scholarly journals A Hipótese Colonial, um diálogo com Michel Foucault: a Modernidade e o Atlântico Negro no centro do debate sobre Racismo e Sistema Penal

2016 ◽  
Vol 27 (2) ◽  
Author(s):  
Pedro Argolo ◽  
Evandro Piza Duarte ◽  
Marcos Vinicius Lustosa Queiroz

O presente texto, ao refletir sobre os limites das narrativas tradicionais e críticas sobre a história do controle social e de seus saberes, debate uma questão: de que modo o controle social numa determinada época estaria vinculado à raça e, especificamente, como ele produziria uma discriminação dos “negros”?Para responder a essa questão se propõe um diálogo com os conceitos de “vida nua” de Giorgio Agamben e o de “dispositivo” de Michel Foucault, revisitando as ideias da “hipótese colonial” na explicação da violência das formas de controle social, especialmente na constituição do racismo.A construção da análise sobre a raça, a partir do conceito de “dispositivo”, lança uma alternativa à oposição entre as noções de racismo como prática e como episteme. Ao mesmo tempo dá-se visibilidade na construção do biopoder às práticas e disputas em outras margens da Modernidade. A violência da Conquista passa a ser vista como práxis constitutiva, muito antes do surgimento do signo “raça”. No mesmo passo, a disputa no Atlântico Negro, pelo controle das Cidades Negras e das ressignificações políticas e culturais da Diáspora Africana, adquirem uma dimensão estratégica para refletir sobre o surgimento das práticas penais.

Author(s):  
Vanessa Lemm

Readers of Giorgio Agamben would agree that the German philosopher Friedrich Nietzsche (1844–1900) is not one of his primary interlocutors. As such, Agamben’s engagement with Nietzsche is different from the French reception of Nietzsche’s philosophy in Michel Foucault, Gilles Deleuze and Georges Bataille, as well as in his contemporary Italian colleague Roberto Esposito, for whom Nietzsche’s philosophy is a key point of reference in their thinking of politics beyond sovereignty. Agamben’s stance towards the thought of Nietzsche may seem ambiguous to some readers, in particular with regard to his shifting position on Nietzsche’s much-debated vision of the eternal recurrence of the same.


2016 ◽  
Vol 28 (1) ◽  
pp. 171-180 ◽  
Author(s):  
Marcele de Freitas Emerim ◽  
Mériti de Souza

Resumo O considerado inimputável é absolvido por não entender o caráter ilícito de seu ato, embora, por medida de segurança, seja internado compulsoriamente em um hospital de custódia e tratamento psiquiátrico (HCTP): uma instituição pertencente ao sistema penitenciário. Cria-se assim a ambígua figura dolouco infrator - ora criminoso, ora doente mental - que raramente vimos contemplada em discussões e ações nas áreas da saúde e do direito. Ainda menos acolhido será aquele que atentar contra a vida de seus genitores: o chamado parricida. A partir dos aportes teóricos de Michel Foucault, Giorgio Agamben e Jacques Derrida, este trabalho discute discursos e práticas que se debruçam tanto sobre a questão da loucura, da infração e do parricídio quanto sobre a instituição do HCTP como modalidade de contenção e encaminhamento para os inimputáveis; assim como serão apresentadas discussões a partir das falas de pessoas classificadas como loucas, infratoras, parricidas - internadas em um HCTP.


Author(s):  
Nicolai Von Eggers ◽  
Mathias Hein Jessen

Michel Foucault developed his now (in)famous neologism governmentality in the first of the two lectures he devoted to ’a history of governmentality, Security, Territory, Population (1977-78) and The Birth of Biopolitics (1978-79). Foucault developed this notion in order to do a historical investigation of ‘the state’ or ‘the political’ which did not assume the entity of the state but treated it as a way of governing, a way of thinking about governing. Recently, the Italian philosopher Giorgio Agamben has taken up Foucault’s notion of governmentality in his writing of a history of power in the West, most notably in The Kingdom and the Glory. It is with inspiration from Agamben’s recent use of Foucault that Foucault’s approach to writing the history of the state (as a history of governmental practices and the reflection hereof) is revisited. Foucault (and Agamben) thus offer another way of writing the history of the state and of the political, which focuses on different texts and on reading more familiar texts in a new light, thereby offering a new and notably different view on the emergence of the modern state and politics.


