scholarly journals ESTRATÉGIAS METAFICCIONAIS EM DOIS CONTOS DE EDGAR ALLAN POE: A RELAÇÃO ENTRE O LEITOR, O “RETRATO”, E A “CASA”

Author(s):  
Leonardo Parisi ◽  
Genilda Azerêdo

Este artigo tem por objetivo analisar a presença de recursos metaficcionais em dois contos de Edgar Allan Poe: O Retrato Ovalado e A Queda da Casa de Usher. Estas narrativas apresentam diferentes formas de representação de recursos metaficcionais, permitindo uma ampla visão de como tais recursos podem ser desenvolvidos na literatura. A autorreflexão e a autoconsciência, como técnicas exploradas em obras metaficcionais, apresentam uma instigante maneira de se ler literatura, na qual a participação do leitor é peça fundamental. Um crescente número de romances que se utilizam dessas técnicas metaficcionais surgiu no século XX, como parte do movimento pós-modernista, assim como uma sistematização teórica sobre o tema e suas influências na literatura. Contudo, o uso da metaficção pode ser encontrado em narrativas bem mais antigas, como em muitos trabalhos de grandes escritores, como Cervantes, Machado de Assis, e Edgar Allan Poe, sendo os dois últimos importantes nomes da literatura do século XIX. 

2011 ◽  
Vol 35 (1) ◽  
pp. 221-226 ◽  
Author(s):  
Renata Philippov

2016 ◽  
Vol 9 (2) ◽  
pp. 103-116
Author(s):  
Bianca Fida Corrêa

Este trabalho procura apontar as principais diferenças entre as estruturas presentes em três traduções do poema “The Raven” de Edgar Allan Poe, assim como compará-las à estrutura do poema original. Para tal, foram escolhidas as traduções de Machado de Assis, de Emílio de Menezes e de Alexei Bueno, principalmente pelo fato de possuírem tantas divergências entre si. Além da análise das estruturas, serão também apontados os possíveis motivos que estão por trás das escolhas tradutórias realizadas pelos três autores. Considerando a importância de “The Raven” como poesia – em especial sua estrutura impecável –, e de Edgar Allan Poe como autor e poeta, procura-se identificar as diferenças presentes nas traduções e como as mesmas se deram, sem a intenção de escolher a melhor tradução. O foco é, portanto, em levantar essas divergências e os motivos que levaram às mesmas, a fim de explorar e mostrar ao leitor-tradutor algumas características do processo tradutório.


2010 ◽  
Vol 8 (1) ◽  
pp. 90
Author(s):  
Graziela Giusti Pachane

O objetivo do presente trabalho é oferecer uma introdução às reflexões sobre verdade e ciência a partir da abordagem de textos literários, promovendo uma interlocução entre arte e ciência, entre literatura e metodologia da pesquisa (em especial, em educação). Inspirado por uma poesia de Drummond, um conto de Machado de Assis e um romance contemporâneo, de autoria de Lia Neiva, o texto aponta a literatura como forma de se abordarem temas complexos das ciências, como a noção de verdade e realidade, com estudantes de graduação. Introduz, ainda que de modo breve, uma interlocução com produções artísticas variadas – desde imagens com ilusões de ótica até filmes e seriados televisivos – no intuito de tornar as experiências em metodologia de pesquisa mais dinâmicas, mais atraentes e esclarecedoras. Ao final do texto, somos levados a uma reflexão acerca das possibilidades e dos limites da leitura da realidade propiciada por nossas experiências científicas e literárias, bem como de suas interpretações, realizadas/escolhidas segundo nossos caprichos, nossas miopias e nossas ilusões, numa referência direta ao poema “A porta da verdade” de Carlos Drummond de Andrade. 


