Perfil das mulheres encaminhadas da atenção primária em saúde — patologia benigna — ao serviço de Mastologia de hospital terciário
Introdução: No Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, desde 2012, os encaminhamentos para a rede municipal ambulatorial são realizados por meio do Sistema Nacional de Regulação (SISREG). O sistema funciona on-line e, diariamente, médicos da estratégia de saúde da família da Atenção Primária solicitam consultas e exames que, após aprovados, são agendados pelas unidades que disponibilizam o serviço. O objetivo do SISREG é otimizar recursos e melhorar o fluxo dos atendimentos. Os atendimentos são classificados de acordo com critérios de prioridade contendo prazo de agendamento de 30 a 180 dias. O ambulatório de Mastologia do Hospital Terciário oferece ao SISREG quatro vagas por semana para consulta em patologia benigna mamária. Objetivo: Avaliar o perfil das mulheres encaminhadas, via SISREG, ao serviço de Mastologia de um hospital terciário e seu papel no contexto do SUS. Método: Estudo retrospectivo com análise dos prontuários de mulheres encaminhadas por meio do SISREG ao ambulatório de Mastologia de hospital terciário, no período de janeiro a dezembro de 2019. Os dados foram expressos em números absolutos e porcentagem. Resultados: Foram encaminhadas 97 mulheres, mas apenas 90 compareceram à consulta. Seis mulheres (7%) não tinham indicação de acompanhamento especializado; 43 (48%) já possuíam biópsia prévia; em 13 casos (15%) foi indicado biópsia; em 27 (30%) houve indicação cirúrgica; e o diagnóstico suspeito ou confirmado de câncer de mama ocorreu em 17 mulheres (19%). O tempo médio entre a data de solicitação (SISREG) e o dia da consulta (hospital terciário) foi de 67 dias, grande parte dele gasto entre a data da aprovação na unidade de solicitação até a marcação no hospital. O tempo da prioridade foi respeitado em 75% das vezes. Quarenta por cento das vagas ofertadas não foram preenchidas. Entre as mulheres com registro de história familiar, 18 (20%) possuíam indicação de estudo genético para pesquisa de câncer de mama hereditário. Cinquenta e quatro mulheres (60%) apresentavam índice de massa corpórea (IMC) acima de 25 kg/m2 (sobrepeso e obesidade). Somente 2 mulheres (2,2%) referiram ingerir regularmente bebida alcoólica e 30 (33,3%) tinham história de tabagismo. A atividade física regular fazia parte da rotina de 23 mulheres (25,5%). Conclusão: A maior parte da população atendida está acima do peso, é sedentária e uma parcela significativa possui história familiar positiva para câncer de mama. Além disso, a oferta em consulta de patologia benigna mamária parece excessiva, dado o grande número de vagas não preenchidas.