The rape in the periphery in Rio de Janeiro: students’ Social Representations and Teachers’ praxis

2020 ◽  
Vol 3 (1) ◽  
pp. 1-12
Author(s):  
Luciano Luz Gonzaga ◽  
Denise Rocha Corrêa Lannes

Dados oficiais informam que os jovens residentes na periferia são desproporcionalmente afetados pela violência e que os jovens negros têm 2,5 vezes mais chances de serem mortos quando comparados aos jovens brancos. Assim, este artigo enfoca uma pesquisa que teve como objetivo identificar as representações sociais sobre a violência urbana entre estudantes não-brancos que vivem em áreas dominadas por forças paramilitares. A abordagem estrutural das representações sociais é proposta por Abric. Os dados foram coletados por meio de um Teste de Associação Livre de Palavras e processados no software EVOC. Os resultados mostraram que o estupro é a principal causa com forte associação ao roubo e feminicídio de mulheres negras.

Author(s):  
Letícia Helena Medeiros Veloso

ste  artigo  oferece  uma descrição  etnográfica  de jovens marginalizados  do  Rio de Janeiro, ora envolvidos em atos de delinquência, ora vítimas de violência, sugerindo dois níveis de interpretação: em primeiro lugar, a relação entre os dados apresentados  e a questão mais ampla da crescente criminalidade  urbana e a dupla inserção  de jovens em situação de risco nos discursos dos direitos e cidadania, por um lado,  e violência  e  crime,  por outro;  em  segundo,  uma  releitura  da  chamada “Escola de Chicago” na tentativa de avançar a compreensão  destes mesmos dados. O  artigo  se baseia  em  cerca de  cinco  anos de  pesquisas  etnográficas sobre jovens, violência e cidadania no Rio  de Janeiro.  Como em  outros contextos pós-coloniais da América  Latina  e  África,  os  habitantes  do  Rio  no  início  do  novo  século  vêm vivenciando  uma contradição perturbadora:  a criminalidade,  a violência  urbana e a exclusão  social  aumentaram  drasticamente  ao  longo  das  últimas  duas  décadas,precisamente  ao  mesmo tempo em que a democracia e a cultura dos direitos e da cidadania  se  consolidavam.  Este  trabalho  analisa as  maneiras  contraditórias  pelas quais esses jovens articulam e negociam crime, violência, cidadania e direitos, con­siderando  que  eles  são  por  ele  afetados  de  uma  forma  particularmente  extrema. Busca-se,  assim,  iluminar  alguns  dos principais  dilemas  inerentes  à  relação  entre democracia e violência em nossa sociedade.


