scholarly journals Aproximação à escola discursiva dos Robinsons

2021 ◽  
Vol 31 (2) ◽  
pp. 223-243
Author(s):  
Daniel Bonomo

O objetivo do texto é contribuir para a definição de uma escola discursiva fundada por Daniel Defoe em Robinson Crusoé, há trezentos anos. A hipótese de que o título inaugura uma tradição importante para o desenvolvimento do romance como gênero é sustentada pela observação de sua economia formal e de seus prováveis efeitos de leitura, que se transformam no tempo e nas diferentes realizações que repõem o modelo em novos contextos, mais ou menos distantes do original. Assim aparecem, aqui, além do primeiro e do segundo Robinson de Defoe, interpretações de O Robinson suíço (Johann David Wyss), A escola dos Robinsons (Júlio Verne), Suzana e o Pacífico (Jean Giraudoux), Sexta-Feira ou os limbos do Pacífico (Michel Tournier), A vida sexual de Robinson Crusoé (Michel Gall) e A invenção de Morel (Adolfo Bioy Casares), que representam configurações narrativas desiguais, mas relevantes para o entendimento em perspectiva das continuidades em jogo.

2006 ◽  
Vol 35 (1) ◽  
pp. 55-64
Author(s):  
Annick Bouillaguet

Résumé Cet article étudie les rapports entre le désordre des choses et l'intervention du destin dans les incipit de Robinson Crusoe de Daniel Defoe, de Vendredi ou les Limbes du Pacifique de Michel Tournier (principalement), et de Vendredi ou la vie sauvage, du même auteur. Au début de Robinson Crusoe, le monde des hommes domine encore celui des choses, représentées plus tard sur l'île par des objets qui ont été conservés comme tels (sauvés du naufrage) ou confectionnés sur place, grâce aux outils eux aussi rescapés. L'incipit de Vendredi ou les Limbes du Pacifique organise au contraire le désordre des choses. Robinson, dont le destin récapitule la conception grecque (recoupant ainsi un certain nombre de mythes), celle du XVIIe siècle élisabéthain et une vision moderne peut-être issue de Voltaire, saura dépasser ce désordre, voire ensuite un ordre par lui reconstruit, pour se dissoudre dans l'immatériel. La valeur symbolique des objets qui, peuplant le navire, représentent l'ancien monde, s'atténue dans Vendredi ou la Vie sauvage, qui nous ramène à la force des choses.


2018 ◽  
Vol 28 (3) ◽  
pp. 103-119
Author(s):  
Letícia Malloy

Este artigo tem o objetivo de examinar diálogos entre a tradição das literaturas de língua inglesa, os romances La invención de Morel e Plan de evasión e, notadamente, o conto “Un perro que se llamaba Dos”, do escritor argentino Adolfo Bioy Casares. Para isso, toma-se como ponto de partida o contexto de ascensão do romance inglês, em que se verificam mudanças socioculturais engendradas pelo puritanismo, pelo individualismo e pelo capitalismo nascente, e as relações entre tal contexto e o fazer literário. Além de levar em conta aspectos constantes de Robinson Crusoé, de Daniel Defoe, o estudo analisa modulações do romance inglês verificadas em Narrativa de Arthur Gordon Pym, de Edgar Allan Poe, A ilha do tesouro, de Robert Louis Stevenson, e A ilha do dr. Moreau, de H. G. Wells, para refletir sobre suas interlocuções com a narrativa de Adolfo Bioy Casares.


Travessias ◽  
2020 ◽  
Vol 14 (3) ◽  
pp. 190-204
Author(s):  
Carla Denize Moraes

O presente trabalho procura realizar uma análise de releituras pós-coloniais do clássico Robinson Crusoé (1719), de Daniel Defoe. As obras, Sexta-feira ou os limbos do Pacífico (1967), romance de Michel Tournier e Crusoe (1988), filme de Caleb Deschanel, contemplam reflexão crítica a respeito da transculturação e seus efeitos no processo de transformação das identidades coloniais e serão estudadas por meio de análise comparativa interartes, com o objetivo de determinar e expor o modo como a arte ressignifica o passado à luz das concepções contemporâneas de forma a promover possíveis mudanças de perspectiva sobre as subjetividades envolvidas no processo colonial. Para sustentar nossas reflexões sobre cultura recorremos ao estudo de Homi K. Bhabha (2013), a respeito da transculturação, nos guiamos pela pesquisa de Fernando Ortiz (1983) e nos apoiamos no estudo de Nestor García Canclini (2013), para falar sobre hibridismo. Partimos do pressuposto de que a arte reflete o contexto no qual está inserida e, por isso, tanto pode reiterar o imaginário de seu tempo - e assim colaborar para a permanência do status quo – quanto subverter a realidade para dar-lhe novo sentido. Dessa forma, demonstraremos que a arte contemporânea, ao transcontextualizar enredo e personagens, cumpre seu papel de questionar e refletir sobre o discurso hegemônico presente na narrativa do século XVIII e, assim, colaborar com a tentativa de descolonização do pensamento.


