scholarly journals Machado de Assis: o aprendizado do escritor e o esclarecimento de Mariana

2005 ◽  
Vol 25 (50) ◽  
pp. 241-258 ◽  
Author(s):  
Luiz Roncari
Keyword(s):  

O ensaio se divide praticamente em duas partes. Na primeira, ele trata da formação de Machado de Assis como escritor, o seu modo muito próprio de se relacionar com o leitor e os controles do Estado Imperial da segunda metade do século XIX. Na última, ele analisa o conto "Capítulo dos chapéus", no qual Machado procura mostrar como, depois de cem anos, ainda continuam estranhos os valores da Revolução Francesa na vida social brasileira.

2010 ◽  
Vol 8 (1) ◽  
pp. 90
Author(s):  
Graziela Giusti Pachane

O objetivo do presente trabalho é oferecer uma introdução às reflexões sobre verdade e ciência a partir da abordagem de textos literários, promovendo uma interlocução entre arte e ciência, entre literatura e metodologia da pesquisa (em especial, em educação). Inspirado por uma poesia de Drummond, um conto de Machado de Assis e um romance contemporâneo, de autoria de Lia Neiva, o texto aponta a literatura como forma de se abordarem temas complexos das ciências, como a noção de verdade e realidade, com estudantes de graduação. Introduz, ainda que de modo breve, uma interlocução com produções artísticas variadas – desde imagens com ilusões de ótica até filmes e seriados televisivos – no intuito de tornar as experiências em metodologia de pesquisa mais dinâmicas, mais atraentes e esclarecedoras. Ao final do texto, somos levados a uma reflexão acerca das possibilidades e dos limites da leitura da realidade propiciada por nossas experiências científicas e literárias, bem como de suas interpretações, realizadas/escolhidas segundo nossos caprichos, nossas miopias e nossas ilusões, numa referência direta ao poema “A porta da verdade” de Carlos Drummond de Andrade. 


2016 ◽  
Vol 38 (2) ◽  
pp. 181
Author(s):  
Maria Do Carmo Brazil ◽  
Luciana Figueiredo
Keyword(s):  

Com base em produções historiográficas e literárias dos séculos 19 e 20, refletiremos acerca da criança afro-brasileira, abarcando sua trajetória, sua inserção no universo cultural europeizado, suas vivências, seus brinquedos e brincadeiras. Nosso primeiro passo foi perscrutar o cotidiano social da criança oitocentista por meio da literatura. Nosso propósito foi, sobretudo, refletir sobre a infância da criança negra durante o passado de escravidão, considerando os funestos desdobramentos desta instituição no presente. Das discussões envolvendo as raízes africanas e as heranças do escravismo, depreende-se a necessidade de se refletir sobre a história dos afro-brasileiros, com destaque para o papel social de meninos e meninas em condição de cativeiro. Os escritos oitocentistas, e mesmo do século 20, explicitam que apenas nos primeiros anos de vida esses atores sociais viviam como se fossem livres; a partir dos seis ou sete anos, eram introduzidos na lógica do sistema escravista, ocupando tarefas e ofícios especializados ou semi-especializados. Nessa aproximação com o tema, chegamos à premissa inolvidável de que parte expressiva das práticas socioculturais afro-infantis pode ser encontrada nos discursos historiográficos e literários de Joaquim Manoel de Macedo, Machado de Assis, José Lins do Rego e Gilberto Freyre. 


Mnemosine ◽  
2021 ◽  
Vol 17 (1) ◽  
Author(s):  
Danichi Hausen Mizoguchi
Keyword(s):  

No dia 25 de abril de 2020, meu filho nasceu. E se é evidente que há emoção e júbilo com a chegada de um novo rebento, os projetos e os sonhos para uma nova vida podem rapidamente virar pesadelos desesperados cujo cenário é o Brasil em que crescerá alguém nascido neste inesquecível, estranho e óbvio ano. Se estivéssemos apenas diante de uma fatalidade pandêmica, este já seria um momento suficientemente difícil para o país. Todavia, do centro mais importante do poder federal às relações cotidianas, a tristeza, a raiva, o ódio e o medo parecem ser afetos majoritários dos quais não escaparemos tão cedo.Diante da cilada que o Brasil criou para si mesmo, o que inevitavelmente aparece em nosso horizonte é um país fraturado e bélico. É difícil acreditar que possamos deixar às próximas gerações um país mais alegre, mais fraterno, mais pujante e mais justo – um país mais interessado em enfrentar e mais apto a reparar as chagas que o constituem e estruturam há mais de quinhentos anos. Nesta conjuntura catastrófica, a famosa frase de Machado de Assis nas Memórias póstumas de Brás Cubas – “não tive filhos, não transmiti o legado de nossa miséria” – é um conselho de prudência quase incontornável: a insistência na vida corre o risco de se tornar apenas e tão somente um gesto narcísico absurdo e irresponsável de manutenção do próprio código genético, cuja culpa e arrependimento talvez jamais possam ser expiados.[Continua...]