ILUMINURAS ◽  
2016 ◽  
Vol 17 (42) ◽  
Author(s):  
Ivana Teixeira

Através de uma análise das atividades desenvolvidas pelos terapeutas da zooterapia, apresentado pela experiência de um trabalho de observação de longa duração, este artigo se propõe a colocar em questão a associação do homem e do animal, em um corpus de conhecimentos vindo de uma “etologia” empírica e de um corpus elaborado e estruturado de saberes antropológicos. A zooterapia enquanto mediação animal é uma técnica de cuidado para além de uma constatação trivial interespecífica ou de uma projeção antropomórfica sobre os animais de categorias universalmente reconhecidas como humanas. Ela permite nos interrogarmos sobre o recurso à participação animal e seu estatuto de sujeito dotado de capacidades agentivas, ao lado de um terapeuta humano e face à uma pessoa doente. Por ocasião de três estudos de caso contextualmente situados nas cidades de Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo, destacamos a questão mais geral da interação entre os dados empíricos que a zooterapia acumula e as representações sociais que são implicitamente mobilizadas para situar o animal dentro de uma cadeia operativa. De modo geral a problemática de interesse deste artigo trata das práticas e horizontes relacionais que atravessam vários grupos sociais e indivíduos contemporâneos que apostam na direção de uma relação interespecífica. Essa problemática é também empírica e epistemológica, pois demarca uma remodelação das diferenças entre natureza e cultura, baseada em uma conjunção de fenômenos invocados a caracterizar os sujeitos (conduta, ações, afetos, comportamento).Palavras-chave: Antropologia da natureza. Agentividade dos animais. Zooterapia. Modalidades de ações.The interspecific relations for human care in the conventional health system: an anthropological analysis of the dynamics of zootherapyAbstractThrough an analysis of the activities developed by zootherapy therapists, presented by the experience of a long-term work of observation, this article proposes to put in question the association of man and animal, in a corpus of knowledge coming from an empirical "ethology" and an elaborate and structured anthropological knowledge corpus. The zootherapy as an animal care mediation is a technique other than an interspecific trivial finding, or an anthropomorphic projection on animals of universally recognized as human categories. It allows us to interrogate about the use of animals and their status as subjects endowed with agentive capacities, alongside a human therapist and in face of a sick person. Based on three case studies contextually located in the cities of Porto Alegre, Rio de Janeiro and São Paulo, we highlight the more general question of the interaction between the empirical data that zootherapy accumulates and social representations that are implicitly mobilized to locate the animal inside of an operative chain. More comprehensively the issue of interest in this paper deals with the practical and relational horizons that cut across social groups and contemporary individuals who bet on the direction of an interspecies relationship. This problem is also empirical and epistemological because it marks a remodel of the differences between nature and culture, based on a combination of phenomena invoked to characterize the subjects (behavior, actions, feelings).Keywords: Anthropology of nature. Animal agency. Zootherapy. Modalities of actions.


2021 ◽  
Vol 19 (38) ◽  
pp. 266-289
Author(s):  
Miriam Krenzinger ◽  
Patricia Farias ◽  
Rosana Morgado ◽  
Cathy McIlwaine

Este artigo apresenta a análise de dados quanti-qualitativos de uma pesquisa realizada entre 2016 e 2018, sobre percepções das mulheres moradoras do conjunto de favelas da Maré, no Rio de Janeiro, quanto a violência de gênero, suas manifestações e formas de enfrentamento no território. Considerando que mulheres pretas e pardas são mais suscetíveis de serem afetadas por violências de gênero, verificou-se que os tipos de violência e os locais onde ela se manifesta são resultado das condições econômicas e relacionais, em geral no ambiente doméstico/familiar e tendo como principais agressores, pessoas conhecidas ou que convivem com a vítima. Entretanto, os processos de violência, com raízes estruturais, também se relacionam à ausência de políticas no âmbito do Estado ou à ação de grupos armados atuantes no território, como é o caso da Maré, que reforçam as desigualdades sociais, em suas múltiplas manifestações, relacionados também à violência urbana. Palavras-chave: Violências de Gênero. Desigualdade racial. Conflitos armados.


10.18571/102 ◽  
2016 ◽  
Vol 7 (1) ◽  
pp. 100
Author(s):  
Karla PEDRO ◽  
Renan DOCILE ◽  
Edvaldo SILVA ◽  
Tatiana DOCILE

<p>Dengue, zika e chikungunya são doenças transmitidas por vetores, cujo detectar os criadouros dos mosquitos torna-se vital para medidas de controle. O objetivo desse estudo foi avaliar os casos notificados de dengue no município de Duque de Caxias (Rio de Janeiro, Brasil) em seus quatro Distritos Sanitários, durante oito anos, compreendendo o período de 2007 a 2014. Essa região apresenta inúmeros problemas relacionados a processo de ocupação desordenada, densidade demográfica e altos índices de violência urbana e o município é organizado em quatro distritos. Os casos de dengue notificados à Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias e registrados na base municipal do SINAN (Sistema Nacional de Agravos de Notificação), referentes ao período de 2007 a 2014 foram utilizados neste estudo. Em 2008, 2011 e 2013, observou-se uma epidemia no município, que em 2008 tomou magnitude ainda maior e alcançou incidência de mais de mil casos a cada 100 mil habitantes. No período de 2009 e 2014, houve uma queda das incidências observadas, caracterizando-o como interepidêmico. Em relação aos casos de dengue em cada distrito, o primeiro e segundo distritos foram os que tiveram maior número de casos da doença, enquanto o quarto distrito foi o que teve menor número de casos em todos os anos estudados. Possivelmente, pelo fato do 1º distrito (Centro) ter a maior parte das habitações e o 2º distrito (Campos Elíseos), abrigar as indústrias. Enquanto o 3º distrito (Imbariê) e 4º distrito (Xerém) são considerados muito mais arborizados e com poucos núcleos habitacionais.</p>


