scholarly journals Manifesto De’VIA de 1989

Author(s):  
Gabriele Vieira Neves

O presente estudo tem como objetivo analisar o Manifesto De’VIA (Deaf View/Image Art) como uma declaração política da comunidade surda no campo epistemológico das artes visuais. Para isso, utilizou-se o documento produzido em 1989 por um grupo de artistas surdos dos Estados Unidos, no qual estão descritas as características da arte De’VIA, bem como, o seu propósito político. Utilizou-se como referencial teórico os estudos sobre linguagem, política e subjetividade de autores como Jacques Ranciére, Michel Foucault e Gilles Deleuze. Após a tradução e leitura do documento, percebeu-se que o manifesto De’VIA explora a potência das artes visuais como dispositivo de subjetivação política dos sujeitos surdos e reconfigura a partilha do sensível, onde os surdos historicamente ocuparam o lugar de sujeitos sem voz e sem palavra. Concluiu-se que o movimento pode ser compreendido como uma batalha no campo da linguagem, uma vez que seu documento de fundação propõe a desnaturalização do termo genérico “arte surda” e sua substituição pelo termo De’VIA, uma palavra criada pela junção da língua americana de sinais e da língua inglesa.   

2019 ◽  
Vol 2 (35) ◽  
pp. 22-32
Author(s):  
André Vinícius Nascimento Araújo

As representações conformam-nos a certos modos de ver, de sentir e de enunciar que são perspectivas fechadas de nossas experiências estéticas e políticas. Sendo assim, se elas tornam restritas as nossas maneiras de se relacionar com os acontecimentos, é possível pensar para além das representações? Colocamos tal questão no horizonte da leitura de pensadores como Friedrich Nietzsche, Gilles Deleuze, Michel Foucault e Jacques Rancière. Porém, nosso foco incide sobre a crítica ao paradigma representativo, apresentada em alguns momentos distintos da obra de Deleuze, inclusive daquela que escreve junto com Félix Guattari, quando trata da questão da rostidade. Pretendemos, primeiramente, abordar aquele que para Nietzsche não é senão o maior de todos os acontecimentos a se dar na existência humana: a morte de Deus. Acontecimento que implica uma cisão nos modos tradicionais de pensar, subsumidos a representações morais e metafísicas da existência. De que maneira a morte de Deus será o horizonte de sentido para um modo de pensar, tanto em Deleuze, quanto em Foucault, que considera as coisas e as representações que fazemos delas, como interpretações de um certo jogo de forças e de subjetivação? Por último, poderemos avaliar a partir do conceito rancièriano de partilha do sensível, como encontramos em Deleuze uma prática do pensamento que busca escapar de uma distribuição sedentária do sensível e do político quando este se restringe ao paradigma das representações.


2019 ◽  
Vol 5 (1) ◽  
pp. 79-105
Author(s):  
Roberta Stubs

Este texto é um grito de resistência que pensa a coextensividade entre o coeficiente artístico e o coeficiente vida enquanto produção de mundos. Recorro a Gilles Deleuze, Félix Guattari, Michel Foucault, Jacques Rancière, Marcel Duchamp e François Soulages para pensar a arte, e a imagem fotográfica mais especificamente, enquanto ficção ética-estética-política. Num convite para inventar no mundo outras suavidades/sensibilidades, entendo a ficção como exercício político para desmistificar as verdades absolutas que crivam nosso corpo e a própria realidade. Num contexto de esvaziamento de nossa capacidade imaginativa, a ficção se torna ferramenta que reativa em nosso corpo/subjetividade fluxos crítico-inventivos. É nesse sentido que apostamos no /im/possível como forma de ultrapassar um aparente esgotamento do presente e resignificar a vida. Valendo-me de alguns trabalhos autorais, exploro a ideia de que em terreno de ficção o tempo ganha várias camadas, o presente se expande no encontro do passado com o futuro, e a realidade se desdobra em múltiplos e vastos mundos.