2021 ◽  
Vol 21 (2) ◽  
pp. 466-480
Author(s):  
Filipe Ferreira

Este artigo combina a extraordinária análise por parte de Deleuze de Sexta-feira ou os Limbos do Pacífico, de Michel Tournier, que apresenta um Robinson Crusoé duplo, perverso, em relação ao de Daniel Defoe, com uma análise crítica de concepções como a de ser-no-mundo, resultantes da hermenêutica fenomenológica de Heidegger. O meu ponto é que sem outrem [Autrui], ou o que Deleuze chama a estrutura-outrem [structure Autrui], não é possível ‘interpretar' ser-no-mundo, que, por outras palavras, o que se descompreende sem esta estrutura é justamente uma compreensão pré-ontológica do ser, não se atingindo a facticidade do ser precisamente por se viver, se sofrer, sem outrem, um processo inverso, o de uma ‘desfactização' do próprio fato ou facticidade do ser.  Proponho, portanto, uma nova concepção do limite de ser-no-mundo não em termos da morte mas de outrem, do que é perder outrem, a estrutura-outrem, e como esta perda implica a perda de ser-no-mundo, a possibilidade ela mesma de interpretar, de compreender, as suas diferentes estruturas (ser-aí, ser-com, ser-para-a-morte, etc.) O conceito de outrem funciona assim como uma gigante dobra entre ser-no-mundo e o seu avesso ou o que Artaud definiu como ‘o outro lado da existência’, mas também entre a ausência de outrem e a criação de ‘mundos sem outrem', todos eles ‘menores', ‘ilhas desertas', 'plateaus', constituídos na imanência desta ausência, do próprio ‘fora'.


2011 ◽  
pp. 107-125
Author(s):  
Craufurd D. Goodwin

Two of the earliest novels in English, Robinson Crusoe (1719) by Daniel Defoe and Gulliver's Travels (1726) by Jonathan Swift, are widely perceived as an entertaining adventure story and a pioneering work of science fiction. Viewed by modern economists, however, they appear as expressions of opposing positions on the desirability of integration within a world economy. Crusoe demonstrated the gains from trade and colonization and the attendant social and political benefits. By contrast, Swift warned of complex entanglements that would arise from globalization, especially with foreign leaders who operated from theory and models rather than common sense.


2014 ◽  
Vol 26 (spe) ◽  
pp. 25-35
Author(s):  
Rodrigo Lages e Silva ◽  
Luis Antonio dos Santos Baptista

Este artigo faz uma apreciação da imbricação da qual emergem a modernidade científica, o liberalismo e a racionalidade política clássica e suas relações com o modo de produção capitalista. Toma-se como ponto de partida a narrativa da vida numa ilha deserta apresentada pelo romance Robinson Crusoé, seja na sua versão original em Defoe ou na sua recontagem por Michel Tournier, com o objetivo de debater as implicações ético-políticas do fazer científico no campo das humanidades, mais especificamente na psicologia, frente às formas contemporâneas de resistência ao capitalismo, com destaque às possíveis conexões entre uma estética da existência, tal como proposta por Michel Foucault, e os movimentos coletivos que se vêm espalhando pelo mundo desde 2012.


