scholarly journals Apontamentos sobre a questão da Técnica no Século XX em abordagens prévias ao pensamento de Hans Jonas

2020 ◽  
Vol 11 (24) ◽  
pp. 44-59
Author(s):  
Geovani Viola Moretto ◽  
Joelson Juk
Keyword(s):  

A análise feita por Hans Jonas acerca do problema da técnica moderna, se situou em uma relação de identidade e diferenciação para com a tradição em que se encontrava inserido. Husserl foi o primeiro a indicar a necessidade de se reavaliar os limites da técnica moderna, para ele o problema dessa técnica, por ser uma decorrência da matematização da natureza, seria a perda de uma capacidade de se produzir um conhecimento que não seja intermediado pela própria tecnicidade da matematização. O trabalho de Ortega y Gasset na análise da técnica moderna, contribuiu para o estabelecimento de conceitos importantes, mas não suscitou uma reflexão crítica pertinente à contemporaneidade e nem apresentou grandes ressalvas quanto à utilização da técnica, pelo contrário, o filósofo espanhol foi um entusiasta dos resultados do tecnicismo. Martin Heidegger, é o filósofo anterior a Hans Jonas que com mais ênfase delineia não apenas uma análise da questão da técnica moderna, como também desenvolve uma crítica aos efeitos e as consequências que essa técnica pode produzir para a contemporaneidade. A partir dessas análises, é possível perceber que o pensamento de Hans Jonas é singular, sobretudo, porque vincula sua crítica e suas considerações à técnica moderna à análise do fenômeno da vida, preocupando-se em relacionar as ameaças e os problemas dessa técnica com a concretude e a singularidade da vida.

Author(s):  
Fabiano Leite FRANÇA (UFMG)
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O objetivo deste trabalho circunscreve-se na tentativa de explicitar o posicionamento teórico do filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) no âmbito da tradição do pensamento ocidental. Fundamentalmente, busca-se delinear a inserção de Heidegger no debate acerca da metafísica, no intuito de verificar as contribuições do autor à contemporaneidade. Para esta empresa, tomar-se-á como ponto de partida o parágrafo 6 e o parágrafo 44 da obra Ser e Tempo (1927), os textos O que é metafísica (1929), Sobre a essência da verdade (1936) e o ensaio A superação da metafísica (1936-1946); igualmente, porém, de forma mais periférica, serão utilizados como suporte teórico o texto Que é isto – A filosofia (1955), bem como o ensaio O fim da filosofia e a tarefa do pensamento (1964). O eixo em torno do qual se desenvolverá esta discussão é o projeto heideggeriano de “superação” da metafísica tradicional. A partir de então se verificará que se a clivagem de Heidegger não alterou substancialmente a senda da filosofia, ela seguramente introduziu um modo bastante original de se fazer filosofia que deixaria marcas na posteridade.


2016 ◽  
Vol 13 (3) ◽  
pp. 121 ◽  
Author(s):  
Ozanan Vicente Carrara
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http://dx.doi.org/10.5007/1807-1384.2016v13n3p121O artigo aborda as questões éticas trazidas pela mineração à luz das teorias éticas de Hans Jonas e François Ost, dois nomes fundamentais da ética ambiental. O autor pretende mostrar como os pressupostos éticos colocados pelos dois autores estão ausentes nas políticas de mineração implementadas pelo Estado, clamando pelo uso dos mecanismos da democracia participativa no processo de decisão, antes da implantação dos projetos de mineração, por maior responsabilidade no uso de nossos recursos minerais, pelo respeito à diversificação econômico-produtiva além de pedir a garantia de participação da população afetada nos lucros e benesses daqueles projetos já implementados. Aplica as teorias da responsabilidade dos dois filósofos à questão, mostrando como elas podem iluminar as atuais políticas públicas de mineração, atualmente ditadas quase exclusivamente pelos interesses das empresas mineradoras, sem que os direitos dos cidadãos sejam considerados ou sejam capazes de se fazer representar através das atuais instituições da democracia representativa. Critica ainda a prioridade dada às atividades minerárias em detrimento de outras atividades produtivas mais benéficas para a população e mais respeitadoras do meio ambiente.


