scholarly journals O traço em Ana Hatherly – a letra do desenho, o desenho da letra / The trace in Ana Hatherly – the letter of the drawing, the drawing of the letter

2021 ◽  
Vol 41 (65) ◽  
pp. 241
Author(s):  
Erick Gontijo Costa

Resumo: Neste artigo, investigam-se o pensamento do gesto e a presença do traço como elementos comuns às obras visuais e aos poemas de Ana Hatherly. A reflexão se fundamenta em textos teóricos da autora, em um ensaio de Gonçalo Tavares a respeito da presença do traço nas palavras e nas imagens, no conceito de “escritura”, extraído de O império dos signos, de Roland Barthes, e no conceito de “anacrusa”, tal como formulado por Maurice Blanchot. Por fim, demonstra-se a indissociabilidade entre palavras e imagens nas anotações de sonhos presentes no livro Anacrusa, de Ana Hatherly, além de se delimitar os efeitos da reinvenção da leitura formulada pela autora ao longo de sua obra.Palavras-chave: Traço; Letra; Imagem; Leitura.Abstract: In this paper, the gesture thinking and the presence of the trace are investigated as common elements to Ana Hatherly’s visual works and poems. The reflection is based on the author’s theoretical texts, in an essay by Gonçalo Tavares about the presence of the trace in words and images, in the concept of “writing”, extracted from Roland Barthes The Empire of the Signs, and in the concept of “anacrusa”, as formulated by Maurice Blanchot. Finally, it demonstrates the inseparability between words and images in the dream notes present in the book Anacrusa, by Ana Hatherly, in addition to delimiting the effects of the reinvention of reading formulated by the author throughout her work.Keywords: Trace; Letter; Image; Reading.

Em Tese ◽  
2014 ◽  
Vol 20 (2) ◽  
pp. 76
Author(s):  
Cristiane Ribeiro Côrtes
Keyword(s):  

<p>Este artigo discutirá o conceito do <em>Fora,</em> de Maurice Blanchot, a partir de dois autores contemporâneos, Herta Müller e Ítalo Calvino. Pretende-se desenvolver uma reflexão no que tange aos tipos de violência existentes na sociedade e tratados na Literatura a partir de uma perspectiva aparentemente desconectada de sua verdadeira intenção. Tendo como mote a metáfora do lixo, os textos eleitos deverão dar conta de ilustrar em que medida a profundidade da escrita no Fora pode elucidar de uma forma significativamente os processos de trauma sofridos no plano da realidade. O texto procurará evidenciar a dificuldade de se lidar com tamanha violência no campo da linguagem. Na escrita, os autores optam por um viés externo àquele que evidencia um problema, negando a linguagem, silenciando sobre o que faz sentido, dialogando com o Fora e atribuindo uma significância mais próxima, não da realidade, mas do contexto real referente às situações de violência.</p>


2009 ◽  
Vol 19 (1) ◽  
pp. 133-149
Author(s):  
Fernanda Mourão

Resumo: A partir da primeira carta de Emily Dickinson (1830-1886) a Thomas Higginson, que então seria seu “preceptor” e interlocutor para sempre, este texto propõe uma leitura da obra da escritora norte-americana a partir do biografema da carta e da ideia de sua obra como “carta ao mundo” – conforme um de seus mais famosos poemas –, com todas as implicações trazidas pelo termo, e à luz das teorias de Roland Barthes, Maurice Blanchot e Silvina Rodrigues Lopes, entre outros.Palavras-chave: poesia; escrita; carta.Abstract: Departing from the first letter Emily Dickinson (1830-1886) wrote Thomas Higginson, who would forever be her “preceptor” and interlocutor, this text proposes a reading of the North- american writer considering the notion of biografema and the idea of her work as “letter to the world” – according to one of her most famous poems –, with all the implications brought by the term and under the light of the theories of Roland Barthes, Maurice Blanchot e Silvina Rodrigues Lopes, among others.Keywords: poetry; writing; letter.


Author(s):  
Ricardo Augusto de Lima

Partindo do conceito ainda recente de autoficção cênica, proponho neste artigo uma aproximação entre a obra La ira de Narciso, de Sergio Blanco, de 2015, e alguns conceitos de Maurice Blanchot, como os de “experiência do fora” e de literatura como espaço de morte. Se entendermos a linguagem literária como aquela que institui uma nova realidade, podemos pensar a morte de um personagem homônimo como um suicídio ficcional ou, emprestando a expressão de Angélica Liddell, um “sacrifício como ato poético”. Ademais, a morte de um personagem que leva o mesmo nome de seu autor evoca a discussão de Roland Barthes sobre a morte autoral, aqui concretizada de duas formas: pela destruição de toda voz antecedente ao texto literário e pela autodestruição promovida pela escrita, sempre parricida, no aqui-agora da literatura e, com mais ênfase, do teatro. Logo, considero também pertinentes nestas reflexões os problemas da representação e de como a literatura se torna palco do fascínio e do temor do Eu em relação à própria morte e sua potência criadora.