Profanações ◽  
2020 ◽  
Vol 7 ◽  
pp. 409-430
Author(s):  
Giovanna Faciola Brandão de Souza Lima ◽  
Ricardo Evandro Santos Martins ◽  
Paulo Henrique Araújo da Silva

Este artigo tratará sobre as declarações de Giorgio Agamben acerca da pandemia do novo coronavírus e sua ideia de guerra civil ou stasis. Tendo em vista a acusação de que, em sua leitura sobre o contexto pandêmico, o filósofo estaria apenas tentando ser coerente com sua própria filosofia, esta pesquisa se propõe a demonstrar de que forma um contexto emergencial, tal qual a pandemia atual, já era visualizado por Agamben como uma justificativa para que fossem implementadas medidas de exceção ou como manifestação de uma guerra civil mundial. Para tanto, foi realizada pesquisa essencialmente bibliográfica, tendo como principal referencial teórico os artigos do filósofo publicados no site Quodlibet, suas obras e demais textos anteriores à pandemia, sobretudo Stasis (2015), além de escritos de Michel Foucault, uma de suas principais referências. Palavras-chave: Pandemia. Agamben. Guerra civil. Exceção.


2003 ◽  
Vol 26 (1) ◽  
pp. 11-28 ◽  
Author(s):  
Marie Cuillerai ◽  
Marc Abélès

Résumé La mondialisation est souvent décrite comme un phénomène principalement économique, et l’intérêt d’une approche anthropologique est d’en saisir la dimension géo-culturelle. Notre but est de faire apparaître tout l’intérêt de cette perspective en nous référant aux travaux d’Arjun Appadurai. Ce dernier met en évidence la crise de l’État-nation traditionnel et l’impact de la circulation des individus et des informations. Dans ce contexte, l’imagination joue un rôle essentiel, il est possible de produire de nouvelles localités. On confronte ici l’analyse d’Appadurai à une autre perspective qui souligne aussi l’importance des déplacements de population, mais place l’accent sur la dimension bio-politique de cette situation. En nous référant aux travaux de Michel Foucault et de Giorgio Agamben, nous montrerons que la prise en compte de cette perspective bio-politique peut permettre de mieux comprendre certains aspects de la mondialisation qui échappent à l’approche géo-culturelle.


RedPensar ◽  
2018 ◽  
Vol 6 (1) ◽  
pp. 1-15
Author(s):  
Gianni Baietto

Este artículo pretende ser una aproximación al problema de la salud social y planetaria. El marco teórico se constituye en la temática de la biopolítica, entendida ésta afirmativamente, es decir como política, ya no sobre la vida sino desde y para la vida. En este marco se inscribe la metáfora del sistema inmune como paradigma de bienestar de los cuerpos biológicos y sociales. Se clasifica la inmunología como categoría hermenéutica para interpretar las relaciones de inclusión, reciprocidad, diversidad y armonía que determinan un estado de salud. También, desde la perspectiva biopolítica se habilita un cuestionamiento al significado de comunidad, pensada como el compartir de algo propio, o bien, algo diferente. Justamente en el reconocimiento de la diferencia radica la fundamentación de nuestra identidad y, desde luego, de nuestra comunidad. La bibliografía consultada permitió tener acercamiento a diferentes conceptos como: biopolítica, ser viviente, identidad y comunidad, entre otros, los cuales aportan sustento al artículo. Así mismo, se invitan a este diálogo teórico a los autores Eboussi Boulaga, Roberto Esposito, Michel Foucault y Giorgio Agamben. Por último, el escrito quiere profundizar sobre el problema de las migraciones, en cuya comprensión la metáfora inmunológica encuentra uno de sus objetos más significativos.