Author(s):  
Alda Mazzotti

Apresenta resultados de uma pesquisa que investigou as representações de “aluno da escola pública” construídas por professores da rede pública de ensino fundamental do Rio de Janeiro. Utilizando a abordagem estrutural de Abric, concluiu-se que o núcleo da representação é constituído pelos elementos pobre e aprende a “se virar” sozinho. Cotejando-se estes resultados com os obtidos nas etapas anteriores da pesquisa, observa-se que, para os professores, o aluno tem que aprender a “se virar” sozinho porque é pobre e a pobreza implicaria desagregação familiar e luta pela sobrevivência, impedindo os pais de oferecerem aos filhos a atenção de que necessitam. Dadas todas estas características, esse aluno representaria um desafio para os professores, desafio este que eles se sentem impotentes para enfrentar. Palavras-chave: representações sociais; aluno da escola pública; família e escola; fracasso escolar. Abstract The article presents a research that investigated the representations of the “public school student” constructed by public elementary school teachers of Rio de Janeiro. Using the structural approach proposed by Abric, one concluded that the nucleus of the representation is constituted by the elements poor and learns to make it on his own. Comparing these results with those obtained in the previous steps of the research, it can be observed that, to the teachers, the student has to learn to make it on his own because he is poor and poverty would imply family desegregation and struggle for survival, preventing the parents from providing their children with the attention they need. Given all those characteristics, this student would represent a challenge to the teachers, but this is a challenge they feel they are impotent to cope with. Keywords: social representations; public school student; family and school; school failure.


Author(s):  
Maria Claudia Coelho

Este texto examina emoções relatadas em depoimentos de vítimas de assaltos a residências pertencentes às camadas médias do Rio de Janeiro. Insere-se na área de antropologia das emoções, adotando como perspectiva teórica, o "contextualismo" de Catherine Lutz e Lila Abu-Lughod. O ponto central desta perspectiva é a atenção voltada à capacidade micropolítica das emoções, tributárias de uma "gramática" social, sendo capazes, por isso, de dramatizar/alterar/reforçar aspectos "macro" da organização social que modelam as relações interpessoais. Os dados são um conjunto de entrevistas com casais que vivenciaram assaltos às suas residências. O objetivo é examinar as atitudes "prescritas" em seus relatos como "ideais" ou "eficazes" para lidar com a condição de vítima e sua relação com identidades de gênero. O foco da análise são as formas de "controle emocional" presentes em seus relatos, com ênfase na oposição entre o controle da raiva e o controle do medo.


