scholarly journals ANUNCIAÇÃO DE MIRA-CELI: O POETA SE ENCONTRA COM A MUSA

2011 ◽  
Vol 2 (01) ◽  
Author(s):  
Ataide José Mescolin Veloso
Keyword(s):  

Este trabalho tem como objetivo fazer um estudo do mito grego das Musas, o qual funda a ontologia mítica na Grécia. O homem dessa época pôde ter acesso à compreensão grega originária do ser dos Deuses e da verdade como ilatência. No que tange à questão do mito, far-se-á uma leitura de alguns textos de Jaa Torrano, Mircea Eliade e Martin Heidegger e, em seguida, será estabelecido um paralelo com um dos mitos basilares da poética de Jorge de Lima, o mito de Mira-Celi. Através de uma pesquisa atenta, chegou-se à conclusão de que as musas de Jorge de Lima divergem das de Hesíodo em sua  Teogonia. Enquanto estas são apresentadas como divindades que personificam o próprio canto, condição indispensável para que o mundo e os deuses venham a existência; aquelas, além de se mostrarem revestidas de sensualidade, não têm aparência definida e nascem com nomes diversificados. Muitas vezes, na poética limiana, as musas se associam ao universo onírico e às imagens do inconsciente.PALAVRAS-CHAVE: mito; Musas; poesia; Jorge de Lima

2021 ◽  
Vol 14 (1) ◽  
pp. e37634
Author(s):  
Leonardo Henrique Luiz
Keyword(s):  

O objetivo do presente artigo consiste em propor formas conceituais de se abordar as diferentes expressões dos xintoísmos no Japão. Partimos dos eventos em torno da Restauração Meiji (1868) para sugerir pelo menos três formas de expressão da religião: a primeira enquanto manifestações de figuras sobrenaturais e o culto às divindades locais (神 – kami); a segunda chamada de Jinja Shintō (神社神道) é entendida como abarcando os santuários locais (神社 – Jinja) e as instituições religiosas ligados às famílias de sacerdotes; e a terceira ligada ao Estado japonês (国家神道 – Kōkka Shintō). Do ponto de vista teórico a religiosidade é compreendida a partir dos trabalhos de Mircea Eliade (2010), enquanto o conceito de religião é abordado por meio das elaborações de Pierre Bourdieu (2005). Esses corpos teóricos são flexibilizados a partir das reflexões sobre o que é religião no Japão (SHIMAZONO, 2005) e como o conceito ocidental de religião foi traduzido para o japonês (KRAMER, 2013). Como resultado, busca-se demostrar a existência de vários xintoísmos e que dessa forma, as abordagens sobre a religião devem ser flexibilizadas visando particularidades das manifestações do fenômeno.


Author(s):  
Fabiano Leite FRANÇA (UFMG)
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O objetivo deste trabalho circunscreve-se na tentativa de explicitar o posicionamento teórico do filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) no âmbito da tradição do pensamento ocidental. Fundamentalmente, busca-se delinear a inserção de Heidegger no debate acerca da metafísica, no intuito de verificar as contribuições do autor à contemporaneidade. Para esta empresa, tomar-se-á como ponto de partida o parágrafo 6 e o parágrafo 44 da obra Ser e Tempo (1927), os textos O que é metafísica (1929), Sobre a essência da verdade (1936) e o ensaio A superação da metafísica (1936-1946); igualmente, porém, de forma mais periférica, serão utilizados como suporte teórico o texto Que é isto – A filosofia (1955), bem como o ensaio O fim da filosofia e a tarefa do pensamento (1964). O eixo em torno do qual se desenvolverá esta discussão é o projeto heideggeriano de “superação” da metafísica tradicional. A partir de então se verificará que se a clivagem de Heidegger não alterou substancialmente a senda da filosofia, ela seguramente introduziu um modo bastante original de se fazer filosofia que deixaria marcas na posteridade.


2020 ◽  
Vol 43 (1) ◽  
pp. 189-212
Author(s):  
Maurício Fernando Pitta ◽  
José Fernandes Weber

Resumo: Martin Heidegger desenvolveu uma análise da metafísica e da tecnologia que questionava radicalmente seus pressupostos ontológicos. Contudo, para Peter Sloterdijk, autor de uma revisão do motivo da clareira (Lichtung) heideggeriana intitulada Domesticação do ser: clarificando a clareira, Heidegger padece daquilo mesmo que ele critica: uma pendência para a ontologia clássica que, desde pelo menos Platão e Aristóteles, separa o ser e o nada, basila o princípio de bivalência na lógica, excluindo qualquer terceira possibilidade, e permite os dualismos constitutivos da metafísica. Seguindo o antropólogo Bruno Latour, o qual evidenciara que “modernidade” não é senão uma crença na cisão entre os polos de forma e matéria, sujeito e objeto, natureza e cultura, também Sloterdijk vai atribuir a Heidegger a pendência à ontologia clássica, elevada ao nível da cisão entre o ôntico e o ontológico. Diante disso, o que sugere Sloterdijk? Uma alternativa à ontologia clássica na cibernética de Wiener e Günther, reatando os laços, desfeitos por Heidegger, entre ontologia e antropologia. Este trabalho tem por intenção articular a crítica de Sloterdijk, a investigação de Latour e a revisão ontológicológica de Günther, a fim de assentar bases para compreensão do projeto sloterdijkiano de se pensar a antropologia a partir de pressupostos cibernéticos.


