scholarly journals A Unificação do Registro de Identidade Civil e a Proteção de Dados Pessoais no Brasil

2016 ◽  
Vol 1 (9) ◽  
pp. 52
Author(s):  
José Renato Gaziero Cella ◽  
Marlus H. Arns de Oliveira

Há muito se tem tratado a ideia de sociedade disciplinar e sociedade de controle, consagradas, por exemplo, nas obras de Michel Foucault e Gilles Deleuze. A contemporaneidade trouxe inúmeros desdobramentos em relação aos conceitos atribuídos por Foucault e Deleuze, sendo que muitos desses resultados foram previstos pela análise de acontecimentos por esses pensadores; entretanto continua-se em busca do entendimento da evolução das sociedades no que tange ao poder e a sua manutenção, ao direito, à ética e aos possíveis resultados sociais futuros. Faz-se necessário entender a dialeticidade desse tema para compreender o momento atual e pensar o futuro. O escopo deste artigo é entender o controle social e os desdobramentos do poder na denominada Sociedade da Informação, tanto na esfera pública quanto na esfera privada. O avanço da técnica, com o surgimento da internet, é significativo na história das comunicações em termos de agilidade e rapidez. À luz dos marcos teóricos eleitos para o desenvolvimento deste artigo, o controle se estabelece pela ideia de necessidade relativamente ao veículo de informação, em que a sociedade de controle é a sucessora do paradigma disciplinar (a disciplina já está incorporada). Para Deleuze, a vigilância e a monitoração são formas de atuação do controle, ou seja, a reinvenção do panóptico de Jeremy Bentham. As ramificações dessa forma de sociedade se valem da internet e seu acesso facilitado para se propagar ao maior contingente de pessoas possível, seja por meio de redes sociais, programas de reality-shows, inclusão de câmeras de vigilância, exatamente como se referia George Orwell na obra 1984. Pretende-se analisar se a rapidez de informações supera a falta de segurança, haja vista que hoje se vê, por exemplo, casos como o do Comitê Gestor do Sistema Nacional do Registro de Identificação Civil - Sirc brasileiro, que acaba de implantar um projeto-piloto de emissão da nova carteira de identidade - RIC, em que se poderá ter a unificação de dados pessoais e a desburocratização de serviços de atendimento ao cidadão. O artigo busca, assim, demonstrar, por meio do método hipotético-dedutivo, a premência da aprovação de uma lei específica sobre a proteção de dados pessoais no Brasil. Para tanto, trata de apontar que a privacidade e as suas formas de proteção costumam estar alinhadas com a tecnologia disponível em cada época e que, com o advento da denominada Sociedade da Informação capitaneada especialmente pela Internet e a circulação instantânea e ubíqua de dados que ela propicia. O artigo demonstra que nem mesmo os órgãos públicos, a exemplo do Sirc, respeitam os ditames constitucionais que visam à proteção da privacidade dos cidadãos, fato que confirma e justifica a hipótese inicial do presente trabalho, que é, conforme dito, a demonstração da urgência da instituição, no Brasil, de uma lei específica sobre a proteção de dados pessoais.

2013 ◽  
Vol 6 (3) ◽  
pp. 216
Author(s):  
José Renato Gaziero Cella ◽  
Luana Aparecida dos Santos Rosa

Há muito se tem tratado a ideia de sociedade disciplinar e sociedade de controle, consagradas, por exemplo, nas obras de Michel Foucault e Gilles Deleuze. A contemporaneidade trouxe inúmeros desdobramentos em relação aos conceitos atribuídos por Foucault e Deleuze, sendo que muitos desses resultados foram previstos pela análise de acontecimentos por esses pensadores; entretanto continua-se em busca do entendimento da evolução das sociedades no que tange ao poder e a sua manutenção, ao direito, à ética e aos possíveis resultados sociais futuros. Faz-se necessário entender a dialeticidade desse tema para compreender o momento atual e pensar o futuro. O escopo deste artigo é entender o controle social e os desdobramentos do poder na denominada Sociedade da Informação, tanto na esfera pública quanto na esfera privada. O avanço da técnica, com o surgimento da internet, é significativo na história das comunicações em termos de agilidade e rapidez. À luz dos marcos teóricos eleitos para o desenvolvimento deste artigo, o controle se estabelece pela ideia de necessidade relativamente ao veículo de informação, em que a sociedade de controle é a sucessora do paradigma disciplinar (a disciplina já está incorporada). Para Deleuze, a vigilância e a monitoração são formas de atuação do controle, ou seja, a reinvenção do panóptico de Jeremy Bentham. As ramificações dessa forma de sociedade se valem da internet e seu acesso facilitado para se propagar ao maior contingente de pessoas possível, seja por meio de redes sociais, programas de reality-shows, inclusão de câmeras de vigilância, exatamente como se referia George Orwell na obra 1984. Pretende-se analisar se a rapidez de informações supera a falta de segurança, haja vista que hoje se vê, por exemplo, casos como o dos Estados Unidos da América, que realizam a espionagem de indivíduos e de governos estrangeiros, o que torna necessário não só pensar o direito, mas também pensar se a legislação que existe é eficaz para a proteção dos dados pessoais. DOI:10.5585/rdb.v6i3.124


