“Geraldinos”: cultura popular e e xclusão social no novo Maracanã (Rio de Janeiro)

Author(s):  
Gilmar Mascarenhas de Jesus
2021 ◽  
Vol 18 ◽  
pp. 1
Author(s):  
Paulo Arthur Silva Aleixo ◽  
Eline Maria Mora Pereira Caixeta

Durante os primeiros anos da década de 1960, no período que permeia o golpe militar no Brasil, houve um momento singular em que os profissionais das artes e da arquitetura estiveram interessados em sair de suas estritas esferas, posicionando-se politicamente ao repensar a produção cultural e visando estreitar a relação com as camadas populares e mudar a situação estabelecida. Nesse contexto, dentre diversos agentes, pode-se recortar os nomes da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi (Roma, 1914 – São Paulo, 1992) e do artista carioca Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, 1937 – Rio de Janeiro, 1980) como protagonistas na construção de um pensamento que buscou, sobretudo, caminhos para questionar o status quo. Atuando em lugares distintos e pertencentes a diferentes gerações e campos de atuação, suas trajetórias em nenhuma ocasião se cruzaram, apesar de apresentarem uma forte afinidade de convicções. Sendo assim, este trabalho busca mobilizar uma reflexão acerca das interlocuções entre as produções de Bo Bardi e de Oiticica com a cultura popular, reconhecendo essa aproximação como uma forma de resistência à difícil realidade do Brasil durante a ditadura militar. Para tanto, determinadas atividades desenvolvidas são colocadas em uma mesma perspectiva e analisadas,objetivando contribuir para a imagem de um potente fenômeno cultural que lutou por um maiorengajamento social e político.


2021 ◽  
Vol 12 (4) ◽  
pp. 2847-2875
Author(s):  
Marcus V. A. B. De Matos

Resumo A soberania do estado é um paradoxo fundante nas teorias do direito e da constituição, e tem sido constantemente ressignificada ao longo da história, para servir a interesses políticos diferentes – e frequentemente contraditórios. Direito e Estado, justificados pela emergência de uma teoria moderna da soberania, foram historicamente descritos através da razão e da razoabilidade, porém nunca deixaram de ser construídos de maneira fictícia. A soberania já foi discutida dentro das categorias de espaço e tempo, e descrita através dos efeitos das decisões soberanas. Mais recentemente, esse debate incluiu também uma virada dos paradigmas espaço-temporais, para uma abordagem visual. Neste artigo, estes temas serão discutidos a partir de métodos desenvolvidos nos campos do direito e literatura, direito e psicanálise, e direito e cinema, para visualizar o que é a noção que compreendemos contemporaneamente como soberania. Para isso, será desenvolvida uma investigação visual da ideia de soberania, tomando-a não apenas como um conceito fundante da teoria do direito, mas também como um “tropo”: uma espécie particular de figura de linguagem, uma narrativa metafórica, alegórica, e ilustrada; capaz de ser modernizada, porém, mantendo suas características iniciais. Esse artigo busca investigar o conceito de “soberania” através de evidências coletadas na “cultura popular”. Trata-se de uma investigação sobre um arquétipo que emergiu, repetidamente, na história da cultura ocidental, mas que nunca foi completamente explorado na teoria política e no direito: a figura do “cavaleiro negro”. Em específico, este artigo se concentrará na construção da personagem Capitão Nascimento, no filme Tropa de Elite (2007) de José Padilha, e na maneira como este filme atualizou o arquétipo do “cavaleiro negro”, trazendo-o para dentro do regime visual da “guerra particular” do Rio de Janeiro nas décadas de 1990; e ressignificado-o com a emergência da virada conservadora no início do século 21.


PROLÍNGUA ◽  
2020 ◽  
Vol 15 (1) ◽  
pp. 134-144
Author(s):  
André Cervinskis

RESUMO: A procura dessa brasilidade, portanto, perpassa toda obra poética de Bandeira, desde a valorização da cultura popular, do jeito de ser do brasileiro, até a defesa de um português do Brasil. Desde os inícios do Modernismo, Bandeira se posicionou a favor de um português do Brasil, uma variante do português, mas que conservou características da miscigenação, empreendida aqui pelo colonizador, defendendo que a fala do povo deveria ter lugar nos romances nacionais, como o fazia Mário de Andrade. E essa singularidade, na maneira de escrever e falar do brasileiro, foi assumida categoricamente por Manuel Bandeira, depois de impulsionada por Mário de Andrade, especialmente por meio das inúmeras crônicas que escreveu e da correspondência mantida com ele, por mais de 20 anos. Na sua poesia, encontramos traços de brasilidade, como a religiosidade dessacralizada (trato informal e afetivo com os santos); valorização da oralidade e da cultura popular (a voz do povo recheada de falares e gírias), manifestando a influência cultural das três identidades que formam a brasileira (a europeia, a indígena e a africana). E essa mesma voz apareceria de forma implícita ou velada, mas sempre com propriedade, sem maiores censuras, em muito de sua produção em prosa também, com suas crônicas semanais no jornal A província, de Recife, e nos periódicos do Rio de Janeiro, especialmente o Jornal do Brasil, entre as décadas de 20 e 30. Este artigo procura discutir a opinião de Manuel bandeira sobre o idioma nacional (português do Brasil), centrado em questões de nacionalidade e identidade através de expressões linguísticas e literárias, tanto em seus versos quanto em suas crônicas.