2020 ◽  
Vol 17 (2) ◽  
Author(s):  
Patrícia Lopes Salzedas ◽  
Maria Alves de Toledo Bruns
Keyword(s):  

Partimos das relações de gênero, e a maneira como se estabelecem, para analisar as percepções de mulheres no climatério sobre a vivência da sexualidade. Utilizamos a metodologia qualitativa fenomenológica, sob a perspectiva teórica de Martin Heidegger, para a compreensão do fenômeno estudado. Os sofrimentos femininos, velados e revelados, mostram uma história de construção da identidade da mulher no mundo contemporâneo. Esta identidade desconstrói a imagem da 'mocinha dos contos de fada' para dar voz aos desejos e desilusões frente ao contato com a própria realidade. Anula-se pelos filhos, pela dupla jornada de trabalho, o que de fato parece conter seu contato com a temporalidade. Remete-nos, ainda, ao fato de que a história feminina é escrita em co-autoria com os homens. Percebemos, enfim, a necessidade de se exercitar a empatia, observando as necessidades do(a) parceiro(a), como co-responsáveis pelas situações vivenciadas, sendo este um caminho para tornar viável o diálogo autêntico tão desejado.


2016 ◽  
Vol 13 (1) ◽  
pp. 238-256
Author(s):  
José Reinaldo F. Martins Filho
Keyword(s):  

Pretendemos neste trabalho sustentar a ideia de que, seguindo um percurso que vai de Sein und Zeit aos textos mais tardios, a compreensão do pensar, especialmente tendo em conta a íntima relação desta compreensão com o conceito de existência, esteve caracterizada pela concepção de finitude. Assim, segundo esta hipótese, o pensamento da história do ser (Seinsgeschichtliches Denken) teria como meta revelar ao mesmo tempo o retraimento do ser que se opera por um pensar – chamemo-lo de “expropriador” – e a necessidade de se inaugurar um novo pensar, que é o que estaria em jogo na viragem (Kehre). Intuídos já em Sein und Zeit morte e finitude, firmar-se-iam como conceitos nucleares para a compreensão da importância, do alcance e da posteridade da filosofia heideggeriana.


2020 ◽  
Vol 20 (4) ◽  
pp. 1034-1048
Author(s):  
Ana Andréa Barbosa Maux ◽  
Elza Maria do Socorro Dutra
Keyword(s):  

Inspirado nas ideias apresentadas pelo filósofo Martin Heidegger, especificamente no círculo hermenêutico, este trabalho tem por objetivo pensar uma proposta de método para a pesquisa qualitativa em Psicologia. Parte da compreensão de método como sendo o caminho que desenha a rota percorrida pelo pesquisador e que vai acontecendo à medida que a pesquisa se desenvolve. O círculo hermenêutico heideggeriano descreve um processo que envolve um movimento circular compreensivo e serve de inspiração para a proposta de método apontada neste trabalho. A circularidade permite pensar o processo de pesquisar como sendo provisório, ao mesmo tempo que indica uma compreensão e uma interpretação contínuas, ininterruptas, portanto, inesgotáveis e características do existir humano. Numa tentativa de facilitar a compreensão, a proposta de método é apresentada de maneira didática, a partir dos conceitos de posição prévia, visão prévia e concepção prévia, cujo fim não é chegar a uma explicação ou verdade absoluta, mas ao desvelamento de sentidos, o que permite a compreensão do fenômeno estudado. Finaliza com o intuito de oferecer aos pesquisadores da área de ciências humanas uma possibilidade de se pensar um método que não dispense o rigor científico, mas que torne possível desvelar fenômenos relativos à existência.