Sapere Aude ◽  
2016 ◽  
Vol 7 (14) ◽  
pp. 827
Author(s):  
Rafael Leopoldo

Este presente artigo visa fazer uma análise do filme <em>Good Kill</em>, do diretor Andrew Niccol. Porém, leva-se em conta o desenvolvimento filosófico da ideia de vigilância perpassando três autores. Com o primeiro autor analisaremos a leitura de Michel Foucault da obra “O Panóptico” de Jeremy Bentham, assim, caracterizando as <em>sociedades disciplinares </em>com a vigilância dos ambientes fechados. Com o segundo autor, Gilles Deleuze, prosseguiremos para a análise das <em>sociedades de controle </em>e a concepção de um controle a céu aberto. Por último, nos voltamos à Grégoire Chamayou, e a concepção de uma <em>vigilância geoespacial</em> via drones. Daí o filme <em>Good Kill</em> se mostrar como um exemplo viável para uma apreciação desta última forma de vigilância como, também, remontar a uma psicopatologia do drone.


Author(s):  
Vanessa Lemm

Readers of Giorgio Agamben would agree that the German philosopher Friedrich Nietzsche (1844–1900) is not one of his primary interlocutors. As such, Agamben’s engagement with Nietzsche is different from the French reception of Nietzsche’s philosophy in Michel Foucault, Gilles Deleuze and Georges Bataille, as well as in his contemporary Italian colleague Roberto Esposito, for whom Nietzsche’s philosophy is a key point of reference in their thinking of politics beyond sovereignty. Agamben’s stance towards the thought of Nietzsche may seem ambiguous to some readers, in particular with regard to his shifting position on Nietzsche’s much-debated vision of the eternal recurrence of the same.


Author(s):  
James McElvenny

This chapter explores C. K. Ogden’s project Basic English against the background of the contemporary international language movement. An exposition of the international language movement, its political and philosophical commitments, is followed by an examination of the features of Ogden’s Basic and the rhetoric surrounding it. The connections between the theories developed in The Meaning of Meaning and Basic English are looked at in detail. The chapter closes with a discussion of the influence of Jeremy Bentham and his Panopticon on Basic, and of the reaction of George Orwell to the project, as revealed in his published writings and correspondence with Ogden, and in Newspeak, his parody of constructed languages.


2008 ◽  
Vol 6 (3) ◽  
pp. 443-456 ◽  
Author(s):  
Ricardo Burg Ceccim ◽  
Alcindo Antônio Ferla

O artigo procura construir, a partir de uma memória da Reforma Sanitária Brasileira e de aproximações entre as áreas científicas da Educação e da Saúde, uma micropercepção (matéria para o pensar, aprender, conhecer) emergência de um domínio de conhecimento designado por Educação e Ensino da Saúde. Esse domínio emergente estaria bastante associado invenção da Saúde Coletiva, no campo científico da saúde, e com à invenção do Controle Social em Saúde, no campo da intervenção política nesse setor. O novo domínio de conhecimento seria caracterizado por uma implicação singular do ensino com a cidadania, permitindo a travessia de fronteiras entre educação e saúde pela via da educação permanente em saúde. Os temas do ensino e da cidadania são problematizados com o auxílio explícito ou não (via seus leitores) de alguns pensadores da filosofia e do contemporâneo, como Michel Foucault, Michel Serres, Gilles Deleuze, Félix Guattari, Francisco Varela, Humberto Maturana e Ilya Prigogine.


2011 ◽  
Vol 37 (3) ◽  
pp. 613-628 ◽  
Author(s):  
Cintya Regina Ribeiro

O presente trabalho visa problematizar a suposta constituição virtuosa entre educação e conhecimento oriunda de certa herança cultural da modernidade ocidental. A problemática ancora-se na indagação difusa, porém insistente, a ecoar no campo educacional: "o que é o ato do pensar, em educação, na contemporaneidade?". A tomada das condições atuais do pensamento como um problema de pesquisa educacional coloca em questão a histórica articulação entre conhecimento e pensamento reflexivo, obrigando ao confronto de certos amálgamas pedagógicos caros ao campo educacional moderno. Tal enfrentamento se realiza na companhia dos pensadores Michel Foucault e Friedrich Nietzsche, dada a relevância estratégica de suas produções, particularmente acerca da linguagem, da produção da verdade e de suas implicações nos modos de conhecer e pensar. Busca-se operacionalizar uma crítica da linguagem em direção a uma crítica do pensamento em educação, na chave de uma problematização ético-política. Nesse trabalho, tal plataforma analítica configura-se a partir das discussões de Michel Foucault - tanto em relação à questão do pensamento do fora, tal como elaborada por Maurice Blanchot, como em relação ao pensamento da diferença, tal como formulado por Gilles Deleuze. Sugerimos que a exploração desse debate possa atuar como um exercício de exterioridade ou de pensamento diferencial no jogo com o conhecimento e com o pensamento reflexivo presentes no campo educacional - seja no âmbito dos fazeres pedagógicos cotidianos da escola, seja no campo da produção da pesquisa educacional.