2020 ◽  
Vol 33 (1) ◽  
pp. 227-244
Author(s):  
Edson Ferreira Martins
Keyword(s):  

No presente estudo, analiso a produção ficcional do escritor Machado de Assis relativa à década de 1870, quando o autor brasileiro, após ter-se dedicado à poesia e ao teatro, estreou no gênero romance, produzindo quatro obras no período: Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878). Focalizando o tema dos diálogos (Bakhtin, 2002 [1929]) que o autor estabelece em sua narrativa com as literaturas grega e romana produzidas na Antiguidade Clássica, objetivo demonstrar que, dentre os modelos destas matrizes que Machado versou continuadamente como autor-leitor, destaca-se o nome de Homero e os poemas épicos atribuídos a ele. Durante a análise das obras selecionadas, demonstro como a escolha das cenas homéricas imitadas, sobretudo da Ilíada, pelo futuro autor das Memórias Póstumas é importante para a construção de sua poética de revalorização da imitatio e da aemulatio que, aliada à sua visão aguda dos problemas sociais brasileiros, revoluciona a forma de se pensar o projeto de concepção de uma literatura nacional, em pleno contexto de ebulição do Romantismo, atravessando os limites desta escola e apontando saídas para a sua superação.


2020 ◽  
Vol 22 (2) ◽  
pp. 301-321
Author(s):  
Sheila Oliveira Lima ◽  
Franciela Silva Zamariam
Keyword(s):  

O artigo apresenta uma alternativa para a formação de leitores na educação básica por meio de metodologia estruturada a partir do diálogo entre a prática da leitura e a vivência do RPG; discute também as relações dos processos de significação ocorridos nessas duas atividades. Para tanto, apresenta a descrição de campanhas de um RPG baseado na obra “A cartomante”, de Machado de Assis, realizadas com alunos do Ensino Médio de uma escola de Londrina. A partir do desenvolvimento observado nas partidas, verifica-se a proximidade entre os fenômenos da leitura e do jogo, além de registrar a subjetividade como elemento fundamental em ambos. Tais constatações levam a uma reflexão a respeito da necessidade de se criarem instrumentos adequados para a mediação entre leitor e texto literário, os quais passam pelo compartilhamento da interpretação (COLOMER, 2009) e pela aproximação afetiva entre leitor e obra (BARTHES, 2004). O texto baseia-se também em estudos sobre a leitura (JOUVE, 2002) e sobre o jogo (CAILLOIS, 1990).


Periferia ◽  
2019 ◽  
Vol 11 (1) ◽  
pp. 73-87
Author(s):  
Katrym Aline Bordinhão dos Santos

Aliar novas tecnologias ao ensino de literatura esbarra no desafio de não se deixar o texto literário em segundo plano ou apenas mudar o suporte em que ele aparece, sem que haja, de fato, uma preocupação com sua interpretação. Com o objetivo de refletir sobre uma proposta acerca da compreensão de um texto literário, este trabalho apresenta uma experiência realizada em sala de aula com turmas do ensino médio e a leitura dos textos O alienista, de Machado de Assis, e A hora da estrela, de Clarice Lispector, demonstrando uma prática de uso do texto literário vinculada à criação de memes, que também podem ser considerados gêneros textuais. Levando em conta os apontamentos de Rildo Cosson e Jean Foucambert,  discute-se a validade e os resultados da atividade, que aborda um gênero que é de conhecimento dos estudantes e que gera até mesmo estranheza quando é aproximado da prática da aula de literatura. Notadamente se percebeu o interesse de uma parcela dos estudantes, acostumados com o gênero textual, o que culminou na produção de memes que demonstraram um repertório criativo na busca por atingir o sentido que experimentaram nas leituras. Em suma, verificou-se uma apropriação do sentido e das diversas possibilidades de se abordar um fato que pode soar aparentemente sem importância no enredo, mas que, fazendo parte da literatura, permite reflexões sobre o processo de formação humana propiciado por essa tarefa, potencializada pela escola, espaço do qual se espera tal experiência.


Author(s):  
Gilberto Pinheiro Passos
Keyword(s):  

O presente artigo busca retratar o aproveitamento feito por Machado de Assis do tema fáustico, nos romances Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial de Aires, fazendo com que o mesmo conviva com figuras comuns, representativas de um Brasil em mudança. Desse modo, o diálogo intertextual exemplifica uma das maneiras de se caracterizar a vida estreita das personagens que nem por isso, deixam de ser dignas de interesse.