ILUMINURAS ◽  
2020 ◽  
Vol 21 (54) ◽  
Author(s):  
Vitor Rebello Ramos Mello

Resumo: Este estudo etnográfico discute o processo de construção de identidades dos migrantes nordestinos na cidade do Rio de Janeiro, tendo como referência a transformação da Feira de São Cristóvão no Centro Municipal Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas. Parte integrante da dissertação Memórias repentinas: a construção poética do Nordeste pelos repentistas da Feira de São Cristóvão (RJ) defendida no Programa de Pós-Graduação em Memória Social/ UNIRIO[1], a presente análise faz uso da ideia de sociodinâmica da estigmatização para compreender as relações estabelecidas entre cariocas e nordestinos, bem como utiliza o conceito de lugares de memória para entender a importância da Feira enquanto bastião da cultura para a população migrante. Para tanto, fez-se um trabalho de campo entre 2010 e 2012, realizando observação não-participante e entrevistas semiestruturadas com atores sociais locais, além de pesquisa na hemeroteca digital do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular e revisão bibliográfica sobre o tema. Palavras chave: Feira de São Cristóvão. Identidade Nordestina. Nordeste. Rio de Janeiro  FROM A REGIONAL FAIR INTO A CENTRE OF TRADITIONS: THE CONSTRUCTION OF THE BRAZILIAN NORTHEASTERN IDENTITY IN RIO DE JANEIRO.  Abstract: This ethnographic study discusses the process of northeastern migrants' construction identities in the city of Rio de Janeiro, taking as reference the change of the São Cristóvão Fair into the Luiz Gonzaga Municipal Centre of Northeastern Traditions. As part of the dissertation Sudden memories: the poetic construction of the northeast region by the troubadours of the São Cristóvão Fair (RJ) defended in the Post-Graduation Program in Social Memory / UNIRIO, the present analysis makes use of the ideia of the sociodinamic of stigmatization to understand the relationships established between cariocas and northeasterners, using as well the concept of places of memory to comprehend the importance of the Fair as a bastion of culture for the migrant population. To this end, a fieldwork was performed out between 2010 and 2012, with a non-participant observation and semi-structured interviews with local social actors. Besides, researches were made in the digital library of the National Center for Folklore and Popular Culture and a bibliographic review about the topic. Keywords: São Cristóvão Fair. Brazilian northeastern identity. Brazilian northeast. Rio de Janeiro [1] Esta pesquisa contou com bolsa de estudos da CAPES.


2010 ◽  
Vol 36 (1) ◽  
pp. 227-241 ◽  
Author(s):  
Zaia Brandão

O objetivo principal do artigo é destacar a importância de operar com conceitos, aceitando os desafios postos pela realidade empírica. Para isso, foi tomado como referência o material empírico produzido pelas pesquisas desenvolvidas pelo Grupo de Pesquisas em Sociologia da Educação - SOCED/PUC-Rio. Bourdieu, em várias ocasiões, questionou a leitura meramente teórica de seus conceitos. "Pôr em jogo as coisas teóricas" foi a recomendação do autor em várias ocasiões. Neste texto, buscamos exemplificar os desdobramentos da experiência de operar com os conceitos desse pesquisador, focalizando dois aspectos principais: as condições de transformação do habitus; e os contornos empíricos do capital cultural entre elites escolares estudadas em instituições de prestígio do Rio de Janeiro. No caso do estudo do capital cultural, ficou evidente a proposta dele de trabalhar "com e contra os autores". Em que pese o valor da obra desse autor da Sociologia da Educação, o delineamento empírico do capital cultural, em sua vasta obra, é credor da realidade francesa nas décadas em que desenvolveu suas pesquisas. Para operar com o conceito de capital cultural de forma adequada aos desafios empíricos que enfrentamos, recorremos a autores que tematizaram as transformações no campo cultural para além da perspectiva das fronteiras entre a alta cultura e cultura popular analisadas por Bourdieu.