2016 ◽  
Vol 38 (2) ◽  
pp. 181
Author(s):  
Maria Do Carmo Brazil ◽  
Luciana Figueiredo
Keyword(s):  

Com base em produções historiográficas e literárias dos séculos 19 e 20, refletiremos acerca da criança afro-brasileira, abarcando sua trajetória, sua inserção no universo cultural europeizado, suas vivências, seus brinquedos e brincadeiras. Nosso primeiro passo foi perscrutar o cotidiano social da criança oitocentista por meio da literatura. Nosso propósito foi, sobretudo, refletir sobre a infância da criança negra durante o passado de escravidão, considerando os funestos desdobramentos desta instituição no presente. Das discussões envolvendo as raízes africanas e as heranças do escravismo, depreende-se a necessidade de se refletir sobre a história dos afro-brasileiros, com destaque para o papel social de meninos e meninas em condição de cativeiro. Os escritos oitocentistas, e mesmo do século 20, explicitam que apenas nos primeiros anos de vida esses atores sociais viviam como se fossem livres; a partir dos seis ou sete anos, eram introduzidos na lógica do sistema escravista, ocupando tarefas e ofícios especializados ou semi-especializados. Nessa aproximação com o tema, chegamos à premissa inolvidável de que parte expressiva das práticas socioculturais afro-infantis pode ser encontrada nos discursos historiográficos e literários de Joaquim Manoel de Macedo, Machado de Assis, José Lins do Rego e Gilberto Freyre. 


2019 ◽  
Vol 18 ◽  
pp. 35-44
Author(s):  
Dário Borim Jr.

Enfocando contos e romances de Luis Fernando Verissimo, este ensaio discute a robusta semelhança de aspectos estilísticos e temáticos entre o autor gaúcho e três mestres da narrativa oriundos de diferentes tradições literárias: o estadunidense Edgar Allan Poe, o argentino Jorge Luis Borges, e o brasileiro Joaquim Maria Machado de Assis. Exploram-se as facetas que dão coesão e dinamismo crítico ao tipo de escrita estranha e desconcertante praticada por Verissimo. Sua narrativa, como tal, emprega narradores extremamente criativos. Eles não apenas questionam a própria linguagem humana e negociam conexões simbólicas e coincidências entrecortadas entre vida e arte. Mesclam-se, também, fatos e ficções, mitos clássicos e afazeres banais, que, muito amiúde, se fundem em meio ao bizarro e ao imponderável nos eventos do dia-a-dia.


Mnemosine ◽  
2021 ◽  
Vol 17 (1) ◽  
Author(s):  
Danichi Hausen Mizoguchi
Keyword(s):  

No dia 25 de abril de 2020, meu filho nasceu. E se é evidente que há emoção e júbilo com a chegada de um novo rebento, os projetos e os sonhos para uma nova vida podem rapidamente virar pesadelos desesperados cujo cenário é o Brasil em que crescerá alguém nascido neste inesquecível, estranho e óbvio ano. Se estivéssemos apenas diante de uma fatalidade pandêmica, este já seria um momento suficientemente difícil para o país. Todavia, do centro mais importante do poder federal às relações cotidianas, a tristeza, a raiva, o ódio e o medo parecem ser afetos majoritários dos quais não escaparemos tão cedo.Diante da cilada que o Brasil criou para si mesmo, o que inevitavelmente aparece em nosso horizonte é um país fraturado e bélico. É difícil acreditar que possamos deixar às próximas gerações um país mais alegre, mais fraterno, mais pujante e mais justo – um país mais interessado em enfrentar e mais apto a reparar as chagas que o constituem e estruturam há mais de quinhentos anos. Nesta conjuntura catastrófica, a famosa frase de Machado de Assis nas Memórias póstumas de Brás Cubas – “não tive filhos, não transmiti o legado de nossa miséria” – é um conselho de prudência quase incontornável: a insistência na vida corre o risco de se tornar apenas e tão somente um gesto narcísico absurdo e irresponsável de manutenção do próprio código genético, cuja culpa e arrependimento talvez jamais possam ser expiados.[Continua...]


2005 ◽  
Vol 25 (50) ◽  
pp. 241-258 ◽  
Author(s):  
Luiz Roncari
Keyword(s):  

O ensaio se divide praticamente em duas partes. Na primeira, ele trata da formação de Machado de Assis como escritor, o seu modo muito próprio de se relacionar com o leitor e os controles do Estado Imperial da segunda metade do século XIX. Na última, ele analisa o conto "Capítulo dos chapéus", no qual Machado procura mostrar como, depois de cem anos, ainda continuam estranhos os valores da Revolução Francesa na vida social brasileira.