2017 ◽  
Vol 2 (1) ◽  
Author(s):  
Rosane Cristina de Oliveira ◽  
Eliane Cristina Tenório Cavalcanti

<p>O presente artigo tem o objetivo investigar algumas formas que o Estado contemporâneo utiliza para promove intervenções biopolíticas acerca da violência contra mulher. Para isso, adotou-se o referencial teórico de Michel Foucault e Giorgio Agamben. Inicialmente será  apresentado o entendimento foucaultiano a respeito da biopolítica, e a construção de Agamben estabelecida a partir da concepção de <em>homo sacer</em> e vida nua, no sentido de realiza-se uma aproximação das construções dos dois autores, evidenciando as principais concepções em que uma se mostra complementar à outra para então se pensar na questão da violência contra mulher, aqui percebida como vida nua. A seguir, busca-se a noção de refugo humano proposta por Bauman para compreender as condições sociais e de vida das mulheres em situação de violência, exclusão social e<strong> </strong>vulnerabilidade<strong>, </strong>pretendendo-se assim que elas possam ser lidas à luz dessas categorias. Finalmente, apresenta-se a lei do Feminicídio como ação biopolítica contemporânea.<strong></strong></p><p><strong>Palavras-chave</strong>: Biopolítica; vida nua; violência contra a mulher.</p>


2019 ◽  
Vol 12 (2) ◽  
Author(s):  
Gerson Faustino Rosa ◽  
Carolina Noura de Moraes Rêgo

O presente trabalho propõe uma reflexão acerca do papel exercido pelo Estado de Direito na vida dos cidadãos, em especial quando esse Estado vale-se do liberalismo com arte de governar e passa a ser o gestor da “felicidade” humana. Durante essa reflexão, faz-se um breve excurso nas obras de Giorgio Agamben e Michel Foucault, analisando os conceitos de Estado de exceção e de biopolítica, respectivamente desenvolvido por eles. Regressa-se à forma de exclusão sofrida pelo homo sacer, conforme o pensamento de Agamben, a fim de compará-lo ao “bandido” dos nossos dias, também excluído da sociedade no mais das vezes. Por fim, expõe-se o papel do Direito do Estado, utilizado como instrumento de legitimação da crueldade e de interesses que não condizem com a vontade geral. Empregar-se-á, para tanto, os métodos lógico-dedutivo e indutivo-argumentativo, através de análises fundamentais e qualitativas, tendo como recursos bibliografia nacional e estrangeira.


2014 ◽  
Vol 34 (3) ◽  
pp. 660-675 ◽  
Author(s):  
Andrea Cristina Coelho Scisleski ◽  
Giovana Barbieri Galeano ◽  
Jhon Lennon Caldeira da Silva ◽  
Suyanne Nayara dos Santos

O presente artigo tem como objetivo a problematização dos modos pelos quais a tecnologia disciplinar, presente nas medidas socioeducativas de internação direcionadas aos jovens em conflito com a lei, vem sendo operacionalizada. Tomamos como fio condutor as reflexões de Michel Foucault e Giorgio Agamben para problematizar a vida enquanto objeto político a ser governado para determinado fim e que sofre intervenções não apenas para seu fortalecimento, mas que levam à desproteção jurídica e à morte política, ou mesmo biológica. A investigação se desenvolveu em três momentos metodológicos: oitiva de audiências na Vara da Infância e da Juventude, visita a uma unidade educacional de internação e leitura de processos jurídicos e das normativas legais voltadas para a população em questão. Assim, por meio do que encontramos na pesquisa, entende-se que a tecnologia disciplinar, do modo que vem sendo utilizada nas medidas socioeducativas de internação, assemelha-se mais a um dispositivo de controle com o objetivo meramente de docilizá-los, reduzindo o sujeito à vida nua; isto é, como mero corpo biológico que sofre efeitos de uma ação, do que propriamente um método socioeducativo como estabelecem o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo.


Author(s):  
Edgardo Castro

Desde la perspectiva de la crítica al antijuridicismo foucaultiano expuesta por Giorgio Agamben en Homo sacer, en el presente trabajo abordamos la cuestión del derecho y su relación con la vida en la genealogía de la racionalidad política moderna, desarrollada en los cursos de Michel Foucault en el Collège de France de los años 1978-1979. Nuestro objetivo es mostrar las modalidades que adopta esta relación a través de los conceptos de integración marginalista y de utilitarismo político, de golpe de Estado permanente y de heterogeneidad de las formas jurídicas. A partir de estas nociones, nos proponemos, además, una confrontación con la lectura realizada por Agamben.


Sign in / Sign up

Export Citation Format

Share Document