scholarly journals "UM CURANDEIRO PÓS-COLONIAL"

2020 ◽  
Vol 2 (9) ◽  
Author(s):  
Tarso Cruz

Tendo como tema o neocolonialismo e suas consequências, o artigo tem como objetivo principal analisar a seguinte proposta feita pelo autoexilado autor queniano Ngũgĩ wa Thiong’o, em seu mais recente romance, Wizard of the Crow: a necessidade de uma autoanálise por parte da África Negra neocolonial. Para tanto, o artigo discute o próprio conceito de neocolonialismo, os turbulentos eventos que levaram ao exílio de Ngũgĩ wa Thiong’o, assim como as linhas mestras de Wizard of the Crow,  tendo como pressupostos teóricos ideias de autores como Frantz Fanon, Achille Mbembe, Stuart Hall, além do próprio Ngũgĩ wa Thiong’o sobre como o contexto neocolonial afeta as populações colonizadas, mais especificamente, as da África Negra. A título de ilustração dos pontos levantados, o artigo aborda a enfermidade chamada de white-ache no romance, e, como ela acomete um dos principais personagens da obra, Titus Tajirika. Um dos resultados obtidos com a investigação desenvolvida ao longo do artigo é evidenciar como a análise da doença, do tratamento e da cura Tajirika deixam bastante claros a proposta e o projeto literário de Ngũgĩ wa Thiong’o.        

Author(s):  
Elizandra Fernandes Alves ◽  
Nelci Alves Coelho Silvestre

Baseando-se principalmente nas teorias sobre a identidade desenvolvidas por Stuart Hall e publicadas em Identidades Culturais na Pós-modernidade (2006), e em outras, como as de Eurídice Figueiredo (1998) e Bill Ashcroft (2001), no presente artigo analisa-se alguns dos aspectos da perda da identidade cultural na literatura pós-colonial africana escrita em língua inglesa. Tem-se, como corpus, o conto Wedding at the Cross, presente na coletânea Secret lives and other Stories, originalmente publicada em 1975, do queniano Ngugi wa Thiong’o. Na análise do conto o foco fica, mais especificamente, no personagem principal, Wariuki/Livingstone Jr., e na forma como sua identidade fragmentada reflete a natureza hierárquica do processo de colonização ao qual seu povo foi submetido. Na análise da diégese deve-se apresentar, ainda, como, pelos cinco descentramentos discutidos nos estudos de Hall, o personagem em questão revela-se um sujeito cuja crise identitária parece ter sido instaurada devido ao binarismo no qual foi socialmente educado.


PMLA ◽  
2017 ◽  
Vol 132 (1) ◽  
pp. 179-185
Author(s):  
Henry Schwarz

[T]he idea of Man as his alienated image, not Self and Other but the “Otherness” of the self inscribed in the perverse palimpsest of colonial identity. (116)According to Isaac Julien, the director of Black Skin, White Mask, a film imagining the life of Frantz Fanon, Homi Bhabha is presented in a nonspeaking role as a colored, racialized “colonial subject” to lend “texture” to the cinematography (Interview). Unlike the eloquent postcolonial critics Stuart Hall and Françoise Vergès, who are interviewed extensively in the ilm, the mute Bhabha is a cipher, a visual trace of diference in the philosophical, cinematic, and audio montage that composes Julien's meditation on decolonization (Frantz Fanon [Director's cut]). In many ways, Julien's Fanon seems indebted to Bhabha's strong reading, against the grain of Fanon's oeuvre, in “Remembering Fanon: Self, Psyche and the Colonial Condition,” a foreword Bhabha wrote for a new British edition of Fanon's Black Skin, White Masks, published in 1986. Julien's Fanon is an interstitial igure, stitched together through multiple viewpoints and physically composed of cinematic elements juxtaposed in striking contrast to one another. He emerges from scraps of discourse cast of and reassembled, much as Bhabha's Fanon is captured in Fanon's ungrammatical utterance that betrays by ellipsis the nature of identity, which is that identity is “not”: “The Negro is not. Any more than the white man” (113). The revelation that the nature of identity is spatially split and temporally deferred-the deinition of Derridean diférance-is most truly represented in the colonial situation, where white mythologies of wholeness and authenticity are actualized as performances of power. When these mythologies are accompanied by paranoid fantasies of blackness that reveal the contradictory duplicity of white representations of the other-the simian Negro, the inscrutable Chinaman-this racial discrimination and its neurotic imagery reveal the nature of the white self and its pretense of universality: that the human is not whole and that the Enlightenment dream of self-presence is an illusion thrown up by the anxious exercise of mastery over those lesser humans, the Negroes.


