scholarly journals Alteridade, ética e diversidades de gênero na (trans)formação de operadores do Direito e da cultura jurídica

2020 ◽  
Vol 10 (2) ◽  
pp. 36672
Author(s):  
Cibele Cheron ◽  
Camila Paola Fernandes Polônia

O presente artigo traz ao debate a importância das questões inerentes às diversidades de gênero estarem contempladas na formação dos operadores do Direito. Partimos da constatação do exaurimento da cultura jurídica centrada nos valores e práticas adversariais, de maximização do ganho individualista e desumanização das relações sócio-políticas. O estudo filia-se ao entendimento de que diferentes saberes estão relacionados a diferentes costumes, condutas e práxis. Assim, transformações na matriz de conhecimentos que formam cidadãos têm potencial para produzir transformações nas relações sociais. Adota-se referencial teórico interdisciplinar com aportes das Ciências Sociais, Direito, Educação e Filosofia a fim de avaliar a inserção de temas relativos às diversidades de gênero como obrigatórios nos projetos pedagógicos e currículos de cursos de graduação em Direito de Porto Alegre, RS, e região, conforme a Política de Educação em Direitos Humanos vigente. Destacam-se os conceitos de conflito, política, ética e alteridade, em Jacques Rancière, liberalismo, racionalidade política, lutas transversais e saber-poder em Michel Foucault para sustentar a necessária transformação da cultura jurídica e da formação acadêmica. Afirma-se o potencial individual não como bem em si, mas para que se promova a integração a partir das diferenças e da pluralidade, critério ético pautado pela alteridade e integralidade humana.

Author(s):  
Michelly Alves Teixeira

Neste trabalho, apresentaremos o prelúdio de um debate que tem grandes implicações quando pensamos as definições de poder defendidas tanto por Michel Foucault quanto por Jacques Rancière. Apesar de ambos os autores formularem diagnósticos no tocante à política social francesa, nosso problema é entender as estruturas de poder, as manifestações da ordem política e policial, bem como o movimento de contraposição que estrutura a discussão, visto que, apesar da proximidade de Rancière para com as teses foucaultianas, existe também um desvio, capaz de formular a reconfiguração dos espaços de maneira distinta, com base em disposições de poder como política e polícia.


2019 ◽  
Vol 21 (3) ◽  
pp. 797-817
Author(s):  
Rodrigo Pelloso Gelamo ◽  
José Roberto Sanábria Alelúia ◽  
Álvaro Matheus Valim Rosa

O presente artigo tem por objetivo refletir sobre as atividades teóricas e práticas elaboradas no projeto “Transmissão de conhecimento ou experiência no ensino da Filosofia: limites e possibilidades”. O projeto teve por objetivo articular saberes acadêmicos e cotidianos, a fim de satisfazer demandas e necessidades que contemplassem a realidade dos educadores, educandos e estagiários envolvidos no processo. Especificamente, o projeto almejava proporcionar experiências filosóficas, sem se amparar nas metodologias ou didáticas que justificassem a tradicional estrutura de transmissão de conteúdos. Partimos da concepção de que era possível romper com a lógica explicadora da figura do professor, que produz ensinamentos condicionados, justifica, portanto, nossa escolha por um espaço informal. Isso nos levou a fundamentar nossas vivências fora do espaço acadêmico nas noções de cuidado de si e do outro, de Michel Foucault, a presença e poética da transmissão, de Fernando Bárcena, e da lógica explicadora, de Jacques Rancière.


2010 ◽  
Vol 11 ◽  
pp. 140
Author(s):  
Marcelino Viera

La propuesta de este texto es seguir la línea de pensamiento del filósofo francés Jacques Rancière al abordar el trabajo teórico freudiano como dislocado de su tiempo histórico, es decir de las formulaciones teóricas absortas en el positivismo que hacían de las humanidades una práctica científica. Rancière observa que el trabajo interpretativo y teórico de Freud se ubica en una lógica estética que rompe con la definición clásica de ésta e inaugura un pensamiento más allá de la lógica moderna. Consecuentemente este trabajo abordará una conceptualización de modernidad, la desarrollada por Michel Foucault en el texto The Politics of Truth (1997), para pasar luego a los Cínicos griegos como vía hacia la propuesta de Jacques Rancière en El inconsciente estético (2005) donde plantea a Freud como pensador estético.