2013 ◽  
Vol 2 (2) ◽  
pp. 174 ◽  
Author(s):  
ANA LUCIA ENNE

<p><strong>Resumo:</strong> Neste artigo, pretendemos discutir como, no decorrer das manifestações sociais que se desenrolaram no Brasil em 2013, em especial no Rio de Janeiro, uma categoria semântica ocupou papel central: a de “vândalos”. Eleito pela mídia hegemônica como termo síntese das ações violentas dos manifestantes, o signo “vândalos” permitiu a construção, via indústria cultural, de uma série de representações sociais sobre as manifestações, os manifestantes e seus atos. A mesma categoria vai ser utilizada, em estratégias diversas, por aqueles que se colocaram, discursivamente, contra as representações produzidas pela grande mídia, através de deslocamentos e reapropriações. Neste trabalho, buscamos não só mapear esses embates, mas indicar o caráter ambivalente das representações, como produto e processo da relação entre os sujeitos e a realidade social.</p><p><strong>Palavras-chave:</strong> Representações sociais – Vândalos – Disputas discursivas.</p><p> </p><p><strong>Abstract:</strong> In this article, we intend to discuss how, within social protests that occurred in Brazil on 2013, especially in Rio de Janeiro, a semantic category has occupied a key role: the so-called "vandals". Singularized by the hegemonic media as the term that best signified the violent actions of some participants of the riots, the sign "vandals" has made possible the construction, via culture industry, of a series of social representations about the social protests, the participants and its acts. The same category is used, in different strategies, by those who have discursively manifested a discordance against the hegemonic media representations of the social protests through displacement and reappropriation. In this article, we will try to map such debates and also to single out the ambivalent character of the social representation, both as product and process of the relationship between subjects and social reality.</p><p><strong>Keywords:</strong> Social representations – Vandals – Discursive disputes.</p>


Author(s):  
David Maciel de Mello Neto

Este trabalho tem por objeto as categorias de “Esquadrão da Morte” e “grupos de extermínio” enquanto pertencentes à representação coletiva de violência urbana no Rio de Janeiro. Questiona-se sobre como uma se transformou na outra e qual foi o papel dos movimentos sociais nesse processo. Na primeira parte, apresenta-se a categoria de “Esquadrão da Morte”. Na segunda, com referência na Teoria da Política Contenciosa, de Charles Tilly e Siney Tarrow, bem como no conceito de grupos estratégicos, de Olivier de Sardan, apresenta-se a agência em rede dos movimentos sociais na redefinição da categoria. Na terceira parte, através da análise de correlação e regressão, testamos se essa política contenciosa foi eficaz em disseminar a mundança. Conclui-se com uma breve síntese, na qual se recorre ao conceito de linhas de clivagem, de Gluckman. A tese é a de que a política contenciosa de movimentos sociais modificou a representação coletiva de “Esquadrão da Morte” em “grupos de extermínio”, denunciando-a frente à sociedade e contribuindo para redefinição da Lei de Crimes Hediondos (1994).


2021 ◽  
Vol 34 (102) ◽  
pp. 123-149
Author(s):  
Thiago Rodrigues ◽  
Marília Pimenta ◽  
Walter Mauricio Miranda ◽  
Júlia Quirino

La perspectiva teórica de la gobernanza híbrida se ha usado como medio para comprender cómo Grupos Armados Ilegales (GAI), particularmente los del crimen organizado, controlan territorios y poblaciones. En Brasil, este marco ha generado análisis sobre formas locales de interacción entre actores legales e ilegales en los campos político y económico. Sin embargo, encontramos límites explicativos en este marco teórico cuando lo aplicamos al caso empírico de la actuación del Comando Vermelho (CV) en el Complexo do Salgueiro, desde el comienzo de la pandemia de covid-19 (marzo de 2020 hasta julio de 2021). Combinando la observación participante, la sistematización estadística y de elementos visuales y cartográficos, y el análisis de encuesta enviada electrónicamente a moradores del Complexo, proponemos posibles explicaciones para la omisión o inacción del cv ante la pandemia, contradiciendo su tradicional preocupación asistencialista hacia poblaciones bajo su control.


Idéias ◽  
2016 ◽  
Vol 6 (2) ◽  
pp. 195
Author(s):  
Wellington da Silva Conceição

Este texto traz uma análise sobre representações contrastivas presentes na violência urbana carioca em torno dos grupos conhecidos como “tráfico” e “milícia”, tendo como corpus as memórias e reflexões de moradores da Cidade Alta (Rio de Janeiro) ativadas em torno de um episódio singular: a “tomada” deste espaço popular por um grupo armado conhecido como “milícia” e a “retomada” em menos de dois dias pelos traficantes que já atuavam no local. 


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