PMLA ◽  
2017 ◽  
Vol 132 (1) ◽  
pp. 186-197
Author(s):  
Robert J. C. Young

The title The Location of Culture suggests that the book's author, Homi K. Bhabha, places an overriding importance on a culture's spatial and geographic situation. Lest Bhabha's readers get too fixated on culture's site and locality, however, the title's emphasis on place is soon qualified by an epigraph from the book's most-cited author, Frantz Fanon, that emphasizes temporality: “The architecture of this work is rooted in the temporal. Every human problem must be considered from the standpoint of time” (qtd. in Bhabha xiv). So, while culture must be located, the architecture of The Location of Culture is rooted in the temporal. The place and time of its moments of production are affirmed throughout its essays with a wealth of contemporary references and opening comments like “In Britain, in the 1980s …” (27). No book of theory is more self-consciously embedded in its own space and time. The Location of Culture, published in 1994, is a very English book, written from within the political, cultural, and intellectual world of the London of the 1980s and early 1990s, in which migrant activists from the Caribbean and South Asia such as Bhabha, Salman Rushdie, and Stuart Hall were challenging the verities of a long-established, socialist, masculinist, English intellectual and political culture. The brilliant innovation of The Location of Culture was to create a new language, a new articulation and understanding of minority positions—which is why the response to it has been so overwhelming, from academics, artists, and many others. The work that went into The Location of Culture was intimately related to Bhabha's own milieu and time: the book is the product of his decennium mirabile in London.


Raído ◽  
2020 ◽  
Vol 14 (35) ◽  
pp. 282-290
Author(s):  
Walquíria Rodrigues Pereira ◽  
Ximena Antonia Díaz Merino

O objetivo deste estudo é identificar e analisar as estratégias discursivas pós-coloniais presentes no romance Perro Viejo (2005), de Teresa Cárdenas com o intuito de ressaltar estratégias de resistência contra o controle colonial e regime escravocrata em contraponto com os acontecimentos históricos que contribuíram para a desumanização do negro. Observaremos, mediante uma leitura reflexiva, a construção da imagem do negro escravizado em Cuba, mostrando como a história sofre influência quando é contada somente pelo lado hegemônico. A escritora reescreve os dramas da escravidão priorizando a narrativa dos silenciados pela história, reconstruindo memórias individuas e coletivas. Através da reescrita da figura do escravo Perro Viejo, encontramos a voz do excluído, que no meio da escravidão busca descobrir sua identidade. A partir de análises, pautadas nos estudos pós-coloniais, podemos recuperar o protagonismo histórico do sujeito escravizado. As análises desenvolvidas estão ancoradas nos estudos críticos de Fernando Ortiz (1940), Frantz Fanon (1961), Homi K. Bhabha (1998), Walter Mignolo (2003), Thomas Bonnici (2009) e Stuart Hall (2015).


2018 ◽  
Vol 2 (2) ◽  
pp. 199-212
Author(s):  
Airton Santos de Souza Junior
Keyword(s):  

Considerando ser o fenômeno da linguagem um repositório de valores e significados culturais conforme pontua Stuart Hall (2016), o presente estudo tem por objetivo demonstrar a existência de uma relação íntima entre língua e identidade, partindo para isso dos trabalhos de Labov (2008) desenvolvido no período de 1991/1992 na ilha de Martha´s Vineyard, e Frantz Fanon (2008) acerca da relação entre o negro e a linguagem abordada em um dos capítulos da obra Pele negra, mascara branca. Toma-se como aporte para as discussões os estudos de Bauman (2005), Fanon (2008), Gusdorf (1976), Hall (2006) (2016), Labov (2008) e Lott (2013). De modo, que pôde-se, portanto perceber que as fronteiras que segregam o estudo da língua e da identidade são consideravelmente tênues, tendo em vista que também as marcas identitárias encontram-se abrigadas/resguardadas na língua. Sendo assim, tornou-se possível constatar que de fato há uma relação íntima entre língua e identidade evidenciada tanto em Labov (2008), quanto em Fanon (2008), aonde respectivamente, o processo de centralização dos ditongos /ay/ e /aw/ representa um movimento de resistência e preservação de uma identidade linguística, e a apropriação da língua francesa por parte do negro antilhano muito mais que a tomada de um novo código linguístico, representa a tentativa de ocupar uma cultura e identidade privilegiada.