2021 ◽  
Vol 15 (57) ◽  
pp. 450-459
Author(s):  
Roberto Remígio Florêncio ◽  
Juliana Albuquerque Rodrigues ◽  
Renata Xavier Monteiro ◽  
Maria Celma Vieira Santos

Resumo: Ao analisar o comportamento feminino das personagens de Machado de Assis, o ensino da Literatura no nível médio pode ganhar elementos para provocar a criticidade do aluno-leitor. Este texto focaliza o perfil da mulher submissa, recatada e reprimida pelos costumes e hábitos da sociedade brasileira do século XIX, baseados no machismo e na preservação da moralidade. A escolha do tema se deu pela necessidade de se trabalhar uma literatura reflexiva, que promova a criticidade e busque desenvolver o hábito da leitura no Ensino Médio. Apresentamos excertos do conto Uns Braços para ilustrar o desejo reprimido de uma senhora da sociedade, infeliz no casamento, em relação a um jovem rapaz, que a admira em silêncio. Assim, suscita uma reflexão acerca da mulher burguesa da época, que reverbera nas mulheres da atualidade. Os objetivos pretendidos foram alcançados, uma vez que se torna notória a possibilidade de análise reflexiva dos contos machadianos, com seus personagens e acontecimentos que trazem reflexões para a vida humana, seja na contextualização da época, seja na reflexão crítica da atualidade. Palavras-chave: Literatura Brasileira. Sociedade Burguesa. Formação de Leitores.Abstract: By analyzing the female behavior of Machado de Assis' characters, the teaching of Literature at secondary level can gain elements to provoke the criticality of the student-reader. This text focuses on the profile of the submissive woman, demure and repressed by the customs and habits of nineteenth century Brazilian society, based on machismo and the preservation of morality. The theme was chosen because of the need to work on a reflective literature that promotes criticality and seeks to develop the habit of reading in high school. We present excerpts from the short story: "Uns Braços" to illustrate the repressed desire of a society lady, unhappy in her marriage, for a young man, who admires her in silence. Thus, it raises a reflection on the bourgeois woman of the time, which reverberates in women today. The intended objectives were achieved, since the possibility of reflective analysis of Machado's tales becomes notorious, with their characters and events that bring reflections to human life, whether in the context of the time, or in the critical reflection of today. Keywords: Brazilian Literature. Bourgeois Society. Reader’s training. 


2013 ◽  
Vol 15 (16) ◽  
Author(s):  
Daniel Martineschen

Neste ensaio examinamos o romance O Dom do Crime publicado por Marco Lucchesi em 2010, considerando as relações intertextuais e o jogo irônico que estabelece com o romance Dom Casmurro, de Machado de Assis. Com base em um referencial teórico recente relativo à ficção histórica e na obra de pensadores franceses como Paul Ricoeur e Jean Baudrillard, procuramos identificar e investigar o jogo estabelecido pelo narrador-autor entre o universo ficcional machadiano e o relato histórico do caso José Mariano, um crime de “honra ferida” comum no século XIX. A narrativa de Lucchesi entrelaça registros jornalísticos e o universo ficcional bem conhecido de Dom Casmurro para subverter a tradicional relação hierárquica entre realidade e ficção. Adotamos o referencial baudrillardiano, juntamente com a reflexão de Ricoeur sobre a discursividade e a falibilidade da memória e com a noção romântica de ironia, para sublinhar a difícil tarefa de se traçar limites entre realidade e ficção, limites esses obscurecidos – se não apagados – ironicamente no romance de Lucchesi.


Author(s):  
Leonardo Parisi ◽  
Genilda Azerêdo

Este artigo tem por objetivo analisar a presença de recursos metaficcionais em dois contos de Edgar Allan Poe: O Retrato Ovalado e A Queda da Casa de Usher. Estas narrativas apresentam diferentes formas de representação de recursos metaficcionais, permitindo uma ampla visão de como tais recursos podem ser desenvolvidos na literatura. A autorreflexão e a autoconsciência, como técnicas exploradas em obras metaficcionais, apresentam uma instigante maneira de se ler literatura, na qual a participação do leitor é peça fundamental. Um crescente número de romances que se utilizam dessas técnicas metaficcionais surgiu no século XX, como parte do movimento pós-modernista, assim como uma sistematização teórica sobre o tema e suas influências na literatura. Contudo, o uso da metaficção pode ser encontrado em narrativas bem mais antigas, como em muitos trabalhos de grandes escritores, como Cervantes, Machado de Assis, e Edgar Allan Poe, sendo os dois últimos importantes nomes da literatura do século XIX. 


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