Fernanda Guimarães de Sousa
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Ana Beatriz Cordeiro Prates
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Sara de Pinho Cunha Paiva
Introdução: De acordo com o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-V), eepressão pós-parto (DPP) é um transtorno do humor que surge entre o início do periparto e a quarta semana do pós-parto, cujos sintomas principais são humor deprimido, anedonia, baixa autoestima e sentimentos ambivalentes pelo neonato. É uma condição que merece atenção por ser prevalente, por estar associada a descaso no pré-natal, a maiores taxas de prematuridade e a prejuízos na relação mãe-filho e no desenvolvimento psicocomportamental da criança. O tratamento usual (TU) é realizado com psicotrópicos e/ou psicoterapia, especialmente a terapia cognitivo-comportamental (TCC). A técnica “mindfulness” consiste no treino da mente por meio da meditação, conscientizando o paciente sobre seu estado emocional, e tem sido muito estudada em associação à TCC na prevenção de episódios depressivos e ansiosos entre as gestantes e puérperas. Objetivo: Avaliar a associação do mindfulness com a eficácia no tratamento da DPP. Metodologia: Realizou-se uma revisão integrativa da literatura por meio da busca com os descritores “mindfulness” e “postpartum depression” na base de dados PubMed. Entre os 56 artigos encontrados de 2015 a 2020, foram selecionados os quatro mais relevantes e com melhor nível de evidência científica (no mínimo B). Resultados: As abordagens terapêuticas ainda são tema recorrente de estudos, já que alternativas não farmacológicas, como a terapia cognitiva baseada em mindfulness (TCBM), estão se tornando prioridade pelos médicos e pelas pacientes que temem a exposição dos filhos às medicações psicotrópicas. Durante a pesquisa, os trabalhos encontrados mensuram a eficácia da TCBM no controle da DPP, tanto em comparação ao TU quanto à ausência de intervenção. Trata-se de estudos caso-controle, cujos dados referentes aos quadros ansiosos e depressivos foram coletados, em sua maioria, por meio de questionários padronizados. Participaram dos estudos gestantes com diagnóstico de DPP ou com fatores de risco para esse transtorno. Assim, foi possível avaliar a associação da proposta terapêutica com os desfechos desejados. De modo geral, a técnica mostrou-se efetiva no controle dos sintomas depressivos e ansiosos, na redução das taxas de reincidência e na amenização dos quadros. Além disso, a incidência da DPP foi menor entre as mães que possuíam fatores de risco, indicando um potencial efeito profilático. Esses estudos constataram, ainda, evidente aceitabilidade pelas pacientes. Conclusão: Os riscos da ansiedade e da depressão pós-parto para mãe e filho já são bem conhecidos, mas há muito a ser explorado no que diz respeito ao tratamento, visto que a maioria das mulheres teme expor o feto ou o lactente aos fármacos comumente utilizados. A TCBM tem-se mostrado uma técnica terapêutica e profilática eficaz nos transtornos de humor do período gestacional e puerperal.