Introdução: o tratamento hemodialítico impõe modificações no cotidiano do indivíduo e demanda autogerenciamento eficaz da saúde para que se alcancem as metas terapêuticas e consequentemente uma melhor qualidade de vida relacionada à saúde. Há evidências de que pessoas com altos níveis de ativação apresentam comportamentos mais saudáveis e melhores desfechos clínicos quando comparadas a pessoas com baixa ativação. Dessa forma, mensurar a ativação dos pacientes em hemodiálise possibilita a identificação do grau de autogerenciamento destes e viabiliza intervenções de saúde direcionadas ao indivíduo, considerando suas crenças, habilidades e motivações. Objetivo: avaliar o nível de ativação de pacientes em hemodiálise e seus fatores associados. Metodologia: estudo com abordagem quantitativa e corte transversal, realizado com 162 pessoas em tratamento hemodialítico de uma unidade de terapia renal substitutiva, sediada no município de Juiz de Fora, Minas Gerais. Os participantes responderam a dois questionários, um para avaliação sociodemográfica e clínica e outro para classificação econômica, e também a duas escalas, uma para mensurar o nível de ativação (Patient Activation Measure-13) e outra para avaliação da qualidade de vida (Kidney Disease Quality of life short form). Foram coletados dados secundários, referentes aos resultados de exames laboratoriais e valores de ultrafiltração, para avaliação dos resultados em saúde. Foi realizada a análise descritiva dos dados para caracterização da população, regressão de Poisson com variância robusta para verificar associação entre o escore de ativação e os dados sociodemográficos, socioeconômicos e clínicos e regressão Logística com a finalidade de estabelecer o relacionamento entre os níveis de ativação com a qualidade de vida relacionada à saúde. Utilizou-se o software SPSS versão 23.0 e o STATA. Resultados: foram construídos dois artigos intitulados “Fatores associados à ativação de pacientes em hemodiálise “e “Nível de ativação e qualidade de vida relacionada à saúde de pessoas em hemodiálise”. Ressalta-se que dos participantes, 63% eram homens, a idade média foi de 59,23+ 15 anos e 74,1% realizavam tratamento há menos de cinco anos. O escore médio da ativação do paciente foi de 60,85 +15,57, sendo a mediana de 53,2 (intervalo de confiança: 58,4 – 63,3). Associou-se à maior prevalência de alta ativação possuir nível superior de ensino e não necessitar de cuidador e à menor prevalência de alta ativação ter o domicílio classificado como B2 ou D-E e não ter realizado previamente outra terapia renal substitutiva. Em relação a ativação e qualidade de vida, o nível de ativação foi associado aos domínios sintomas, funcionamento físico, saúde geral, bem-estar emocional, energia/fadiga e o componente mental da qualidade de vida relacionada à saúde. Conclusão: a maior parte de pessoas em hemodiálise não possuem habilidades, conhecimentos e motivações o suficiente para serem responsáveis pelo autogerenciamento de sua saúde, o que reforça a relevância da atuação profissional em realizar intervenções de saúde que visem melhorar os níveis de ativação dessa população.