Sapere Aude ◽  
2019 ◽  
Vol 10 (19) ◽  
pp. 93-103
Author(s):  
Rafael Leopoldo

O presente artigo é uma reflexão sobre o diálogo Filebo, de Platão. Nossa temática, a propósito dessa obra, é a função do silêncio de Filebo. Para esta análise, percorremos dois filósofos: o francês Michel Onfray, na Contra-história da filosofia, e o alemão Hans-Georg Gadamer em A ideia do bem entre Platão e Aristóteles. Em cada um desses filósofos, vamos ter uma compreensão diferente do diálogo de Platão e, portanto, da questão do silêncio do personagem principal. Nessa ponderação, Michel Onfray apresenta toda sua aliança com o pensamento de Friedrich Nietzsche. Hans-Georg Gadamer, por sua vez, apresenta sua afinidade teórica com o pensamento de Martin Heidegger. Dessa forma, o silêncio pode ser compreendido tanto como uma positivação de um hedonismo (a visão de Onfray-Nietzsche) quanto um rechaço à positivação do saber hermenêutico (Gadamer-Heidegger). Por último, nós abordamos uma terceira possibilidade interpretativa que é a da impossibilidade de se viver ao modo filosófico.PALAVRAS-CHAVE: Filebo. Diálogo. Democracia. Silêncio. RÉSUMÉCet article est une réflexion sur le dialogue Philebus de Platon. Notre thème, à propos de cet ouvrage, est celui de la fonction du silence de son personnage principal. Pour l’analyser, nous parcourons deux philosophes: le français Michel Onfray dans son livre Contre-histoire de la philosophie, et l’allemand Hans-Gerog Gadamer enL'Idée du bien comme enjeu platonico-aristotélicien. Chez chacun de ces philosophes, nous aurons une compréhension différente du dialogue de Platon et, par conséquent, de la question du silence du personnage principal. Dans cette considération, Michel Onfray présente toute son alliance avec la pensée de Friedrich Nietzsche. Hans-Georg Gadamer, à son tour, montre son affinité théorique avec la pensée de Martin Heidegger. De cette manière, le silence peut être aussi compris comme une positivation d'un hédonisme (la vision d’Onfray-Nietzsche) que comme un rejet de la positivation du savoir herméneutique (Gadamer-Heidegger). Enfin, nous apportons une troisième possibilité d’interprétation du mutisme de Philebus qui consiste à comprendre l’impossibilité du mode de vie philosophique.MOTS-CLES: Philebus. Dialogue. Démocratie. Silence


2020 ◽  
Vol 11 (24) ◽  
pp. 44-59
Author(s):  
Geovani Viola Moretto ◽  
Joelson Juk
Keyword(s):  

A análise feita por Hans Jonas acerca do problema da técnica moderna, se situou em uma relação de identidade e diferenciação para com a tradição em que se encontrava inserido. Husserl foi o primeiro a indicar a necessidade de se reavaliar os limites da técnica moderna, para ele o problema dessa técnica, por ser uma decorrência da matematização da natureza, seria a perda de uma capacidade de se produzir um conhecimento que não seja intermediado pela própria tecnicidade da matematização. O trabalho de Ortega y Gasset na análise da técnica moderna, contribuiu para o estabelecimento de conceitos importantes, mas não suscitou uma reflexão crítica pertinente à contemporaneidade e nem apresentou grandes ressalvas quanto à utilização da técnica, pelo contrário, o filósofo espanhol foi um entusiasta dos resultados do tecnicismo. Martin Heidegger, é o filósofo anterior a Hans Jonas que com mais ênfase delineia não apenas uma análise da questão da técnica moderna, como também desenvolve uma crítica aos efeitos e as consequências que essa técnica pode produzir para a contemporaneidade. A partir dessas análises, é possível perceber que o pensamento de Hans Jonas é singular, sobretudo, porque vincula sua crítica e suas considerações à técnica moderna à análise do fenômeno da vida, preocupando-se em relacionar as ameaças e os problemas dessa técnica com a concretude e a singularidade da vida.


Author(s):  
Magaly Do Carmo BARBOSA (UFPE)

O presente texto tem por compromisso investigar, a partir dos conceitos de história efeitual (Wirkungsgeschichte) – desenvolvido na hermenêutica de Hans-Georg Gadamer – e de historicidade do Dasein (Geschichtlichkeit) – oriundo da fenomenologia de Martin Heidegger –, a emersão de dois caminhos hermenêuticos que possuem desdobramentos um tanto quanto distintos. Para tanto, o cerne da problemática a ser tratada é: como a historicidade do ser-aí (Dasein), fincada na temporalidade ekstática (ekstatischen Zeitlichkeit), difere da história continuamente influente proposta na hermenêutica gadameriana? Inicialmente, busca-se estabelecer as principais nuances da hermenêutica traçada por Gadamer e o seu patente compromisso com a tradição, desembocando na consciência de uma constância na história efeitual. Em seguida, destaca-se os fundamentos da temporalidade ekstática para, então, demonstrar de que maneira esta funda o caráter histórico do Dasein, sendo, pois, a própria condição de possibilidade da formação da história. Por derradeiro, demonstra-se, efetivamente, a possibilidade de se obter diversas compreensões a partir dos conceitos de história destrinchados nas linhas precedentes.


2011 ◽  
Vol 15 (38) ◽  
pp. 651-662 ◽  
Author(s):  
Tatiana de Vasconcellos Anéas ◽  
José Ricardo Carvalho de Mesquita Ayres
Keyword(s):  

O cuidado em saúde tem sido um tema abordado atualmente por autores da Saúde Coletiva. Essas práticas e estudos refletem dois modos aparentemente antagônicos de se conceber o cuidado, ora baseado na instrumentalidade, com ênfase nos procedimentos e nas intervenções técnicas, ora com foco na relação de encontro entre profissionais e usuários dos serviços de saúde. A partir de uma leitura crítica desse conjunto de estudos, procura-se não opor os dois grupos identificados, mas articulá-los em sua complementaridade por meio da ontologia fundamental de Martin Heidegger. Em Ser e Tempo, Heidegger desconstrói a ontologia tradicional para reconstruir uma nova ontologia que busque os fundamentos da existência humana. Um retorno aos fundamentos mostra-se essencial para uma reconstrução das práticas de saúde e do cuidado.


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