2017 ◽  
Vol 20 (1) ◽  
pp. 113-121
Author(s):  
Richard Ayala-Ardila
Keyword(s):  

En este trabajo se cuestiona tanto a la ética ambiental como a la filosofía ambiental desde la crítica hecha por Martin Heidegger al concepto de valor; tal cuestionamiento es precedido por una presentación de las consideraciones de Eric Pommier sobre la ética ambiental, lo cual implica tratar su apreciación de la filosofía ambiental norteamericana (Leopold, Rolston III y Callicot), su lectura de la obra de Hans Jonas y su reivindicación de las ideas de este autor para la ética o para la filosofía ambiental. Se mostrará que los problemas fundamentales de la ética ambiental consisten en encontrar una manera de demostrar el valor intrínseco de la naturaleza y en lograr este objetivo sin hacer concesión alguna al dualismo ontológico. 


Author(s):  
Harley Juliano Mantovani
Keyword(s):  

Neste texto, estabelecemos uma aproximação inicial entre a ética de Hans Jonas e a fenomenologia, sobretudo a de Heidegger, com o objetivo de analisar como a natureza anticósmica de Prometeu, ao ameaçar a vida, precisa de uma ética enraizada na fenomenologia. Em termos teóricos e metódicos, buscamos extrair as consequências dessa aproximação que retirou o pensamento do seu centro metafísico e antropológico. Constatamos que o pensamento tinha que passar por essa transformação a fim de se tornar capaz de acompanhar o surgimento da vida no cosmo definido pela potencialidade ontológica para o bem. Afinal, descobrimos que o pensamento da vida não se separa da investigação do bem oculto no cosmo.


2020 ◽  
Vol 43 (1) ◽  
pp. 189-212
Author(s):  
Maurício Fernando Pitta ◽  
José Fernandes Weber

Resumo: Martin Heidegger desenvolveu uma análise da metafísica e da tecnologia que questionava radicalmente seus pressupostos ontológicos. Contudo, para Peter Sloterdijk, autor de uma revisão do motivo da clareira (Lichtung) heideggeriana intitulada Domesticação do ser: clarificando a clareira, Heidegger padece daquilo mesmo que ele critica: uma pendência para a ontologia clássica que, desde pelo menos Platão e Aristóteles, separa o ser e o nada, basila o princípio de bivalência na lógica, excluindo qualquer terceira possibilidade, e permite os dualismos constitutivos da metafísica. Seguindo o antropólogo Bruno Latour, o qual evidenciara que “modernidade” não é senão uma crença na cisão entre os polos de forma e matéria, sujeito e objeto, natureza e cultura, também Sloterdijk vai atribuir a Heidegger a pendência à ontologia clássica, elevada ao nível da cisão entre o ôntico e o ontológico. Diante disso, o que sugere Sloterdijk? Uma alternativa à ontologia clássica na cibernética de Wiener e Günther, reatando os laços, desfeitos por Heidegger, entre ontologia e antropologia. Este trabalho tem por intenção articular a crítica de Sloterdijk, a investigação de Latour e a revisão ontológicológica de Günther, a fim de assentar bases para compreensão do projeto sloterdijkiano de se pensar a antropologia a partir de pressupostos cibernéticos.


2020 ◽  
Vol 17 (2) ◽  
Author(s):  
Patrícia Lopes Salzedas ◽  
Maria Alves de Toledo Bruns
Keyword(s):  

Partimos das relações de gênero, e a maneira como se estabelecem, para analisar as percepções de mulheres no climatério sobre a vivência da sexualidade. Utilizamos a metodologia qualitativa fenomenológica, sob a perspectiva teórica de Martin Heidegger, para a compreensão do fenômeno estudado. Os sofrimentos femininos, velados e revelados, mostram uma história de construção da identidade da mulher no mundo contemporâneo. Esta identidade desconstrói a imagem da 'mocinha dos contos de fada' para dar voz aos desejos e desilusões frente ao contato com a própria realidade. Anula-se pelos filhos, pela dupla jornada de trabalho, o que de fato parece conter seu contato com a temporalidade. Remete-nos, ainda, ao fato de que a história feminina é escrita em co-autoria com os homens. Percebemos, enfim, a necessidade de se exercitar a empatia, observando as necessidades do(a) parceiro(a), como co-responsáveis pelas situações vivenciadas, sendo este um caminho para tornar viável o diálogo autêntico tão desejado.