2021 ◽  
Vol 30 (1) ◽  
pp. 189
Author(s):  
Alex Keine De Almeida Sebastião

Resumo: Trata-se de abordar a questão da autoria, tópico já clássico em teoria da literatura, recorrendo-se, inicialmente, a algumas formulações de Roland Barthes, Michel Foucault e Maurice Blanchot. Todos eles contribuíram para desconstruir a noção de autor como aquele que detinha autoridade sobre a obra. Começando por perguntar “quem escreve?” e passando pela questão “que importa quem escreve?”, o artigo propõe o exame da afirmação “ninguém escreve”, considerando o ocaso do sujeito no processo da escrita. Neste percurso, aponta-se para a dupla valência do termo “ninguém”, em que as funções positiva e negativa podem se alternar, como ocorre, por exemplo, na Odisseia, de Homero. Ao final, recolhem-se algumas passagens da obra de Clarice Lispector que sugerem tratar-se ali de uma escrita de ninguém.Palavras-chave: autoria; escrita de ninguém; Clarice Lispector.Abstract: This work approaches the issue of authorship, an already classic topic in literature theory, by using some elaborations by Roland Barthes, Michel Foucault and Maurice Blanchot. All of them contributed to deconstruct the notion of author as the one who had authority over the work. Starting by asking “who writes?” and going through the question “what does it matter who writes?”, the article proposes to examine the statement “nobody writes”, considering the subject’s decline in the writing process. Along this path, the double valence of the term “nobody”, in which the positive and negative functions can alternate, as occurs, for instance, in Homer’s Odyssey. In the end, some passages from Clarice Lispector’s work are collected to suggest the presence of a writing of nobody.Keywords: authorship; writing of nobody; Clarice Lispector.


2004 ◽  
Vol 62 ◽  
Author(s):  
Annita Costa Malufe

O artigo discute alguns pontos do pensamento crítico da poeta carioca Ana Cristina Cesar, tendo como foco sua concepção de poesia e literatura. Nosso objetivo é fornecer subsídios, a partir da própria autora, para se perceber o engano de certas leituras que usaram vincular estreitamente sua obra e sua biografia, alimentando uma identificação romântica do senso comum. Essas leituras são alimentadas por dois fatores: o suicídio da autora aos 31 anos de idade e o fato de ela ser dona de uma escrita que remete a escritos íntimos, como o diário e a carta. Em nosso estudo, tentamos mostrar o quanto as reflexões de Ana C. se afinam com alguns importantes pensadores contemporâneos, como Gilles Deleuze, Maurice Blanchot, Roland Barthes, especialmente no que concerne a uma concepção da arte como não-representação. Ana C., the critic behind poetry Abstract The paper discusses some aspects of Ana Cristina Cesar’s critical thinking, focusing on her view of poetry and literature. Our goal is to provide some foundation to the argument that readings of her poetry based on a dose link between her work and her biography, thus fostering a common sense romantic identification, are mistaken. Such readings emerge from two facts: her suicide at the age of 31 and the fact that her writing reflects the intimacies present in diaries and letters. In this paper, we attempt to show the extent to which Ana Cesar’s reflectionsare in harmony with those conveyed by some significant contemporary scholars, such as Gilles Deleuze, Maurice Blanchot, Roland Barthes, particularly in reference to a view of art as non-representation. RÉSUMÉ Cet article discuse certains points de la pensée critique de la poète carioca Ana Cristina Cesar, en tenant par focus sa conception de poésie et littérature. Notre objective c’est de fournir quelques subsides pour percévoir, a partir de ses écrits, les malentendues des études qui ont lié sa production à sa biographie en estimulant une identification romantique pour son oeuvre. Cettes léctures ont été conduites surtout par deux facteurs: le suicide de la poète à l’âge de 31 ans, e le fact de son écriture faire quelques références au style des écrits intime, comme le journal personnel et la lettre. Dans notre étude, on a essayé de démontrer combien les réfléxions d’ Ana C. sont attachées à la pensée de la philosophie de la critique contemporaine, especialement em ce qui concerne à une concéption non-représentative de l’art, comme on l’observe en Gilles Deleuze, Maurice Blanchot, Roland Barthes.


CounterText ◽  
2019 ◽  
Vol 5 (1) ◽  
pp. 1-18 ◽  
Author(s):  
Benjamin Noys

Utopias of the text are the moments of the emergence of a new and radical concept of the text as overflowing all limits and boundaries. Here these utopias are traced in the writings of Roland Barthes, Jacques Derrida, and Michel Foucault. They often emerge at the margins of these texts, in fragments or boundaries at which the utopia can be glimpsed before disappearing. These utopian moments can be reconstructed as a form of thinking the post-literary and its limits. They can also be traced to the explosion of speech during May 1968 and Maurice Blanchot is a key figure who links together this political moment with the ‘neutral’ form of writing. This article explores the fading of these utopias of the text alongside this draining of political energies. These processes of critique and waning suggest the inversion of utopias of the text into dystopias of the text. Now the sign or signifier appears dispersed or even insignificant compared to the powers and forces of post-literary domination. In this situation, however, the article suggests, the persistence of the utopias of the text as a critical horizon that can still inform how we grasp the equivocations of our post-literary moment.


