Michel Foucault, Gilles Deleuze e Félix Guattari. Nossa hipótese é a de que o conceito de ação política demandaria um alargamento em sua formulação de modo a abranger as variadas e singulares formas de resistência cotidianas.


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