Author(s):  
Daniel Villalpando Colín

El objetivo principal de este artículo es analizar el funcionamiento de ciertos dispositivos de poder empleados por una minoría social para restringir y privatizar los accesos sensorial e intelectual en el mundo del arte contemporáneo. Tal objetivo fue solucionado a través de la construcción ex professo de un marco teórico-metodológico elaborado con base en seis ideas centrales, las cuales provienen del campo del saber filosófico: (1) el arte contemporáneo pensado como una tribu de iniciados de Yves Michaud, (2) la oposición entre lo sagrado y lo profano de Giorgio Agamben, (3) la división y el reparto de lo sensible de Jacques Rancière, 4) la arqueología del saber de Michel Foucault; y para finalizar, del mismo pensador, 5) el control y la vigilancia de la distribución, redistribución, selección y exclusión en la accesibilidad de los saberes y de las prácticas producidas en el mundo social.


Anos 90 ◽  
2018 ◽  
Vol 24 (46) ◽  
Author(s):  
André Fabiano Voigt

O presente artigo procura, em uma análise retroativa a autores como Immanuel Kant, Georg W. F. Hegel e Karl Marx, estabelecer as divergências e convergências entre estes autores em torno de um fio condutor: qual é a relação que o ser humano tem com o tempo, o espaço e a prática da liberdade? Qual a importância, portanto, de uma “época” para a análise histórica? Percebe-se que, apesar de Hegel e Marx seguirem elementos importantes do pensamento kantiano, ambos convergem em um princípio que se distingue da análise de Kant: a noção de que alguns grupos ou indivíduos teriam uma visão/compreensão (Einsicht) melhor da situação de todos. Neste sentido, entendemos que a sequência entre a crítica kantiana e o pensamento contemporâneo está principalmente na obra de autores que pensaram a crítica do filósofo de Königsberg como “atitude crítica” diante do pressuposto da autoridade. Entre esses autores, encontram-se Michel Foucault e Jacques Rancière, que defendem a característica eminentemente anacrônica do trabalho do historiador, sem a pressuposição da superioridade de um indivíduo ou grupo sobre os demais.


Author(s):  
Pedro Caetano Eboli Nogueira

O presente artigo analisa as ações anti-racismo “Monumento Horizontal” (2004), intervenção urbana realizada na cidade de São Paulo, e “Bandeiras” (2005), série de bandeiras abertas em diversas partidas de futebol. Ambas foram realizadas pelo coletivo Frente Três de Fevereiro, grupo paulistano de arte e ativismo surgido com o intuito de combater o racismo estrutural. Partindo de entrevistas realizadas com o grupo, procuramos compreender o “caráter poético” atribuído ao ativismo do coletivo, sublinhando de que modo ele emerge a contrapelo de concepções políticas baseadas na comunicação. Para tal, mobilizamos os subsídios teóricos de Jacques Rancière, amparados por autores como Jean-Luc Nancy, Silvio Almeida e Judith Butler. Assim, tomamos a “poética” como via de acesso para compreender, no âmbito das estratégias políticas do coletivo, o entrelaçamento entre a noção de dissenso e a ideia de acontecimento, tal como pensada por Jacques Rancière e Michel Foucault. Por fim, justapomos as expectativas de eficácia política, subjacentes às ações do coletivo, àquilo que Jacques Rancière chamou de “modelos de eficácia da arte” em seu regime estético.