Author(s):  
Luis Eustáquio Soares

resumo Em diálogo polifônico com Jacques Rancière (2009), Michel Foucault (1999), Gilles Deleuze e Félix Guattari (2008), Samir Amin (2005), Agamben, (2008), entre outros, este artigo põe em destaque a indiscernibilidade atual entre biopolítica, espetáculo e imperialismo mundial integrado, ao mesmo tempo que procura analisar processos de resistência e alternativa a essas interfaces imperialistas a partir de uma biopolítica afirmativa presente, como hipótese, nos romances A revolução melancólica(1943) e Chão(1945), ambos de Oswald de Andrade; Parque Industrial (1933), de Patrícia Galvão, Pagu; e PanAmérica (1967), de José Agrippino de Paula.


Ícone ◽  
2018 ◽  
Vol 16 (2) ◽  
pp. 210-224
Author(s):  
Marina Feldhues

Este trabalho procura refletir sobre se é possível pensar sobre a realidade do mundo, procurar compreender a realidade, por meio da fotografia. Para tanto, parte das proposições levantadas por Susan Sontag sobre o assunto. Na sequência, faz uma revisão teórica das proposições de Sontag à luz das reflexões trazidas por Jacques Rancière sobre imagem, operações de arte e montagem; Walter Benjamin sobre o ato de narrar; Gerry Badger e László Moholy-Nagy sobre narrar como fotos; e Gilles Deleuze sobre o pensamento como experiência.  Por último, procuramos analisar, com base nas reflexões trazidas pelos autores mencionados, como as operações artísticas da instalação Truth Study Center de Wolfgang Tillmans, contribuem para refletirmos sobre a experiência de pensar a realidade do mundo a partir de fotografias.


Author(s):  
Michelly Alves Teixeira

Neste trabalho, apresentaremos o prelúdio de um debate que tem grandes implicações quando pensamos as definições de poder defendidas tanto por Michel Foucault quanto por Jacques Rancière. Apesar de ambos os autores formularem diagnósticos no tocante à política social francesa, nosso problema é entender as estruturas de poder, as manifestações da ordem política e policial, bem como o movimento de contraposição que estrutura a discussão, visto que, apesar da proximidade de Rancière para com as teses foucaultianas, existe também um desvio, capaz de formular a reconfiguração dos espaços de maneira distinta, com base em disposições de poder como política e polícia.


2019 ◽  
Vol 21 (3) ◽  
pp. 797-817
Author(s):  
Rodrigo Pelloso Gelamo ◽  
José Roberto Sanábria Alelúia ◽  
Álvaro Matheus Valim Rosa

O presente artigo tem por objetivo refletir sobre as atividades teóricas e práticas elaboradas no projeto “Transmissão de conhecimento ou experiência no ensino da Filosofia: limites e possibilidades”. O projeto teve por objetivo articular saberes acadêmicos e cotidianos, a fim de satisfazer demandas e necessidades que contemplassem a realidade dos educadores, educandos e estagiários envolvidos no processo. Especificamente, o projeto almejava proporcionar experiências filosóficas, sem se amparar nas metodologias ou didáticas que justificassem a tradicional estrutura de transmissão de conteúdos. Partimos da concepção de que era possível romper com a lógica explicadora da figura do professor, que produz ensinamentos condicionados, justifica, portanto, nossa escolha por um espaço informal. Isso nos levou a fundamentar nossas vivências fora do espaço acadêmico nas noções de cuidado de si e do outro, de Michel Foucault, a presença e poética da transmissão, de Fernando Bárcena, e da lógica explicadora, de Jacques Rancière.


2010 ◽  
Vol 11 ◽  
pp. 140
Author(s):  
Marcelino Viera

La propuesta de este texto es seguir la línea de pensamiento del filósofo francés Jacques Rancière al abordar el trabajo teórico freudiano como dislocado de su tiempo histórico, es decir de las formulaciones teóricas absortas en el positivismo que hacían de las humanidades una práctica científica. Rancière observa que el trabajo interpretativo y teórico de Freud se ubica en una lógica estética que rompe con la definición clásica de ésta e inaugura un pensamiento más allá de la lógica moderna. Consecuentemente este trabajo abordará una conceptualización de modernidad, la desarrollada por Michel Foucault en el texto The Politics of Truth (1997), para pasar luego a los Cínicos griegos como vía hacia la propuesta de Jacques Rancière en El inconsciente estético (2005) donde plantea a Freud como pensador estético.