2016 ◽  
Vol 13 (1) ◽  
pp. 238-256
Author(s):  
José Reinaldo F. Martins Filho
Keyword(s):  

Pretendemos neste trabalho sustentar a ideia de que, seguindo um percurso que vai de Sein und Zeit aos textos mais tardios, a compreensão do pensar, especialmente tendo em conta a íntima relação desta compreensão com o conceito de existência, esteve caracterizada pela concepção de finitude. Assim, segundo esta hipótese, o pensamento da história do ser (Seinsgeschichtliches Denken) teria como meta revelar ao mesmo tempo o retraimento do ser que se opera por um pensar – chamemo-lo de “expropriador” – e a necessidade de se inaugurar um novo pensar, que é o que estaria em jogo na viragem (Kehre). Intuídos já em Sein und Zeit morte e finitude, firmar-se-iam como conceitos nucleares para a compreensão da importância, do alcance e da posteridade da filosofia heideggeriana.


Author(s):  
Mara Xavier de Almeida ◽  
José Felício Bergamin
Keyword(s):  
De Se ◽  

Com a escassez dos recursos naturais e a preocupação crescente com a degradação do meio ambiente surgiu a necessidade de uma análise mais aprofundada afim de se aplicar o Princípio Responsabilidade do pensador Hans Jonas em relação à ecologia. Os estudos da compreensão da linguagem na hermenêutica do instituto filosófico do Jogo Hermenêutico de Hans-Georg Gadamer, com as informações de caráter socioambiental fundamentam as concepções filosóficas do que é ética em relação ao princípio no âmbito ecológico. Nesse sentido, é objeto do tema é analisar o jogo hermenêutico utilizado pelo Estado na ausência de políticas públicas que visem à aplicação do Princípio Responsabilidade de Hans Jonas na esfera socioambiental. É importante enfatizar que o objetivo do artigo filosófico não é esgotar o assunto, nem mesmo detalhar de maneira aprofundada as questões que serão apresentadas, mas subsidiar a discussão sobre as principais convicções do filósofo Hans Jonas, quanto ao Princípio Responsabilidade como ética, direito e política, discutidas juntamente com o meio ambiente.


2017 ◽  
Vol 2 (1) ◽  
pp. 23
Author(s):  
Renato Kirchner ◽  
Paulo Cesar Martins Ferreira Sarraipa
Keyword(s):  

A presente reflexão tem como finalidade proporcionar um diálogo entre os filósofos Hans Jonas e Martin Heidegger no que diz respeito ao desenvolvimento tecnológico dos novos tempos. De um lado, objetiva-se compreender os fatores que levaram Jonas a conceber as ideias orientadoras de sua obra “O princípio responsabilidade”; de outro lado, tendo em vista que nos últimos séculos certas transformações das capacidades humanas ocasionaram uma profunda mudança na natureza do agir humano, Heidegger introduz em seus escritos a problemática da técnica, fazendo uma análise da situação atual do homem em relação ao contínuo progresso da técnica. Do ponto de vista ontológico e em vista da sobrevivência física e espiritual não só da humanidade, mas de tudo quando é e existe, torna-se imprescindível uma ética para a civilização tecnológica e planetária. Resta-nos saber se o ser humano está preparado para lidar com tal desenvolvimento tecnológico e se saberá usá-lo de forma que não afete tudo quanto há no planeta e, sobretudo, se sua ação não afetará a sobrevivência das gerações futuras.Palavras-chave: Civilização tecnológica. Ética. Responsabilidade humana. Questão da técnica.


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