Author(s):  
Antônio Adriano de Meneses Bittencourt ◽  
Eduardo Ferreira Chagas

O presente artigo discorre acerca do pensamento de Ludwig Feuerbach em articulação a um conto do famoso escritor americano Edgar Allan Poe, A Máscara da Morte Rubra, de 1842. Reflete-se aqui sobre a pretensa fixidez e cerceamento do conceito de vida, que, no mundo contemporâneo, modelado pelos vultos da razão e da religiosidade, expulsam o papel da morte como elemento fundamental através do qual se afirma a natureza em nós, sendo, aqui, denunciado como um impropério o desejo de expurgar a inexorável presença de Tânatos (Θάνατος) além do indício de uma postura que se transmuta moralmente em um tratamento aversivo à natureza e à vida. No mesmo, tecemos alguns comentários acerca da relação entre a crise sanitária referente à pandemia da Covid-19 e à urgência de um novo paradigma que se eleve sobre o já desgastado Antropoceno, a “Era do homem”, que convulsiona ante os abusos cometidos pela humanidade em relação ao mundo natural, com destaque a uma reflexão sobre a morte como pretensão de se abrir uma senda ao possível enlace da consciência ante ao seu destino final na natureza.


Abusões ◽  
2020 ◽  
Vol 13 (13) ◽  
Author(s):  
Vinicius Santos Loureiro
Keyword(s):  
De Se ◽  

Edgar Allan Poe foi o criador de uma obra cuja grandeza artística é proporcional à heterogeneidade que a compõe. Fora do mérito de se tratar de um dos inventores da narrativa detetivesca, o autor legou à posteridade uma série de contos, poemas, ensaios e correspondências, tangendo desde os temas clássicos da literatura fantástica até uma produção humorística e tantos exemplos de ficção à moda especulativa de caráter filosófico. Por tanta variedade, não foram poucas as tentativas de segmentar sua obra conforme seus temas. Em meio a esse esforço de classificação, tornou-se habitual que se considerasse que os contos de raciocínio, grupo que reuniria os três relatos do detetive C. Auguste Dupin e alguns outros afins, estaria destacado dos demais. A justificativa passa, em alguma medida, pela defesa do contraste provocado pela aura de esclarecimento que permeia o conto policial, reflexo de um mundo desejoso de se organizar pelo conhecimento e pelos desenvolvimentos tecnológicos, contra os impulsos nervosos herdados pela influência gótica, influindo especialmente sobre seus contos de horror. Entretanto, a narrativa que perpassa os acontecimentos que circundam o assassinato brutal de mãe e filha em uma Paris em plena ebulição ressoa em outros contos do autor, seja pela criação de atmosfera, seja pelas impressões comunicadas pelos respectivos narradores-testemunhas. O objetivo deste artigo será o de refletir a respeito das semelhanças entre a narrativa detetivesca de Edgar Allan Poe, a partir do conto “Os assassinatos na rua Morgue”, e algumas de suas narrativas fantásticas.


AmeriQuests ◽  
2015 ◽  
Vol 12 (1) ◽  
Author(s):  
Renata Philippov

Much has been published and discussed in relation to Edgar Allan Poe’s and Charles Baudelaire’s intertextual dialogues, as well as to the French reception of Poe’s writings and aesthetic theories through Baudelaire’s translations and essays. Likewise, there have been several studies in Brazil comparing Poe’s and Brazilian writer Machado de Assis’ short stories and individual aesthetic theories, as well as studies regarding Baudelaire’s aesthetic reception in 19th century Brazilian literature. However, despite some academic studies and papers in Brazil referring more closely to their literary projects and their possible intertextual bindings, a deeper study into how Machado de Assis may have actually read and subverted Poe’s writings so as to fit it within his own framework and thus help foster his project of defending the formation of a national literary identity still needs to be carried out. The same may be said about both Baudelaire’s role in Poe and Machado de Assis’ literary encounter and Machado de Assis’ reception of Baudelaire’s aesthetic theories and poetics. In this paper, therefore, I want to take a transatlantic voyage while addressing the question of how Machado de Assis may have actually incorporated and, paradoxically, subverted Poe’s and Baudelaire’s imagery, topoi and aesthetics into his own literary project. Two broad aspects regarding the three authors’ writings will be tackled: the universe of mind and man’s isolation vis-à-vis society, within the scope of the fantastic as a genre. To do so, I will focus on “Só!” [Alone/Lonely], a short-story published by Machado de Assis in 1885, thus aiming at addressing how the self, the wanderer and the observer appear in this story and how they dialogue with the same figures in some of Poe’s and Baudelaire’s writings.


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