Author(s):  
Juliana Corrêa Pereira Schlee ◽  
Isabel Ribeiro Marques ◽  
Renata Lobato Schlee

Em constante desassossego que nos acompanha, problematizamos alguns ditos e não ditos atrelados a discursos relacionados a mulheres, a natureza e o pampa do Rio Grande do Sul. Esses olhares que tanto se inquietam se sustentam sob o aporte teórico de autores da vertente teórica denominada filosofia da diferença, como Michel Foucault, Gilles Deleuze e Friedrich Nietzsche juntamente a intercessores que se debruçam sobre as questões de gênero, como Sandra Garcia, Mary Castro e Miriam Abromovay. Analisamos algumas construções históricas e culturais que evidenciam um antropocentrismo, bastante marcado por um androcentrismo neste Pampa. Entrelaçadas nessas teias discursivas, pinçamos mulheres, e colocamos algumas inquietações como potência para pensarmos as tramas discursivas que se articulam nesses jogos, nessas relações que se pautam na figura masculina e atribuem às mulheres, a tarefa do cuidado com a natureza.  Assim pensamos no quanto esses discursos são fabricados em processos culturais, sustentados em relações de poder que fazem emergir verdades e saberes dados como naturais nos interstícios da educação ambiental.


2018 ◽  
Vol 23 (1) ◽  
pp. 243-273
Author(s):  
Edson Luis de Almeida Teles

O objetivo deste artigo é refletir sobre o modo como as lutas locais e suas movimentações em torno do discurso dos direitos humanos podem ser alçadas à condição de ação política. Trata-se da tentativa de ampliar o conceito de política tendo em vista a potência de transformação contida nos coletivos de subjetividades portadoras de experiências comuns de violência e sofrimento. Fazendo uso do conceito de quilombo, em Beatriz Nascimento, buscaremos fundamentar o alargamento da ideia de política a partir de duas configurações: a disputa por territórios e a conectividade entre saberes específicos e menores oriundos das lutas. Para tanto, cotejaremos o pensamento da autora com a filosofia contemporânea de Michel Foucault, Gilles Deleuze e Félix Guattari. Nossa hipótese é a de que o conceito de ação política demandaria um alargamento em sua formulação de modo a abranger as variadas e singulares formas de resistência cotidianas.


E-Compós ◽  
2008 ◽  
Vol 7 ◽  
Author(s):  
Gustavo Souza

Este trabalho quer investigar os fatores que possibilitam a recorrente presença dos segmentos socialmente marginalizados na produção de documentários brasileiros após 1993 ou da “retomada”. Nosso enfoque concentra-se nos documentários que apresentam como personagens pessoas ou grupos diretamente vinculados ao contexto de violência urbana. Partimos do pressuposto que a visibilidade conquistada por esses setores relaciona-se, de uma forma ou de outra, às demarcações da “diferença” e às estruturas de poder. Para tanto, tomaremos como referência a leitura do conceito de différance, de Jacques Derrida, empreendida por Stuart Hall e os estudos sobre formações e estruturas de poder realizados por Michel Foucault e Gilles Deleuze


2019 ◽  
Vol 10 ◽  
pp. e019017
Author(s):  
Sandra Kretli da Silva ◽  
Priscila dos Santos Moreira ◽  
Nathan Moretto Guzzo Fernandes

O artigo é decorrente de uma pesquisa maior cujo objetivo é cartografar práticas discursivas sobre currículo da comunidade acadêmico-científica vinculadas às associações do campo e propagadas no periódico internacional Transnacional Curriculum Inquiry (TCI) e nos dossiês organizados pela Associação Brasileira de Currículo (ABdC) publicados nas revistas nacionais Currículo sem Fronteiras, e-Curriculum e Teias. Problematiza as vinculações institucionais dos autores que publicaram na TCI e nos dossiês da ABdC, a partir do diálogo com Gilles Deleuze, Félix Guattari e Michel Foucault entre agenciamentos coletivos de enunciação que desenham territórios. Evidencia o pensamento-diferença e propaga a ampliação dos espaços de abertura para publicação das pesquisas produzidas por autores vinculados a diferentes instituições e a participação de outras associações e entidades internacionais, com vistas à expansão das conexões nos periódicos do campo curricular.


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