Author(s):  
Jorge Luiz Barbosa

Territorialidades da Cultura Popular na Cidade do Rio de Janeiro


2016 ◽  
Vol 13 (36) ◽  
pp. 150
Author(s):  
João Luis De Araújo Maia ◽  
Adelaide Rocha de la Torre Chao

<p style="margin: 0cm 0cm 6pt; text-align: justify; -ms-text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: 'Times New Roman',serif; mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-size: medium;">Mediados pela comida, música, ritos culturais e religiosos, este artigo propõe uma reflexão acerca das representações, a partir dos usos e do consumo das manifestações da cultura popular brasileira. A Feira das Yabás realizada em Madureira, subúrbio do Rio de Janeiro e a Festa de Santa Bárbara que ocorre todos os anos no Pelourinho, tradicional bairro do centro histórico de Salvador são os objetos desta análise. Para evidenciar os conceitos que norteiam a comunicação e o consumo através de espaços de celebração, utilizamos como metodologia a observação participante através de relatos de experiência.</span></span></p>


2014 ◽  
Vol 22 (1) ◽  
pp. 133-159 ◽  
Author(s):  
Ana Maria Mauad

O artigo analisa a produção fotográfica de Genevieve Naylor, fotógrafa contratada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos para produzir a imagem do Brasil como um bom vizinho, durante a Segunda Guerra Mundial. Na abordagem busca-se traçar paralelos entre a presença cultural da população negra nos Estados Unidos e no Brasil, por meio da análise do conteúdo e da expressão das imagens fotográficas produzidas por Naylor no Rio de Janeiro; dos contatos que ela estabeleceu com a intelectualidade brasileira e, finalmente, das letras de duas musicas cantadas por Carmen Miranda, um dos ícones da cultura popular de massa que configurava no Brasil dos anos 1940, a relação entre o nacional e o popular.


2014 ◽  
pp. 1-13
Author(s):  
Aristoteles Berino

Os chamados funks sensuais fazem parte da cultura juvenil da cidade do Rio de Janeiro. Valesca Popozuda é uma das suas principais estrelas, amplamente conhecida através das mídias. As vozes femininas do funk chamam atenção pelas letras que narram façanhas e fantasias que destoam da imagem que são destinadas ao sexo feminino. São vozes que que presentificam existências recalcadas pelo falocentrismo dominantes nas narrativas sobre o amor, o sexo e a vida na cidade. Seus aspectos políticos e culturais são agora estudados e debatidos. A política convencional também desperta para a cultura popular das periferias. O artigo lembra dois encontros ocorridos entre Lula e Valesca Popuzada, nos anos de 2008 e 2009. Oportunidade para a funkeira entregar ao então presidente uma letra de música que fala da favela, do funk, dos jovens e até da possibilidade de ser ministra da Educação. O artigo discute a intromissão das vozes femininas dos funks sensuais na vida das cidades como agenciamento politicamente significativo através das interpelações que produz. Na tradição dos estudos culturais, se propõe a problematizar o poder através também da criação popular no circuito da cidade.


2017 ◽  
Vol 14 (28) ◽  
pp. 107
Author(s):  
Gabriel Muniz Improta França

Este artigo aborda o movimento do sambajazz, que floresceu junto à bossa nova no contexto da modernização do samba que se deu entre fins dos anos 1950 e início dos anos 1960 no Brasil, com foco na cidade do Rio de Janeiro. O sambajazz se distingue da bossa nova pelo maior investimento na seção rítmica, ou “cozinha”, no jargão nativo. Esta prática, voltada para os ritmos da bateria, das percussões e dos baixos, caracteriza, entre outros fatores, a ligação do sambajazz com a tradição da batucada de samba e com a cultura afro-brasileira. Moacir Santos (Flores, PE, 1926 – Pasadena, EUA, 2006), um maestro negro do sambajazz cujo primeiro álbum foi intitulado Coisas afro-brasileiras (1965) e o baterista de samba moderno, Édison Machado (Rio de Janeiro, RJ 1934 - Rio de Janeiro, RJ, 1990), considerado o “inventor do samba do prato”, são músicos de sambajazz abordados no artigo. O movimento é relacionado ao conceito de cultura popular mundializada e problematizado a partir de sua relação de tensão com a cultura erudita e com a cultura de massas. O alcance internacional desta produção e o padrão de imigração destes músicos para o exterior em fins dos 1960 sugerem que o sambajazz consiste em uma rede transnacional de circulação de práticas culturais.


Sign in / Sign up

Export Citation Format

Share Document