2020 ◽  
pp. 223-232
Author(s):  
Marta Kacprzak

La ermoza istorya de Robinzon o la mizerya: Sephardi Versions of Robinson CrusoeIn the second half of the 19th century the Haskalah, an intellectual movement whose objective was to educate and westernize Eastern European Jews, also reached the Sephardic communities in the Ottoman Empire. As a result, there emerged Sephardic modern secular literature, represented mainly by narrative fiction, theatre plays and press. It should be added that modern Sephardic literature is primarily based on translations or adaptations of Western novels. Among these texts we find Sephardic editions of classics of European literature, such as Romeo and Juliet by William Shakespeare, Robinson Crusoe by Daniel Defoe and Gulliver’s Travels by Jonathan Swift.I have found four different versions of Robinson Crusoe that were written in Judeo-Spanish and edited in aljamía. Two of them were published serially in Sephardi press, one in Salonica in 1881 and the other in Constantinople in 1900. The other two editions were prepared by Ben Tsiyon Taragan and published as complete versions, the first one in Jerusalem in 1897 and the second one in Constantinople in 1924. The aim of this paper is to provide a brief analysis of the Sephardic adaptations of Robinson Crusoe by Taragan. La ermoza istorya de Robinzon o la mizerya: sefardyjska wersja Robinsona CrusoeHaskala, zwana także Żydowskim Oświeceniem, to ruch intelektualny, którego celem było odrodzenie kulturowe i społeczne Żydów z EuropyWschodniej oraz ich integracja ze środowiskiem lokalnym. W drugiej połowie XIX wieku Haskala objęła także społeczność Żydów sefardyjskich zamieszkujących tereny należące do Imperium Osmańskiego, w wyniku czego powstała współczesna, świecka literatura sefardyjska reprezentowana głównie przez prozę, sztuki teatralne oraz prasę. Warto dodać, że współczesna literatura sefardyjska oparta jest przede wszystkim na przekładach lub adaptacjach powieści uważanych za klasykę literatury europejskiej, takich jak Romeo i Julia Williama Szekspira, Robinson Crusoe Daniela Defoe czy Podróże Guliwera Jonathana Swifta.W trakcie prowadzonych przeze mnie badań natrafiłam na cztery różne judeo-hiszpańskie wersje Robinsona Crusoe, które zapisane zostały alfabetem hebrajskim, tzw. pismem Rasziego. Dwie z nich ukazały się w prasie sefardyjskiej, jako powieść w odcinkach, pierwsza w Salonikach w 1881 r., a druga w Konstantynopolu w 1900 r. Pozostałe dwie, autorstwa Ben Tsiyona Taragana, zostały wydane w całości, pierwsza w Jerozolimie w 1897 r., druga zaś w Konstantynopolu w 1924 r. Celem tego artykułu jest prezentacja oraz krótka analiza sefardyjskich adaptacji Robinsona Crusoe autorstwa B. T. Taragana.


2020 ◽  
Vol 23 (1) ◽  
pp. 21-37
Author(s):  
Paola Encarnación Sandoval

Este artículo estudia la relación entre el motivo del naufragio y el proceso de adquisición del lenguaje en El Criticón de Baltasar Gracián y Robinson Crusoe de Daniel Defoe. El argumento es que el naufragio se configura como un núcleo del relato propicio para desarrollar la aventura intelectual. El análisis de paralelismos entre estos textos, centrado en cuatro elementos —la intención edificante de las obras, el tratamiento del naufragio, el encuentro de los personajes y el proceso de adquisición del lenguaje—, revela una concepción peculiar de la aventura, en la cual el componente intelectual es importante para desarrollar el enfrentamiento de los personajes con sus realidades. El objetivo del estudio consiste en plantear una reflexión en torno a las inquietudes de estos autores sobre el conocimiento como parte de la aventura literaria.


PMLA ◽  
1976 ◽  
Vol 91 (3) ◽  
pp. 420-435 ◽  
Author(s):  
Patricia Meyer Spacks

The authors of eighteenth-century spiritual autobiographies and of their fictional imitations demonstrate the complex functions of imagination as a component of the spiritual life and of its records. Robinson Crusoe and William Cowper’s Memoir (1816) both delineate detailed sequences of emotional and imaginative development as the foundation of religious experience. Crusoe progresses to self-understanding by recognizing and mastering his own fear and anger and developing his capacity for love and by enlarging the resources of his imagination. Cowper asserts that his conversion and the Christian fellowship that followed it dominate his experience, but his account, with dark imagistic undertones, may also be read as revealing the persistence of despair. The unconscious shaping which produces this counter-pattern enriches the memoir’s implication. In novel and autobiography alike, the divergence between what the author asserts and what he suggests, reflecting varying possibilities of the imagination, can generate fruitful literary effects.


Sign in / Sign up

Export Citation Format

Share Document