Author(s):  
Gabriele Vieira Neves

O presente estudo tem como objetivo analisar o Manifesto De’VIA (Deaf View/Image Art) como uma declaração política da comunidade surda no campo epistemológico das artes visuais. Para isso, utilizou-se o documento produzido em 1989 por um grupo de artistas surdos dos Estados Unidos, no qual estão descritas as características da arte De’VIA, bem como, o seu propósito político. Utilizou-se como referencial teórico os estudos sobre linguagem, política e subjetividade de autores como Jacques Ranciére, Michel Foucault e Gilles Deleuze. Após a tradução e leitura do documento, percebeu-se que o manifesto De’VIA explora a potência das artes visuais como dispositivo de subjetivação política dos sujeitos surdos e reconfigura a partilha do sensível, onde os surdos historicamente ocuparam o lugar de sujeitos sem voz e sem palavra. Concluiu-se que o movimento pode ser compreendido como uma batalha no campo da linguagem, uma vez que seu documento de fundação propõe a desnaturalização do termo genérico “arte surda” e sua substituição pelo termo De’VIA, uma palavra criada pela junção da língua americana de sinais e da língua inglesa.   


2019 ◽  
Vol 7 (1) ◽  
pp. 257-291
Author(s):  
Victor Galdino Alves de Souza

O objetivo deste artigo é apresentar a ideia geral de uma ontologia crítica do imaginário como uma herança e uma apropriação critica da obra de Michel Foucault. Começaremos pelo que Foucault tinha a nos dizer explicitamente sobre imagem, imaginação e imaginário em seu primeiro texto publicado, uma introdução à tradução francesa de Traum und Existenz de Ludwig Binswanger. Em seguida, será apresentado o conceito de partilha do imaginário, inspirado no trabalho de Jacques Rancière, de modo a definir o que há na ordem do imaginário que demanda uma ontologia crítica em termos foucaultianos e quais são as características mais gerais desse tipo de ordem. Conceitos de outros autores também serão usados para caracterizar os problemas políticos e éticos que surgem a partir da organização social do imaginário. Por último, veremos como pode se dar um encontro crítico entre as teses do ensaio introdutório de Foucault, as preocupações que marcam a dimensão ética de seu trabalho em geral e os problemas relativos ao governo do imaginário em nossa sociedade.


2020 ◽  
Vol 25 (43) ◽  
pp. 43-63
Author(s):  
José dos Santos Costa Júnior

O texto problematiza a emergência histórica do corpo infantil na Paraíba entre as décadas de 1940 e 1950 como o efeito de um dispositivo médico-pedagógico-assistencial, partindo da descrição e análise enunciativa do boletim da comissão estadual da Legião Brasileira de Assistência (LBA). Para isto, articula tal periódico com outras narrativas e saberes da época para inquirir as suas condições de possibilidade. Mobiliza-se um conjunto de fotografias, dados demográficos e textos presentes no periódico a fim de desenhar os contornos de uma genealogia da criança como sujeito de certos cuidados e investimentos socioeconômicos. A entrada do país na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) gerou o cenário para redesenhar as políticas sociais com foco na infância e maternidade. Localmente, a Paraíba passava por transformações na gestão pública com o interventor Ruy Carneiro e a racionalização da administração. Tal projeto gerou conflitos com a Igreja católica no que dizia respeito ao tratamento de questões sociais como maternidade e infância, tratadas a partir de então pela primeira-dama Alice Carneiro na ótica da filantropia e não mais da caridade. Para pensar os conflitos e tensões que marcaram o processo em que a infância e o corpo da criança foram tomados como objetos de políticas específicas, mobiliza-se, metodologicamente, as ferramentas de Michel Foucault sobre a analítica do poder em interface com as formulações conceituais de Thomas Lemke e Laura Bazzicalupo sobre biopolítica, bem como as reflexões de Jacques Rancière e Georges Didi-Huberman sobre a historicidade das imagens. Analisa-se, portanto, as estratégias de captura e produção do corpo infantil na esfera pública, articulando-se a “disciplina” (anatomopolítica do corpo humano) e a regulação (biopolítica da população) para construir um projeto nacional.


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