2020 ◽  
Vol 10 (2) ◽  
pp. 36672
Author(s):  
Cibele Cheron ◽  
Camila Paola Fernandes Polônia

O presente artigo traz ao debate a importância das questões inerentes às diversidades de gênero estarem contempladas na formação dos operadores do Direito. Partimos da constatação do exaurimento da cultura jurídica centrada nos valores e práticas adversariais, de maximização do ganho individualista e desumanização das relações sócio-políticas. O estudo filia-se ao entendimento de que diferentes saberes estão relacionados a diferentes costumes, condutas e práxis. Assim, transformações na matriz de conhecimentos que formam cidadãos têm potencial para produzir transformações nas relações sociais. Adota-se referencial teórico interdisciplinar com aportes das Ciências Sociais, Direito, Educação e Filosofia a fim de avaliar a inserção de temas relativos às diversidades de gênero como obrigatórios nos projetos pedagógicos e currículos de cursos de graduação em Direito de Porto Alegre, RS, e região, conforme a Política de Educação em Direitos Humanos vigente. Destacam-se os conceitos de conflito, política, ética e alteridade, em Jacques Rancière, liberalismo, racionalidade política, lutas transversais e saber-poder em Michel Foucault para sustentar a necessária transformação da cultura jurídica e da formação acadêmica. Afirma-se o potencial individual não como bem em si, mas para que se promova a integração a partir das diferenças e da pluralidade, critério ético pautado pela alteridade e integralidade humana.


Author(s):  
Daniel Villalpando Colín

El objetivo principal de este artículo es analizar el funcionamiento de ciertos dispositivos de poder empleados por una minoría social para restringir y privatizar los accesos sensorial e intelectual en el mundo del arte contemporáneo. Tal objetivo fue solucionado a través de la construcción ex professo de un marco teórico-metodológico elaborado con base en seis ideas centrales, las cuales provienen del campo del saber filosófico: (1) el arte contemporáneo pensado como una tribu de iniciados de Yves Michaud, (2) la oposición entre lo sagrado y lo profano de Giorgio Agamben, (3) la división y el reparto de lo sensible de Jacques Rancière, 4) la arqueología del saber de Michel Foucault; y para finalizar, del mismo pensador, 5) el control y la vigilancia de la distribución, redistribución, selección y exclusión en la accesibilidad de los saberes y de las prácticas producidas en el mundo social.


2017 ◽  
Vol 29 (46) ◽  
pp. 111
Author(s):  
Leticia Arancibia Martínez ◽  
Teresa Montealegre Barba

El presente artículo intenta indagar en el estatus político de la filosofía a partir de una lectura de Gilles Deleuze y Jacques Rancière. Este vínculo nos parece pertinente para comprender o dar un nuevo enfoque a la crisis actual de lo político, en la que pareciera no haber alternativa al presentarse como un dispositivo que reproduce la desigualdad y descontento social (política institucional, política de partidos). La elaboración de esta investigación, intenta mostrar que la crisis existente tiene como parte del problema su concepción de política misma. Es por ello que la pregunta ¿qué es realmente la política?, es fundamental para pensar nuestra actualidad. Por lo anterior, la relevancia de la concepción de política en ambos autores, reside en su radicalización que permite evidenciar a toda política institucional como policial. La política siempre surge y refiere a un Afuera que se resiste a ser apresado por un sistema, institución y toda lógica normativa. Lo político es resistencia pura, devenir en proceso. A través del examen del vínculo  entre filosofía y política (la llamada filosofía política), se propone una aproximación a una comprensión de lo político entendido como resistencia elaborada por ambos autores, vínculo que logra dar cuenta de la potencialidad de la política y del carácter dual de la filosofía. Esta dualidad es dada por su carácter creacional donde por un lado, tiene un rasgo emancipatorio, y por otro, un rasgo fundacional. Con respecto a lo anterior, se trabajará principalmente a partir de una lectura de ¿Qué es la filosofía? y Conversaciones, de Deleuze, haciendo aproximaciones a la obra de Rancière a partir de El desacuerdo y Aux bords du politique, principalmente.


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