Em Tese ◽  
2020 ◽  
Vol 26 (1) ◽  
pp. 316
Author(s):  
Daniela Schrickte Stoll

Neste artigo apresenta-se uma análise do romance Ponciá Vicêncio (2003), de Conceição Evaristo, com o objetivo de perceber e refletir sobre a construção da identidade afro-brasileira na obra, trabalhada como uma identidade marcadamente hifenizada e em diálogo com uma memória coletiva. O romance traz para primeiro plano as dualidades identitárias características dos movimentos da diáspora – e aqui são abordadas tanto a diáspora africana quanto a que deslocou diversos/as trabalhadores/as do campo para a cidade no século XX. Como aporte teórico, serão utilizados conceitos trazidos por Frantz Fanon (2008 [1952]), DuBois (1903), Paul Gilroy (2001 [1993]), Walter Mignolo (2005), Stuart Hall (2006) e bell hooks (1991). Conclui-se que, através do enredo, Evaristo evidencia tanto as dores e as opressões vividas pela população negra no Brasil quanto a força de uma ancestralidade que vem de além-mar.


2019 ◽  
Vol 48 (2) ◽  
pp. 994-1011
Author(s):  
José Gomes Pereira
Keyword(s):  

Este trabalho tem por objeto um estudo sobre as categorias de desumanização do sujeito oprimido, identificadas através do discurso do colonizador em relação às personagens negras, na obra Úrsula, da escritora maranhense Maria Firmina dos Reis. No ano de 1859, em pleno regime escravocrata, Maria Firmina tornou-se a primeira escritora afrodescendente a publicar um romance no Brasil, livro esse revelador de uma dupla ousadia: a primeira, de ter sido escrito por uma mulher, e, a segunda, de ter marcas abolicionistas em sua narrativa. Uma importante contribuição para as análises está no episódio das memórias de uma personagem chamada Mãe Susana, que, além de relembrar o período em que os negros foram trazidos à força para as terras brasileiras, também vai contestar os conceitos europeus de alforria e liberdade. Por conta desses detalhes históricos e antropológicos, serão utilizados, num quadro teórico-metodológico, os estudos pós-coloniais de Frantz Fanon e os conceitos de identidade de Stuart Hall.


Author(s):  
Claudete Gomes Soares

O objetivo desse artigo é evidenciar os significados atribuídos por estudantes universitários haitianos de uma universidade brasileira às suas experiências no Oeste Catarinense, seja como moradores da cidade de Chapecó e/ou região, seja como estudantes da UFFS (Universidade Federal da Fronteira Sul). Trata-se dos resultados de uma pesquisa sobre a integração haitiana no Oeste Catarinense em andamento, financiada pela FAPESC (Chamada pública 07/2015), que tem como objetivo investigar a presença negra, por meio da imigração haitiana, em uma região do país que constrói a sua identidade a partir da afirmação da branquitude, construída no marco de uma origem europeia sempre reivindicada em oposição aos povos racializados: indígenas e caboclos.  Será explorado como os estudantes haitianos, a partir de suas experiências, têm significado, percebido e reagido a esse encontro com a branquitude. Os estudantes haitianos em suas narrativas sobre as relações que estabelecem com a cidade e com a universidade percebem e evidenciam relações de poder construídas por meio do sistema de representação racial?  A tendência desses estudantes seria enfatizar ou minimizar o impacto do elemento racial como condiciontante de suas experiências na cidade de Chapecó e região? Existe a percepção por esses estudantes de que ocupam o lugar de outsiders na região Oeste Catarinense? Foram realizadas quinze entrevistas semiestruturadas com estudantes universitários haitianos. Para a análise dos dados coletados, tem-se utilizado os estudos sobre branquitude, as contribuições de Stuart Hall, Frantz Fanon, Norbert Elias e John Scotson, autores que nos possibilitam pensar a relação entre identidades e as estruturas de poder constituídas no marco da experiência colonial e da escravidão.


2017 ◽  
Vol 6 (2) ◽  
pp. 199-208
Author(s):  
Sarah Silva Froz ◽  
Silvana Maria Pantoja dos Santos

O romance Becos da memória (2013), da escritora afro-brasileira Conceição Evaristo, é composto por uma colcha narrativa em que há um entrelaçamento de memórias coletivas e individuais de moradores de uma favela em processo de demolição. Ao que se pode induzir, o contexto histórico remete ao início do século XX. A narradora-personagem Maria-Nova tece os fios soltos da narrativa, ao tempo em que vai ressignificando as memórias que envolvem sua história de vida e a dos outros moradores. Nessa conjuntura, este trabalho intenciona esquadrinhar as vivências da personagem Dora, afim de (des)construir as imagens estereotipadas dos negros como aqueles detentores de um apetite sexual selvagem “só corpo, sem mente” (HOOKS, 1995, p.449). A pesquisa é fundamentada na visão de Bell Hooks (1995), Stuart Hall (2003) e Frantz Fanon (2008). A personagem Dora representa a mulher negra empoderada, consciente da sua negritude, através dela pretendemos esquadrinhar a representatividade da mulher negra na sociedade.


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