Lara Cruz de Senna Fernandes
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Marcia Beatriz Moreira da Cruz de Senna Fernandes
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Vasco Nuno Rodrigues de Senna Fernandes
Introdução: A gravidez na adolescência é compreendida como aquela que envolve meninas de 10 a 19 anos e está frequentemente associada ao maior risco de ocorrência de desfechos adversos maternos e neonatais, levando ao aumento da morbimortalidade perinatal. A pré-eclâmpsia é uma das complicações mais comuns da gravidez na adolescência, e é clinicamente definida pela presença de hipertensão arterial sistêmica (pressão arterial sistólica ≥140 mmHg ou diastólica ≥90 mmHg) após a 20ª semana de gestação, acompanhada de proteinúria ou lesão de outros órgãos. Essa patologia está relacionada com a imaturidade biológica uterina, fatores socioeconômicos e condições metabólicas, sendo portanto um problema de saúde pública. Objetivo: Analisar a probabilidade da pré-eclâmpsia na gravidez na adolescência e suas complicações. Métodos: Revisão de literatura por meio do banco de dados PubMed, mediante as palavras-chaves: “pre-eclampsia”, “pregnancy in adolescence”, “risk factors”. Foram encontrados 55 artigos dos últimos 18 anos, e 11 foram selecionados para a elaboração do estudo. Incluíram-se artigos que citavam a pré-eclâmpsia como um dos efeitos adversos possíveis na gestação na adolescência e excluíram-se aqueles que abordavam apenas os efeitos neonatais. Resultados: A gravidez na adolescência frequentemente ocorre de forma não planejada (p<0,001), além de apresentar riscos aumentados para pré-eclâmpsia (p=0,001) e hipertensão gestacional (p<0,001). Também foi observada maior probabilidade de esses eventos ocorrerem em idades mais precoces, isto é, adolescentes menores de 16 anos possuem maiores chances de pré-eclâmpsia, eclâmpsia e gravidez ectópica (odds ratio — OR=2,974) quando comparadas às maiores, para as quais a prevalência desses eventos é similar à dos adultos. Outras complicações também costumam estar presentes em gestações dessa faixa etária (p=0,002), como o baixo peso ao nascer e a prematuridade (p<0,001) (TEMBO et al., 2020), além de hemorragia e atonia uterina, que podem surgir em consequência da pré-eclâmpsia (p<0,001). Ademais, fatores socioeconômicos parecem ter associação com a ocorrência de pré-eclâmpsia/eclâmpsia (p=0,05), havendo prevalência maior em países de baixa/média renda, além de fatores fisiológicos, como índice de massa corporal pré-gestacional (p=0,002) e ganho de peso gestacional (p=0,03). Conclusão: Apesar de diversos estudos apresentarem riscos consideráveis de pré-eclâmpsia na gravidez na adolescência, esse tema ainda apresenta muitas controvérsias, sendo necessários mais estudos, já que se trata também de uma questão de saúde pública.