2013 ◽  
Vol 49 (1) ◽  
pp. 151-166
Author(s):  
Ilai Rowner

Cet article propose de réfléchir à la manière de lire le Journal de deuil de Roland Barthes, paru en 2009 aux Éditions du Seuil. S’agit-il simplement d’un journal intime et d’un travail biographique ou bien s’agit-il d’une oeuvre littéraire fragmentaire, seule manière possible pour Barthes d’écrire un « monument » de reconnaissance à sa mère ? S’agit-il des notes préparatoires pour La chambre claire (1980) ou bien d’une partie importante d’un roman à venir ayant le titre de Vita Nova ? Ces questions sont essentielles dans la mesure où elles sont censées répondre à l’usage que l’on doit faire de ce texte. Elles déterminent la manière par laquelle on peut le lire et le comprendre, voire apprécier la valeur du Journal de deuil de Barthes. Dans ce contexte, nous avons essayé de défendre l’idée que le Journal de deuil est un « événement littéraire » singulier, un cas riche en éléments pour une lecture critique qui cherche les traces d’écriture d’un événement indéfini qui est en train de se produire. Il s’agit donc d’une lecture qui est attentive à la manière dans laquelle la rupture et la transformation réelles à la suite de la mort de la mère reçoivent une configuration imaginaire dans l’écriture du journal en tant que promesse absolue de la « seule région de la noblesse » qu’est la littérature.


Author(s):  
Francielli Noya Toso

<span>Os romances do catalão Enrique Vila-Matas, assim como de outros escritores contemporâneos, dialogam crítica e criativamente com a atual febre de narrativas vivenciais, colocando em questão os mecanismos de constituição da primeira pessoa. Um desses romances, <em>O mal de Montano </em>(2005), incorpora a forma do diário, através de um narrador autodiegético que renova as possibilidades desse gênero, sempre testando a capacidade de (des)crença do leitor. Este romance será analisado levando em conta os deslocamentos de seu narrador-protagonista, que tem uma ligação obsessivamente literária com o espaço. Esta obsessão pela literatura está em constante correlação com as reflexões de Roland Barthes e Maurice Blanchot acerca de temas como autoria, escritura, espaço e morte. Desta forma, a leitura que aqui se propõe considerará os mecanismos intertextuais e metaficcionais realizados para discutir a construção fictícia do diário, que em diversos momentos é colocada em jogo por meio de procedimentos autorreferenciais performatizados.</span>


Em Tese ◽  
2018 ◽  
Vol 23 (1) ◽  
pp. 30
Author(s):  
João Alves Rocha Neto

O presente ensaio pretende, a partir do verso emblemático de Mallarmé – un coup de dés jamais n’abolira le hasard –, refletir sobre a função de resistência  que a palavra poética assume por afirmar a diferença em um mundo cada vez mais preocupado na afirmação da semelhança, o que muitas vezes leva à aniquilação do outro. Para isso, este trabalho passeia pela obra de alguns poetas, escritores e pensadores, como: Mallarmé, Herberto Helder, Maria Gabriela Llansol, Silvina Rodrigues Lopes, Jacques Lacan, Roland Barthes, Derrida, Walter Benjamin e Maurice Blanchot.


2009 ◽  
Vol 21 (28) ◽  
pp. 87
Author(s):  
Leonardo Pinto de Almeida

A partir das reflexões de Roland Barthes, Maurice Blanchot, Gilles Deleuze e Michel Foucault sobre as vicissitudes da linguagem, analisaremos o caráter transgressivo da literatura no seio da linguagem. Para tanto, partiremos da relação entre a linguagem e as palavras de ordem, mostrando a rigidez de seu uso que estaria do lado do poder, da homogeneidade, da ordem e da constância. O estereótipo e a informação são formas de atualização do ser da linguagem em seu uso costumeiro, fazendo a linguagem funcionar a partir da padronização e da noção de utilidade. No entanto, a literatura seria uma linguagem sem poder, apontando para um modo de resistir aos padrões e aos códigos linguísticos. Ela seria um modo de resistência ao fascismo da língua – uma espécie de desvio que combate o enrijecimento e o poderio da linguagem estereotipada. Uma luta tecida nas paragens da própria linguagem. Este entendimento da literatura como resistência aponta para ela como uma potência a serviço da vida que se contrapõe ao poder, exercido por mecanismos transcendentes à experiência. Com a literatura, as palavras tecem relações intensas e, às vezes, incomuns que proporcionam uma ruptura nos usos costumeiros da linguagem. Assim, concluímos que a literatura é uma escrita a serviço da vida em sua contraposição aos elementos transcendentes à experiência que os aprisiona em sua dinâmica de coerção e captura.


Sign in / Sign up

Export Citation Format

Share Document